A traição do meu namorado
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Capítulo 6

Desta vez, o quarto do hospital era pura quietude. Ao despertar, não encontrei nenhum familiar, somente uma enfermeira que checava os meus sinais vitais.

Ela comentou que tive sorte, pois uma equipe da guarda costeira conseguiu me localizar.

"O senhor Skinner telefonou", informou a enfermeira, com uma voz profissional, porém distante. "Ele solicitou que lhe oferecessem o melhor tratamento possível. Ele e os outros familiares estão acompanhando a senhorita Silva. Ela ficou extremamente transtornada com tudo o que aconteceu."

Claro que ficou.

Depois de algumas horas, o médico apareceu segurando o meu prontuário. Era o doutor Evans novamente, sua expressão bastante séria.

"A inalação de água salgada provocou lesões severas em seus pulmões, senhorita Reid", ele falou com delicadeza. "Lamento informar que não lhe sobra muito mais tempo. Quem sabe uma semana, ou talvez duas."

Ele me passou o laudo médico oficial. As letras dançavam na minha frente, mas o recado era bastante claro: minha jornada estava chegando ao fim.

Forcei meu corpo cansado a sair da cama e segui pelo corredor. Eu precisava ver tudo pela última vez.

A porta do quarto de Hailie estava entreaberta. Era possível escutar vozes vindas de dentro.

"Mãe, pai, fiquem tranquilos, eu estou ótima", Hailie falou ao celular, com um tom de voz vibrante e feliz. "Isso, Caleb e Fitz estão me tratando com todo o carinho... Ah, Ericka? Os médicos falaram que ela não corre perigo. Sinceramente, acho que ela deve estar apenas exagerando para ganhar atenção. Vocês sabem como ela é."

Houve um breve silêncio.

"Não esquente a cabeça com isso", soou a voz fria da minha mãe através do aparelho. "O que realmente importa é que você esteja em segurança."

Meu coração, que eu imaginava já estar em mil pedaços, quebrou-se mais uma vez.

Hailie encerrou a ligação e se virou, notando-me, imóvel, na entrada do quarto.

Um sorriso demorado e vitorioso se formou no seu rosto.

"Você escutou, não é?", ela questionou, sua voz soando como um canto de vitória. "Ninguém se importa, você já foi substituída."

"Por quê?", indaguei, as palavras arranhando a minha garganta. "Por que você fez tudo isso?"

Ela deu uma gargalhada, um barulho totalmente gelado e vazio de sentimento. "Por quê? É que você possuía tudo, Ericka. A família dos sonhos, o namorado ideal, um mundo cheio de luxos. Você nunca foi merecedora de nada disso. Mas eu, sim."

Seu olhar faiscava com um brilho assustador. "Eu desejava ter a sua vida. E agora, consegui. Fiquei com seus pais, seu irmão e o seu namorado. Absolutamente tudo que era seu, agora me pertence."

Eu somente a observei, pois a dimensão da sua crueldade me deixou paralisada. Não existia mais fúria, nem sofrimento, apenas um imenso e gelado vazio.

"Amo observar você desaparecendo lentamente", ela prosseguiu, diminuindo a voz para um murmúrio cúmplice. "E todos ficarão tão iludidos com o meu sofrimento que jamais duvidarão de algo. Caleb é muito simples de controlar. Ele acredita que está te punindo para o seu próprio bem, quando na verdade não passa de uma marionete minha."

Ela se aproximou um passo, o sorriso aumentando em seu rosto. "E ainda não terminei. Preparei mais uma pequena surpresa para ele, assim que você sumir."

Eu não tive nenhuma reação. Continuei no mesmo lugar, como uma estátua. Sem que ela notasse, minha mão já estava dentro do bolso, apertando com força o botão de gravação do celular.

Subitamente, o semblante de Hailie se transformou em uma máscara de pavor ensaiado.

Ela disparou na direção da janela aberta do quarto, no segundo piso, e gritou teatralmente: "Ericka, não! Não me empurre!"

E logo depois, ela se jogou.

Enquanto a confusão se instalava no andar de baixo, permaneci imóvel e escutei o berro desesperado de Caleb. Olhei para o jardim e o vi correndo até o corpo caído de Hailie na grama, com um pacote das guloseimas que ela mais gostava ainda na mão.

Ele a ergueu nos braços, com o rosto transfigurado pelo pânico. "Um médico! Chamem um médico!"

Hailie, a grande atriz de sempre, conseguiu emitir um murmúrio quase inaudível. "Caleb... foi Ericka... que me empurrou..."

Caleb ergueu a cabeça de imediato. Seus olhos, carregados de puro ódio, se cravaram nos meus.

"Você...", ele vociferou de forma assustadora. "Você vai pagar caro por ter feito isso."

Ele gritou uma ordem para os seguranças que se aproximavam do local. "Segurem-na e levem-na para a cobertura."

Eles me seguraram com força, apertando meus braços feridos.

"Caleb", eu falei, a voz soando incrivelmente estável. "Você nem me perguntará se eu realmente fiz isso?"

Ele soltou uma risada, um som seco e sofrido. "Perguntar para quê? Eu já sei muito bem da sua laia."

As lágrimas rolaram pelo meu rosto, mas o choro não era por mim - era por ele, pelo homem que ele um dia foi, agora completamente perdido nessa rede de falsidades.

Em nenhum momento ele acreditou em mim, nem uma única vez.

            
            

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