Capítulo 4 Não valia

Capítulo 04

Os dois se afastaram, indo em direção aos elevadores. O da suíte presidencial era separado e exclusivo.

- Damas primeiro. - Ele gesticulou para que ela entrasse no elevador e, depois que ela entrou, ele a seguiu. Eles tinham trinta andares para subir até o destino final.

Alissa estava olhando para baixo e não viu quando Leopold apertou o botão de parada, só percebendo que algo estava errado quando o elevador parou repentinamente.

- O que está acontecendo? - ela perguntou, assustada, olhando para a porta. Alissa morria de medo de ficar presa em um elevador. Ao virar o rosto para a esquerda, Leopold estava ali, perto demais, fazendo com que ela desse um passo para se afastar, seguido de outro, e mais outro, conforme o loiro se aproximava dela.

- Você é tão apetitosa, sabia disso? - A voz rouca dele penetrou nos ouvidos de Alissa, deixando-a tonta.

- Se-senhor Dietrich, o que... - ela fechou os olhos. - O que pensa que está fazendo?

- Detesto joguinhos e prefiro ser direto. Eu a quero. - Alissa levantou as sobrancelhas, não acreditando no que estava ouvindo. Como ele podia ser descarado daquele jeito?

- Isso... Isso é inapropriado! Eu acho melhor o senhor chamar outra pessoa para lhe ajudar com a campanha de marketing. - Alissa tentou sair do quase abraço de Leopold, que mantinha as mãos na parede de metal, em cada lado dela.

Ele não permitiu e, antes que Alissa falasse de novo, Leopold a beijou. Foi como uma onda de sensações percorrendo o corpo dela, que em vez de afastar o homem, passou as mãos pelo pescoço dele, puxando-o para si. Alissa não era do tipo que sonhava com romances ou que esperasse um acontecer. Ela nem estava procurando por isso! Porém, o beijo de Leopold a fez estremecer e desejar algo que ela mesma não compreendia. O cérebro dela nem mesmo parecia capaz de pensar, apenas sentir.

Leopold se surpreendeu com a reação de Alissa, já que ele estava esperando que ela lhe batesse novamente. Ele sorriu internamente e se deixou aproveitar o beijo que ele tanto estava querendo, desde que os olhos dele caíram sobre ela. Sim, ele estava acostumado com mulheres que fingiam que não queria, faziam um certo charme, mas o aceitavam imediatamente. Porém, ainda que Alissa estivesse "seguindo o padrão", Leopold não a colocou na mesma caixa que as outras. A reação dela, na verdade, era diferente. O desejo dela por ele era... genuíno. De uma maneira que ele não conseguia explicar, apenas sabia, e sentia, que ela não era como as outras.

Enquanto estavam em seu próprio mundo, as fotos e notícias sobre o bilionário CEO Leopold Dietrich, entrando em um de seus hotéis acompanhado de uma mulher, se espalharam pela internet.

"SERIA A MISTERIOSA MORENA O PIVÔ DA SEPARAÇÃO DE LEOPOLD DIETRICH E LYDIA RHODES?"

Depois dos últimos relacionamentos dele, Leopold queria apenas se divertir. Porém, ele não estava tão certo disso com relação a Alissa, ainda mais depois daquele beijo. Algo dentro dele dizia que o encontro deles dois, naquele estacionamento, era providencial.

Os dois se separaram e Leopold deu mais um selinho em Alissa, que desviou o olhar. Ele queria perguntar se ela se arrependia, mas decidiu que aquele não era o momento para gracinhas. Leopold apertou o botão para que o elevador voltasse a se mover e passou a língua pelos lábios, apreciando os resquícios de Alissa ali.

Quando o elevador finalmente chegou ao destino final, as portas se abriram e os dois saíram, ou melhor, Alissa quase tropeçou para fora, completamente desconcertada. Ela tinha perguntado o que ele estava pensando? Ha! O que ela estava pensando, deixando-se beijar por aquele homem que transpirava perigo!

Não havia nenhum corredor com uma fileira de portas, como Alissa esperava. Havia UMA porta, de madeira, com entalhes dourados. Leopold usou o cartão-chave no leitor ao lado, e a porta se abriu pelo centro, em um movimento espiral. Alissa nunca tinha visto tal coisa.

- Bem-vinda, senhorita Sutton, à nossa melhor suíte e à melhor suíte presidencial de toda a cidade: "Poseidon", a suíte de hotel mais luxuosa do nosso país. - Ele disse enquanto gesticulava com as mãos para ela entrar. Alissa engoliu a saliva, nervosamente. Por isso aquilo ali custava uma fortuna! Se só a porta já era assim, ela não conseguia nem antecipar o que tinha dentro daquele quarto!

- Sinceramente, eu... Eu nem sei o que dizer. - Alissa estava encantada. Ela adorava mitologia, deuses e aquele lugar parecia mágico!

A suíte era maior que o apartamento dela, com colunas de mármore e, claro, uma estátua do próprio Poseidon, ao centro. Havia uma mulher ao lado dele.

- Cleito. Existe um mito sobre a existência de uma cidade chamada Atlântida. Essa cidade foi dada a Poseidon e era repleta de montanhas. No topo de uma dessas montanhas, mais precisamente a central, vivia uma jovem, Cleito, por quem Poseidon se apaixonou. Então, ele criou barreiras ao redor da cidade, transformando-a em uma fortaleza impenetrável, para que pudesse viver com ela. - Leopold terminou de falar, olhando para as duas estátuas, um leve sorriso nos lábios.

A forma como ele narrou fez o coração de Alissa bater mais rápido. Era evidente que ele tinha orgulho do lugar, que ele se interessava de verdade pela História. A família dele era muito rica, mas desde que ele assumiu a liderança das finanças e deu início àquela rede de hotéis, a fortuna dos Dietrich aumentou consideravelmente, bem como o prestígio dela.

- Nossa... Eu gosto de mitologia, mas devo dizer que não sou uma expert. - Quando no orfanato, ela teve acesso a poucos livros sobre o assunto. Depois, ela se focou tanto nos estudos que acabou deixando leituras mais prazerosas de lado.

- Eu adoro mitologia, também. Posso te ensinar muitas coisas. - Ele sorriu safado, para ela, que limpou a garganta, sentindo as faces corarem. - Agora, acho que devemos ter uma conversinha.

Leopold sentou-se na cama maior que uma King Size. Era uma cama feita especialmente para o hotel dele, assim como muitos itens. Leopold parecia apenas um homem rico e que adorava mulheres, porém, ele não era apenas um rosto bonito, tendo ele mesmo desenhado e planejado diversos itens exclusivos daqueles hotéis. Ele gostava do trabalho dele.

Os lençóis dourados pareciam extremamente macios, contrastando com a cabeceira em mármore mais escuro. Alissa caminhou em direção a ele e sentou-se na cama, colocou as mãos no colo e esperou que ele começasse a falar, mantendo um ar profissional.

- Quando nos encontramos, não vou negar que eu quis você, naquele mesmíssimo momento. Te devorar por inteira. - Alissa arregalou os olhos, mas permaneceu calada. - Por isso fui atrás de você. Sinto que... Nosso encontro não foi por acaso. Estamos ligados pelo destino.

Alissa estreitou os olhos e levantou a mão, para indicar que ela queria falar. Leopold fez um leve movimento de concordância com a cabeça, para que ela prosseguisse com o que queria falar.

- Por favor, senhor Dietrich, nós não...

- Calma, deixe-me terminar, sim? - Leopold ajeitou o paletó escuro. - Tive relacionamentos que não deram muito certo. Naquele dia, eu estava me livrando de uma... - ele inspirou fundo. - Enfim, uma mulher que não valia o meu tempo e atenção.

- Onde o senhor quer chegar com isso, senhor Dietrich?

- Não quero um novo relacionamento. Não tão cedo. Mas, minha família está me infernizando. Algo sobre eu já estar "velho" e precisar de uma família para chamar de minha. - Ele revirou os olhos. - Não vou casar com qualquer uma, mas também quero ficar em paz. Por isso, tenho uma proposta para a senhorita.