A Segunda Chance Com O CEO
img img A Segunda Chance Com O CEO img Capítulo 3 3
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Capítulo 3 3

O ar estava carregado com o cheiro de terra úmida e grama recém-cortada. O bairro, um típico subúrbio de ruas largas e arborizadas, parecia exatamente como Elana se lembrava. Casas simples, mas bem cuidadas, cercadas por jardins floridos e cercas baixas. Algumas bicicletas estavam jogadas nos quintais, um cachorro latia ao longe e o som distante de uma bola quicando no asfalto ecoava na manhã silenciosa.

Elana permaneceu imóvel na calçada, o coração batendo forte dentro do peito. Seus olhos se fixaram na casa à sua frente, a mesma em que cresceu, mas que agora parecia estranha, como se pertencesse a outra vida. A fachada azul-claro ainda tinha as mesmas janelas com cortinas brancas rendadas, mas a pintura estava gasta, descascando em alguns pontos. A porta da frente, de madeira escura, exibia marcas do tempo. A varanda, onde ela costumava sentar-se e sonhar com um futuro longe dali, continuava a mesma, mas sem vida.

Ela engoliu em seco, sentindo o peso das lembranças que se infiltravam em sua mente. O som da voz de sua mãe chamando seu nome, os gritos das brigas, as noites em que se trancava no quarto para fugir do caos que aquela casa abrigava. Cada centímetro daquele lugar carregava um pedaço de sua história, e agora, de alguma forma, aquilo pertencia a ela.

O vento soprou de leve, fazendo os galhos das árvores se agitarem e trazendo consigo um arrepio à pele de Elana. Ela não queria estar ali. Nunca pensou que um dia voltaria, muito menos assim, sozinha e cheia de incertezas. Seu olhar se desviou para o lado e encontrou a casa vizinha, onde a velha Mary costumava varrer a calçada todas as manhãs. Agora, as janelas estavam fechadas, e a varanda vazia. O tempo havia seguido seu curso ali também.

Inspirando fundo, ela deu o primeiro passo em direção ao portão, que rangeu em protesto ao ser empurrado. O barulho fez seu peito apertar, como se estivesse violando algo que deveria permanecer intocado. Mas era tarde para recuar.

Com a escritura e as chaves em mãos, Elana cruzou o pequeno jardim da frente, onde a grama crescia de forma desigual. Pequenas flores ainda tentavam sobreviver em meio às folhas secas que se acumulavam nos canteiros. Seu olhar vagou pelo espaço, reconhecendo cada detalhe e ao mesmo tempo sentindo que aquele lugar não lhe pertencia mais.

Parando diante da porta, passou os dedos pela madeira áspera antes de inserir a chave na fechadura. A maçaneta girou com um leve estalo, e a porta se abriu com um rangido baixo. O cheiro do interior da casa a atingiu imediatamente: um misto de poeira, madeira envelhecida e um perfume distante que lhe era estranhamente familiar. O coração de Elana deu um salto no peito.

Ela entrou hesitante, os passos ecoando no piso de madeira. A sala ainda tinha os mesmos móveis, embora cobertos por lençóis brancos que acumulavam poeira. O sofá, onde sua mãe costumava sentar-se com uma xícara de chá, estava no mesmo lugar. A estante de livros ainda exibia os mesmos volumes antigos, alguns com lombadas desbotadas pelo tempo.

Elana caminhou lentamente até o centro da sala, tirando um dos lençóis que cobriam a poltrona próxima à janela. Passou os dedos pela superfície do tecido, sentindo a textura desgastada. Seu olhar percorreu o ambiente, parando na escada que levava ao andar de cima. O peso das lembranças era esmagador.

Engolindo em seco, ela continuou explorando. Na cozinha, os armários estavam fechados, mas ela sabia exatamente o que encontraria dentro deles. Copos antigos, pratos que resistiram ao tempo, e talvez até algum resquício da última refeição feita ali antes da casa ser abandonada. Passou os olhos pelo pequeno relógio na parede, parado em um horário indefinido, como se o tempo tivesse congelado junto com aquela casa.

Subindo os degraus rangentes da escada, Elana se encontrou diante da porta de seu antigo quarto. Sua mão tremeu levemente ao girar a maçaneta. O quarto era um reflexo do passado: os pôsteres desbotados nas paredes, a cama ainda feita com o mesmo cobertor floral e a escrivaninha onde ela costumava escrever seus sonhos em cadernos, agora amarelados pelo tempo.

Determinada a tornar aquele espaço habitável, ela começou a arrumar a casa. Retirou os lençóis que cobriam os móveis, abriu as janelas para deixar o ar fresco entrar e varreu o chão coberto de poeira. A cada objeto movido, uma nova lembrança emergia, algumas dolorosas, outras quase esquecidas.

Ao subir para o sótão carregando algumas caixas, Elana sentiu o cheiro de madeira antiga e papel envelhecido. A luz fraca que entrava pela pequena janela empoeirada iluminava os móveis velhos e as pilhas de objetos guardados por anos.

Foi quando seus olhos encontraram uma caixa de papelão encostada no canto, com seu nome escrito em letras trêmulas. Seu coração acelerou. Com as mãos trêmulas, ela puxou a caixa para mais perto e a abriu. Dentro, entre fotos e lembranças do passado, havia uma pequena caixa de metal trancada com um cadeado.

Elana sabia exatamente o que tinha dentro daquela caixa e onde ficava a chave para abri-la. Ela desceu as escadas apressadamente até o seu quarto e tirou um quadro da parede. Atrás dele, preso com um pedaço de fita, estava a chave.

Com o coração acelerado, ela encaixou a chave no cadeado e o abriu com um clique suave. A tampa rangeu ao ser levantada, revelando um amontoado de cartas, todas cuidadosamente amarradas com um pedaço de barbante desbotado. Suas mãos tremeram ao pegar a primeira delas, reconhecendo sua própria caligrafia.

******

O som de vidro se estilhaçando ecoou pela casa, seguido por gritos furiosos. Elana, ainda criança, se encolheu no canto do quarto, segurando um travesseiro contra o peito. O barulho vinha da cozinha, onde seus pais discutiam mais uma vez. O tom áspero da voz do seu pai fazia sua pele arrepiar, enquanto sua mãe rebatia com palavras carregadas de dor e exaustão.

- Você nunca está aqui! Nunca! - a voz da mãe era embargada, como se estivesse segurando o choro.

- E quando eu estou, você só reclama! Talvez eu devesse mesmo ficar longe! - o pai rebateu, e um estrondo fez Elana imaginar que algo grande havia sido derrubado.

Elana apertou os olhos, desejando que tudo desaparecesse. Ela odiava aquelas brigas, odiava como sua casa parecia um campo de batalha. Foi então que ela pegou um pedaço de papel e uma caneta e começou a escrever. Escreveu sobre seu medo, sua tristeza, seu desejo de ter uma família que não vivesse em guerra. Cada palavra era um pedaço do seu coração partido derramado no papel.

Quando a discussão finalmente cessou, Elana se levantou, dobrando cuidadosamente a carta. Ela nunca mostrou a ninguém. Apenas a escondeu, como se pudesse selar seus sentimentos longe da realidade cruel.

****

Agora, anos depois, ela segurava aquela mesma carta em suas mãos. As palavras, ainda tão vívidas, traziam de volta um passado que ela tentou esquecer. Com a respiração entrecortada, ela deslizou os dedos pelo papel amarelado, sentindo as lágrimas arderem em seus olhos.

            
            

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