Chegou à sala dos professores e foi novamente apresentado para o restante que não tinha conhecido, e pelo menos de uma coisa ele não poderia reclamar; o corpo docente da escola era educado, inteligente e cheio de vontade de fazer com que aqueles garotos aprendessem, o único obstáculo era os próprios alunos.
- Essa vai ser a sua mesa. - Uma das professoras lhe apresentou - A gente prefere a sala de descanso para corrigir provas e ter um momento de paz, mas você pode fazer suas coisas onde bem entender. Às vezes, queremos apenas fugir dessas pestes - Murmurou para apenas o homem ouvir. - Eu soube do seu pai, Daniel Michel, era um bom diretor. Ele está bem?
- Continua dando aulas mesmo ainda comandando uma instituição apenas para garotas. Eu vim por um pedido de Marta, senão, não gostaria de ter mudado até de cidade - A mulher concordou. - E você é professora de música? Isso é legal.
- Agradeço, nem todo mundo quer ter aulas de musicas, prefere dançar com roupas minúsculas á cultura da nossa cidade. Tenho poucas alunas, por isso estou aqui apenas pela manhã. - Os dois riram - Soube que tem interesse no laboratório.
- Sim, eu tenho sim, gostaria de fazer dele a minha sala de aula. - A mulher acabou apenas por rir.
- Se você não achar um com patrocínio, nunca vai abrir aquele lugar, jogaram tudo no último andar porque segundo os próprios diretores é de difícil acesso, não há elevador, e as escadas são escuras, nenhum aluno se aventura por lá. - Ele balançou a cabeça - Aqui está a ficha.
- O que é isso?
- Todo professor tem uma assistente, não esqueça oferecer essa vaga aos alunos, é sempre bom ter um, irá te ajudar a se enturmar - Avisou e se afastou.
David olhou ao redor antes de encarar a ficha, logo se lembrou de Lumiar e procurou por entre suas coisas o celular da garota, não entregaria tão fácil assim, enviaria para sua mãe junto a um bilhete. Ela seria sua assistente por bem, ou por mal.
E esquecendo o celular, lembrou-se do tablet. Ah realmente isso tinha sido muito maldoso de sua parte, mas não esperava também que tivesse quebrado algo. Buscou pelo aparelho encarando a tela quebrada, pouca coisa, mas certeza que ela jogaria fora se fosse outra pessoa. De repente, a luz acendeu revelando uma foto de Lumiar mostrando apenas a língua num decote chamativo.
Ele bateu a tela na mesa outra vez olhando ao redor para saber dos seus colegas, agradeceu por ninguém está presente. Ergueu de novo notando que nem mesmo uma senha foi colocada ali... Então... Abria, ou fechava? Olhava alguma coisa?
Mexeu na tela abrindo a aba a qual foi desligada em cima e seu coração acelerou ao encontrar outra foto da garota, agora sem sutiã. Ele se surpreendeu piscando algumas vezes deslizando o olhar para a boca que mostrava um bico, os seios rosados e as pernas de fora tendo apenas um short curto, pra se tapar.
Desligou a tela outra vez encostando-se à cadeira.
- Caralho de menina mimada. Preciso encontrar outra maneira de conseguir um patrocínio.
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Do outro lado da cidade, Lumiar encarava o espelho com um olhar mais estudado. Passou a mão por seu rosto e cabelo parando entre os seios... Ela era uma mulher gostosa sim, não uma adolescente... Virou para seu quarto olhando cada canto antes de colocar as mãos na cintura.
- Aquele professorzinho de merda - gritou enquanto tirava sua própria pantufa para tacar na janela de vidro - Ele pensa que é quem? Acha que só porque sou mais nova não aguentaria um comando? E o que ele comandaria? Uma sala de aula? - Voltou ao espelho de novo - ELE QUE NÃO TEM CORAGEM E NEM FOLEGO O SUFICIENTE PARA FICAR COMIGO... ELE QUE NÃO AGUENTARIA UM COMANDO MEU.
Tirou a outra pantufa jogando contra a porta e o corpo gelou ao ver sua mãe aparecer. Tocou em seu peito agradecendo por não ter lhe acertado.
- O que você está fazendo? Deveria está estudando Lumiar. - A garota assentiu dando as costas - Acabei de receber uma encomenda da sua escola - A menina gelou outra vez ao lembrar do gravador - Então eu não sei se te devolvo ou mantenho a disciplina do seu novo professor.
- O quê? - Virou rapidamente e encontrou seu celular. O mesmo que tinha brigado e implorado para ser devolvido, mas a diretora disse que não podia fazer nada a respeito. - Desculpe pelo ocorrido, mas eu não estava mexendo no celular.
- O horário que ele marcou no qual foi tomado seu celular é o mesmo em que você me mandou uma mensagem falando mal dele. - Lumiar cruzou os braços - Para um professor tomar o seu celular sem medo de mim só pode ser o dono da escola, ou melhor, um novo rico?
- Você acha que um homem rico iria ser professor, pelo amor de Deus - Tentou pegar o celular, mas Tânia não deixou. - Mãe?
- Tome cuidado com o que está dizendo, não podemos falar assim dos professores. Lumiar eu preciso da sua ajuda para termos uma boa imagem, pelo amor de Deus. - Pediu aos prantos - Logo mais terei que procurar votos para lhe reeleger e não quero seu nome, nem o meu envolvido em polemicas na escola, me entende?
A menina assentiu e recebeu o celular - Chegou um uniforme novo também, Lumiar, seja o exemplo, eu quero que você estude. Sem reclamações, sem brigas, sem maltratar alunos, isso vai acabar com minha campanha.
- Eu prometo que não vou fazer nada de ruim, mas quero que tire aquele professor de lá. - Tânia riu - O que foi?
- Eu não vou tirar um professor que aparentemente te deixou a tarde toda sem celular, você até arrumou o quarto sem empregado nenhum se aproximar da porta - Saiu após um beijo.
Lumiar olhou ao redor, e exceto pelas pantufas espalhadas, a falta do celular lhe deixou apenas com o tablet...
- Ah meu Deus... Meu tablet.