Carolina me abraçou silenciosamente, tentando me dar forças.
"Foi um momento ruim você conhecer aquele homem. Você não era assim antes, agora está chorando o tempo todo."
"A irmã dela nos apresentou."
Lucía, irmã de Sebastián, era alegre, extrovertida, sempre cercada de amigos. Foi em uma de suas festas que ela o apresentou a Camila. Ela nunca suspeitou que essa coincidência levaria a um triângulo amoroso impossível. Para Lucía, Sebastián era um herói e Camila, uma amiga próxima.
"Desculpe, não fique tão chateada. Estamos em uma reunião, e você sabe como nossos colegas são. Não deixe que eles tirem conclusões precipitadas, tire essa cara triste. Não dê a ela nenhum motivo para se sentir como se tivesse vencido."
"Você tem razão", admiti, me endireitando no banco. "Dirija mais rápido, não queremos nos atrasar."
"Enquanto estou dirigindo, estou dirigindo com minha amiga, minha amiga, a chorona."
Meu melhor remédio era rir, e Carolina e eu nos entendíamos muito bem; ela tinha a capacidade de me tirar da tristeza com suas piadas.
No meio da reunião, pisquei para Sebastián. Eu havia resistido, não havia sucumbido à tentação, até aquele momento, justamente quando Valentina me viu. Acho que ela estava nos observando o tempo todo; não podia ter sido coincidência. Dei uma joelhada em Carolina por baixo da porta, um gesto desnecessário, pois seu olhar me dizia tudo. Vi-a encarar a diretora, minha rival, que imediatamente se concentrou em María Fernanda, minha chefe direta.
Júlio, eu deveria tê-lo notado. Aquele era um homem que valia a pena. Embora fosse uma união constrangedora, sendo cunhada da Valentina: como e quando? O sonho foi destruído só de pensar que eu teria que fazer uma mudança tão grande para me encaixar.
"O que a senhora acha, Dra. Duarte?" Isso me pegou de surpresa; eu não fazia ideia do que estavam falando.
"Ah! Com licença, Dra. Valentina, eu não estava prestando atenção. A senhora é uma bruxa, é isso que a senhora é. A senhora sabia. A senhora só me expôs porque me odeia tanto quanto eu a odeio."
"Não se desculpe. Alguém pode dar uma explicação para a jovem?" "O Gerente Geral nos pediu um relatório sobre cada área: trabalhamos em equipe, e ele deve chegar ao e-mail do Gerente de Área em até 24 horas."
"Obrigado, Dr. Sebastián, pela atenção. Como o médico disse, precisamos tomar algumas decisões com base nos seus resultados. Então, faça o seu melhor. Alguma pergunta?"
A reunião foi encerrada e saímos da sala. Eu podia sentir os olhares e comentários fazendo um som desconfortável, então fui direto para o banheiro e a conversa começou:
Sebastián: Você está linda.
Camila: Sim, claro.
Sebastián: Vamos almoçar juntos.
Camila: Nós três?
Sebastián: Você ainda está de mau humor, tchau. Me avise quando passar."
"Você é burra ou o quê? Você está assustando ele."
"Às vezes acho que é meu corpo me dizendo para ficar longe, Carolina. Me sinto mal, estou perdendo ele, e isso me faz querer tratá-lo mal. É uma reação involuntária." "E se a gente sair? Ficar trancado pensando bobagens não faz bem."
"Não é má ideia. Vamos fazer o relatório juntos e, quando terminarmos, vamos jantar."
"Tem razão, eu compro a sua ideia. Vou desligar o celular. Não me deixe ligá-lo. Esse aparelho vai me deixar louco."
***
Sebastián, dividido entre dois mundos, começou a dar cada vez menos tempo para Camila. Valentina, astutamente, o encurralava com jantares em família, saídas sociais, compromissos que ele não podia recusar.
"Meu irmão me mandou mensagem dizendo que vem nos buscar para irmos à inauguração da nova FarmaHoy."
"Hoje? Que chatice, vá você."
"Você tem que ir, nossos pais vão estar lá."
"E se eu não quiser?"
"Eu conto a eles."
"Você está me ameaçando?"
"Não, só que não vou mentir por você."
A buzina da caminhonete do meu irmão Júlio estava tocando alto. Por mais que eu pedisse para não fazer isso, ela chegou com aquele barulho ensurdecedor desde o momento em que virei a esquina.
"Por que você está fazendo isso? A Dona Beatriz reclamou da última vez que você veio."
"Ela é uma senhora idosa; tudo a incomoda."
"Não seja tão cruel. Ela é muito boazinha e está sozinha naquela casa enorme."
"Então é o eco, não a minha caminhonete. E, falando em outras coisas, onde está meu cunhado?"
"Sebastián veio correndo como um atleta."
"Cunhado! Que combinação incrível!" Ele ficou ao lado de Sebastián, examinando sua roupa da cabeça aos pés. "Vamos?", disse ele, olhando para o relógio e erguendo a sobrancelha direita.
A vizinha, Dona Beatriz, era uma história diferente. Todas as manhãs, ela se abaixava para regar o gramado no momento em que as discussões irrompiam pelas paredes da casa. Ela não dizia nada, mas observava tudo. E cada vez que via Valentina sair com os olhos vermelhos, murmurava para si mesma:
"Esse casamento não é o que parece."
Assim que entraram no veículo, a vizinha já estava na porta, acenando com as mãos em ritmo, e os meninos acenaram em despedida.
"Adeus, vizinha, descanse um pouco, vamos nos atrasar."
***
A inauguração da nova filial foi um sucesso retumbante. Mamãe cortou a fita e o padre deu sua bênção, pura formalidade, costumeira na sociedade em que vivíamos. A loja estava repleta de mercadorias e equipada com a mais moderna tecnologia; eles mal precisavam de funcionários, já que o serviço drive-thru era a norma.
Minutos depois, as fotos já estavam nas redes sociais.
"Eles têm que publicar tudo?", reclamou Sebastián com uma careta desagradável.
"Tem um gerente de mídias sociais, não somos nós que publicamos o material."
"Eu disse que não queria vir."
"Então vá, você já me cansou com sua grosseria." Essa verdade saiu da minha boca sem pensar. Meu marido me olhou espantado.
Deixei-o sozinho e me juntei ao grupo de mulheres que conversavam com minha sogra do outro lado do estabelecimento. Sebastian não tirou os olhos de mim e percebi que funcionou.
Consegui a atenção dele pela primeira vez em todo o nosso casamento.