O Amor que Fingiu Ser Outro
img img O Amor que Fingiu Ser Outro img Capítulo 2 O Dia em que o Sol se Apagou
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Capítulo 6 A Humilhação Diante de Todos img
Capítulo 7 Vozes Atrás da Porta img
Capítulo 8 O Primeiro Passo img
Capítulo 9 Entre Provas e Desafios img
Capítulo 10 Entre Dois Mundos img
Capítulo 11 Vozes Que se Cruzam img
Capítulo 12 Entre Sussurros e Armadilhas img
Capítulo 13 Entre Olhares e Armadilhas img
Capítulo 14 O Baile das Máscaras img
Capítulo 15 Entre Desejo e Obsessão img
Capítulo 16 O Início da Tempestade img
Capítulo 17 A Viagem img
Capítulo 18 O Beijo e a Sombra img
Capítulo 19 O Escudo e a Sombra img
Capítulo 20 Entre o Fogo e a Sombra img
Capítulo 21 O Escândalo img
Capítulo 22 O Primeiro Ataque img
Capítulo 23 Entre a Luz e a Escuridão img
Capítulo 24 O Cerco img
Capítulo 25 O Alvo Errado img
Capítulo 26 O Baile das Máscaras img
Capítulo 27 Entre a Justiça e o Abismo img
Capítulo 28 Caça às Sombras img
Capítulo 29 As Provas e a Ferida img
Capítulo 30 A Tentativa de Silêncio img
Capítulo 31 O Desmoronar da Máscara img
Capítulo 32 Vozes Silenciadas img
Capítulo 33 O Embate img
Capítulo 34 As Cinzas da Farsa img
Capítulo 35 Entre o Amor e a Sombra img
Capítulo 36 Refúgio no Meio da Tempestade img
Capítulo 37 À Luz dos Olhos Alheios img
Capítulo 38 Ecos de Ameaça img
Capítulo 39 O Contra-Ataque img
Capítulo 40 O Tribunal das Sombras img
Capítulo 41 Vozes e Máscaras img
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Capítulo 2 O Dia em que o Sol se Apagou

O telefone tocou antes que o sol tivesse a chance de nascer. O som atravessou a casa silenciosa como um presságio, e ainda meio adormecida, atendi sem imaginar que aquela voz roubaria de mim a vida que eu conhecia.

- Senhora Helena? - a voz era grave, carregada de um peso que já anunciava tragédia. - Sinto muito... houve um acidente.

O mundo parou. As palavras seguintes se dissolveram em ruídos desconexos. Carro. Estrada. Chuva. Daniel. Morto.

Eu não chorei de imediato. A dor veio em ondas tardias, como se meu corpo tivesse se recusado a acreditar. Primeiro, o silêncio. Depois, o desespero. Lembro-me de correr até o hospital, de reconhecer o corpo frio e imóvel - mas apenas por um instante. Cobriram-no rápido demais. Não me deixaram tempo para despedidas, apenas a imagem de uma mão rígida, de um anel que poderia ser o dele... ou de qualquer outro.

O velório foi um desfile de rostos compadecidos, abraços vazios e frases repetidas que não curavam nada. Eu sentia como se estivesse enterrando não só o homem que amava, mas a própria esperança. Daniel fora meu porto, meu abrigo, meu sol. E agora eu caminhava às cegas numa noite que parecia não ter fim.

Os dias seguintes se arrastaram como um inverno sem saída. A casa se tornou um túmulo. O travesseiro ao meu lado, vazio, parecia zombar de mim. Havia noites em que eu esperava ouvir o ranger da porta, o som das chaves caindo sobre a mesa, o calor de um corpo se deitando ao meu lado. Mas nada. Apenas silêncio.

Foi então, quando a saudade já me consumia como veneno, que ele apareceu.

Um homem, parado na porta da sala. O mesmo olhar, a mesma altura, o mesmo sorriso que me tinha conquistado anos antes. Meu coração, em choque, quase esqueceu de bater.

- Eu sou Rafael - disse ele, como se isso bastasse. - Irmão gêmeo de Daniel.

Gêmeo? A palavra me soou estranha, impossível, absurda. Eu conhecera toda a família de Daniel, cada detalhe da sua história. Nunca ouvira sequer um sussurro sobre um irmão. Mas ali estava ele, com os traços que eu conhecia de cor, com uma presença que me confundia e me atraía.

Naquele instante, perdida entre a dor e o espanto, não soube se chorava de medo, de esperança ou de loucura. Tudo o que sei é que, sem perceber, o fio invisível da mentira começava a me envolver.

E eu, cega pela saudade, deixei-me prender.

            
            

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