O Amor que Fingiu Ser Outro
img img O Amor que Fingiu Ser Outro img Capítulo 3 O Irmão que Nunca Existiu
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Capítulo 6 A Humilhação Diante de Todos img
Capítulo 7 Vozes Atrás da Porta img
Capítulo 8 O Primeiro Passo img
Capítulo 9 Entre Provas e Desafios img
Capítulo 10 Entre Dois Mundos img
Capítulo 11 Vozes Que se Cruzam img
Capítulo 12 Entre Sussurros e Armadilhas img
Capítulo 13 Entre Olhares e Armadilhas img
Capítulo 14 O Baile das Máscaras img
Capítulo 15 Entre Desejo e Obsessão img
Capítulo 16 O Início da Tempestade img
Capítulo 17 A Viagem img
Capítulo 18 O Beijo e a Sombra img
Capítulo 19 O Escudo e a Sombra img
Capítulo 20 Entre o Fogo e a Sombra img
Capítulo 21 O Escândalo img
Capítulo 22 O Primeiro Ataque img
Capítulo 23 Entre a Luz e a Escuridão img
Capítulo 24 O Cerco img
Capítulo 25 O Alvo Errado img
Capítulo 26 O Baile das Máscaras img
Capítulo 27 Entre a Justiça e o Abismo img
Capítulo 28 Caça às Sombras img
Capítulo 29 As Provas e a Ferida img
Capítulo 30 A Tentativa de Silêncio img
Capítulo 31 O Desmoronar da Máscara img
Capítulo 32 Vozes Silenciadas img
Capítulo 33 O Embate img
Capítulo 34 As Cinzas da Farsa img
Capítulo 35 Entre o Amor e a Sombra img
Capítulo 36 Refúgio no Meio da Tempestade img
Capítulo 37 À Luz dos Olhos Alheios img
Capítulo 38 Ecos de Ameaça img
Capítulo 39 O Contra-Ataque img
Capítulo 40 O Tribunal das Sombras img
Capítulo 41 Vozes e Máscaras img
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Capítulo 3 O Irmão que Nunca Existiu

Naquela noite, não consegui dormir. As palavras de Rafael ecoavam dentro de mim como um feitiço maldito: irmão gêmeo.

Deitada no escuro, eu revivia cada conversa com Daniel, cada memória com sua família, procurando qualquer indício, qualquer fresta de verdade que justificasse aquela aparição. Nada. Era como tentar encontrar um reflexo em um espelho sem vidro. E, ainda assim, ali estava ele, em carne e osso, tão real que me confundia até a respiração.

Na manhã seguinte, a família de Daniel me recebeu como se nada fosse estranho. Sua mãe, Dona Amélia, me abraçou com força, lágrimas nos olhos.

- Eu sabia que seria um choque para você - disse, ajeitando uma mecha de cabelo grisalho para trás da orelha. - Daniel nunca quis falar sobre Rafael. Havia feridas antigas... mas agora é hora de aceitar.

Aceitar? A palavra me atravessou como faca. Como alguém esconde um irmão gêmeo? E mais: como toda a família parecia confortável com isso, como se eu fosse a única ignorante nesse teatro cuidadosamente ensaiado?

Rafael, porém, era presença constante. A cada gesto, cada olhar, era impossível não enxergar Daniel. O jeito de mexer no relógio, de passar a mão pelo queixo quando pensava, até a inclinação da cabeça quando sorria - eram idênticos. Havia momentos em que eu fechava os olhos e me perguntava se não era ele, se não estava louca de dor, inventando fantasmas para acalentar a saudade.

- Sei que é difícil - disse ele, uma tarde, quando me encontrou sentada na varanda, perdida em lembranças. - Mas estou aqui. Não quero que passe por isso sozinha.

Era estranho. Uma parte de mim rejeitava sua presença, como quem sente o cheiro de veneno na taça de vinho. Outra parte, porém, se agarrava a ele como náufrago à tábua. Talvez fosse a carência, talvez fosse a dor... mas eu deixei. Permiti que sua voz ocupasse os silêncios da casa, que seus passos ecoassem nos corredores que já haviam sido de Daniel.

E, aos poucos, a linha entre luto e consolo começou a se borrar.

Às vezes, eu o observava de longe. Havia algo nos seus olhos - uma chama, um segredo não dito - que me fazia estremecer. Rafael não era apenas um irmão em luto. Ele carregava uma intensidade que parecia esperar pelo momento certo para se revelar.

E naquela atmosfera confusa, entre a saudade do morto e a presença viva do "gêmeo", percebi que meu coração começava a trair minha razão.

O que eu não sabia, o que jamais poderia imaginar, era que já estava presa em uma rede de mentiras tão perfeita que até o amor parecia real.

            
            

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