O Amor que Fingiu Ser Outro
img img O Amor que Fingiu Ser Outro img Capítulo 4 A Noiva do Irmão
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Capítulo 6 A Humilhação Diante de Todos img
Capítulo 7 Vozes Atrás da Porta img
Capítulo 8 O Primeiro Passo img
Capítulo 9 Entre Provas e Desafios img
Capítulo 10 Entre Dois Mundos img
Capítulo 11 Vozes Que se Cruzam img
Capítulo 12 Entre Sussurros e Armadilhas img
Capítulo 13 Entre Olhares e Armadilhas img
Capítulo 14 O Baile das Máscaras img
Capítulo 15 Entre Desejo e Obsessão img
Capítulo 16 O Início da Tempestade img
Capítulo 17 A Viagem img
Capítulo 18 O Beijo e a Sombra img
Capítulo 19 O Escudo e a Sombra img
Capítulo 20 Entre o Fogo e a Sombra img
Capítulo 21 O Escândalo img
Capítulo 22 O Primeiro Ataque img
Capítulo 23 Entre a Luz e a Escuridão img
Capítulo 24 O Cerco img
Capítulo 25 O Alvo Errado img
Capítulo 26 O Baile das Máscaras img
Capítulo 27 Entre a Justiça e o Abismo img
Capítulo 28 Caça às Sombras img
Capítulo 29 As Provas e a Ferida img
Capítulo 30 A Tentativa de Silêncio img
Capítulo 31 O Desmoronar da Máscara img
Capítulo 32 Vozes Silenciadas img
Capítulo 33 O Embate img
Capítulo 34 As Cinzas da Farsa img
Capítulo 35 Entre o Amor e a Sombra img
Capítulo 36 Refúgio no Meio da Tempestade img
Capítulo 37 À Luz dos Olhos Alheios img
Capítulo 38 Ecos de Ameaça img
Capítulo 39 O Contra-Ataque img
Capítulo 40 O Tribunal das Sombras img
Capítulo 41 Vozes e Máscaras img
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Capítulo 4 A Noiva do Irmão

Os dias ao lado de Rafael foram se transformando em uma rotina estranha, uma dança silenciosa entre o luto e a confusão. Havia nele algo de familiar demais, e, mesmo quando tentava resistir, acabava me deixando envolver por sua presença. Até que, numa manhã cinzenta, ele apareceu com um brilho diferente nos olhos.

- Preciso que conheça alguém - disse, ajeitando o colarinho da camisa como quem prepara o coração para uma revelação. - É importante.

Aceitei sem questionar, embora uma ansiedade surda tenha tomado meu peito. Caminhamos até o café elegante no centro da cidade, onde as vidraças refletiam a pressa dos transeuntes. Eu não sabia o que esperar.

Foi então que a vi.

Laura.

Alta, elegante, de sorriso confiante e olhar que parecia conhecer todos os segredos do mundo. Ao lado dela, Rafael parecia outro homem - mais leve, mais inteiro, como se finalmente estivesse em casa.

- Helena - ele começou, a voz suave, quase solene. - Esta é Laura, minha noiva.

Minha noiva. As palavras caíram sobre mim como pedras. Por um instante, achei que tinha ouvido errado, que talvez o mundo tivesse se dobrado em algum equívoco cruel. Mas não. Ela estendeu a mão com naturalidade, e eu a segurei com dedos trêmulos.

- Muito prazer - disse Laura, com uma voz doce que não combinava com a navalha que senti atravessar meu coração.

Observei-a com atenção: cada traço, cada gesto. E em seus olhos encontrei algo que me fez estremecer - não surpresa, não desconforto, mas a tranquila certeza de quem já me conhecia, de quem sabia exatamente quem eu era.

Ao longo do encontro, percebi os olhares cúmplices entre os dois, as mãos que se buscavam por baixo da mesa, o carinho disfarçado em detalhes que eu conhecia bem demais. Foi então que compreendi a ironia cruel do destino: o homem que me era apresentado como irmão de Daniel amava Laura... mas o brilho em seus olhos era o mesmo brilho que um dia foi meu.

Naquele instante, algo dentro de mim se rompeu. O luto ainda pesava, mas agora havia também a sensação insuportável de estar sendo ridicularizada. Como se eu fosse a única peça cega em um tabuleiro que todos já conheciam de cor.

Saí do café com o coração em estilhaços, a respiração curta e a mente em turbilhão. Não sabia ainda, mas aquele era apenas o primeiro fio puxado de uma teia muito mais cruel - uma trama onde amor, mentira e traição dançavam de mãos dadas.

E temi que toda a minha vida não tivesse passado de um palco montado para que outros rissem da minha dor.

            
            

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