A Mentira Que Meu Noivo Inventou
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Capítulo 3

Ponto de Vista de Fernanda Bastos:

"Fernanda! Que diabos você fez?"

A voz de Dante era um rugido de fúria, instantaneamente ao lado de Larissa. Ele nem olhou para mim, todo o seu foco em minha irmã, que agora segurava o rosto teatralmente e soluçava.

"Eu... eu não fiz nada", gaguejei, meus próprios olhos ardendo, o mundo se dissolvendo em uma bagunça embaçada e dolorosa. "Ela jogou em mim."

"Mentirosa!", Dante cuspiu, seu rosto contorcido de raiva. "Eu vi você! Você derrubou da mão dela! Você está com ciúmes porque estou dando atenção a ela!"

Ele se lançou sobre mim, me agarrando pelos cabelos e me arrastando em direção ao nosso carro. A dor era aguda, mas a injustiça era mais aguda. Ele abriu o porta-malas, um espaço geralmente reservado para compras e meu teclado portátil, e me empurrou para dentro.

"Você vai ficar aqui e pensar no que fez", ele sibilou, sua voz um rosnado baixo. "Talvez um castigo te ensine algumas boas maneiras."

"Dante, por favor", implorei, tentando sair, mas ele já estava batendo a tampa, me mergulhando na escuridão. Ouvi o clique da fechadura, um som de finalidade absoluta. Eu era uma prisioneira.

Ele havia fabricado uma realidade onde eu era a vilã, e ele era o juiz justo. Ele viu o que queria ver, o que confirmava sua narrativa: Larissa, o anjo puro e sofredor, e eu, a megera rancorosa e ciumenta.

A porta do porta-malas se abriu novamente um momento depois, e o rosto de Dante apareceu, silhuetado contra o céu claro. Ele não estava lá para me deixar sair. Ele jogou algo para dentro que bateu contra o chão de metal.

Era a lata de spray de pimenta.

"Para você não esquecer quem é a verdadeira vítima aqui", ele rosnou.

O porta-malas bateu novamente, o som ecoando o rompimento do último fio de esperança dentro de mim. O carro deu um solavanco e começou a se mover, e eu o ouvi arrulhar para Larissa através da fina barreira do banco de trás, sua voz pingando simpatia.

A estrada era um caminho de montanha sinuoso e não pavimentado. A cada solavanco e sacudida, meu corpo era jogado contra os confins de superfície dura do porta-malas. A lata de spray de pimenta se tornou uma arma, suas bordas afiadas cravando na minha pele, rasgando minhas roupas.

Então, em um solavanco particularmente violento, senti uma dor aguda e lancinante na minha coxa. Gritei, levando a mão para sentir uma umidade quente e pegajosa se espalhando pelo meu jeans. O bico da lata havia perfurado minha pele. A dor era excruciante, uma agonia branca e quente que me fez ofegar por ar.

A viagem pareceu uma eternidade. O cheiro de poeira e do meu próprio sangue encheu o pequeno espaço. Meu corpo era uma tela de hematomas e cortes. Quando o carro finalmente parou, eu era uma bagunça trêmula e sangrando, lutando para respirar.

O porta-malas se abriu. Dante olhou para mim, seu rosto impassível. Não havia choque, nem remorso ao ver meus ferimentos. Seus olhos continham um brilho de aborrecimento, como se meu sofrimento fosse um inconveniente.

"Levante-se", ele disse, sua voz monótona. Ele estendeu a mão, não para ajudar, mas para me arrastar para fora pelo braço, seus dedos cravando em um hematoma fresco. Ele me encharcou com uma garrafa de água gelada do cooler. "Pare de agir de forma tão patética. Você causou isso a si mesma. Agora entre e peça desculpas à Larissa."

Pedir desculpas. A palavra era tão absurda, tão grotescamente injusta, que uma risada quebrada e oca escapou dos meus lábios. Ele queria que eu pedisse desculpas por ser atacada, por ser aprisionada, por ser ferida. Minha dor era irrelevante. Apenas a de Larissa importava.

Tropecei para dentro da cabana remota na montanha que ele havia alugado, minha perna gritando em protesto. Encontrei um kit de primeiros socorros no banheiro e tentei desajeitadamente limpar e enfaixar o corte na minha coxa, minhas mãos tremendo demais para fazer um trabalho adequado.

Larissa apareceu na porta alguns minutos depois, um sorriso presunçoso e satisfeito brincando em seus lábios. Ela tinha um pequeno curativo decorativo na bochecha, um adereço teatral em sua peça distorcida.

"Sentindo-se melhor?", ela perguntou, sua voz pingando falsa preocupação. "Tenho uma ideia que vai te animar. Há uma velha ponte de cordas bamba sobre o cânion lá atrás. Vai ser divertido!"

Meu sangue gelou. Eu tinha pavor de altura. Ela sabia disso.

"Não acho que seja uma boa ideia, Larissa", eu disse, minha voz mal um sussurro.

"Ah, não seja um bebê." Ela agarrou meu pulso, suas unhas cravando na minha pele, e começou a me arrastar em direção à porta dos fundos. "A menos que você tenha algo a esconder? Dante me disse que te viu conversando com seu ex, Bruno Soares, outro dia. Voltando com o homem que arruinou suas mãos? Que comovente."

A acusação foi um tapa na cara. Era uma mentira, uma invenção completa, mas eu sabia que era para me encurralar.

Estávamos na beira do cânion. A ponte de cordas era exatamente como ela descreveu: uma construção aterrorizante e oscilante de tábuas gastas e cordas esfiapadas, esticada sobre uma queda vertiginosa.

"Eu não vou subir nisso", eu disse, fincando os pés no chão.

"Por que não?", a voz de Dante veio de trás de mim. Ele colocou o braço em volta de Larissa, puxando-a para perto. "Com medo de que sua consciência culpada te jogue para baixo?"

            
            

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