Natalia caminhou com passos firmes pelo corredor da mansão, sua mente cheia de pensamentos caóticos. Sabia que enfrentar Emiliano em seu próprio terreno era arriscado, mas se ele achava que podia mantê-la presa nessa jaula de ouro para sempre, estava muito enganado.
Ao chegar no seu quarto, fechou a porta com força e encostou as costas na madeira, tentando recuperar a calma. Seu peito subia e descia rapidamente, ainda afetada pelo confronto com Emiliano.
Suas palavras haviam a abalado até os ossos.
- Porque nunca te dei permissão para ir embora.
A frase ressoava em sua cabeça, alimentando o fogo da raiva. Emiliano sempre fora um homem de controle absoluto, mas dessa vez, ele subestimou a mulher que estava à sua frente.
Natalia não seria sua marionete.
Com uma determinação renovada, foi até o closet e pegou uma mala. Se Emiliano achava que poderia controlá-la com palavras e arrogância, ela mostraria que ele estava errado.
Dessa vez, ela iria embora.
Mas antes que pudesse começar a fazer as malas, a porta se abriu de repente.
- Nem pense nisso - a voz de Emiliano ressoou pela sala, grave e ameaçadora.
Natalia girou sobre os calcanhares, com a mandíbula apertada.
- Vai me parar fisicamente? - desafiou-o, sem medo.
Emiliano a observou com uma mistura de frustração e algo mais profundo, algo que Natalia não conseguiu entender.
- Não preciso fazer isso.
Natalia cruzou os braços.
- Não?
Ele deu um passo à frente, diminuindo a distância entre eles.
- Não, porque sei que você não vai embora.
- E o que te faz pensar isso?
Emiliano a olhou fixamente, como se pudesse ver além da máscara de raiva dela.
- Porque você não é uma covarde, Natalia. Porque eu te conheço o suficiente para saber que você não é do tipo que foge.
As palavras a atingiram em cheio.
Ele a conhecia.
Não nos detalhes superficiais, mas no fundo, na essência do que ela era.
- Isso não significa que eu deva ficar com você - retrucou ela.
Emiliano soltou um suspiro e passou a mão pelos cabelos.
- Eu não quero que você vá embora - admitiu por fim.
Natalia sentiu seu coração pular uma batida.
Era a primeira vez que Emiliano dizia algo assim. Sempre fora frio, calculista, um homem de poucas palavras quando se tratava de sentimentos.
Mas isso não era suficiente.
- Não basta que você não queira que eu vá embora, Emiliano - disse com voz firme. - Eu preciso saber o porquê.
Ele a observou em silêncio por alguns segundos.
- Porque você é a única pessoa na minha vida que não me vê como um simples CEO - sua voz estava baixa, quase um sussurro. - Porque com você eu posso ser... alguém mais.
Natalia sentiu a garganta se apertar.
- Isso não é amor.
Emiliano apertou os olhos.
- Não sei se sei amar, Natalia.
Ela sentiu um nó no estômago.
- Então talvez você devesse aprender.
Ele não disse nada.
Porque, pela primeira vez em sua vida, Emiliano Valenti não tinha todas as respostas.