A Traição Dele Gerou Uma Rainha Implacável
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A Traição Dele Gerou Uma Rainha Implacável

Gavin
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Capítulo 1

Meu casamento acabou da mesma forma que o mundo descobriu sobre ele: com um boletim de ocorrência que pousou na minha mesa. Eu era uma promotora de justiça que tinha voltado para São Paulo para salvar meu casamento de fachada com o bilionário da tecnologia, Heitor Azevedo.

Quando o confrontei no hotel, encontrei meu marido de joelhos. Não para me pedir em casamento, mas para amarrar com ternura o sapato de sua amante influencer.

Naquela noite, ele me abandonou em uma estrada escura para correr até ela, o que me fez perder o bebê que eu carregava em segredo. No hospital, ele me acusou publicamente de fingir a gravidez, me deu um tapa e depois cortou meu braço com um caco de vidro.

"Agora você tem um motivo para estar no hospital", ele disse com uma frieza cortante.

O amor que eu sentia por ele desde os dezesseis anos não apenas se apagou; ele foi assassinado. Ele achou que tinha me quebrado, mas ele apenas criou um monstro.

Usei o poder da minha família para jogá-lo na cadeia. Quando ele implorou por uma segunda chance, eu trouxe meu amigo de infância, Adriano, e dei o golpe final, o golpe de misericórdia.

"O bebê não era seu", eu disse, minha voz como gelo. "Era dele."

Capítulo 1

Meu casamento acabou da mesma forma que o mundo descobriu sobre ele: com um boletim de ocorrência que pousou na minha mesa.

Eu tinha acabado de ser transferida de volta para o Ministério Público de São Paulo. A razão oficial era uma promoção, um retorno à cidade onde eu construí minha reputação. A razão real era salvar o casamento frio e vazio que eu tinha com Heitor Azevedo, o bilionário da tecnologia com quem minha família me arranjou um casamento estratégico dois anos atrás.

O papel branco e nítido parecia anormalmente pesado em minhas mãos. O processo era simples, um caso rotineiro de perturbação da ordem pública, mas os nomes nele fizeram meu coração se contrair em um punho apertado e gelado.

Suspeito 1: Heitor Azevedo.

Suspeita 2: Cíntia Rosa.

Eu encarei o nome Cíntia Rosa. Era um nome que eu conhecia das revistas de fofoca, dos cochichos em jantares de caridade, dos comentários venenosos em seu feed chamativo no Instagram. Ela era a namorada dele, a influencer que ele exibia por aí enquanto eu, sua esposa, permanecia um ativo cuidadosamente gerenciado e praticamente invisível em seu perfil público.

Meu estômago se revirou. O enjoo matinal que eu vinha escondendo cuidadosamente por semanas ameaçou vir com tudo.

"Parece um caso simples, Alana", disse meu assistente, Marcos, encostado no batente da minha porta. Ele era jovem, ambicioso e felizmente inconsciente do inferno pessoal que acabara de me entregar. "Heitor Azevedo e seu caso do mês, Cíntia Rosa, tiveram uma briguinha no Fasano. Jogaram champanhe, quebraram uma luminária. O hotel quer prestar queixa para dar o exemplo."

Marcos rolou o feed em seu celular. "A internet já está enlouquecida. Eles amam esses dois. Estão chamando de 'briga de casal apaixonado'. Aparentemente, ele alugou o andar inteiro para ela ontem à noite."

Briga de casal apaixonado. A frase ecoou em minha mente, uma risada amarga e zombeteira. Paixão era um país que Heitor e eu nunca havíamos visitado juntos. Nossas interações eram educadas, roteirizadas e tão estéreis quanto o acordo pré-nupcial que nos unia.

"O gerente do hotel está nos esperando", eu disse, minha voz plana e uniforme. Levantei-me, o movimento preciso, controlado. Eu não deixaria minhas mãos tremerem. Eu era Alana Queiroz, Promotora de Justiça, filha do Senador Queiroz. Eu era profissional. Eu era intocável.

Caminhei em direção à porta, meus saltos batendo um ritmo firme e decidido no chão polido.

Marcos me seguiu. "Devo enviar uma equipe?"

"Não", respondi, meus olhos fixos no corredor à frente. "Eu mesma vou cuidar deste."

A suíte presidencial do Fasano era uma zona de desastre. Uma luminária de cristal jazia em cacos brilhantes no tapete felpudo. Uma garrafa meio vazia de Moët & Chandon estava virada em um balde de gelo, seu conteúdo manchando o tapete de seda branca.

Mas eu mal vi a bagunça. Meus olhos estavam cravados na cena junto às janelas que iam do chão ao teto.

Heitor Azevedo, meu marido, estava de joelhos.

Ele não estava me pedindo em casamento. Ele estava, cuidadosa e quase reverentemente, amarrando a fita de cetim de uma sapatilha no tornozelo esguio de Cíntia Rosa. Ela estava sentada em uma chaise de veludo, fazendo beicinho.

"Pronto", Heitor murmurou, sua voz, geralmente tão ríspida e arrogante, agora um zumbido baixo e calmante que eu nunca tinha ouvido antes. Ele olhou para ela, sua expressão de devoção completa e humilhante. "Está melhor, meu bem?"

A sapatilha era de uma marca de luxo que eu sabia que custava mais do que meu salário mensal. Ele provavelmente a comprou para ela esta manhã, um presente para acalmá-la depois da "briga".

Cíntia fungou, um som calculado e delicado. "Mas você gritou comigo, Totor. Meus sentimentos ainda estão feridos."

"Eu sei, me desculpe", disse ele, a mão ainda pousada no tornozelo dela. Ele nem parecia notar os policiais na sala, ou a mim, parada na porta como um fantasma em seu banquete particular. "Eu faço qualquer coisa. Qualquer coisa para te compensar. Apenas me diga o que você quer."

Minha visão se afunilou. O ar na sala parecia denso, sufocante. Era como se um buraco negro tivesse se aberto em meu peito, sugando toda a luz e o ar do meu mundo. Este era o homem que eu amava desde os dezesseis anos. O homem por quem eu sacrifiquei minha carreira em Brasília, na esperança de construir algo real das cinzas de uma aliança política.

E aqui estava ele, ajoelhado aos pés de outra mulher, implorando por seu perdão como um suplicante diante de uma rainha.

O amor que eu nutria por ele, a esperança teimosa e tola à qual eu me apeguei por anos, finalmente se estilhaçou. Não se apagou; morreu. Instantânea e violentamente.

Em seu lugar, algo frio e duro começou a se formar.

Eu dei um passo à frente, minha sombra caindo sobre eles. "Marcos", eu disse, minha voz cortando a intimidade enjoativa de seu pequeno drama.

Heitor finalmente olhou para cima. Seus olhos, que estavam tão cheios de adoração por Cíntia, se transformaram em gelo quando pousaram em mim.

"Alana. O que você está fazendo aqui?"

"Meu trabalho", eu disse friamente. Não olhei para ele. Olhei para Marcos. "Dê voz de prisão a eles. Prenda os dois por vandalismo e perturbação da ordem pública."

Marcos hesitou. "Alana, é o Heitor Azevedo..."

"Heitor Azevedo está acima da lei?", perguntei, minha voz perigosamente suave. "Na minha jurisdição, ninguém está."

Marcos engoliu em seco e assentiu. "Sim, senhora."

Ele e outro policial se aproximaram do casal.

Cíntia soltou um suspiro teatral. "Nos prender? Totor, faça alguma coisa! Eu não posso ser presa! Minhas unhas nem estão feitas!"

Heitor se levantou, protegendo-a atrás de si. Ele olhou para mim, o rosto uma máscara de desprezo. Mas ele não discutiu. Ele conhecia aquele olhar nos meus olhos. Era o olhar dos Queiroz. Aquele que significava que a discussão já havia terminado.

"Vamos, Cí", disse ele gentilmente, seu tom em total contraste com o veneno em seus olhos enquanto olhava para mim. "É apenas uma formalidade. Meus advogados resolvem isso em uma hora."

Eles saíram da suíte, Cíntia ainda reclamando do inconveniente, Heitor murmurando palavras de consolo. Eu os observei ir, meu olhar demorando na aparência perfeitamente curada de Cíntia - o vestido de boneca, a maquiagem impecável, a vulnerabilidade calculada que fazia homens como Heitor se sentirem poderosos.

Um nó de gelo se formou em meu estômago, tão frio que queimava. Pressionei uma mão no meu abdômen, um gesto reflexivo e protetor.

Eu os segui até a delegacia, observando através do vidro espelhado da sala de observação enquanto eram colocados em salas de interrogatório separadas.

Instruí Marcos: "Pegue um depoimento detalhado da Sra. Rosa. Cada palavra."

Eu não precisava ouvir a versão de Heitor. Eu conhecia seu roteiro. Mas Cíntia... Cíntia seria um espetáculo.

Sua voz, aguda e petulante, flutuou pelo alto-falante. "Ele é tão obcecado por mim, sabe? É exaustivo. Ontem à noite, ele me comprou um colar de diamantes, só porque eu disse que gostava do jeito que brilhava. Custou cinco milhões de reais. Dá pra acreditar? Cinco milhões por um brilhinho."

Ela deu uma risadinha. "Ele até fez uma tatuagem para mim. No quadril. Uma pequena rosa. Não é fofo? Ele diz que é para eu estar sempre com ele, mesmo quando ele tem que ir para casa para sua esposa frígida e sem graça."

Apertei o botão para cortar o áudio.

Eu não precisava ouvir mais nada.

'Esposa frígida e sem graça.' Essa era eu. Essa era Alana Queiroz, uma mulher que se formou como a melhor de sua turma na Faculdade de Direito da USP, que tinha uma taxa de condenação quase perfeita, que abriu mão de uma carreira federal promissora para voltar e fazer o papel de esposa solidária para um homem que a via como nada mais que um acessório político.

Eu tentei. Deus, como eu tentei. Organizei seus eventos de caridade, encantei os membros de seu conselho e suportei o escrutínio frio de sua família, tudo pela pequena esperança de que o garoto que uma vez sorriu para mim em um baile de debutantes ainda estivesse lá em algum lugar.

Agora eu sabia. Ele não estava.

Ou talvez estivesse. Mas aquela paixão, aquela devoção obsessiva e avassaladora que eu acabara de testemunhar - nunca, jamais, foi destinada a mim.

A última centelha de esperança dentro de mim morreu, e na escuridão, um pensamento frio e claro criou raízes: eu cansei de tentar salvar meu casamento.

Era hora de enterrá-lo.

            
            

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