A Traição Dele Gerou Uma Rainha Implacável
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Capítulo 4

Eu os encontrei virando o corredor, na ala VIP. Era um quadro de devoção distorcida. Cíntia estava sentada em uma mesa de exame, choramingando, enquanto Heitor segurava uma bola de algodão no arranhão microscópico em seu braço como se estivesse realizando uma cirurgia para salvar sua vida.

Minha presença foi uma pedra jogada em um lago calmo. Heitor olhou para cima, sua expressão endurecendo instantaneamente em aborrecimento.

"Alana? Que diabos você está fazendo aqui? Agora você está me seguindo?", ele zombou, sua voz pingando desdém. "Você não tem vergonha?"

Vergonha. A palavra era tão absurda, tão completamente desconectada da realidade do que ele havia feito, que eu quase ri.

"Heitor", eu disse, minha voz rouca. "Precisamos conversar." Dei um passo à frente, minha mão instintivamente indo para o meu estômago. "Eu estava grávida."

As palavras caíram no silêncio, pesadas e finais.

A cabeça de Cíntia se virou bruscamente, seus olhos arregalados de choque, depois se estreitando com fúria. Ela olhou para Heitor. "Grávida? Você me disse que nunca dorme com ela! Você mentiu para mim, Totor!"

Ela começou a chorar, lágrimas de verdade desta vez, alimentadas pelo ciúme e pelo medo de perder sua galinha dos ovos de ouro. "Eu não posso fazer isso! Não posso ficar com um homem que tem um bebê com outra mulher! Acabou!"

Heitor entrou em pânico. Toda a sua arrogância fria evaporou. "Não, Cí, meu bem, espere!" Ele agarrou as mãos dela, seus olhos suplicantes. "Ela está mentindo! É um truque! Ela está tentando nos separar!"

Ele se virou para mim, o rosto uma máscara de puro ódio. "Você é nojenta", ele cuspiu, sua voz alta o suficiente para a multidão de enfermeiras e curiosos que se reunia ouvir. "Inventando uma gravidez para me prender? Quão baixo você pode ir?"

Ele envolveu os braços em volta de Cíntia, acariciando seu cabelo. "Shhh, está tudo bem. Não é meu. Eu nunca faria isso. Você sabe como ela é. Fria. Intocável. Não ficamos juntos assim há meses. Você é a única que eu quero, Cí. A única que eu sempre quis de verdade."

Cada palavra era um prego no meu caixão. Ele estava renegando nosso filho, nossa história, minha própria humanidade, tudo para acalmar as lágrimas de crocodilo de sua amante.

Os sussurros começaram ao nosso redor.

"Essa é a esposa dele, certo? A herdeira dos Queiroz."

"Nossa, fingir uma gravidez? Isso é desespero."

"Não dá pra culpá-lo. Olha o quanto ele ama a Cíntia. Ele nunca a trairia."

Eu fiquei ali, exposta, julgada e condenada por um júri de estranhos que viam apenas o drama cuidadosamente construído que Heitor e Cíntia haviam encenado. Meu corpo era um recipiente vazio, meu filho se fora, e meu marido estava publicamente me rotulando de mentirosa e louca.

O mundo girou em seu eixo. A dor era tão imensa que se dobrou sobre si mesma e se tornou uma calma estranha e aterrorizante.

Cíntia, sentindo sua vitória, deslizou da mesa. Ela caminhou em minha direção, o rosto uma máscara de falsa simpatia. "Olha, Alana", ela disse, sua voz enjoativamente doce. "Eu sinto por você, de verdade. Mas você tem que ver que ele não te ama. É hora de deixar ir. Pelo bem de todos."

Ela se inclinou para mais perto, sua voz baixando para um sussurro conspiratório. "Ele me pertence agora. Um homem como o Heitor precisa de paixão. Ele precisa de fogo. Não... seja lá o que você for."

Ela sorriu, um sorrisinho triunfante e vicioso. Então, ela fez algo que estilhaçou os últimos vestígios da minha compostura.

Ela casualmente puxou para baixo a gola de sua camisola de hospital, revelando a linha delicada de sua clavícula. Lá, tatuada em uma caligrafia elegante e sinuosa, havia uma única palavra: *Heitor*.

"Ele me deu isso no nosso aniversário de um mês", ela ronronou. "É para que ele me unja em público."

Como se isso não bastasse, ela se esticou e puxou o cós das calças de grife de Heitor, que estavam caídas em seus quadris. Logo acima do osso do quadril, eu vi. Uma imagem espelhada de sua tatuagem, só que esta era uma rosa delicada e desabrochando. Sua marca de propriedade.

"Ele diz que é a minha marca nele", ela sussurrou, seus olhos brilhando de malícia. "Para que todos saibam a quem ele pertence."

As tatuagens eram absurdas. Juvenis. E foram a coisa mais dolorosa que eu já vi. A paixão grandiosa e avassaladora que eu ansiava, a devoção com que eu sonhava, ele havia dado tudo a essa garota. Ele literalmente se marcou por ela, um escravo voluntário de seus caprichos.

E era um amor tão profundo, tão abrangente, que não havia espaço para mim. Nem para o meu amor, nem para a minha lealdade, e nem para o nosso filho.

Meu amor há muito morto por ele tinha sido uma piada. Uma fantasia patética e unilateral.

            
            

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