Assim que ela cruzou o batente, foi engolida por uma avalanche de jornalistas. Flashes incessantes estouravam como explosões de luz, cegando-a, microfones e vozes a bombardeavam com perguntas afiadas como lanças. 
"Thalassa, é verdade que você se casou com Kris Miller apenas por interesse financeiro?"
"Como se sente agora que o esquema de desvio foi exposto?"
Sob olhares sedentos por escândalo, Thalassa foi levada até o carro da polícia como uma criminosa - ela jamais se sentira tão vulnerável, tão cruelmente exposta diante do mundo. 
Com os olhos marejados e a voz embargada pela injustiça, voltou-se para o policial ao seu lado: "Espere, por favor! Isso é um equívoco. Eu sou inocente, precisa acreditar em mim..."
Ele respondeu com uma risada seca, carregada de escárnio, enquanto trancava a porta com um clique metálico: "Isso é o que todos dizem. Devia ter pensado melhor antes de cruzar o caminho da senhora Miller."
Ainda rindo, ele se afastou, deixando atrás de si o som do deboche ecoando como um tapa. 
As lágrimas voltaram com peso dobrado, esmagando o peito de Thalassa. Ela sempre soubera que sua sogra a detestava, mas jamais imaginara que ela fosse capaz de algo tão cruel e calculado. 
Pouco depois, ela lançou um olhar às paredes frias da cela, que pareciam guardar segredos de pedra, antes que seus olhos repousassem sobre um colchão velho. Ali estava ela, cercada por concreto e grades, no lugar destinado aos culpados. 
Seu coração se partiu em mil fragmentos ao deitar naquele leito sem vida. Como Kris fora capaz de deixá-la ser levada assim, sem ao menos ouvir sua versão? 
Durante o namoro, ele a tratava como uma joia rara, mas depois do casamento, virou um estranho. 
No início, ele desafiava a própria família para defendê-la e enfrentava os tabloides por ela. 
Mas com o tempo, ele se tornou frio e ausente, e cada noite dela se tornava uma batalha contra as lágrimas. 
De alguém que um dia a tratara como uma verdadeira rainha, Kris havia se tornado o homem que a fazia chorar quase todas as noites - não com palavras duras, mas com o peso da indiferença. 
Essa mudança a dilacerava por dentro enquanto se perguntava a razão para isso ter acontecido. 
A humilhação imposta pelos familiares dele a fazia se sentir uma intrusa - tratavam-na como serviçal. Ainda assim, jamais imaginara que ele permitiria que fosse algemada e desmoralizada publicamente. A dor se tornava ainda mais lancinante pelo fato de carregar em seu ventre o filho dele. 
Com um soluço contido, Thalassa levou as mãos à barriga - estava grávida e Kris não sabia. Ela descobrira no dia anterior e planejara contar, mas ele passara a noite fora e ignorara suas chamadas. 
A única pessoa que sabia era sua melhor amiga, Karen. 
"Não se preocupe, meu amor... Vai ficar tudo bem, eu prometo", murmurou ela, acariciando o abdômen de forma instintiva, como se pudesse proteger a pequena vida que crescia ali. "Seu pai vai perceber o erro... ele vai se desculpar... tudo vai voltar ao normal."
Mas os três dias que se seguiram naquela cela foram os mais longos e tortuosos de sua existência. Kris não apareceu, e nenhuma visita ou ligação. 
Seu único direito a um telefonema foi negado repetidas vezes. Nem mesmo o acesso a um advogado lhe foi concedido. 
Não restavam dúvidas de que Linda havia usado toda a sua influência para mantê-la presa ali. 
Na terceira noite, Thalassa chorava em silêncio quando o som metálico da fechadura ecoou pela cela. 
Assustada, se levantou imediatamente, o coração acelerando, e os olhos marejados se iluminaram ao reconhecer Sawyer, o advogado da família Miller. 
"Você tem sorte", anunciou o policial, abrindo a grade. "A família Miller decidiu retirar as acusações e você foi liberada."
O coração de Thalassa disparou. Por um instante, a esperança reacendeu e ela pensou que Kris finalmente percebera o erro. 
"Obrigada", murmurou ela ao advogado, enxugando as lágrimas com as costas da mão. "Mas... onde está o Kris?"
Ela saiu apressada, os olhos varrendo o corredor em busca dele, mas o vazio foi a única resposta. 
"Kris não veio comigo", esclareceu Sawyer, a voz neutra. "Ele apenas me enviou para retirar as acusações e cuidar da sua liberação."
O mundo pareceu vacilar sob seus pés. Ainda assim, ela forçou um sorriso e garantiu a si mesma que tudo ficaria bem. 
Talvez ele a esperasse em casa. 
Thalassa acompanhou o advogado até a delegacia principal. Na véspera, os policiais haviam recolhido sua bolsa e o celular, agora, foi orientada a assinar uma pilha de documentos para reaver seus pertences. 
Quando terminou, ela se virou para Sawyer, tentando disfarçar o nervosismo ao perguntar: "Kris não enviou um motorista? Ou você vai me levar para casa?"
Ele a fitou por um longo momento, o semblante carregado. "Na verdade, há algo de que precisamos tratar antes."
O coração dela tropeçou dentro do peito. "O que aconteceu?"
Sawyer suspirou e, sem dizer palavra, retirou alguns papéis da pasta e os estendeu a ela. 
Assim que segurou as folhas com mãos trêmulas e leu o título impresso em letras maiúsculas no topo da página, Thalassa sentiu que o ar lhe faltava e o chão parecia desaparecer sob seus pés. 
ACORDO DE DIVÓRCIO.