Entre o comando e a Rendição
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Capítulo 3 Maximiliano

**MAXIMILIANO**

Meu nome é Maximiliano Andrade, e tenho 35 anos. Sou um homem com 1,87m de altura, possuo ombros largos e costas robustas, resultado de um corpo esculpido na disciplina da academia, mas moldado muito antes disso, suportando o peso de responsabilidades que me foram impostas desde jovem. Minha pele é morena, marcada pelo sol e pelas lutas que enfrentei ao longo da vida. Uso uma barba cerrada, sempre bem aparada, que complementa meus olhos escuros e profundos, capazes de intimidar alguém antes mesmo de eu pronunciar uma única palavra.

Costumo adornar-me com correntes de ouro, relógios de marcas renomadas e ternos sob medida - não como meros enfeites, mas como símbolo do que conquistei. Cada detalhe visível em meu corpo é um reflexo do legado que construí: herança, triunfos, e a imposição de meu domínio.

Geralmente, visto roupas pretas. Uso uma camisa social com os primeiros botões abertos, calças alinhadas e sapatos que fazem barulho antes do meu primeiro passo. O perfume que aplico é amadeirado e permanece no ar mesmo após minha saída. Não se trata apenas de moda, é a minha assinatura pessoal. Quando entro em qualquer ambiente, tenho certeza de que serei notado; a presença não se pede, ela se impõe.

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**Infância de mármore e ferro**

Nasci em um berço sólido, construído em ferro e mármore. Meu pai, Roberto Andrade, é um advogado criminalista de renome, respeitado e temido nos tribunais. Minha mãe, Helena, representa um equilíbrio raro: enquanto ele me preparava para triunfar, ela me lembrava da importância da bondade, ensinando que poder sem compaixão é um vazio sem sentido.

Durante minha infância, não me faltava nada materialmente. Porém, a disciplina foi algo que sempre esteve presente. Enquanto outros garotos da minha idade jogavam bola na rua, eu ficava em casa ouvindo meu pai debater sobre jurisprudência com seus colegas. Com apenas 10 anos, já tinha noção de termos como habeas corpus. Aos 12, folheava o Código Penal com a mesma curiosidade com que outros liam gibis. Meus entretenimentos eram observar audiências e meus brinquedos, livros.

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**Adolescência forjada sob pressão**

Minha adolescência foi como uma fornalha. Enquanto meus amigos saíam para festas, eu me dedicava aos estudos, absorvendo o que era aprendido em retóricas. Enquanto outros aprendiam a dirigir, eu aprendi a sustentar um olhar firme, sem desviar o olhar.

Meu pai não aceitava erros. Ele sempre disse: "O sobrenome Andrade não se arrasta, Maximiliano. Ele precisa ser imposto." Notas abaixo de nove eram motivo para sermão. A fraqueza era vista como sinônimo de vergonha. Nesse ambiente, aprendi duas lições valiosas: perfeição não é uma escolha, mas sim uma obrigação, e confiança é uma moeda rara.

Essa criação serviu como uma blindagem para mim. Desde cedo, mesmo cercado de pessoas, eu me sentia raramente próximo de alguém. Fui moldado para vencer, e não para me abrir emocionalmente.

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**O caminho inevitável: Direito**

Aos 18 anos, ingressei na faculdade de Direito. Não foi uma escolha; foi um destino traçado desde sempre. Durante esse período, minha reputação de arrogante se consolidou. Talvez eu realmente fosse arrogante; enquanto outros se preocupavam em passar de semestre, eu já idealizava estratégias para desmantelar testemunhas no tribunal. Meu foco não estava em simplesmente acertar questões, mas em dominar a sala de aula.

As mulheres sempre me notaram. Eu exalava charme, postura e poder, e elas se aproximavam de mim. No entanto, nunca me permiti ir além do necessário. Mantive relacionamentos curtos, mas vivia noites longas; a cama sempre foi um terreno fácil de explorar, mas o coração nunca me pareceu a mesma coisa.

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**Primeiros passos no tribunal**

Aos 22 anos, comecei minha carreira em escritórios de advocacia pequenos. Recusei-me a usar o peso que meu sobrenome carregava para abrir portas; queria provar meu valor por conta própria. Aceitei casos complicados: furtos, brigas de bar e clientes sem um tostão no bolso. Foi nesse contexto que aprendi que no tribunal não se vence apenas com a lei; o triunfo é alcançado também por meio da presença, da voz firme e do nervo.

Aos 25, assumi meu primeiro grande caso: um empresário acusado de fraude fiscal. A imprensa já o considerava condenado antes mesmo de entrar no tribunal, mas eu consegui inverter o jogo. Quebrei testemunhas durante o interrogatório, evidenciei falhas que ninguém havia notado e utilizei o silêncio como uma arma. O resultado foi uma vitória impactante.

No dia seguinte, meu nome estampava as manchetes. "Calculista, frio, manipulador." E eu sorri, porque sabia que o Direito não é um altar, mas sim uma arena. A reputação é como uma lâmina: quanto mais afiada, mais efetiva.

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**O peso do sobrenome**

Aos 30 anos, meu pai se afastou da advocacia. Após décadas nos tribunais, decidiu viajar ao lado da minha mãe. O escritório passou a ser de minha responsabilidade, não como um presente, mas como um desafio a ser superado. Não bastava carregar o nome Andrade; eu precisava provar meu valor e capacidade de ir além de seu legado.

Hoje, aos 35 anos, sou diretor de um dos escritórios de advocacia mais respeitados de Brasília. Represento políticos, empresários e aquelas pessoas que nunca podem se dar ao luxo de perder. A cada audiência em que entro, sei que o jogo só termina quando eu decido que terminou.

Respeito e medo: coleciono os dois sentimentos.

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**Vida pessoal: terreno de caça**

Nunca me casei, e não pretendo fazê-lo. Para mim, o casamento é como uma cela de grades douradas. Prefiro a liberdade.

Meu mundo pessoal é simples: trabalho árduo durante o dia e busco minhas válvulas de escape à noite. Mulheres, whisky e sexo sem promessas. Não sou do tipo que se esconde; não engano ninguém. Desde o início, deixo claro que comigo não há espaço para para sempre.

Vivo entre boates, hotéis e encontros efêmeros. Meu nome é conhecido, meu número de telefone está nos celulares de muitos, e meu perfume permanece nos lençóis de minhas conquistas. Porém, nunca me permito ir além de uma única noite, nunca mais do que o essencial. O prazer é meu território de caça, e eu sei como dominar cada centímetro dele.

Alguns me rotulam como frio, outros me chamam de garanhão. A verdade? Sou ambas as coisas. Tenho sangue quente, mas uma cabeça fria.

Dou prazer como quem possui a fórmula exata do sucesso, mas não me deixo cair na armadilha do apego.

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**O homem de agora**

Maximiliano Andrade: 35 anos, advogado, proprietário de um verdadeiro império jurídico. Um homem que comanda reuniões, que conquista tanto respeito quanto desejo com um único olhar. Tenho tudo que se pode desejar: dinheiro, nome reconhecido, fama. Contudo, carrego também um vazio interior imenso. Uma lacuna que nenhuma conquista, nenhum aplauso, nem mesmo a noite de sexo mais intensa consegue preencher.

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**Brasília, palco e arena**

A manhã começa como sempre: um café preto forte, uma camisa preta que realça minha presença, e uma corrente batendo levemente em meu peito. Meu carro importado associa-se às ruas da W3, vibrando como se fosse um tapete personalizado. No retrovisor, o meu olhar se retorna, exigente, arrogante e implacável.

Ao chegar ao escritório, as portas de vidro se abrem como se se curvassem em reverência. As recepcionistas se esforçam para manter um sorriso enquanto jovens advogados correm como ratos prestes a pegar queijo. Eu não sorrio, não cumprimento; simplesmente sigo em frente. Minha presença já é suficiente para garantir a ordem.

A vista da cidade se estende majestosa pela minha janela. Concreto, poder, um céu sem fim. Com uma caneta Montblanc em mãos e um whisky escondido na gaveta, deparo-me com pilhas de processos esperando minha assinatura. Mais um dia de batalha se inicia. Mais um dia rumo à vitória.

Renata bate à porta.

- Doutor, a nova estagiária chega amanhã.

Levanto os olhos e arqueio uma sobrancelha.

- Nova estagiária? Quem autorizou a contratação?

Ela engole em seco.

- Ela vem altamente recomendada... pelo seu padrinho.

Padrinho. Uma palavra que carrega um peso significativo. Eu sei que quando ele se move, a situação é séria.

Fecho a caneta e reclino-me na cadeira de couro.

- Então essa garota deve ser realmente boa. Ou, no mínimo, precisa dar essa impressão.

Levanto-me e caminho até a janela, observando Brasília se estender diante de mim como um reino aos meus pés. Conheço bem esse enredo. Todo ano, um novo rosto tenta provar seu valor. Poucos sobrevivem. O escritório Andrade não é um abrigo para almas fracas.

- Que venha. digo de forma fria. - Mas avise-a: aqui não há espaço para erros. Quem pisar nesse chão deve suportar a pressão e entregar resultados. Caso contrário... a rua a espera.

Renata acena com a cabeça em concordância. Eu ajeito a manga da camisa, destacando o brilho do meu relógio de ouro. Sou um garanhão, um advogado, um predador. Não sou qualquer homem.

-Essa estagiária, terá que aprender rapidamente: no meu mundo, ou você nada... ou afunda.

Renata assentiu em silêncio, como sempre fazia quando eu emitia ordens com meu tom autoritário.

Virei-me, ajeitei a manga da camisa novamente, deixando o relógio de ouro refletir a luz.

- Ah, e Renata... não quero ser perturbado com detalhes fúteis. Se essa garota causar problemas, poupe-me da novela. Corte o mal pela raiz.

Ela assentiu mais uma vez e se retirou, fechando a porta atrás de si.

Fiquei sozinho, observando minha mesa abarrotada de processos. Um sorriso cínico se formou em meu rosto. A vida me ensinou a desconfiar de todos, principalmente de novatos. Essa jovem, quem quer que seja, aprenderá rapidamente que no mundo dos Andrades, ou você nada... ou simplesmente afunda.

            
            

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