O novo mundo após o divórcio
img img O novo mundo após o divórcio img Capítulo 2 Kestrel
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Capítulo 7 Flagrados img
Capítulo 8 O show da desgraça img
Capítulo 9 Punição img
Capítulo 10 Seu pai nunca realmente se importou com ela img
Capítulo 11 Você me pertence img
Capítulo 12 Acho que agora ela pode ficar aliviada img
Capítulo 13 Você vai pagar por isso! img
Capítulo 14 Ela passou a noite com um desconhecido img
Capítulo 15 Onde você estava na noite em que sua mãe morreu img
Capítulo 16 Analfabeta img
Capítulo 17 Um qualquer img
Capítulo 18 Finalmente entendi por que minha avó te escolheu para mim img
Capítulo 19 Andrew é seu irmão img
Capítulo 20 Ele não reconheceu a esposa img
Capítulo 21 As cicatrizes dela desapareceram img
Capítulo 22 Jordyn poderia realmente ser Krestel img
Capítulo 23 Que tal nos conhecermos melhor img
Capítulo 24 Eu quero você img
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Capítulo 2 Kestrel

Bastou um relance para Cathryn reconhecer no papel a caligrafia de sua mãe, Bettina Moore.

Na carta, além de dizer que não suportava mais o sofrimento e decidira tirar a própria vida, Bettina afirmava que Cathryn renunciava voluntariamente a qualquer direito sobre seus bens.

Ao ler isso, o estômago de Cathryn se revirou e ela se recusou a acreditar em uma palavra sequer. Sua mãe passara anos internada em um hospital psiquiátrico e quase nunca estava lúcida, portanto, era impossível que, de uma hora para outra, tivesse escrito essa carta.

Além disso, quando ela dissera que teria renunciado à herança da mãe?

Ao ver a expressão de Cathryn, Jordyn curvou os cantos dos lábios num sorriso cruel. "Cathryn, não dói ter o chão arrancado sob seus pés?"

Enquanto encarava Jordyn, a fúria consumiu Cathryn e, de repente, as peças se encaixaram com uma clareza assustadora. Sua mãe tivera um raro momento de lucidez poucos dias atrás, em sua última visita, e agora, de repente, ela supostamente tirou a própria vida. Impossível!

Era óbvio que se tratava de uma farsa orquestrada por Jordyn e Liam.

Bettina nascera em berço de ouro e levara uma fortuna para o casamento com Richard Moore, pai de Cathryn.

Essa fortuna o tirou da pobreza e o transformou no refinado e respeitado senhor Moore que todos admiravam.

A verdade atingiu Cathryn em cheio - ele tivera um caso com Zoe White, a mulher que destruiu seu lar e com quem teve Jordyn, mas nunca se divorciou de sua mãe. Ele permanecia casado com o único propósito de garantir a parte na fortuna de sua mãe.

O casamento deles nunca fora uma história de amor, não passando de um cálculo frio em busca de poder e dinheiro.

Cathryn sentiu os olhos queimarem. As famílias Moore e Watson haviam explorado sua mãe até a exaustão, para então descartá-la como lixo e, por tabela, ela também. O tormento que sua mãe devia ter sofrido nos últimos dias era inimaginável.

O que não teriam feito com ela até o último suspiro?

Enquanto Cathryn cerrava os punhos com tanta força que as unhas cravaram em suas palmas, a fúria a consumiu por dentro, um fogo lento e excruciante.

Ela se vingaria - iria expor a verdade, fazer os culpados pagarem caro e garantir que nem um único centavo da fortuna de sua mãe caísse nas mãos daqueles sanguessugas! As famílias Moore e Watson pagariam por cada trama sórdida, cada golpe baixo!

Jordyn se aproximou e disse, com a voz baixa e presunçosa: "Cathryn, você pode ser esperta, mas e daí? Para Liam, você não passa de uma inútil sem eira nem beira e, pior, sem diploma. Com meu diploma de uma universidade de prestígio, sou a única digna de ser a esposa dele."

A Tecnologia Watson estava estagnada há anos, seus projetos paralisados por um impasse técnico que parecia intransponível. Se conseguissem resolver isso, a empresa finalmente abriria seu capital, e o status da família Watson alcançaria um novo patamar.

A peça que faltava era "Kestrel" - uma figura lendária no mundo da tecnologia. Anos atrás, Kestrel havia lançado um único trecho de código que revolucionou a indústria. Quem conquistasse Kestrel se tornaria uma potência da noite para o dia, talvez a ponto de rivalizar com o já consolidado império da família Brooks.

O sorriso de Jordyn se alargou, o queixo erguido com arrogância enquanto ela dava um passo para trás e elevava a voz: "Durante meus estudos no exterior, tive o privilégio de assistir a uma palestra de Kestrel. Ele se tornou quase um mentor para mim. Se existe alguém capaz de conseguir falar com ele, essa pessoa sou eu."

"Sério?", Liam arqueou uma sobrancelha, surpreso.

Gigantes da indústria haviam gastado fortunas tentando rastrear esse gênio, tudo em vão, e agora Jordyn afirmava ter uma conexão pessoal com ele?

Jordyn assentiu com doçura e se aconchegou nos braços de Liam. Kestrel fora elevado ao status de mito, inalcançável para quase todos. Ela não conhecia Kestrel pessoalmente, mas se um blefe pudesse garantir seu lugar como esposa de Liam, ela iria até o fim com a farsa.

De qualquer forma, ela duvidava que seu feitiço se voltasse contra ela.

Cathryn soltou um bufo de escárnio, e Liam virou a cabeça para ela, com o desprezo estampado no rosto. "Você é uma ignorante. É óbvio que não tem capacidade para compreender a influência de Kestrel. De qualquer forma, nosso divórcio sai amanhã. Suas coisas serão jogadas fora e você nunca mais poderá colocar os pés na Mansão Watson."

Com Jordyn cheia de arrogância agarrada ao seu braço, Liam se afastou sem olhar para trás.

Os olhos de Cathryn se cravaram nas silhuetas que se distanciavam, frios e cortantes, repletos de uma fúria glacial.

Ela, de fato, não tinha muita formação acadêmica - ainda jovem, tinha sido recrutada para um programa secreto destinado a forjar mentes brilhantes, e a programação era seu domínio, sua arma.

Cathryn pegou o celular, e uma calma letal se apoderou dela. Na tela, a sequência de códigos que vinha lapidando incansavelmente por três anos reluzia feito ouro.

A figura que toda a indústria de tecnologia caçava - o mítico Kestrel - era ela, escondida à vista de todos, bem debaixo do nariz da família Watson desde o casamento.

Ela dedicara incontáveis noites em claro para aprimorar os sistemas da companhia e, na noite anterior, finalizara a última parte do código.

Esse era o presente que pretendia dar a Liam, mas depois do que acontecera, a mera ideia agora lhe parecia patética.

Seu aperto no celular se intensificou, os nós dos dedos embranquecidos. Esse código era a chave que poderia tanto elevar a Tecnologia Watson a um novo patamar quanto arrastar as famílias Watson e Moore para a ruína.

Enquanto isso, do lado de fora de uma sala VIP do hospital, um médico estava explicando a Andrew a condição de seu pai, Jorge Brooks. "As enfermeiras se precipitaram. É apenas um reflexo involuntário, comum no estado vegetativo em que ele está. Ele continua inconsciente."

Karl baixou a cabeça, constrangido. "A culpa foi minha, senhor Brooks. Pensei que seu pai tinha acordado e acabei indo correndo te avisar."

Andrew balançou a cabeça, e uma determinação gélida endureceu sua expressão. "Não. Alguém espalhou deliberadamente o boato de que meu pai estava acordando para atrasar minha sucessão no Grupo Brooks."

Erguendo o olhar, Karl murmurou: "Então, deve ter sido Cara...".

Cara Brooks, a madrasta calculista de Andrew, vinha conspirando nas sombras há anos, à espreita de uma chance para tomar o controle do conglomerado.

Andrew acenou com a cabeça, o maxilar contraído e um brilho gélido nos olhos. "Ela está ficando impaciente."

As sobrancelhas de Karl se franziram em preocupação. "Isso explica a insistência de sua avó em te arranjar pretendentes. Se o senhor não agir primeiro, sua madrasta sairá na frente. E, para piorar, com mulheres de índole duvidosa e cheias de segundas intenções."

Uma sombra passou pelo rosto de Andrew. O tempo estava se esgotando.

A solução era drástica, mas urgente - ele precisava de uma esposa o mais rápido possível, pois um casamento era a manobra mais rápida para impedir que sua madrasta, mais uma vez, tentasse infiltrar uma das aliadas dela em sua vida.

Então, uma imagem específica surgiu em sua mente - a mulher da noite anterior.

"Encontre ela para mim", ordenou Andrew, num tom ríspido.

Karl piscou, desnorteado. "Quem?"

"A mulher da noite anterior", respondeu Andrew, em um tom que não dava margem para respostas.

Momentos antes, enquanto a equipe da funerária retirava o corpo de sua mãe, Cathryn vagava pelos corredores, entorpecida pela dor e pela incredulidade. Quando finalmente percebeu o ambiente ao seu redor, ela se viu parada do lado de fora de uma sala VIP.

Ela notou um homem alto, de terno cinza-chumbo, com uma das mãos no bolso parado ali perto - seu perfil bem delineado se recortava contra as luzes frias do corredor enquanto ele dava instruções concisas a seu subordinado.

Instintivamente, ela se virou para sair, mas a voz do subordinado a fez congelar: "Entendido, senhor Brooks."

Ela paralisou, o corpo enrijecendo no mesmo instante. Um membro da família Brooks?

Andrew ergueu a cabeça e seus olhos, penetrantes e enigmáticos, encontraram os de Cathryn à distância, prendendo-a no lugar.

Karl se inclinou discretamente na direção do chefe. "Vou acionar meus homens para procurá-la imediatamente."

"Não será necessário", disse Andrew com uma voz calma, mas categórica, mantendo o olhar fixo em Cathryn.

            
            

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