O Legado Do Alfa
img img O Legado Do Alfa img Capítulo 5 Alisson
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Capítulo 13 Derik Clake img
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Capítulo 5 Alisson

A voz dele cortou o ar como uma lâmina.

"Pergunta errada."

O som veio das sombras, rouco, cheio de fúria contida. Eu o reconheci antes mesmo de vê-lo. Derik Hale.

O mesmo homem que apareceu do nada, o mesmo que mandou eu não olhar pra trás e depois sumiu deixando meu coração parecendo uma bomba prestes a explodir.

Os três homens se entreolharam, e o do meio - o que sorria torto - deu um passo pra frente.

- Quem é você pra se meter?

Derik apareceu do escuro como se fizesse parte dele. A luz piscou e bateu no rosto dele.

O olhar... Jesus. Não era humano. Era de fera.

- Eu sou o aviso que vocês ignoraram.

O primeiro tentou sacar algo da cintura - prata.

Derik moveu antes que eu respirasse. Um soco, um estalo, o corpo do homem voando contra a parede. O segundo levantou a arma, mas Rick agarrou o pulso dele, torceu, e o metal caiu. Tudo aconteceu em segundos.

O terceiro recuou, tremendo.

- Não é possível... você é um deles.

Ele o encostou na parede com uma força que eu não acreditava que fosse real.

- Sou o que você teme. - E o soltou, como quem se cansa de brincar.

O homem saiu tropeçando, o barulho dos passos sumindo rua afora.

Fiquei parada, entre o medo e a adrenalina.

Ele virou o rosto pra mim, o peito subindo rápido.

- Eu te disse pra não andar sozinha.

- E eu te disse pra não aparecer do nada - respondi, tentando parecer no controle.

Ele me olhou daquele jeito que desmonta qualquer defesa.

- Você sempre responde com ironia?

- Só quando alguém salva minha vida e acha que isso dá direito de mandar em mim.

- Eu não quero mandar. - Ele se aproximou um passo. - Quero manter você viva.

O calor no peito voltou, ardendo como brasa. Eu levei a mão até o local do símbolo, e os olhos dele seguiram o movimento.

- Isso... dói, não é? - perguntou, mais baixo.

Assenti.

- Parece fogo.

Ele respirou fundo, fechando os punhos.

- É o Legado. Ele te sentiu.

- O quê?

- O poder que carrego. O símbolo. Ele reconheceu você. E agora vocês estão ligados.

- Ligados? - soltei uma risada nervosa. - Olha, eu não tenho nada a ver com o seu... sei lá o quê sobrenatural, tá? Eu só quero continuar viva e longe de qualquer coisa que brilha no escuro.

Ele deu mais um passo, e a distância entre nós virou nada.

- Tarde demais, Alisson.

Meu nome na voz dele soou perigoso.

E, mesmo assim, eu não quis que ele parasse de falar.

Tentei me mover, mas ele ergueu a mão - não me tocou, só manteve ali, perto, como se o ar entre a gente tivesse vida própria.

- Ontem, quando você me olhou pelo vidro, o Legado reagiu. Eu senti. Ele também.

- "Ele"? - perguntei.

Derik desviou o olhar, um segundo de hesitação.

- A Sombra. Ela vive no Legado. Espera uma fraqueza pra tomar o controle.

- E você acha que eu sou essa fraqueza?

Os olhos dele voltaram pros meus.

- Eu sei que é.

A resposta veio simples, mas me atravessou inteira.

- Que ótimo - falei, forçando um riso que não veio. - Então eu sou o desastre ambulante da vez.

- Não. - Ele chegou mais perto. - Você é o que me impede de virar um monstro.

As palavras dele me prenderam no chão. E o pior é que eu acreditei.

O vento soprou do beco, frio, e o cheiro dele veio junto: madeira, chuva, e algo quente demais pra existir naquela hora da noite.

Meu corpo reagiu antes da cabeça mandar.

- Isso é loucura. - Minha voz saiu fraca. - A gente nem se conhece.

Derik inclinou o rosto, o olhar descendo pro meu queixo, depois pros meus lábios.

- Conhece o bastante.

E por um segundo, achei que ele fosse me beijar.

Mas ele recuou, como se tivesse lembrado do próprio inferno.

- Você precisa vir comigo.

- Pra onde?

- Pra um lugar onde a Sombra não te alcance.

- E se eu disser que não confio em você?

- Então morre. - A frieza da frase me gelou o sangue. - Eles vão voltar. E da próxima vez, eu posso não chegar a tempo.

O pior é que ele falava como quem já viu aquilo acontecer.

Eu olhei pro corpo caído de um dos caras, desacordado, e depois pro Derik.

- Tá. Cinco minutos pra explicar. Se eu sentir cheiro de mentira, eu volto pra casa.

Ele deu meio sorriso.

- Isso é o mais perto de um "sim" que eu já consegui de você.

- Aproveita - respondi. - Não acontece sempre.

Ele abaixou pra pegar uma das armas caídas.

- Prata. Eles são caçadores. Mas não trabalham sozinhos. Alguém com muito poder tá mandando matar tudo que carrega o Legado.

- Tudo, tipo você?

- E agora, você.

A palavra ficou ecoando. Você.

Ele ergueu o olhar pra mim, sério.

- Desde que o símbolo te marcou, você é parte dele.

Eu balancei a cabeça, tentando rir.

- Tá, ótimo. Então eu virei o quê agora? Parte de um clube secreto?

- Não, Alisson. - Ele se aproximou mais uma vez, e quando falou, o tom dele era baixo, quase um sussurro. - Virou o meu ponto fraco.

Senti o chão sumir.

Antes que eu respondesse, ele estendeu a mão.

- Anda. A noite ainda não acabou.

Olhei pra mão dele, pra cidade, pra escuridão que parecia viva.

E, contra toda lógica, coloquei minha mão na dele.

Foi como encostar no fogo.

Só que, pela primeira vez, eu não quis soltar.

                         

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