De repente, a porta de um carro bateu em algum lugar na escuridão.
Parei para ouvir melhor, mas não havia nada além do zumbido das luzes fluorescentes e do som distante do trânsito.
Nesse momento, meu celular vibrou na bolsa - era Rose. Quando recusei, percebi que meu sinal havia caído para uma barra.
Que ótimo, hein...
De repente, passos começaram a ecoar atrás de mim, aumentando cada vez mais.
Acelerei meus passos, xingando mentalmente por ter decidido usar saltos nesse dia.
O elevador estava a apenas alguns metros, depois de uma fileira de pilares. Se eu conseguisse alcançá-lo...
"Indo a algum lugar, senhora Rodriguez?", perguntou um homem, saindo de trás de um pilar.
Ele era alto, tinha ombros largos e estava vestido de preto com um ar profissional.
Logo depois, mais dois apareceram atrás de mim, bloqueando minha rota de fuga.
Então não era um ataque aleatório...
"Na verdade, agora sou a senhorita Lewis. Tenho uma reserva para um jantar, então se me derem licença...", respondi, minha voz firme apesar do coração acelerado.
O homem à frente abriu um sorriso nada amigável. "Receio que seus planos tenham mudado."
Segurei minha bolsa com mais força, apalpando o spray de pimenta que comecei a carregar após assinar os papéis do divórcio. "Foi minha irmã que te mandou? Ou Stefan?"
"Nosso chefe prefere manter o anonimato." Dito isso, ele se aproximou. "Podemos fazer isso da maneira mais fácil..."
Sem sequer deixá-lo terminar, pressionei o spray de pimenta nos olhos dele, fazendo-o gritar e cambalear para trás.
Aproveitando a oportunidade, arranquei os saltos e comecei a correr em direção ao elevador.
Os outros dois homens gritaram, seus passos pesados ecoando atrás de mim.
Quase lá... só mais alguns metros...
De repente, senti uma dor aguda no couro cabeludo quando alguém agarrou meu cabelo e me puxou para trás violentamente. Minha bolsa voou, e seu conteúdo se espalhou pelo chão de concreto.
"Isso não foi nada legal. Segurem ela!", rosnou o líder, a voz rouca numa mistura de dor e raiva.
Enquanto as mãos fortes prendiam meus braços, eu me debatia, chutava e arranhava, mas eles eram fortes demais - como profissionais treinados.
"A pessoa que nos contratou disse que você poderia ser difícil e que precisaria aprender o seu devido lugar", disse o homem, limpando os olhos lacrimejados.
Rose... Isso tinha a cara dela, seu último golpe para garantir que eu entendesse o quão fraca eu era.
"Se vão me matar, pelo menos tenham a coragem de olhar nos meus olhos!", esbravejei.
O homem soltou uma risada mordaz. "Matar você? Não, não. É só um recado sobre o que acontece com quem não sabe a hora de desistir."
O primeiro soco me atingiu no estômago, expulsando todo o ar dos meus pulmões. Me curvei, ofegante, mas os homens me forçaram a permanecer de pé.
"Veja bem, algumas pessoas não entendem seu papel na vida."
Outro murro se seguiu, desta vez nas minhas costelas.
"Algumas pessoas precisam ser ensinadas..."
Senti o gosto metálico de sangue na boca e minha visão embaçou, a dor percorrendo meu corpo com intensidade. Mesmo assim, eu não derramaria uma lágrima sequer - não daria a Rose essa satisfação.
"Já chega!" Uma voz feminina e autoritária ecoou pelo estacionamento como um estalo de chicote, deixando meus agressores tensos.
Com os olhos inchados, vi figuras escuras surgindo das sombras - eram homens de terno, movendo-se com precisão militar.
E atrás deles... havia uma mulher alta, elegante, provavelmente na casa dos cinquenta anos, mas com uma aparência atemporal. Ela usava um terno preto de grife que provavelmente custava mais do que meu carro, e seus cabelos grisalhos estavam presos num coque perfeito.
No entanto, foram seus olhos que atraíram minha atenção - penetrantes, inteligentes e estranhamente... familiares.
"Senhora, a pessoa que...", começou um dos meus agressores, tentando se justificar.
"Está prestes a ter um dos seus piores dias", a mulher o interrompeu com uma voz gélida. "Soltem ela, agora."
No instante seguinte, as mãos que me seguravam desapareceram e caí para frente, a dor explodindo em minhas costelas.
"Peguem eles", a mulher ordenou mais uma vez, e seus homens agiram imediatamente.
Meus agressores nem tentaram fugir, sabendo que não teriam chance.
Então, ela caminhou até mim, batendo seus saltos de grife, que valiam mais do que meu aluguel, contra o piso de concreto.
"Camille Lewis."
Não era uma pergunta - ela sabia exatamente quem eu era.
Tentei me endireitar, mantendo um pouco da dignidade apesar do lábio cortado e vestido rasgado. "Te conheço?"
Diante da pergunta, seus olhos se suavizaram ligeiramente, como se ela estivesse vendo algo - ou outra pessoa - em meu rosto.
Ela gesticulou com a mão, e mais homens apareceram com um kit médico. "Não, mas já conheci alguém muito parecida com você. Alguém que também teve que aprender da maneira mais difícil sobre confiança e traição."
O mundo ao meu redor estava cada vez mais difuso, o sangue pingava do meu vestido rasgado, e cada respiração era como facadas em minhas costelas.
"Quem... quem é você?", perguntei, cambaleando enquanto sentia a escuridão se aproximar.
No momento em que meus joelhos cederam, ela se aproximou para me segurar e foi então que pude sentir o perfume dela - uma fragrância cara e única que despertou uma memória distante.
"Alguém tem te observando há muito tempo, Camille. E esse alguém vai te ajudar a se tornar tudo o que eles tentaram impedir", disse ela, sua voz parecendo vir de longe.
A escuridão estava me dominando, mas antes que ela me levasse completamente, ouvi as últimas palavras da mulher: "Afinal... você é a cara da minha filha."
Então, tudo escureceu.