No entanto, a ideia de passar o resto da vida com uma completa estranha o atormentava. Por isso, ele esperava que a decisão de terminar tudo partisse da esposa.
Pela porta de vidro da varanda, Adrian avistou Sophie na ponta dos pés, enquanto ela pendurava cuidadosamente seu paletó no armário.
Após um momento de silêncio, ele respondeu ao amigo: "Ela ainda não me largou."
Simon, que já estava pronto para reclamar das garotas mimadas da alta sociedade, resolveu aconselhá-lo. "Alice andou falando por aí que nunca se casaria com um cara cheio de cicatrizes como você se os Knights não fossem podres de ricos. Não caia nessa farsa, cara. Essas garotas ricas são todas iguais - falsas e interesseiras."
Enquanto ouvia, Adrian tamborilava os dedos no parapeito da varanda. "Pode ser."
Simon, por sua vez, continuou falando sem parar: "Acredite, ela não vai aguentar por muito tempo, a não ser que descubra que você não está falido nem tem cicatrizes..."
"Vamos parar de papo", Adrian o cortou, a voz calma, porém firme. "Como estão as coisas na empresa?"
...
Quando Adrian desligou, já era tarde.
Como só havia um banheiro no apartamento, Sophie ofereceu educadamente: "Pode tomar banho primeiro, se quiser."
Sem contestar, ele entrou no banheiro.
Assim que a porta se fechou, Sophie correu para o quarto, pegou o travesseiro e o cobertor e os arrumou no sofá da sala, onde passaria a noite.
Apesar de serem legalmente casados, Adrian era um completo desconhecido para ela, e dividir a cama com ele estava fora de cogitação.
Depois de arrumar sua cama improvisada, Sophie voltou ao quarto para trocar os lençóis.
Quando ela terminou de alisar o último vinco do lençol, uma voz grave veio de trás dela: "O que está fazendo?"
Assustada, ela se virou e ficou petrificada diante da cena à sua frente.
Lá estava Adrian, recém-saído do banho, com gotículas de água escorrendo pelo torso nu e uma toalha enrolada na cintura.
De repente ela pisou em falso, perdeu o equilíbrio e, embora Adrian tenha conseguido segurá-la, o peso dela levou os dois a caírem sobre a cama.
Ele se apoiou nos braços, um de cada lado do corpo dela, prendendo-a sob si.
Quando deu por si, Sophie já tinha as mãos apoiadas no peitoral dele. O coração forte e constante que pulsava contra seus dedos, misturado ao cheiro de sabonete e ao calor da pele, fez com que ela corasse e se sentisse tonta por um instante.
Atordoada, ela retirou as mãos rapidamente, como se tivesse tocado em brasa.
"V-você...", gaguejou ela, a voz não passando de um sussurro.
Adrian estreitou os olhos enquanto a observava.
Tudo o que sabia sobre sua nova esposa se resumia ao que Simon lhe dissera: Alice era superficial, adorava ser o centro das atenções e tinha uma longa lista de ex-namorados.
No entanto, a mulher à sua frente corava com um simples toque. Será que ela estava fingindo?
Para testá-la, Adrian se apoiou em um dos cotovelos e, com a mão livre, segurou o pulso da mulher, pressionando a mão dela contra seu peito novamente.
"Essa é a nossa noite de núpcias", ele sussurrou, com um sorriso provocador, aproximando o rosto do dela. "Por que está tão nervosa?"