O Império Do CEO E A Secretária Marcada
img img O Império Do CEO E A Secretária Marcada img Capítulo 3 Gustavo Vasconcellos
3
Capítulo 6 Hellen Duarte img
Capítulo 7 Gustavo Vasconcellos img
Capítulo 8 Hellen Duarte img
Capítulo 9 Gustavo Vasconcellos img
Capítulo 10 Hellen Duarte img
Capítulo 11 Hellen Duarte img
Capítulo 12 Hellen Duarte img
Capítulo 13 Hellen Duarte img
img
  /  1
img

Capítulo 3 Gustavo Vasconcellos

O vigésimo quinto andar nunca esteve tão silencioso.

E eu conheço cada silêncio daquele lugar.

Silêncio de concentração.

Silêncio de medo.

Silêncio de alerta.

Mas hoje o silêncio era outro.

Era silêncio de mudança.

E a mudança tinha nome: Hellen Duarte.

Não costumo me importar com quem trabalha para mim.

Pessoas entram e saem.

Competentes ficam.

Inúteis eu mesmo faço questão de remover.

Mas no minuto em que a vi naquele corredor - postura tensa, olhos grandes, respiração curta - algo em mim... despertou.

Não deveria.

Eu não permito que nada que não esteja sob meu controle me atinja.

Mas ela atingiu.

Não por beleza - embora tivesse isso em excesso.

Não por fraqueza - porque seus olhos diziam o contrário.

E sim porque ela fez algo que ninguém faz naquele andar:

Ela me olhou como um homem, não como um monstro.

Nem com bajulação.

Nem com medo exagerado.

Mas com... atenção.

Como se tentasse entender quem eu sou.

Como se ousasse ver o que ninguém vê.

Isso é perigoso.

Muito perigoso.

Passei o dia inteiro observando-a sem que percebesse.

Ela se move com delicadeza, mas há firmeza em cada gesto.

Ela digita rápido.

Anota tudo.

Não reclama.

Não gagueja depois da primeira frase.

E, pela primeira vez em meses, o 25º andar não parece um deserto emocional.

Voltar de viagem e encontrá-la foi... inesperado.

Sabia que uma nova secretária teria sido contratada.

Camila escolhe bem, mas não esperava algo que... me afetasse.

O que irrita.

Eu não gosto de ser afetado por nada.

Muito menos por alguém que trabalha para mim.

Lucas apareceu na mesa dela logo cedo.

Claro que apareceu.

Ele fareja novidade como um cão fareja perigo.

E ele falou demais. Eu vi pelas câmeras.

Ele sempre fala demais.

É inteligente, mas imprudente.

E, se existe uma coisa que me tira do sério mais rápido que incompetência...

é imprudência perto do que é meu.

E embora ela não seja minha - ainda - havia algo naquela cena que me atravessou.

Aproximei-me dela no corredor minutos depois.

Ela tremia.

E fingiu que não.

Interessante.

Muito interessante.

Quando entrei na minha sala, tentei me concentrar nos relatórios.

Falhei.

Ao invés disso, percebi uma coisa que vinha me incomodando há semanas:

Alguém andava mexendo onde não devia.

Arquivos alterados.

Reuniões remarcadas sem minha aprovação.

Pequenos erros que não deveriam acontecer em uma empresa como a minha.

E agora, com Hellen ali, eu conseguia enxergar com clareza:

Era interno.

O inimigo estava dentro do meu império.

E a chegada dela, de alguma forma, só aumentou a sensação de alerta.

Como se ela estivesse abrindo as cortinas sem perceber.

Como se estivesse no caminho de algo... que não sabe que existe.

Camila bateu na porta.

- Senhor, a nova secretária está trazendo os relatórios.

Eu me virei, esperando ver qualquer coisa.

Menos aquilo.

Ela entrou devagar, segurando a pasta com firmeza, os olhos tentando manter contato, mas desviando no último segundo.

Tímida.

Educada.

Insegura - por fora.

Mas havia um fogo contido ali dentro.

Um fogo que eu senti daqui.

- Deixe sobre a mesa - ordenei, tentando não demonstrar que estava... analisando demais.

Ela se aproximou.

Perfume suave.

Movimentos medidos.

E então, o momento que meu controle não precisava, mas meu instinto queria:

Ela virou para sair.

E eu falei seu nome.

- Hellen.

Ela parou.

Seu corpo reagiu antes da mente.

Eu notei.

- Evite conversas desnecessárias com diretores durante o expediente - falei, olhando diretamente para ela.

Os olhos dela ficaram levemente arregalados.

Quase indignados.

Eu gostei.

- Não vai se repetir, senhor - respondeu, firme.

Mais firme do que eu esperava.

Ótimo.

Eu acompanhei sua saída com o olhar.

E sorri.

Um sorriso que não deveria ter surgido.

No fim do expediente, revisei as câmeras.

Faço isso todos os dias.

Hoje, mais do que nunca.

E o que vi me incomodou.

Quando Elem estava concentrada na mesa dela, alguém passou atrás.

Uma sombra rápida demais.

Um rosto inclinado demais.

Um movimento que parecia... vigilância.

Eu aumentei o zoom.

A imagem ficou granulada.

Incompleta.

Mas a sensação me acertou em cheio:

Ela foi marcada.

E não por mim.

Alguém aqui dentro a observava.

Alguém que não deveria.

E então, alguns minutos depois, vi algo ainda pior:

Um papel sendo colocado sobre a mesa dela.

Anônimo.

A mão era rápida, mas eu reconheço mãos.

Eu reconheço todos naquele andar.

E aquela... não era uma mão comum.

Aquela mão tinha história.

Uma história que eu acreditava ter enterrado.

Fechei o laptop antes que quebrasse alguma coisa.

Quando saí do escritório mais tarde, o 25º andar estava vazio.

Mas o silêncio não era normal.

Era pesado.

Como se houvesse alguém escondido ali.

Alguém que não devia estar.

Apertei o botão do elevador, meu reflexo no espelho escuro da parede fitando de volta com expressão séria.

Algo estava errado.

Muito errado.

Quando o elevador abriu, fiquei alguns segundos olhando para o corredor vazio.

E a imagem dela veio à minha mente.

Sozinha.

Recebendo uma ameaça que não deveria ter recebido.

Entrando numa guerra que não é dela.

Não, isso não vai continuar assim.

Eu cuido do que é meu.

E mesmo que ela não pertença a mim - ainda - ela está sob meu teto.

Sob meu nome.

Sob minha responsabilidade.

E quem mexe com isso... mexe comigo.

No estacionamento, entrei no carro e fechei a porta com força maior que o necessário.

Chicago estava fria naquela noite.

O vento batia contra os espelhos do prédio, arrastando folhas e lembrando a todos que, naquela cidade, o mundo pode mudar em um piscar de olhos.

Dirigi pelos túneis iluminados sob o Chicago River, ligando rotas internas que só os moradores antigos usam.

Mas minha cabeça estava longe.

Estava nela.

No olhar assustado.

No jeito determinado de trabalhar.

Na forma como ocupava aquele escritório com uma delicadeza que não existia ali antes.

No papel em sua mesa.

E na certeza que eu tinha agora:

O inimigo não estava só dentro da empresa.

O inimigo estava perto demais.

Peguei o celular.

Liguei para Lucas.

Ele atendeu na segunda chamada.

- Chefe?

- Amanhã - falei sem rodeios - quero acesso completo aos logs internos do sistema. Tudo. Desde o último trimestre.

Lucas ficou em silêncio por um instante.

- Entendi. Alguma coisa aconteceu?

- Ainda não - respondi. - Mas vai acontecer se eu não agir agora.

- Vou resolver.

Desliguei.

A cidade continuava passando pela janela, luzes e sombras misturando-se como uma pintura viva.

E então, em voz baixa, admiti o que ainda não deveria admitir:

- Hellen ... você não faz ideia do que caiu na minha mesa.

Mas independente do que aconteça...

ninguém toca em você.

Nem o inimigo.

Nem o destino.

Nem você mesma.

Eu vou garantir isso.

Custe o que custar.

            
            

COPYRIGHT(©) 2022