O Império Do CEO E A Secretária Marcada
img img O Império Do CEO E A Secretária Marcada img Capítulo 4 Hellen Duarte
4
Capítulo 6 Hellen Duarte img
Capítulo 7 Gustavo Vasconcellos img
Capítulo 8 Hellen Duarte img
Capítulo 9 Gustavo Vasconcellos img
Capítulo 10 Hellen Duarte img
Capítulo 11 Hellen Duarte img
Capítulo 12 Hellen Duarte img
Capítulo 13 Hellen Duarte img
img
  /  1
img

Capítulo 4 Hellen Duarte

Acordei antes do despertador.

Na verdade, acho que nem dormi direito.

Passei a madrugada inteira revivendo o momento em que encontrei o bilhete sobre minha mesa.

As letras duras.

A ameaça implícita.

A sensação de ter sido observada - ou pior, seguida - sem perceber.

"Você não deveria estar aqui."

A frase ecoava na minha mente como se estivesse gravada nos meus ossos.

Mas eu precisava trabalhar.

Eu precisava daquele emprego.

E precisava provar para mim mesma - e para quem escreveu aquela porcaria - que eu não ia correr.

Vesti uma blusa de seda azul, uma saia lápis preta e um coque alto.

Se o 25º andar queria postura, eu daria postura.

Se queria firmeza, eu daria firmeza.

Só não tinha certeza de quem, exatamente, queria que eu desaparecesse.

Mas descobriria.

Nem que me custasse o sono.

O caminho para a Vasconcellos Corporation parecia mais frio que o normal.

Chicago sempre foi gelada, mas hoje...

Hoje o ar cortava minha pele como se soubesse de algo que eu não sabia.

Quando entrei no saguão principal, os olhos dos seguranças me seguiram mais do que deveriam.

Ou talvez fosse paranoia.

Peguei o elevador.

Botão 25.

Coração acelerado.

A porta se abriu.

E o corredor estava mais silencioso que ontem.

Mais vazio.

Mais frio.

Respirei fundo.

"É só um dia normal de trabalho."

Aproximei-me da minha mesa.

E congelei.

Outro bilhete.

Dobrado exatamente no mesmo lugar de ontem.

Meu sangue gelou.

Olhei ao redor - rápido, nervosa.

Nada.

Mas o papel estava ali.

À minha espera.

Como se alguém tivesse acabado de colocá-lo.

Minhas mãos tremiam quando abri.

VOCÊ NÃO ENTENDEU.

VOCÊ ESTÁ MARCADA.

Meu peito apertou tão forte que senti náuseas.

Marcada.

O que isso significava?

Marcada por quem?

E por quê?

Fechei o papel com pressa e enfiei dentro da bolsa, respirando fundo, tentando parecer normal caso alguém estivesse me observando naquele exato segundo.

- Senhorita Duarte?

Quase pulei de susto.

Camila estava parada ao lado da minha mesa.

- Tudo bem? - ela perguntou, estreitando os olhos. - Você parece... pálida.

Forcei um sorriso.

- Só não dormi direito.

Ela assentiu, mas seu olhar demorou um pouco mais que o normal em mim.

Como se estivesse... analisando.

- O senhor Vasconcellos pediu que você leve o café dele assim que chegar - avisou. - Ele está... mais exigente hoje.

Mais exigente?

Ótimo.

Exatamente o que eu precisava.

Organizei minha mesa com as mãos trêmulas. Tentei focar na agenda dele.

Tentei ignorar o latejar de medo na boca do estômago.

Mas minha mente voltava, sem parar, para aquela frase.

"Você está marcada."

Senti o impulso irracional de sair correndo daquele andar.

De pegar minhas coisas e desaparecer.

Mas eu não podia.

Não ia.

Se alguém queria me intimidar, ia ter que tentar mais forte.

Preparei o café dele - expresso duplo, sem açúcar - e caminhei até a porta da presidência.

Bati.

- Entre - a voz dele ecoou, firme como sempre. Mas hoje... havia algo mais.

Algo tenso. Algo que eu não sabia nomear.

Abri a porta.

E o encontrei de costas, como ontem, olhando pela janela que dava vista para os arranha-céus de Chicago.

Mas havia algo diferente.

A postura.

A tensão nos ombros.

A maneira como seus dedos batiam levemente contra a mesa, como se calculassem o peso de alguma decisão.

- Seu café, senhor - anunciei, me aproximando.

Ele se virou.

E seus olhos negras me atingiram como um farol em noite de tempestade.

Ele me analisou de cima a baixo.

Demorado demais.

Atenção demais.

Intensidade demais.

- Você está atrasada - disse, sem emoção.

Olhei o relógio.

- Mas... estou cinco minutos antes do horário.

- Eu estava esperando - respondeu.

O tom não era irritado.

Era... carregado.

Como se houvesse algo por trás que ele não estava dizendo.

Aproximei a bandeja da mesa dele.

Ele segurou a xícara, mas seus dedos tocaram os meus por um segundo a mais do que o necessário.

Um segundo que fez meu corpo inteiro reagir.

Me afastei rápido.

Ele percebeu.

- Aconteceu alguma coisa? - perguntou, repentinamente sério.

A pergunta me pegou desprevenida.

Olhei para ele.

E, por um momento, pensei em contar.

Sobre o bilhete.

Sobre o medo.

Sobre a sensação de estar sendo observada.

Mas a lógica venceu.

Ele é seu chefe, Hellen.

Não seu amigo.

Não seu protetor.

Respirei fundo.

- Não, senhor. Só dormi pouco.

Os olhos dele escureceram.

- Não minta para mim.

Meu coração travou.

Ele deu um passo para a frente.

E eu juro: o ar mudou.

- Eu observo tudo neste andar - sua voz veio baixa, profunda, firme. - E observo você desde o momento em que chegou. Hoje você entrou diferente.

Meu peito subiu e desceu rápido.

Ele continuou:

- Se alguém a incomodou... você me diz.

Era uma ordem.

Não um pedido.

Minhas mãos suavam.

Meu pulso acelerava.

Mas eu disse:

- Nada aconteceu, senhor.

Ele ficou me encarando por longos segundos.

Longos demais.

Até que finalmente se afastou.

- Como quiser - disse, voltando para a mesa. - Mas isso não muda o fato de que eu não tolero distrações.

Tradução:

Ele percebeu.

Ele sabe.

E não gostou.

Saí da sala com as pernas fracas.

Coloquei a mão no peito, tentando recuperar o ar.

Aquela presença... me engolia.

Me cercava.

Me pressionava por dentro.

E o pior?

Parte de mim... gostava daquilo.

O que era completamente insano.

Voltei à minha mesa.

Lucas apareceu pouco depois, se inclinando na divisória como sempre.

- Dia difícil? - perguntou com um sorriso cansado.

- Algo assim - respondi.

Ele aproximou um pouco mais.

- Aqui dentro todo mundo tem seu inferno particular. Se precisar conversar...

- Lucas. - A voz gelada cortou o ar.

Meu estômago caiu.

Gustavo estava parado atrás dele.

Sério.

Tenso.

Possessivo.

Lucas se endireitou na hora.

- Senhor...

- Na minha empresa não se paquera durante o expediente - Gustavo disse, sem tirar os olhos de mim.

Meu rosto queimou.

- Eu só estava-

- Terminou seu trabalho, senhor Mendes? - Gustavo interrompeu, a voz cortante.

- Sim, senhor - Lucas respondeu, já recuando.

- Ótimo. Então volte para o seu andar.

Lucas me deu um olhar que dizia "boa sorte" e sumiu.

Fiquei parada, congelada.

Gustavo então se virou para mim.

E disse uma única frase:

- Não gosto que toquem no que é meu.

Meu coração parou.

Meu mundo parou.

Minha respiração... sumiu.

- S-senhor... eu... não sou...

Ele aproximou um passo.

Depois outro.

O suficiente para me deixar encurralada contra a mesa.

- Ainda não é - disse, baixo, como se fosse um aviso. - Mas alguém neste andar já percebeu você. E isso me irrita.

Arrepios subiram pela minha pele como eletricidade.

- Se alguém está te observando... - sua voz desceu uma oitava, grave, sombria - eu vou descobrir quem é.

Meu corpo inteiro se acendeu.

Eu não sabia se tinha medo dele...

ou de mim mesma.

- Agora - ele completou - volte ao trabalho. E não fale com ninguém que eu não tenha autorizado.

Ele virou as costas e voltou para a sala, fechando a porta no momento exato em que minhas pernas fraquejaram.

Sentei.

Passei a mão pelos cabelos, tentando entender o que diabos estava acontecendo.

Mas então, percebi algo que fez meu sangue gelar de novo.

Onde o segundo bilhete estava?

Dentro da minha bolsa.

Fechei a bolsa com força.

Guardei como se aquilo fosse um segredo sujo.

E pensei, pela primeira vez:

Por que ele parece... saber?

E, mais assustador ainda:

Por que sinto que ele faria qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, para me manter perto?

            
            

COPYRIGHT(©) 2022