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Da Noiva Indesejada à Rainha da Cidade
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Capítulo 3

POV Sofia Almeida

Acordei com o bipe rítmico e implacável de uma máquina.

Meu corpo parecia pulverizado, como se eu tivesse sido arrastada por quilômetros sobre o asfalto e deixada para apodrecer.

Meu braço esquerdo estava envolto em um pesado gesso. Minhas costelas estavam enfaixadas com tanta força que restringiam minhas respirações superficiais. Minha cabeça latejava com uma dor surda e pesada que se sincronizava perfeitamente com o pulso do monitor.

Abri os olhos.

O quarto era branco. Cegantemente estéril. E completamente vazio.

Sem flores. Sem cartões. Sem pais.

Uma enfermeira entrou apressada, verificando uma prancheta. Ela se assustou um pouco quando me viu acordada.

"Ah, você acordou", disse ela. Sua voz era gentil, mas seus olhos continham uma pena pesada e sufocante. "Você esteve em coma por dois dias."

Dois dias.

"Onde está minha família?", grasnei. Minha garganta parecia ter engolido lixa.

A enfermeira hesitou. Ela mexeu no soro, evitando meu olhar.

"Eles estão... no fim do corredor", ela finalmente admitiu. "Na suíte VIP."

"Isabela?"

"Ela está sendo tratada por choque", disse a enfermeira, seu tom cuidadosamente neutro. "E uma pequena escoriação no joelho."

Eu quase ri, mas o espasmo doeu demais nas minhas costelas.

Choque.

Eu tinha sido esmagada por um letreiro de neon, e minha irmã estava na suíte VIP por choque.

"Preciso andar", eu disse.

"Você não deveria..."

"Preciso andar."

Forcei-me a levantar. A dor era cegante, branca e quente, mas eu a acolhi. Ela me fazia sentir real.

Arrastei meu suporte de soro pelo corredor, as rodas de metal rangendo contra o linóleo como um animal moribundo.

Eu os ouvi antes de vê-los.

Risadas. Risadas brilhantes e despreocupadas.

A porta da suíte VIP estava aberta.

Minha mãe estava descascando uma uva. Meu pai estava servindo vinho.

Isabela estava sentada na cama, parecendo radiante em um roupão de seda, segurando a mão de Dante.

"Pobre bebê", minha mãe arrulhou. "Aquele letreiro poderia ter te matado."

"Dante me salvou", disse Isabela, olhando para ele com adoração ensaiada. "Ele é meu herói."

Dante sorriu para ela. Era um sorriso suave. O tipo que ele costumava me dar no escuro, quando eu pensava que importava.

"Sempre", disse ele.

Um garçom entrou com um carrinho. Uma sopeira de prata.

"Sopa de lagosta", anunciou o garçom. "Com caviar."

Isabela franziu o nariz. "Não quero. É muito forte."

Ela olhou para cima e me viu parada na porta, um fantasma quebrado em uma camisola de hospital.

Seus olhos se iluminaram com uma malícia afiada e brilhante.

"Ah, Sofia!", ela cantou. "Você acordou! Olha, Dante, ela está bem."

Dante se virou. Sua expressão endureceu instantaneamente, o calor desaparecendo como se tivesse sido apagado por água gelada.

"Você está andando", ele notou, sua voz plana. "Claramente não está tão ferida."

"Isabela não quer a sopa dela", disse minha mãe, acenando com a mão displicentemente. "Dê para a Sofia. Ela parece pálida. Precisa da proteína."

Olhei para a sopa.

Cremosa. Rosa. Letal.

"Sou alérgica a frutos do mar", eu disse em voz baixa.

O quarto ficou em silêncio.

"Não seja ingrata", meu pai retrucou, batendo sua taça de vinho na mesa. "Custa mais de duzentos reais a tigela."

"Ela sempre foi fresca", suspirou Isabela, recostando-se em seus travesseiros. "Assim como quando ela se recusou a comer as sobras no Natal."

Dante me olhou com nojo. "Sua irmã te oferece gentileza, e você joga na cara dela? Coma a sopa, Sofia."

"Vai me matar", eu disse.

"Pare de ser dramática", disse Dante, sua mandíbula se contraindo. "Você só está tentando chamar a atenção porque eu a salvei e não você."

Olhei para ele. Realmente olhei para ele.

"Você tem razão", eu disse, minha voz oca. "Eu sou dramática."

Virei-me e fui embora.

Naveguei pelos corredores em transe, forçando meu corpo quebrado a ir até o balcão da farmácia para pegar meus analgésicos.

Mais tarde, sentei-me perto da fonte do hospital no pátio. A água estava fria e clara.

Eu só queria cinco minutos de paz.

"Você parece um cadáver", disse uma voz.

Isabela estava ali. Ela usava seu roupão de seda, fumando um cigarro fino, parecendo totalmente fora de lugar contra o cenário estéril.

"O que você quer, Isabela?"

"Quero que você saiba que ele é meu", ela sibilou. Ela se aproximou, a fumaça saindo de seus lábios. "Ele me escolheu. Ele me salvou. Você foi apenas um atropelamento."

"Eu sei", eu disse. "Pode ficar com ele."

"Mentirosa", ela cuspiu. "Você ainda o quer. Eu vejo nos seus olhos."

"Eu não quero lixo", eu disse.

Seu rosto se contorceu, a máscara bonita escorregando.

Ela se lançou sobre mim.

Ela agarrou meus ombros e empurrou.

Eu estava fraca. Meu equilíbrio se foi. Eu não tinha mais nada com que lutar.

Caí para trás na fonte de pedra.

A água estava congelante.

Meu gesso a absorveu instantaneamente, arrastando meu braço para baixo como uma âncora.

Meus pontos se romperam.

Uma nuvem de sangue vermelho floresceu na água clara, girando como fumaça.

"Socorro!", Isabela gritou.

Ela rasgou seu próprio roupão, arranhou seu próprio pescoço com precisão maníaca.

"Socorro! Ela está tentando me afogar!"

Dante invadiu o pátio.

Ele me viu na água. Ele viu o sangue.

Então ele viu Isabela gritando.

Ele não perguntou. Ele não pensou.

Ele correu para Isabela.

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