Gênero Ranking
Baixar App HOT
Da Noiva Indesejada à Rainha da Cidade
img img Da Noiva Indesejada à Rainha da Cidade img Capítulo 4
4 Capítulo
Capítulo 9 img
Capítulo 10 img
Capítulo 11 img
Capítulo 12 img
Capítulo 13 img
Capítulo 14 img
Capítulo 15 img
Capítulo 16 img
Capítulo 17 img
Capítulo 18 img
Capítulo 19 img
Capítulo 20 img
Capítulo 21 img
Capítulo 22 img
Capítulo 23 img
Capítulo 24 img
Capítulo 25 img
Capítulo 26 img
Capítulo 27 img
Capítulo 28 img
img
  /  1
img

Capítulo 4

POV Sofia Almeida

A água ao meu redor estava se diluindo em um rosa suave e nauseante.

O frio não apenas me tocou; ele se infiltrou na medula dos meus ossos, anestesiando o fogo fresco e ardente dos meus pontos rompidos.

Dante tirou o casaco e o envolveu nos ombros trêmulos de Isabela.

"Ela tentou me puxar para dentro!", Isabela soluçou, enterrando o rosto na parede sólida de seu peito. "Ela disse que se não pudesse ter você, ninguém poderia!"

O olhar de Dante mudou. Ele olhou para mim.

Eu estava lutando para me firmar na água rasa. Meu gesso pesado, agora encharcado, agia como uma âncora de concreto, arrastando meu ombro quebrado para baixo.

"Isso é verdade?", ele exigiu. Sua voz era zero grau.

"Faria diferença se eu dissesse não?", perguntei. Meus dentes batiam com tanta força que as palavras saíam em pedaços.

"Você é patética", disse Dante, seu lábio se curvando. "Tentando machucar sua irmã? Depois de tudo que sua família faz por você?"

"Faz por mim?" Uma risada molhada e irregular rasgou minha garganta. "Eles me usam como peças de reposição, Dante. E você... você é simplesmente cego."

O músculo em sua mandíbula se contraiu.

"Saia da água", ele ordenou.

Eu tentei. Escorreguei nos azulejos lisos.

Ele não ofereceu a mão. Ele não se moveu. Ele simplesmente me observou lutar como um inseto se afogando em um pote de vidro.

Levei tudo o que tinha para arrastar meu corpo sobre a borda de calcário da fonte. Desabei no chão, encharcada, tremendo violentamente.

Meus pais vieram correndo, uma falange de guarda-costas os flanqueando.

"Meu bebê!", minha mãe gritou, passando correndo por mim para chegar a Isabela.

Meu pai parou na minha frente. Ele viu o sangue florescendo na minha camisola de hospital. Mas, mais importante, ele viu o desafio que eu me recusava a extinguir.

Ele se aproximou e me deu um tapa.

Atingiu com significativamente mais força do que o golpe em seu escritório.

Minha cabeça estalou para trás. O gosto metálico de cobre encheu minha boca.

"Sua vadia ingrata", ele rugiu, seu rosto roxo de raiva. "Atacando sua irmã? Em público?"

"Ela me empurrou", sussurrei com os lábios partidos.

"Mentirosa!", Isabela gritou da segurança dos braços de Dante.

"Chega", disse Dante.

A palavra foi dita em voz baixa, mas cortou o barulho como uma lâmina. Ele deu um passo à frente. Ele era o Don aqui. Sua palavra era lei.

"Ela precisa aprender uma lição", disse Dante, seus olhos desprovidos de humanidade. "Ela precisa se acalmar."

Meu pai assentiu, entendendo o código imediatamente. "A geladeira?"

A geladeira.

O necrotério do hospital. O armazenamento de excesso. Era mantido a uma temperatura permanente e preservadora de dois graus.

"Não", sussurrei, o pânico finalmente perfurando o choque. "Por favor. Estou sangrando."

"Você deveria ter pensado nisso antes de tocar nela", disse Dante.

Ele sinalizou para os guardas com um movimento brusco do queixo.

Dois homens enormes me ergueram pelos braços.

Uma agonia atravessou meu ombro quebrado, cegante e branca. Eu gritei.

Dante não se abalou. Ele me deu as costas, concentrando-se inteiramente em enxugar uma lágrima perdida da bochecha de Isabela.

Eles me arrastaram pelo labirinto de corredores do porão.

O ar ficou mais pesado, mais frio.

Eles abriram uma pesada porta de aço. O cheiro químico de formol me atingiu em cheio.

Fileiras de sacos para cadáveres jaziam imóveis em prateleiras de metal, esperando.

"Aproveite o silêncio", o guarda zombou, e me empurrou para dentro.

A porta bateu com um estrondo final e ressonante.

Escuridão.

Escuridão absoluta e congelante.

Deslizei pela parede, encolhendo-me em uma bola apertada para preservar o pouco calor que me restava.

Minhas roupas molhadas grudavam na minha pele como lençóis de gelo.

Meus pontos estavam definitivamente abertos. Eu podia sentir o fluxo quente e constante de sangue traçando um caminho pelo meu lado.

Fechei os olhos com força.

No escuro, minha mente voltou para o esconderijo.

Lembrei-me de Dante deitado em um catre, seus olhos vendados, vulnerável.

Lembrei-me do jeito que ele tremia de febre.

*"Estou com frio, Sete"*, ele sussurrou, sua voz rouca de dor.

Eu tinha subido no catre estreito com ele. Eu o abracei, pressionando meu corpo contra o dele, sussurrando histórias para mantê-lo ancorado na realidade.

*"Você é quente"*, ele murmurou em meu cabelo. *"Você é a única coisa quente neste mundo."*

Eu ri na escuridão total do necrotério.

Uma lágrima congelou na minha bochecha.

Você estava errado, Dante.

Eu não sou mais quente.

Finalmente estou tão fria quanto você.

Anterior
            
Próximo
            
Baixar livro

COPYRIGHT(©) 2022