Ele Escolheu a Amante, Eu Fiquei com Tudo
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Capítulo 2

Ponto de Vista: Helena Vitti

Digitei a senha.

A tela piscou em verde.

Acesso Concedido.

Minha respiração ficou presa dolorosamente na garganta.

Pastas apareceram na tela.

Não eram registros financeiros.

Não eram nem mesmo listas de alvos.

Eram fotos.

Centenas delas.

Sofia Ricci.

A filha do nosso maior rival.

Sofia rindo em um café.

Sofia passeando com seu cachorro.

Sofia dormindo em uma cama que parecia suspeitamente com a do esconderijo particular de Dante.

Cliquei em um documento intitulado *Castelo no Céu*.

Era uma coleção de cartas.

Rascunhos que ele nunca enviou, ou talvez cópias das que ele enviou.

*Helena é uma boa soldada, Sofia. Ela mantém os livros em ordem. Mas ela é feita de mármore frio. Você é o fogo.*

Li a próxima linha, minha visão embaçando.

*Assim que o Porto estiver operacional, terei poder suficiente para comprar minha saída. Podemos ir para a Serra Gaúcha. Vou deixar a Vida. Vou deixá-la.*

O ar foi sugado para fora da sala.

Eu não era sua esposa.

Eu era sua gerente de banco.

Eu era a substituta mantendo sua cama quente e seu dinheiro lavado até que ele pudesse se dar ao luxo de fugir com seu verdadeiro amor.

O som da maçaneta girando cortou o silêncio como um tiro.

Arranquei o pen drive da porta USB no exato momento em que Dante entrou.

Ele estava vestindo seu smoking, a gravata borboleta desfeita, solta ao redor do pescoço.

Ele estava devastadoramente bonito.

Parecia o diabo envolto em alfaiataria sob medida.

Seus olhos pousaram no laptop, depois no meu punho cerrado.

"Helena", ele disse.

Sua voz era um ronco baixo, o som de um carro de luxo em ponto morto.

"Você não está vestida."

Levantei-me, minhas pernas parecendo feitas de chumbo.

"Quem é ela, Dante?"

Eu não gritei.

Eu não chorei.

Perguntei com o mesmo tom seco e burocrático que usava para discutir alvarás de construção.

O rosto de Dante não mudou.

Ele não parecia culpado.

Ele parecia contrariado.

Ele caminhou até o frigobar e serviu-se de uma bebida.

"Você está histérica", disse ele. "É o seu aniversário. Vá colocar o vestido vermelho."

"Eu vi o pen drive", eu disse.

Ele congelou.

O copo parou a meio caminho de sua boca.

Ele se virou lentamente.

A indiferença em seus olhos foi instantaneamente substituída por algo mais sombrio.

Era o olhar de um predador reconhecendo uma ameaça.

"Dê para mim", disse ele.

Ele estendeu a mão.

Era uma ordem, não um pedido.

"Você prometeu deixar a Vida por ela", eu disse, minha voz tremendo agora. "Você está usando o meu projeto, os meus desenhos, para financiar sua fuga com uma Ricci."

Dante deu um passo à frente.

Ele fechou a distância entre nós em duas longas passadas.

Ele agarrou meu pulso.

Seu aperto era de ferro.

Ele abriu meus dedos com uma força que machucava e pegou o pen drive.

Ele nem sequer olhou para ele.

Simplesmente o deixou cair em seu copo de uísque.

O líquido sibilou.

"Não há escapatória, Helena", disse ele, olhando para mim de cima. "Só existe a Família. E você faz parte da Família."

"Eu sou sua esposa", sussurrei.

"Você é uma Vitti", ele corrigiu. "Você conhece o código. Você não faz perguntas para as quais não quer as respostas."

Ele tomou um gole do uísque, o pen drive arruinado tilintando zombeteiramente contra o gelo.

"Agora suba", disse ele. "Dê um jeito nessa sua cara. Temos uma reserva para o jantar."

Ele me deu as costas.

Ele me dispensou como uma empregada que quebrou um prato.

Olhei para seus ombros largos, os músculos se movendo sob o tecido caro.

Percebi então que o homem que eu amava não existia.

Ele era uma fachada.

E eu cansei de construir estruturas para outras pessoas morarem.

            
            

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