Ponto de Vista da Clarice:
O silêncio se estilhaçou quando Bella soltou uma risada aguda e zombeteira.
- Ah, Clarice - ela riu, agarrada ao braço de Jacob como um carrapato. - Eu sabia que você estava desesperada, mas isso? Uma cobra?
Ela deu um passo à frente, arrastando Jacob. Seus olhos examinaram Draco com nojo indisfarçável.
- Olhe para ele - ela zombou. - Gelado. Você sequer tem pulso? Ouvi dizer que seu povo vive em buracos de terra e come ratos porque não pode pagar por um bife.
Os lobos rugiram de rir. Para eles, as Serpentes reservadas eram a escória.
- E olhe para você - continuou Bella, exibindo a pilha de peles e ouro que Jacob lhe dera. - Eu serei Luna. Eu criarei os filhotes mais fortes. Você? Terá sorte se não morrer congelada na cama dele.
Olhei para ela. Realmente olhei para ela. *O cheiro dela estava errado. Geralmente doce como baunilha, agora cheirava a lama. Confuso.*
- Seu cheiro mudou, Bella - disse calmamente. - Está... lotado. Tem se misturado com muitas alcateias?
Bella ficou pálida. - Como você ousa!
Ela agarrou um bule de porcelana e o arremessou no meu rosto.
*Eu não recuei.*
*Crack.*
*O bule se desintegrou no ar.* Draco não tinha movido os pés. Ele simplesmente estalou sua bengala preta. Os cacos choveram como neve inofensiva.
Draco se colocou entre mim e os lobos.
O ar ficou pesado. Não a pressão quente e agressiva de um Alfa, mas algo esmagador, como ser arrastado para o fundo do mar.
Lobos choramingaram, agarrando suas gargantas. Jacob deu um passo para trás, os olhos se arregalando.
- Cuidado - disse Draco suavemente. Sua voz não ecoava; ela deslizava para dentro do seu ouvido. - Você fala de riqueza, garotinha. Mas você não sabe o significado de valor.
Ele estalou os dedos.
As portas duplas se abriram. Seis homens em ternos sob medida deslizaram para dentro - guardas Serpentes. Eles colocaram um baú de madeira negra incrustado com madrepérola aos meus pés e o abriram.
A sala esqueceu como respirar.
Dentro jazia um vestido de noiva que cintilava como luar líquido. *Mudava de cor - de prata pálida para verde-mar.*
- Seda de Escama de Dragão - sussurrou um ancião. - Isso é um mito. Um metro compra toda esta Casa da Alcateia.
O queixo de Bella caiu. Suas peles pareciam lixo em comparação.
- Para minha noiva - disse Draco, com os olhos em mim. - Nós não usamos roupas usadas. E não temos pressa.
Ele tirou um colar do baú. Uma esmeralda maciça em forma de lágrima em uma corrente de platina, pulsando com uma luz fraca.
- O Coração da Floresta - Jacob engasgou. - Isso foi perdido há séculos.
Draco prendeu-o em volta do meu pescoço. Seus dedos frios roçaram minha pele, enviando arrepios pela minha espinha. - Nunca perdido - murmurou ele. - Apenas guardado. Até agora.
Ele se virou para a multidão, as pupilas se estreitando em fendas.
- Vocês, lobos, acasalam como cães no beco - declarou ele. - Vocês marcam, procriam e descartam. A Serpente escolhe uma vez. E nós escolhemos para a eternidade.
Ele mordeu o polegar, extraindo sangue carmesim escuro, e pressionou-o na minha testa.
- Eu, Draco, Rei da Ordem Serpentina, juro um Pacto de Sangue a Clarice.
*A magia zumbia no ar - pesada, salgada, antiga.* Uma marca vermelha brilhou na minha testa, depois afundou na minha pele.
- Se eu a trair, que minhas escamas apodreçam. Se eu falhar em protegê-la, que a terra me engula.
Um Pacto de Sangue. Irrevogável. Fatal se quebrado.
Jacob parecia furioso. Ele olhou para o diamante barato no dedo de Bella, depois para o artefato em volta do meu pescoço.
- Você acha que dinheiro faz de você um homem? - Jacob rosnou, garras se estendendo. - Ela precisa de um macho de sangue quente. Todo mundo sabe que cobras são frias. Você consegue sequer fazer funcionar?
Draco sorriu. Foi aterrorizante.
- Reze para nunca descobrir do que sou capaz, filhote - sussurrou Draco.
Ele me ofereceu o braço. - Vamos, minha Rainha? O ar aqui fede a cachorro molhado.
*Peguei o braço dele, sentindo o músculo sólido sob a seda. Enquanto saíamos, olhei para trás. Bella estava no meio da porcelana quebrada, segurando o estômago. Ela parecia vitoriosa, mas eu vi o medo. Ela tinha vencido a batalha pelo Alfa, mas não tinha ideia de que acabara de perder a guerra.*