Capítulo 4

Ponto de Vista da Clarice:

Duas semanas depois, o caos explodiu na Alcateia Lua de Prata.

Meu pai ligou, implorando. - Clarice, os curandeiros... eles não sabem o que fazer. Ela está gritando há dois dias.

Draco fechou seu livro. - Nós vamos. Para testemunhar a verdade.

A Casa da Alcateia cheirava a sangue e pânico. Jacob andava de um lado para o outro no corredor, parecendo abatido.

- Não quer sair - murmurou ele. - Mas há... outra coisa.

Um grito rasgou o ar. Corremos para dentro.

Bella estava deitada na cama, encharcada de suor. A parteira estava recuando, horrorizada.

Nos lençóis jazia um filhote.

*Não era o herdeiro Alfa branco. Era uma coisa magricela, vermelho-ferrugem, com pelos falhados e orelhas irregulares.*

- Um Lobo Vermelho - Jacob sussurrou, tremendo de raiva.

Lobos Vermelhos eram sinais do gene Renegado. Párias.

- Você jurou - sibilou Jacob para Bella. - Você jurou que era meu.

- E é! - Bella soluçou. - Gene recessivo! Um retrocesso!

- Mentirosa! - Jacob agarrou o filhote pelo cangote. - Isso é imundície! - Ele levantou o braço para esmagá-lo contra a parede.

- Não! - eu gritei.

Draco se moveu. Um borrão preto. Ele segurou o pulso de Jacob com um aperto de ferro.

- A criança é inocente dos pecados da mãe - disse Draco friamente. Ele pegou o filhote choramingando.

- Chamem um Sacerdote da Fênix - comandou Draco.

Quando o Sacerdote chegou, colocou um cristal sobre o filhote. - Rastreamento de Alma.

Cinco feixes vermelhos dispararam do peito do filhote. Um fio fino se conectava a Jacob. Quatro apontavam para as terras dos Renegados.

- Quimerismo - anunciou o Sacerdote. - A mãe acasalou com múltiplos machos durante o cio para garantir a concepção. Você é o pai, Alfa. Mas apenas vinte por cento.

Jacob se virou para Bella, o rosto retorcido de ódio. - Quem?

Bella desmoronou. - Eu tive que fazer isso! Você disse que me substituiria se eu não engravidasse! Eu precisava de mais chances!

- Então você deixou Renegados montarem em você? - Jacob gritou. - Guardas! Encontrem os Renegados!

Em minutos, três Renegados capturados foram arrastados para dentro. Um riu. - Parece que meus nadadores venceram, rapazes.

Jacob o decapitou ali mesmo.

- Tirem-na da minha vista! - Jacob rugiu. - Masmorras!

- Espere! - O Médico da Alcateia interrompeu, com as mãos ensanguentadas. - Alfa, você não pode movê-la. O abdômen dela... ainda está distendido. Há outro batimento cardíaco. Um forte.

Jacob congelou. Ele olhou para a barriga enorme de Bella, que não havia diminuído apesar do nascimento do Lobo Vermelho.

- Gêmeos? - perguntou Jacob, a esperança guerreando com o nojo.

- Talvez - gaguejou o Médico. - Esse segundo batimento... é poderoso. Muito mais forte que o primeiro.

Bella agarrou a tábua de salvação. - Viu? Viu, Jacob! O Lobo Vermelho foi apenas um erro, um escudo! O *verdadeiro* herdeiro ainda está aqui dentro! Ele é tão forte que não quis sair ainda!

Jacob hesitou. O desejo por um herdeiro era uma doença nele. Ele baixou a espada.

- Tranquem-na na suíte de hóspedes - ordenou ele, com a voz fria. - Se o próximo não for perfeito, mato os dois.

Draco olhou para o Lobo Vermelho feio e trêmulo em seus braços. - E este?

- Descarte-o.

- Não - disse Draco. - Você o rejeitou. Ele é meu agora.

Nós saímos. *Olhei para meu marido, segurando o filho da esposa de seu inimigo porque era a coisa certa a fazer.*

Lá fora, Draco entregou o filhote a um guarda. - Leve-o para o orfanato do Sul.

Ele se virou para mim. - Você está bem?

- Estou - disse eu, colocando a mão dele na minha barriga. - Draco... acho que você deveria saber.

Ele congelou, sentindo a mudança no meu calor.

- Eu não sou como a Bella - sorri. - Eu não precisei de um exército. Eu só precisei de você.

            
            

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