Prometida ao Rei.
img img Prometida ao Rei. img Capítulo 4 ANYA DEVEREUX.
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Capítulo 6 ANYA DEVEREUX - Dias depois... img
Capítulo 7 ANYA DEVEREUX. img
Capítulo 8 ANYA DEVEREUX - Mais tarde... img
Capítulo 9 ANYA DEVEREUX. img
Capítulo 10 ANYA DEVEREUX. img
Capítulo 11 ANYA DEVEREUX. img
Capítulo 12 ANYA DEVEREUX. img
Capítulo 13 ORION DOMINUS. img
Capítulo 14 ORION DOMINUS. img
Capítulo 15 ORION DOMINUS. img
Capítulo 16 ORION DOMINUS. img
Capítulo 17 ANYA DEVEREUX. img
Capítulo 18 ANYA DEVEREUX. img
Capítulo 19 ANYA DEVEREUX. img
Capítulo 20 ANYA DEVEREUX. img
Capítulo 21 ORION DOMINUS - Dias depois... img
Capítulo 22 ORION DOMINUS. img
Capítulo 23 ORION DOMINUS. img
Capítulo 24 ANYA DEVEREUX - Um tempo depois... img
Capítulo 25 ANYA DEVEREUX. img
Capítulo 26 ANYA DEVEREUX. img
Capítulo 27 ORION DOMINUS - Algumas horas antes... img
Capítulo 28 ORION DOMINUS. img
Capítulo 29 ORION DOMINUS. img
Capítulo 30 ORION DOMINUS. img
Capítulo 31 ANYA DEVEREUX - Dias depois... img
Capítulo 32 ANYA DEVEREUX. img
Capítulo 33 ANYA DEVEREUX. img
Capítulo 34 ANYA DEVEREUX. img
Capítulo 35 ORION DOMINUS. img
Capítulo 36 ANYA DEVEREUX - Semanas depois... img
Capítulo 37 ANYA DEVERAUX. img
Capítulo 38 ANYA DOMINUS. img
Capítulo 39 ANYA DOMINUS. img
Capítulo 40 ANYA DOMINUS. img
Capítulo 41 ANYA DOMINUS. img
Capítulo 42 ANYA DOMINUS. img
Capítulo 43 ANYA DOMINUS. img
Capítulo 44 ANYA DOMINUS - MESES DEPOIS. img
Capítulo 45 ANYA DOMINUS. img
Capítulo 46 ANYA DOMINUS. img
Capítulo 47 ANYA DOMINUS. img
Capítulo 48 ANYA DOMINUS. img
Capítulo 49 ANYA DOMINUS. img
Capítulo 50 ANYA DOMINUS. img
Capítulo 51 ANYA DOMINUS. img
Capítulo 52 ANYA DOMINUS. img
Capítulo 53 ANYA DOMINUS - MINUTOS DEPOIS... img
Capítulo 54 ANYA DOMINUS. img
Capítulo 55 ANYA DOMINUS. img
Capítulo 56 ORION DOMINUS. img
Capítulo 57 ORION DOMINUS. img
Capítulo 58 ANYA DOMINUS - ALGUM TEMPO ANTES... img
Capítulo 59 ANYA DOMINUS. img
Capítulo 60 ORION DOMINUS. img
Capítulo 61 ORION DOMINUS. img
Capítulo 62 ANYA DOMINUS. img
Capítulo 63 ANYA DOMINUS. img
Capítulo 64 ORION DOMINUS. img
Capítulo 65 ORION DOMINUS. img
Capítulo 66 ORION DOMINUS. img
Capítulo 67 ORION DOMINUS. img
Capítulo 68 HELENA DEVERAUX. img
Capítulo 69 ORION DOMINUS. img
Capítulo 70 ORION DOMINUS. img
Capítulo 71 ORION DOMINUS. img
Capítulo 72 ANYA DOMINUS. img
Capítulo 73 ANYA DOMINUS. img
Capítulo 74 ANYA DOMINUS. img
Capítulo 75 ORION DOMINUS. img
Capítulo 76 ANYA DOMINUS. img
Capítulo 77 ORION DOMINUS - DIAS DEPOIS... img
Capítulo 78 ANYA DOMINUS. img
Capítulo 79 ANYA DOMINUS - CINCO ANOS DEPOIS. img
Capítulo 80 EPÍLOGO 1 - ORION DOMINUS. img
Capítulo 81 EPÍLOGO 2 - ORION DOMINUS - PARTE 1. img
Capítulo 82 EPÍLOGO 3 - ORION DOMINUS - PARTE 2 img
Capítulo 83 BÔNUS 1- CARTAS DA PÉRSIA. img
Capítulo 84 BÔNUS 2 - A JORNADA À PÉRSIA. img
Capítulo 85 BÔNUS 3 - O RETORNO. img
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Capítulo 4 ANYA DEVEREUX.

Entre a dor e a lembrança, ela escolhe lembrar.

As lágrimas ardem em meus olhos enquanto corro pelos corredores intermináveis do castelo, cada passo ecoando contra as paredes de pedra fria. A cada movimento, o peso esmagador das palavras de meu pai me esmaga um pouco mais, como se carregasse pedras sobre os ombros. Não posso mais ficar ali, respirando aquele ar sufocante, suportando aqueles olhares. Preciso de ar, de espaço, de liberdade... das lembranças que me ajudam a esquecer toda a dor e a pressão implacável que me cercam como uma prisão invisível.

Assim que chego à porta principal, ofegante e com o coração disparado, o estábulo está à vista. Meu coração, ainda em pedaços, bate rápido demais - não apenas pela discussão violenta com meu pai, mas pela necessidade urgente e desesperada de me refugiar no único lugar que me resta de Victor, o lugar sagrado que ninguém poderá tirar de mim, não importa o quanto tentem.

Então, corro e entro no estábulo, avistando Sable imediatamente, o magnífico cavalo negro que ele me deu de presente meses antes de partir. Suas orelhas se levantam ao me ver, alerta e atentas, como se soubesse exatamente o que se passa em minha alma atormentada. Passo a mão pela sua crina macia e sedosa, buscando conforto desesperado em sua presença sólida e reconfortante. Sorrio em meio às lágrimas que não param de cair ao lembrar da escolha carinhosa de seu nome, de como Victor sempre pensava em cada detalhe quando se tratava de mim.

Flashback on...

- Por que esse nome? - pergunto curiosa, passando a mão admirada pela pelagem lisa e brilhante do cavalo.

- Sable é uma palavra inglesa que significa "zibelina", um pequeno animal de florestas frias da Sibéria, famoso por sua pelagem negra, macia e rara. Durante séculos, a pele da zibelina foi símbolo de luxo e poder, usada por reis e imperadores como prova de riqueza. - Ele sorri, aquele sorriso que sempre me desarma. - Assim como a zibelina, o cavalo que você recebe carrega em sua pelagem a mesma aura de elegância e mistério. Negro, ágil, precioso. Um presente que não é apenas raro, mas também um tributo à sua própria força e beleza.

- Gostei do nome. - digo, acariciando o focinho do animal.

- Tem que combinar com você, com quem vai recebê-lo. - Victor se aproxima, colocando a mão sobre a minha. - Sable é um nome elegante e sofisticado, que evoca a beleza e a força do cavalo. É uma boa escolha para alguém especial.

- Por quê? - pergunto, virando-me para encará-lo.

- Você é delicada e romântica, aprecia a beleza e a elegância das coisas simples. - Seus olhos brilham enquanto fala. - Então, ele tem que combinar com você, tem que ser digno de quem o recebe. - Sorrio amplamente e o abraço com força, sentindo seu perfume me envolver.

- Amei o presente. Amei cada detalhe dele.

Flashback off.

- Você também sente a falta dele, né? - sussurro para Sable, a voz embargada. Ele relincha alto, abaixa e levanta a cabeça várias vezes seguidas, como se confirmasse exatamente o que eu disse, como se compartilhasse da minha dor. - Vamos, amigo. Preciso de você mais do que nunca! Leve-me para o nosso lugar seguro, para onde ainda posso senti-lo perto.

Com um único impulso ágil, subo na sela sem auxílio de ninguém - algo que aprendi com Victor - e logo estamos galopando velozmente pelos campos verdes ao redor do castelo. O vento forte bate em meu rosto com violência, secando as lágrimas salgadas que teimam em cair sem parar. Sable corre com vigor renovado, como se estivesse tão saudoso quanto eu de estar no nosso lugar favorito, nosso santuário secreto. O bosque denso, nosso refúgio sagrado e proibido, aparece à frente, majestoso e acolhedor, como sempre esteve, esperando pacientemente por nós.

As folhas secas estalam ruidosamente sob os cascos fortes de Sable enquanto seguimos devagar pelo caminho familiar e sinuoso até a clareira escondida. Quando avisto a pequena cabana rústica oculta estrategicamente entre as árvores antigas, meu coração se aperta dolorosamente no peito. É ali que tudo começou, onde nossa história nasceu... onde nos encontrávamos às escondidas, longe dos olhares atentos e julgadores da corte e dos dedos apontados com desaprovação.

Desço do cavalo com cuidado, acaricio sua crina uma última vez com gratidão e o deixo livre para pastar tranquilamente. Sigo a pé lentamente até a entrada da cabana, cada passo pesado de memórias. Empurro a porta de madeira com cuidado reverente, como se o passado ainda estivesse lá dentro, vivo e pulsante, à minha espera. Dentro, tudo parece assustadoramente intocado, congelado no tempo. O cheiro amadeirado e familiar ainda preenche o ar denso, e as poucas lembranças preciosas que deixamos aqui me envolvem de uma maneira profundamente dolorosa e reconfortante ao mesmo tempo.

Passo a mão devagar pelos poucos móveis simples, sentindo a textura áspera da madeira sob meus dedos, até chegar à nossa cama. Passo a mão reverente por ela, sentindo o tecido gasto, e desabo ali, sem forças. Sento-me no chão frio de madeira, abraçando meus joelhos com força enquanto as memórias voltam, uma a uma, implacáveis e vívidas. Fecho os olhos com força e sou imediatamente transportada para aquele dia distante e perfeito.

Flashback on...

Estou no jardim do castelo, cuidando carinhosamente das rosas vermelhas, quando ouço vozes masculinas ao longe. Meu pai mencionou mais cedo que o rei Kholyn nos visitaria hoje em assuntos diplomáticos, mas não esperava ver seu filho, o príncipe Victor, acompanhando-o. Enquanto arrumo delicadamente as flores, organizando-as com atenção, sinto uma presença forte se aproximando. Levanto o olhar curioso e ele está lá, parado a poucos metros de mim, observando-me com um sorriso discreto, mas encantador.

- Gosta de flores? - ele pergunta, a voz suave, profunda e genuinamente curiosa.

Assinto devagar, sentindo o coração acelerar perigosamente com sua proximidade inesperada, algo que nunca senti com nenhum outro homem antes. Claro que ele é extremamente bonito - já o tinha visto algumas vezes pelo condado, até mesmo quando fui ao castelo de Aldirin com meu pai em visitas oficiais - porém nunca havíamos conversado diretamente, nunca tínhamos trocado mais que olhares rápidos.

- Sim... são minha verdadeira paixão. - respondo tentando manter a voz firme. - E você? Também aprecia?

Victor dá alguns passos decididos até mim, aproximando-se com naturalidade, olhando para as flores com interesse genuíno e profundo.

- Tenho uma estufa inteira no castelo do meu pai - ele diz, os olhos claros brilhando intensamente enquanto observa meu jardim com admiração. - Sempre me fascinei pela delicadeza aparente e pela resistência oculta delas. Mesmo com as piores condições adversas, mesmo quando tudo conspira contra, as flores sempre encontram uma maneira de florescer. É admirável.

A simplicidade sincera de suas palavras me encanta profundamente, tocando algo dentro de mim. Ele não é apenas um príncipe arrogante e frescurento como imaginei que seria, mas alguém sensível que parece enxergar a beleza verdadeira naquilo que muitos consideram trivial ou insignificante. Continuamos conversando naturalmente e, ao passar das horas, sinto uma conexão inexplicável e poderosa crescendo entre nós, algo que vai além das palavras.

Nos dias que se seguiram, comecei a receber visitas cada vez mais frequentes de Victor, e nos encontramos sempre aqui no jardim, entre as rosas e os jasmins. Sei perfeitamente que isso é arriscado, que os olhos vigilantes do castelo estão sempre atentos a cada movimento meu, ainda mais depois que papai deixou claro que estou prometida a alguém que ele se recusa a nomear. Claro que cresci ouvindo que me casaria com um príncipe e que, quando completei dezessete anos, foi oficializado o contrato do casamento. Mas há algo magnético em Victor que me puxa irresistivelmente para ele. Ele não é como os outros nobres vazios que conheço - fala com verdadeira paixão sobre suas flores, seus sonhos de um reino melhor, seus ideais. E o modo intenso como ele me olha, como se estivesse me vendo de verdade... parece que vê algo precioso em mim que ninguém mais jamais viu... não sou apenas uma troca que eles acham justa, sou uma pessoa.

Nossas conversas logo mudam naturalmente de tom. Não falamos mais apenas sobre plantas e jardins, mas também sobre nossos desejos mais profundos, nossos medos secretos e o futuro incerto que sonhamos construir. Cada encontro é progressivamente mais intenso e íntimo, e sinto claramente que algo poderoso cresce entre nós, algo que vai muito além das palavras trocadas.

Já se passaram longos meses desde nosso primeiro encontro. Meu pai disse recentemente que está apenas esperando o homem misterioso a quem estou prometida voltar para sua terra natal, para que finalmente eu o conheça e aceite meu destino. Claro que perguntei insistentemente quem é esse homem, mas não obtive resposta alguma, apenas evasivas irritantes. Assim como também falei abertamente que não queria me casar com o tal desconhecido, pois estava genuinamente interessada em outra pessoa, em alguém que realmente me conhecia. Papai, como sempre inflexível, disse friamente que era para eu tirar essa ideia absurda da cabeça imediatamente e pensar apenas em meu futuro marido arranjado.

"Mas como pensar em alguém que nem sequer vi" Essa pergunta angustiante paira constantemente sobre minha cabeça, apesar de Victor ser o único homem que visita meus dias e rodeia completamente meus pensamentos, acordada ou sonhando.

Saí cedo de casa hoje, antes que alguém pudesse me questionar, e fui diretamente para a clareira secreta, onde Victor descobriu que é meu refúgio particular. Agora, nos encontramos ali com frequência, rindo juntos de algo bobo que ele disse, quando, de repente, ele para abruptamente e me encara com seriedade, seus olhos profundos e penetrantes fixos intensamente nos meus. O silêncio repentino entre nós é denso, cheio de expectativa palpável. Então, ele se inclina devagar, com cuidado extremo, como se pedisse permissão silenciosa, e seus lábios finalmente tocam os meus - suaves, quentes e perfeitos.

Meu coração dispara violentamente no peito. É o nosso primeiro beijo, o momento que muda tudo. O mundo inteiro parece parar de girar, e, naquele instante suspenso no tempo, percebo com clareza absoluta que já não posso mais fugir do que sinto tão profundamente e muito menos me casar com quem não está constantemente em meus pensamentos e, principalmente, firmemente enraizado em meu coração.

            
            

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