Ele era o Subchefe do Sindicato Valenti, os rivais jurados da família Moretti, e entrar com ele era o mesmo que declarar guerra.
Ele era letal. Não da maneira barulhenta e impetuosa da minha família, mas da maneira silenciosa de um coração parado.
Ele era um fantasma na máquina, um homem que matava com tecnologia tão facilmente quanto com uma arma.
Ele olhou para mim, seus olhos escuros indecifráveis.
"Você está linda", disse ele, sua voz um ronco baixo. "Linda como uma guerra."
"Obrigada por me acompanhar", respondi, apertando meu aperto em seu braço.
"É um prazer irritar Dante", Luca sorriu, um brilho perigoso em seus olhos.
Entramos no salão de baile.
A sala ficou em silêncio. A música pareceu vacilar; o tilintar das taças de champanhe cessou.
Cabeças se viraram. Pescoços se esticaram.
Sussurros irromperam como fogo selvagem, correndo de mesa em mesa.
A Princesa Moretti com o Lobo Valenti?
Sentamos em uma mesa diretamente oposta a Dante.
Dante estava lá com Livia.
Livia usava branco, tentando parecer inocente, como um cordeiro sacrificial inconsciente do abate.
Dante me viu.
Seus olhos foram para a mão de Luca, que repousava possessivamente nas costas da minha cadeira. O ar entre nossas mesas crepitou com violência súbita.
O maxilar de Dante se contraiu. Um músculo se moveu em sua bochecha.
Ele parecia querer assassinar alguém.
Bom.
O Leiloeiro subiu ao pódio, alheio à tensão espessa o suficiente para sufocar.
"Senhoras e Senhores", ele anunciou. "Nosso item final esta noite. O colar de Diamante Azul. A lenda diz que traz sorte eterna às uniões."
Uma tela exibiu o colar. Era uma lágrima de oceano congelado, brilhando sob as luzes.
Era deslumbrante.
Livia ofegou, sua mão voando para a garganta.
"Dante", ela sussurrou, alto o suficiente para que o silêncio levasse sua voz até nossa mesa. "É perfeito para uma Rainha."
Dante olhou para mim. Seu olhar era pesado, desafiador.
Ele queria marcar seu território.
"Quinhentos mil", Dante deu o lance, sua voz cortando a sala.
Levantei minha placa sem hesitação.
"Seiscentos mil", eu disse calmamente.
Dante me fuzilou com o olhar.
"Setecentos", ele latiu.
"Oitocentos", eu contrapus.
Livia puxou a manga de Dante, sua fachada de elegância escorregando.
"Eu quero", ela choramingou.
Dante olhou para Luca, que estava sorrindo para mim como se eu fosse a única mulher no mundo.
O ego de Dante não aguentou. Ele não suportava ver outro homem desfrutar do que ele havia descartado.
"Um milhão de reais", Dante gritou.
A sala ofegou.
Levantei minha placa novamente, meu coração martelando contra minhas costelas.
"Um milhão e cem", eu disse.
Dante não levantou sua placa. Em vez disso, ele pegou seu celular.
Ele tocou na tela uma vez. Duas vezes.
Meu celular vibrou na minha bolsa.
Eu olhei.
Alerta: Conta Bancária Congelada. Autorização: Don Dante Moretti.
Encarei a tela, o sangue sumindo do meu rosto.
Ele me cortou.
Ele estava usando seu controle sobre as contas conjuntas da família para me silenciar, para me lembrar que em seu mundo, as mulheres só eram poderosas se ele permitisse.
"Você tem um lance, Signorina?", o Leiloeiro perguntou, sua testa franzida.
Olhei para Dante.
Ele estava sorrindo. Era uma torção cruel e triunfante dos lábios.
Ele ergueu o celular, mostrando-me o aplicativo do banco exibido em sua tela.
Ele havia vencido.
Ou assim ele pensava.
"Sem lance", eu disse suavemente, abaixando a placa.
"Vendido!", o Leiloeiro gritou. "Para Don Dante!"
Dante se levantou, a arrogância irradiando dele em ondas.
Ele pegou a caixa do colar.
Ele não olhou para mim.
Ele se virou para Livia e prendeu os diamantes em seu pescoço.
"Joias pertencem àqueles que brilham", ele anunciou para a sala, sua voz ressoando com falsa magnanimidade.
Livia sorriu, tocando os diamantes como se fossem uma relíquia sagrada.
Ela olhou para mim com triunfo.
Eu me levantei. A dor subiu pela minha perna, mas forcei um sorriso no rosto.
Caminhei até a mesa deles.
Luca estava logo atrás de mim, uma sombra silenciosa prometendo retribuição.
"Combina com você, Livia", eu disse, minha voz doce como mel envenenado.
Seu sorriso vacilou com meu tom.
"Parece exatamente uma coleira de cachorro", eu disse, inclinando-me para perto. "Certifique-se de obedecer quando ele chamar."
As pessoas nas mesas próximas ofegaram.
O rosto de Livia ficou vermelho, chocando-se violentamente com os diamantes.
Dante deu um passo à frente, pairando sobre mim.
"Cuidado com a boca", ele avisou, sua voz um rosnado baixo.
"Ou o quê?", perguntei, inclinando a cabeça. "Você vai cortar meus freios da próxima vez em vez do meu cabo da academia?"
Dante congelou. A cor sumiu de seu rosto.
Virei-me para Luca.
"Leve-me para casa", eu disse.
"Com prazer", disse Luca, oferecendo-me seu braço.
Saímos para o ar fresco da noite.
"Isso foi impressionante", disse Luca.
"Não foi o suficiente", eu disse, balançando a cabeça. "Ele me humilhou."
"Ele cavou a própria cova", Luca corrigiu, abrindo a porta do carro para mim. "Ele acabou de mostrar ao mundo que abusa de seu poder para fins mesquinhos."
Ele fez uma pausa, sua mão repousando na moldura da porta.
"Eu posso te ajudar", disse Luca. "Posso te ajudar a comprar o reino dele por baixo dos panos."
Olhei para o herdeiro Valenti. Vi o perigo em seus olhos e a oportunidade.
"Qual é o preço?", perguntei.
"Tudo", disse Luca, seu olhar intenso. "Queime-o até o chão. Construa algo novo comigo."
Olhei de volta para o hotel.
Vi Dante nos observando da varanda, uma silhueta contra a luz.
"Fechado", eu disse.