Desmascarando Suas Mentiras, Incendiando Seu Império
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Capítulo 2

Ponto de Vista: Ana Luísa Martins

O barulho do bistrô movimentado era uma distração bem-vinda do silêncio zumbidor dos meus próprios pensamentos. Helena me olhava com olhos arregalados e incrédulos do outro lado da pequena mesa. Fazia meses que eu não saía para jantar com ela. Eduardo sempre tinha uma desculpa.

"Você quer me dizer", Helena começou, sua voz um rosnado baixo, "que ele te deixou no seu décimo aniversário para ir consolar aquela... aluna?"

Tomei um gole do meu vinho, a amargura um conforto familiar. "É mais ou menos isso."

Helena bateu o garfo na mesa. "Inacreditável! Depois de tudo que você fez por ele! Desistir do seu emprego incrível em tecnologia, aceitar aquele cargo administrativo chato só para que ele pudesse se concentrar em sua 'brilhante carreira acadêmica'!"

Ela estava certa. Eu tinha sacrificado tudo pelo sonho dele. Minha carreira promissora, minha ambição, minha própria identidade. Fiz isso porque o amava, porque acreditava em nós. Acreditava nele. Agora, eu me sentia... uma tola.

"Eu vou lá e vou falar umas verdades para ele!", declarou Helena, empurrando a cadeira para trás.

Estendi a mão sobre a mesa, segurando seu braço. "Não, você não vai." Minha voz estava calma, quase desprovida de emoção.

Ela me encarou, confusa. "Ana, ele é um narcisista! Um gaslighter, hipócrita... um cafajeste! Você não pode simplesmente deixá-lo sair impune!"

"Ele não vale a pena, Lena", eu disse, e a verdade disso se aprofundou em meus ossos. "Ele não vale outra lágrima, outra discussão, nem mais um pingo da minha energia."

A raiva de Helena se transformou em preocupação. "Eu ainda me sinto responsável. Eu recomendei a Bia para aquela bolsa. Pensei que estava ajudando uma aluna brilhante e carente. Nunca imaginei..."

"Não é sua culpa", interrompi gentilmente. "Eduardo teria encontrado outra pessoa. Nunca foi sobre a Bia. Foi sobre ele."

Ela estudou meu rosto, sua expressão indecifrável. "Você está diferente, Ana. Seus olhos... estão claros."

Eu assenti lentamente. "Acho que sim. Acho que finalmente vejo as coisas como elas realmente são." A verdade era que o amor que eu sentia por Eduardo havia evaporado. Não restava nada além de um espaço frio e vazio.

Era tarde quando finalmente cheguei em casa. As luzes da rua projetavam sombras longas e sinistras. Um nó se apertou no meu estômago. Eu sabia que ele estaria esperando.

No momento em que abri a porta, um silêncio pesado me envolveu. Eduardo estava sentado no sofá, banhado pelo brilho da tela do celular, seu rosto uma máscara de acusação sombria. O ar crepitava com uma tensão não dita.

"Onde você estava?", ele exigiu, sua voz baixa e perigosa. "Eu te liguei uma dúzia de vezes."

Tirei meu celular da bolsa. A tela mostrava uma enxurrada de chamadas perdidas e mensagens dele. Eu nem tinha notado vibrar na minha bolsa. Eu não queria ter notado.

"Meu celular estava no silencioso", respondi, minha voz firme. "Eu estava com a Helena."

Ele se levantou, pairando sobre mim. "Helena? Sério? A essa hora? O que vocês estavam fazendo, afogando as mágoas?" Seus olhos se estreitaram. "Você estava bebendo?"

Encarei seu olhar de frente. "E se eu estivesse?"

Ele zombou. "Você sabe como fica imprudente quando bebe. E quem mais estava lá? Foi aquele colega que fez papel de bobo na semana passada?"

Senti uma onda de fúria fria. Ele estava projetando sua própria culpa em mim. A hipocrisia era sufocante.

"Você me informou sobre seu paradeiro, Eduardo?", retruquei, minha voz subindo um pouco. "Você me disse o que estava fazendo com a Bia a noite toda? Ou esse privilégio é reservado apenas para mim?"

Ele vacilou, seu rosto empalidecendo. Mas antes que pudesse responder, passei por ele e fui para o quarto. Eu só queria escapar de sua toxicidade.

Quando cheguei perto da cama, um movimento súbito no travesseiro me fez pular. Uma criatura pequena e peluda se debateu nos lençóis. Eu ofeguei, tropeçando para trás. Era um porquinho-da-índia. Um porquinho-da-índia muito pequeno e muito assustado.

Antes que eu pudesse reagir, ele correu em minha direção, suas pequenas garras arranhando minha perna. Uma picada aguda, e então uma fina linha de sangue apareceu.

Eduardo entrou correndo, sua voz cheia de pânico. "O que aconteceu?!" Ele viu o porquinho-da-índia, depois minha perna sangrando. Seus olhos se arregalaram. Ele rapidamente pegou a criatura, embalando-a defensivamente. "É da Bia. Ela o deixou aqui mais cedo. Ele deve ter saído da gaiola."

Bia. De novo. Os arranhões queimavam, mas a traição doía mais.

"Você deixou um porquinho-da-índia entrar no nosso apartamento?", perguntei, minha voz mal um sussurro. "Eduardo, eu sou alérgica a pelos de animais. Você sabe disso. Tive que doar a Mimi, minha gata, quando nos mudamos para cá por causa das suas alergias."

Ele fez uma careta. "É diferente. Isso é um porquinho-da-índia, não um gato. E a Bia precisava de alguém para cuidar dele. Ela estava muito chateada."

Chateada? E eu? E a minha segurança? Meu bem-estar?

"Acho que preciso de uma vacina antitetânica agora", eu disse, virando-me para longe dele.

Ele colocou o porquinho-da-índia de volta na gaiola, um lampejo de culpa cruzando seu rosto. "Eu te levo. Agora mesmo."

Nesse momento, seu celular tocou. Ele olhou para a tela, depois para mim, com uma expressão preocupada no rosto. "É a Bia de novo. Ela está muito angustiada."

Meu peito se apertou. Ele nem precisava dizer. Eu já sabia sua escolha.

"Vá", eu disse, minha voz plana, desprovida de qualquer calor. "Vá consolar ela, Eduardo. Você claramente é melhor nisso do que em ser um parceiro."

Ele hesitou por um segundo, depois pegou as chaves. "Eu volto assim que puder, prometo. Apenas espere aqui." Ele me olhou, um apelo desesperado em seus olhos.

Eu o observei ir, a imagem de suas costas se afastando um lembrete gritante de todas as outras vezes que ele escolheu alguém ou outra coisa em vez de mim. Eu sabia, com uma certeza arrepiante, que ele não voltaria esta noite. Ele não se importaria.

            
            

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