Desmascarando Suas Mentiras, Incendiando Seu Império
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Capítulo 3

Ponto de Vista: Ana Luísa Martins

Lembrei-me do dia em que pedi demissão da empresa de tecnologia. Eduardo havia pintado um quadro de uma vida doméstica serena e solidária, onde eu administraria nossos assuntos e ele conquistaria o mundo literário. Ele chamou isso de nossa "sinergia de casal poderoso". Eu chamei de uma gaiola dourada. Ele só queria uma base estável e segura. Ele disse que meu trabalho de alto estresse o estava distraindo. Eu acreditei nele. Eu o amava.

Então, aceitei o emprego administrativo na universidade que ele encontrou para mim. Era perto do escritório dele, de baixa pressão e, o mais importante, me permitia estar disponível para ele.

A ironia não me escapou. Agora, meu trabalho muitas vezes significava que eu cruzava com ele no campus, navegando pela regra não dita de que devíamos agir como conhecidos educados. Ele insistia nisso. Dizia que evitaria "fofocas desnecessárias" sobre um professor namorando uma funcionária administrativa. Eu vi o que era: ele tinha vergonha de mim, ou, no mínimo, vergonha de nós.

Hoje, eu precisava da assinatura dele em um pedido de bolsa. O celular dele ia direto para a caixa postal, e minhas mensagens não eram lidas. Isso era um comportamento típico do Eduardo. Então, caminhei até o escritório dele, um nó de pavor se apertando no meu estômago.

Do lado de fora de sua porta, uma pequena fila de alunos esperava. Reconheci alguns, com os olhos grudados em seus celulares, outros segurando nervosamente livros didáticos. Suspirei, tomando meu lugar no final da fila.

Ele costumava me dizer que seu horário de atendimento era sagrado, dedicado exclusivamente ao crescimento intelectual de seus alunos. "Sem distrações, Ana", ele dizia, "nem mesmo de você."

Nesse momento, a porta do escritório se abriu. Bia surgiu, o cabelo perfeitamente despenteado, um sorriso tímido brincando em seus lábios. Ela praticamente flutuou passando pelos alunos que esperavam, que resmungaram baixinho.

"Algumas pessoas simplesmente recebem tratamento especial", ouvi um aluno sussurrar, alto o suficiente para eu ouvir. "O professor Monteiro sempre tem tempo para a Bia. Ela praticamente mora no escritório dele."

A porta se fechou atrás dela, abafando os sons abafados de dentro. Meu estômago se contraiu. Não era apenas fofoca. Era verdade. Eu sabia no fundo da minha alma, em cada chamada ignorada, cada olhar distante, cada nova preferência que ele desenvolvera de repente.

Pensei em todas as horas que passei esperando por ele, por sua atenção, por apenas um fragmento do homem que eu pensava conhecer. Senti uma profunda autopiedade, depois uma onda de raiva. Como pude ser tão cega? Tão tola?

Alguns minutos depois, a porta se reabriu. Eduardo estava lá, parecendo perfeitamente composto, uma pilha de papéis na mão. Ele olhou para os alunos que esperavam, então seus olhos pousaram em mim. Sua expressão era indecifrável.

Dei um passo à frente. "Eduardo, preciso da sua assinatura no pedido da bolsa Calloway. O prazo é até as cinco."

Ele assentiu secamente. "Entre."

Eu o segui para dentro de seu escritório. Ele se sentou atrás de sua mesa, gesticulando para que eu colocasse os papéis. Enquanto eu fazia isso, ele se inclinou, sua voz baixa. "Tente não deixar ninguém nos ver saindo juntos. Aparências, você sabe."

Meu coração endureceu. Aparências. Sempre aparências. Para ele, elas importavam mais do que a realidade. Mais do que nós.

Saí de seu escritório, o pedido de bolsa agora assinado, minha mão um pouco mais firme do que estava ao entrar. Toda a troca pareceu um pesadelo. Eu era sua secretária glorificada, um segredinho sujo que ele mantinha escondido.

A confraternização do corpo docente naquela noite foi igualmente dolorosa. Meu trabalho exigia que eu estivesse lá, socializando, garantindo que tudo corresse bem. Eduardo, por outro lado, estava lá para brilhar.

Eu o observei do outro lado da sala lotada, seu sorriso carismático cativando um círculo de professores mais jovens. Bia estava ao seu lado, pendurada em cada palavra dele, sua adoração irradiando como um farol.

Eu me movi pela sala, recolhendo copos vazios, conversando fiado, fazendo meu trabalho. Ao passar por um salão privado mal iluminado, ouvi risadas estrondosas saindo. Os sons de uma festa, uma celebração.

A curiosidade, ou talvez o masoquismo, me puxou para mais perto. Espiei lá dentro. Eduardo, cercado por um grupo de seus alunos mais favorecidos e alguns professores juniores, estava no centro das atenções. E bem ao lado dele, rindo, estava Bia.

"Professor Monteiro, à sua pesquisa inovadora!", um aluno brindou, levantando um copo.

"E à Bia, por ser uma musa tão inspiradora!", outro acrescentou, piscando para ela.

Bia corou, piscando os cílios para Eduardo. "Ah, parem com isso, gente."

Eduardo riu, seu braço casualmente apoiado no ombro de Bia. Então, alguém gritou: "Um brinde! Ao nosso professor favorito e sua aluna favorita! Bebam, vocês dois!"

Bia pegou um copo. "Professor, você fará as honras?", ela perguntou, sua voz doce como mel.

"Claro, minha querida", respondeu Eduardo, seus olhos brilhando.

"Um brinde ao futuro!", alguém gritou. "E um brinde a... um brinde cruzado!"

A sala explodiu em aplausos. Eduardo e Bia se olharam, então, com uma hesitação quase imperceptível de Eduardo, eles entrelaçaram os braços, seus copos tilintando. Enquanto bebiam, seus olhos se encontraram e, então, em um movimento lento e agonizante, seus lábios se roçaram. Um beijo compartilhado e íntimo.

Minha respiração falhou. O mundo inclinou. Uma sensação aguda e ardente se espalhou pelo meu peito, queimando meus pulmões.

Então, alguém olhou para cima, seus olhos encontrando os meus. As risadas morreram instantaneamente. Um silêncio caiu sobre a sala. Eduardo, com os olhos ainda em Bia, virou lentamente a cabeça. Seu olhar pousou em mim, arregalado de surpresa, depois um lampejo de pânico.

Ele começou a se mover, um passo em minha direção. Mas Bia, ainda agarrada ao seu braço, o puxou de volta. Ela me olhou, um sorriso triunfante brincando em seus lábios, depois apertou o braço de Eduardo possessivamente.

Meu celular vibrou na minha mão. Uma mensagem de Eduardo. *Ana, não é o que parece. Foi só uma brincadeira boba. Por favor, me deixe explicar.*

Olhei para as palavras, depois para ele, parado ali com ela. A explicação já estava pintada em seu rosto. Fechei os olhos, uma única lágrima traçando um caminho pelo meu rosto. Então, calmamente, pressionei o botão de desligar do meu celular, mergulhando a tela na escuridão.

            
            

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