Meu Aniversário, A Esposa Secreta Dele
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Capítulo 2

Ponto de Vista de Alice:

A risadinha reverberou na minha cabeça, um eco cruel que me congelou por inteiro. Olhei para o meu celular, entorpecida, e disquei freneticamente o número de Caio de novo. Chamou, chamou, e foi direto para a caixa postal.

Meu peito se apertou, um peso esmagador. Meu coração martelava, uma batida frenética contra minhas costelas. Uma dor aguda e lancinante atravessou meu baixo ventre. Arfei, dobrando-me. Não, agora não. Isso não.

Minhas pernas cederam. Caí no chão, meu celular batendo ao meu lado. A dor se intensificou, uma sensação implacável de rasgo. Tentei me levantar, mas meu corpo não obedecia. Pontos pretos dançavam diante dos meus olhos. Tudo em que eu conseguia pensar era no meu bebê. Meu precioso bebê.

Com uma onda desesperada de adrenalina, rastejei em direção à porta, meus dedos procurando minhas chaves. Eu tinha que ir para o hospital. Agora.

As horas seguintes foram um borrão de dor ofuscante e vozes frenéticas. Lembro-me de ser levada por corredores iluminados, da eficiência fria da sala de emergência. Meus dedos ainda agarravam meu celular, tentando repetidamente o número de Caio, cada tentativa recebida com silêncio. Onde ele estava?

"Alice? Alice Moura?" Uma voz familiar rompeu a névoa.

Pisquei, tentando focar. Um rosto gentil, emoldurado por cabelos escuros e olhos suaves, olhava para mim. Dr. Breno Dantas. Meu amigo do colégio. Ele parecia mais velho, mais cansado, mas ainda tinha aquela mesma presença tranquilizadora.

"Breno?" Minha voz era um sussurro rouco.

Ele apertou minha mão. "Sou eu. O que aconteceu, Alice? Você está com muita dor."

Eu não conseguia formar as palavras. A dor era avassaladora demais.

Ele assentiu, já entendendo. Olhou para o meu prontuário, a testa franzida. "Estamos fazendo tudo o que podemos. Há um risco de aborto espontâneo, Alice."

As palavras me atingiram como um golpe físico. Aborto espontâneo. Não. Meu bebê não.

Lágrimas escorriam pelo meu rosto, silenciosas e quentes. Breno me entregou um lenço, seu toque gentil. Ele prescreveu algo para a dor, sua voz suave, explicando o que estava acontecendo.

"Onde está... o Caio?", ele perguntou, seu olhar inquisidor.

Eu apenas balancei a cabeça, incapaz de falar. A humilhação queimava mais forte que a dor.

Breno não insistiu. Ele apenas apertou minha mão novamente. "Tudo bem. Nós vamos cuidar de você. Eu estou aqui."

Enquanto eu estava sendo lentamente liberada, ainda fraca e entorpecida, um carro cantou pneu na entrada da emergência. A porta se abriu e Caio saiu correndo, seu rosto uma máscara de preocupação fabricada.

"Alice! Amor, me desculpe! Acabei de ver suas mensagens. Como está o bebê? Está tudo bem?" Ele me envolveu em um abraço apertado, seu hálito com um leve cheiro de perfume barato.

Eu enrijeci, afastando-o um pouco. Meu olhar caiu sobre sua camisa branca impecável. Uma mancha rosa borrada no colarinho dele. Batom.

Meu sangue virou gelo. O tom favorito da Kaila.

"Onde você estava?" Minha voz era perigosamente baixa, carregada de um veneno que eu não sabia que possuía.

Seus olhos se desviaram, seu rosto empalidecendo. "Eu te disse, amor. Uma reunião de emergência. Muito importante para a empresa."

"Ah, uma reunião de emergência." Eu ri, um som áspero e frágil. "Foi com a Kaila? Você teve que beijá-la para fechar o negócio?"

Sua mandíbula se contraiu. "Do que você está falando? Você está delirando de dor? Você não está fazendo sentido."

Agarrei seu colarinho, meus dedos tremendo enquanto apontavam para a mancha rosa. "Disso. É disso que estou falando. E disso." Tirei meu celular, o vídeo de aniversário de Kaila já na tela. Enfiei na cara dele.

Ele recuou, os olhos arregalados. "Quem é essa? Eu não a conheço. Talvez alguém com o mesmo nome?"

Suas palavras eram uma mentira patética. Enquanto ele falava, a própria Kaila Mendes apareceu na entrada do hospital, um sorriso radiante no rosto. Ela segurava uma pequena caixa de bolo elegantemente embrulhada. Nossos olhos se encontraram. O sorriso dela se transformou em um sorriso triunfante.

"Feliz aniversário, querido!", ela cantou, caminhando em nossa direção. "Eu sei que você disse para mantermos segredo, mas eu simplesmente tinha que te trazer um presentinho." Ela estendeu a caixa de bolo.

Os olhos de Caio se arregalaram de horror. Ele arrancou a caixa de bolo, empurrando-a bruscamente de volta para ela. "Kaila! O que você está fazendo aqui?" Sua voz era um sussurro áspero, carregado de pânico mal disfarçado.

Os olhos de Kaila se encheram de lágrimas, seu lábio inferior tremendo. Ela parecia uma corça ferida. "Caio, por que você está tão bravo? É o nosso dia especial."

"Seu dia especial?" Dei um passo à frente, minha voz se elevando. "Kaila Mendes, a garota que mandava cartas de amor para o meu namorado por anos? Aquela que declarava publicamente seu amor por Caio Borges em todos os eventos da escola, mesmo quando ele estava de mãos dadas comigo?"

Caio se virou para mim, seus olhos em chamas. "Alice, para! Você está histérica. Você está grávida, seus hormônios estão-"

Minha mão acertou em cheio seu rosto com um tapa retumbante. O som estalou no ar estéril do hospital. Então, com toda a força que me restava, tirei minha "certidão de casamento" da bolsa e a joguei nele. Ela flutuou até o chão, pousando a seus pés.

"Isto", eu gritei, as lágrimas finalmente embaçando minha visão. "Este pedaço de papel. É falso, não é? Nosso casamento. É uma mentira!"

            
            

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