Meu Aniversário, A Esposa Secreta Dele
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Capítulo 4

Ponto de Vista de Alice:

A internet explodiu. Não com a minha verdade, mas com a nova narrativa de Kaila. A influenciadora fitness, Kaila Mendes, sofrendo de uma doença rara e terminal, casada com o dedicado CEO de tecnologia, Caio Borges. Suas contas no TikTok, stories no Instagram, todas as plataformas estavam cheias de atualizações chorosas sobre sua "luta", intercaladas com posts de adoração a Caio, sua "rocha".

Os comentários eram esmagadoramente de apoio. "Que rainha corajosa!" "O Caio é um verdadeiro santo!" "A história de amor deles me dá esperança!"

Caio, inicialmente, parecia saborear a atenção. Ele estava conseguindo a "imagem pública perfeita" que sempre desejou. Mas à medida que a história ganhava mais tração, que os noticiários a pegavam, que a preocupação genuína com a "condição" de Kaila crescia, um lampejo de ansiedade começou a aparecer em seus olhos. A mentira estava ficando grande demais.

Ele chegou em casa alguns dias depois, com o rosto vermelho e furioso. Ele não se deu ao trabalho de ver como eu estava desde que me abandonou na garagem. Suas primeiras palavras não foram "Como você está?", mas um rosnado. "O que você fez, Alice?"

Olhei para ele sem expressão do sofá da sala. Meu corpo ainda doía, minha alma parecia oca, mas uma determinação fria e de aço havia começado a se endurecer dentro de mim.

"Fiz?" Minha voz era monótona.

"Toda essa bagunça", ele cuspiu, gesticulando descontroladamente. "A Kaila está sendo assediada. As pessoas estão fazendo perguntas demais sobre a 'doença' dela. Você precisa ir online, pedir desculpas a ela e esclarecer as coisas. Diga a todos que você estava confusa, que interpretou mal a situação."

Eu apenas o encarei. A pura audácia. "Por que você está tão preocupado, Caio? Sua esposa 'moribunda' não está recebendo simpatia suficiente?"

Sua mão voou, um borrão de movimento. O tapa acertou em cheio meu rosto, a força me jogando no chão de madeira. Minha cabeça bateu no chão com um baque surdo. Uma dor aguda e agonizante explodiu no meu abdômen.

Arfei, agarrando minha barriga, lágrimas brotando em meus olhos. O bebê. Meu bebê.

Caio ficou de pé sobre mim, seu peito arfando. Seu choque inicial por me bater evaporou rapidamente, substituído por um olhar frio e duro. "Você me fez fazer isso", ele rosnou. "Você me leva ao limite. Você precisava aprender uma lição."

Ele se virou, bateu a porta e saiu. De novo.

Fiquei ali pelo que pareceu uma eternidade, a dor um inferno ardente. O suor frio grudou meu cabelo na testa. Meus dedos procuraram meu celular, o número de Clara um farol na escuridão. "Clara... hospital... por favor..." Minha voz era quase um sussurro antes que a escuridão me consumisse.

Acordei em uma cama de hospital, o cheiro estéril queimando minhas narinas. Breno estava lá, seu rosto gravado de preocupação. Minha mão instintivamente foi para minha barriga. Estava lisa. Vazia. A percepção esmagadora me atingiu como um maremoto. Meu bebê tinha ido embora.

Eu nem conseguia chorar. Não havia mais lágrimas. Apenas um vazio vasto e doloroso.

"Alice", a voz de Breno era gentil, "seus pais estão a caminho. Eles... eles viram as notícias."

Notícias? Que notícias?

Ele me entregou o celular dele. Um comunicado público da empresa de Caio. Era curto, brutal e condenatório. Apresentava uma imagem cristalina da certidão de casamento real de Caio e Kaila. O comunicado declarava Kaila Mendes como "a única e legítima esposa de Caio Borges", condenando "rumores maliciosos recentes" e ameaçando "ação legal completa contra qualquer indivíduo ou entidade que espalhe calúnias".

A internet, previsivelmente, engoliu tudo. Caio, o marido dedicado, ao lado de sua esposa terminalmente doente. As ações de sua empresa até subiram. Ele interpretou a vítima perfeitamente.

Então, uma live de Kaila. Seu rosto estava pálido, seus olhos vermelhos, mas ela conseguiu parecer etérea. Ela enxugava os olhos, a voz trêmula. "Eu não entendo por que alguém faria isso", ela soluçou. "Por que alguém tentaria destruir nossa felicidade, especialmente agora? Ela tem nos assediado, enviado mensagens de ódio, até mesmo comprado bots para espalhar rumores." Ela olhou diretamente para a câmera, sua voz endurecendo um pouco. "Por favor, não acreditem nas mentiras dela. Não deixem que ela os manipule."

Os comentários inundaram, venenosos e rápidos. "Essa amante é uma psicopata!" "Que tipo de mulher tenta destruir o casamento de uma mulher moribunda?" Alice Moura não era mais a esposa traída; ela era a vilã, a "outra", a destruidora de lares.

Um fogo feroz e frio se acendeu em meu peito. O último resquício de esperança, a última lasca de crença ingênua de que Caio poderia de alguma forma ser redimível, evaporou no ar. Ele não apenas me traiu, mentiu para mim, mas ele me destruiu ativamente, me humilhou e tirou meu filho.

"Alice!" Clara invadiu o quarto, seus olhos vermelhos, mas seu rosto determinado. Ela me abraçou, me segurando com força. "Eu cuidei dos seus pais. Eles estão com os pais do Breno, se instalando no quarto de hóspedes. Não se preocupe com nada. Apenas descanse."

Eu a afastei gentilmente. "Descansar? Ainda não, Clara."

Olhei para minha melhor amiga, seu rosto uma tempestade de raiva e preocupação. "Me dê seu celular. Preciso fazer uma live."

Clara olhou, chocada, mas rapidamente obedeceu. Ela mexeu nas configurações, ajustou os filtros, mas nem o filtro mais forte conseguia esconder a magreza do meu rosto, as olheiras escuras, a dor crua que roía minha alma.

"Não", eu disse, minha voz surpreendentemente firme. "Desligue-os. Todos eles."

Clara hesitou, depois desligou os filtros. Meu rosto, pálido e abatido, encheu a tela. Minha melhor amiga fez uma careta, seus olhos se enchendo de pena. Mas eu não me importava. Esta era eu, a verdadeira eu. Quebrada, mas não derrotada.

A live começou. O número de espectadores começou a subir lentamente. Respirei fundo, olhando diretamente para a câmera.

"Olá", eu disse, minha voz rouca, mas clara. "Meu nome é Alice Moura. E, segundo a internet, eu sou a amante."

                         

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