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Votos Rompidos, A Vingança de um Cientista
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Capítulo 3

Aurelia Monteiro POV:

O rosto presunçoso de Melissa, emoldurado pelo lenço caro, era a última coisa que eu queria ver. As bandagens novas na minha mão latejavam, um lembrete constante da brutalidade casual de Heitor, da malícia calculada dela.

"Dia ruim?" ecoei, minha voz plana, desprovida de emoção. "Você quer dizer o dia em que você me agrediu fisicamente e depois inventou uma doença conveniente para distrair o Heitor?"

Seu sorriso se alargou, um sorriso de víbora. "Oh, Aurelia. Você sempre foi tão dramática. Um pequeno acidente, só isso. Você é tão desajeitada." Ela gesticulou vagamente para minha mão enfaixada. "E, sério, aquelas amostras eram tão frágeis. Talvez você devesse considerar um campo de estudo menos... desafiador."

Suas palavras foram uma provocação deliberada, um desdém zombeteiro de toda a minha carreira. Meu sangue ferveu.

Ela se aproximou da entrada do prédio, seus olhos varrendo a fachada familiar do meu instituto de pesquisa, um brilho possessivo em suas profundezas. "O Heitor disse que terei acesso total ao seu laboratório agora. Ele acha que tenho uma 'perspectiva nova' sobre o seu trabalho."

Meu laboratório. O trabalho da minha vida. Sua "perspectiva nova" era um eufemismo para plágio.

"Você não vai durar uma semana", disse eu, minha voz baixa e perigosa. "Você é uma sanguessuga, Melissa. Você se alimenta do talento dos outros, mas não tem nenhum."

Seus olhos brilharam de raiva, mas ela rapidamente a mascarou com sua fachada usual de doce inocência. "Oh, Aurelia, isso é tão cruel! Eu só estou tentando ajudar o Heitor. Ele tem estado sob tanto estresse por sua causa." Ela piscou os cílios, uma performance digna de um Oscar. "Ele disse que vai me dar um cartão de acesso. Para agilizar meu trabalho."

Minha respiração engatou. Um cartão de acesso. Acesso total. Heitor estava realmente queimando todas as pontes. Não havia mais volta.

"Vamos ver o quão 'prestativa' você pode ser, Melissa", murmurei, passando por ela. Eu cansei de seus joguinhos mentais mesquinhos.

Eu precisava ver meu laboratório. A destruição. Eu precisava encontrar uma maneira de salvar o que pudesse.

No momento em que entrei, o ar estéril, geralmente um conforto, parecia pesado de perda. Minha assistente, Dra. Lima, uma cientista brilhante mas tímida, correu em minha direção, seu rosto pálido de preocupação.

"Dra. Monteiro! Graças a Deus você está aqui!" ela exclamou, sua voz baixa. "É... é pior do que pensávamos."

Meu coração afundou. "O que aconteceu?"

"Melissa Sampaio... ela esteve aqui mais cedo", começou Dra. Lima, olhando nervosamente por cima do ombro. "Ela estava 'ajudando' na limpeza, conforme as ordens do Sr. Almeida. Mas então... ela derrubou o tanque principal de criogenia. Aquele com as amostras arquivadas."

Meu mundo ficou em silêncio. Amostras arquivadas. As insubstituíveis. As do tecido da minha mãe, da Clara. Anos de coleta meticulosa, perdidos.

"Como?" sussurrei, minha voz trêmula.

"Ela disse que tropeçou", murmurou Dra. Lima, torcendo as mãos. "Mas... foi tão deliberado. Ela estava usando aqueles saltos ridiculamente altos, e ela simplesmente... balançou o braço, e o tanque caiu com tudo."

Um som metálico e agudo ecoou da área principal do laboratório. Um alarme agudo soou, perfurando o silêncio. Vapores de nitrogênio líquido saíam do tanque de criogenia quebrado, uma nuvem branca fantasmagórica girando em torno das amostras arruinadas.

Melissa. Sua "ajuda". Sua "desajeitice".

Minha visão embaçou, não de lágrimas, mas de uma raiva ofuscante. "Saia, Melissa! " rugi, minha voz crua e gutural. "Saia do meu laboratório! Você é uma doença! Uma parasita!"

Heitor, que acabara de entrar no prédio, correu para frente, seu rosto marcado pela preocupação com Melissa. Ele instintivamente se colocou entre nós. Ele agarrou meu braço, seus dedos cravando em minha pele. "Aurelia! Pare com essa loucura! Você está perturbando a Mel!" Ele me empurrou, com força, enviando uma nova onda de agonia pela minha mão enfaixada.

Eu tropecei, um suspiro agudo escapando dos meus lábios enquanto a dor aumentava. O vaso em que quase caí antes arranhou meu braço, reabrindo a ferida. Minha cabeça latejava. Ele não se importava. Ele nunca se importou.

Ele se virou para Melissa, sua voz um bálsamo calmante. "Você está bem, querida? Não preste atenção nela. Ela está apenas... estressada."

Melissa, previsivelmente, desabou em lágrimas teatrais, agarrando o braço de Heitor. "Oh, Heitor! Ela é tão má! Eu só estava tentando ajudar! Ela sempre tem tanto ciúme de mim!"

Ciúme. A palavra foi uma faca no meu estômago.

Os olhos de Heitor, cheios de pena por Melissa, tornaram-se frios e duros ao encontrarem os meus. "Aurelia, já chega. A Mel é agora oficialmente a chefe da divisão de neuro-oncologia. Você vai respeitar a autoridade dela. E vai parar de assediá-la." Ele gesticulou para o laboratório em ruínas, para o tanque de criogenia quebrado, os vapores ondulantes, a perda irrecuperável. "Qualquer dano adicional a partir de agora será sua responsabilidade."

Minha respiração ficou presa na garganta. Chefe da divisão. Me substituindo. Depois de tudo isso.

A traição era um peso físico, esmagando-me sob sua imensa pressão. Ele me despojou do meu legado, aniquilou meu trabalho e, agora, estava me substituindo pela própria pessoa que havia orquestrado tudo.

"Heitor", sussurrei, minha voz trêmula, "esta pesquisa... é para as pessoas que estão sofrendo. É para as famílias que estão perdendo seus entes queridos. É pela Clara."

Ele me interrompeu, sua voz carregada de impaciência. "Eu não me importo com seus apegos emocionais, Aurelia. Isso é negócio. A Mel provou ser uma colega mais... maleável. E ela entende a necessidade de protocolos adequados." Ele olhou de forma pontual para a destruição. "Você, claramente, não."

"Você vai destruir anos de trabalho inestimável!" Minha voz estava embargada de desespero. "Você vai sacrificar inúmeras vidas por uma mulher manipuladora!"

Ele encontrou meu olhar, seus olhos desprovidos de calor. "Minha decisão é final. Ou você aceita a liderança da Mel, ou você vai embora."

Ir embora. Ele estava me dando um ultimato. Mas para onde eu poderia ir? Ele havia sistematicamente desmantelado minha carreira, minha reputação. Ele me isolou.

"E se eu for embora?" perguntei, minha voz quase inaudível.

Seus lábios se curvaram em um sorriso arrepiante. "Então você sai de mãos vazias, Aurelia. E eu vou garantir que nenhuma outra instituição toque em sua pesquisa 'contaminada'. Você será apagada da comunidade científica." Ele deu um passo mais perto, sua voz caindo para um sussurro ameaçador. "E o legado da sua irmã? Será verdadeiramente esquecido. A menos, é claro, que a Mel decida reivindicá-lo."

Meu sangue gelou. Ele faria isso. Ele era capaz de qualquer coisa. Ele me apagaria. E ele apagaria a Clara.

Uma determinação fria e dura se instalou em meu peito. Eu não o deixaria. Eu não o deixaria vencer. Eu não o deixaria apagar a memória de Clara.

"Tudo bem", disse eu, minha voz plana, desprovida de emoção. "Eu vou embora."

Seus olhos se arregalaram ligeiramente, um lampejo de surpresa, depois triunfo. "Uma decisão sábia, Aurelia. Talvez agora você finalmente aprenda seu lugar."

Mas eu vi o lampejo de outra coisa também, algo possessivo em seu olhar. Ele não queria que eu fosse embora de verdade. Ele me queria quebrada, subserviente.

"Apenas lembre-se para quem você trabalha agora, Aurelia", disse ele, sua voz uma ameaça baixa. "E não ouse tentar nada estúpido. Estarei observando cada movimento seu. E se você sequer respirar uma palavra sobre isso para alguém, farei com que se arrependa. Posso transformar sua vida em um inferno."

Meu coração batia forte, um tambor frenético contra minhas costelas. Um inferno. Ele já havia começado.

Antes que eu pudesse reagir, antes que pudesse sequer formular uma resposta, dois seguranças corpulentos apareceram do nada, agarrando meus braços. Eles me seguraram com um aperto de ferro, seus rostos impassíveis.

"Heitor!" gritei, lutando contra o aperto deles. "O que você está fazendo? Me solte!"

Ele me ignorou, seu olhar fixo em Melissa, que agora sorria docemente, a cabeça apoiada em seu ombro. Ele se virou, o braço em volta dela, e saiu do laboratório, deixando-me lutando no aperto dos guardas.

"Me soltem!" debati-me, minha mão enfaixada gritando em protesto. "Heitor! Você não pode fazer isso!"

Ele não olhou para trás. Ele apenas se afastou, com Melissa ao seu lado, deixando-me suspensa no ar, meus pés balançando, minha voz ecoando no laboratório vazio e em ruínas.

Meu coração se partiu.

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