/0/1942/coverbig.jpg?v=6bc3027004ba1926310220a80ad191db)
Havia um gosto amargo em sua boca e um aperto em seu peito. Estava com raiva, sentia vergonha, nojo e culpa, queria punir alguém.
Mas o toque daquele dedo, tão suave em seu rosto fez Ha-jun sentir algo diferente. Um calor, um acolhimento, a sensação de que poderia apagar o que ocorreu pouco tempo antes. Sentiu o calor do hálito da jovem quando ela entreabriu os lábios para retrucar. Um cheiro doce, de guloseimas, o envolveu e sem perceber, comprimiu os lábios contra os dela, tentando sobrepor o gosto amargo com aquele sabor doce.
Seu coração disparou quando, por um momento, as mãos dela pousaram sobre seus ombros, mas logo em seguida, sentiu um empurrão forte. Desequilibrando-se, caiu sentado enquanto via a moça correr o mais rápido que podia. Tocou o próprio lábio com os dedos, percebendo que o gosto de fel havia sumido, ficando apenas um sabor adocicado.
***
Nari correu, correu rápido e mais rápido, mesmo quando seu peito ardeu, ela ainda continuou correndo. Aquele menino bonito, mesmo menor do que ela, era intimidador.
Ela teve medo!
Chegando à casa dos Min, continuou correndo até entrar no cômodo que dividia com a senhora Choi. Sentou-se num canto e relembrou o beijo tomado. Mas não teve muito tempo, a senhora Choi, que provavelmente a vira correr pelo pátio, irrompeu no cômodo.
"Menina louca! Menina tola! Mestre Min o jovem mestre Do-yun esperam o chá! E você aqui, suada como um porco e descabelada como uma galinha!", puxando o braço de Nari. "Arrume-se, ou eu mesma te bato com a vara!".
A senhora Choi não sabia o que o mestre via naquela garota, ela era tão sem graça quanto um pato, os olhos eram redondos e escuros, os cabelos grossos, desciam em uma cascata rebelde, que quase nunca podia ser contida numa trança. Nem era muito bonita, mesmo que tivesse certo charme quando sorria, e sorria muito. Mas ele exigia que ela lhe servisse o chá, desde a morte da esposa, dois anos antes. A senhora Choi temia que o mestre estivesse esperando apenas Nari se tornar mulher, para fazer sua investida.
"Menina tola!", resmungou.
Nari não estava com vontade de discutir, apenas arrumou a roupa emaranhada e tentou ao máximo arrumar o cabelo, correu na cozinha e pegou a bandeja do chá, indo, então, servir o mestre no aposento.
A sua mente ainda estava presa ao menino que encontrara mais cedo, nos lábios ainda sentia o calor dos dele. Bateu à porta do mestre e entrou assim que lhe fora permitido.
Lorde Min observou a figura feminina se esgueirar pela porta, viu as bochechas coradas e a respiração ofegante. Perguntou-se se algum rapaz havia tentado colher o fruto que ele estava cultivando, aquilo o irritou, mas do que ter presenciado o seu próprio filho o envergonhar ao ceder ao charme de outro rapaz.
"Menina, aconteceu algo?", perguntou.
As mãos dela tremeram um pouco, o velho homem, viu o conteúdo da xícara tremer.
"Não, milorde Min. Apenas me distraí com os peixes do lago e atrasei-me", mais uma mentira, pensou.
"Estava no pavilhão?", perguntou o homem.
Do-yun, que até então estivera quieto, fez menção de falar, mas um gesto do pai o impediu.
"Sim, estive lá a tarde inteira!", Nari sorriu.
Com um gesto de cabeça, o homem assentiu, também sorrindo. Mais tarde pediria para seu homem de confiança descobrir onde a menina estivera, e com quem.
Qu