- Você ficou tão brava que acabou jogando sua bebida na minha cara e me empurrando de volta pra piscina...
Helena riu, jamais ia confessar que na verdade ficou mexida com a tatuagem e que fez a primeira coisa que passou em sua cabeça pra se livrar daquilo. - Mas a gente conversou no final...
Felipe quem riu dessa vez - Conversou? Você me chamou de motoqueiro maloqueiro!
- Você me chamou de riquinha mimada!
- Porque você é!
- Felipe...
- Tudo bem, não vamos discutir... - ele passou as mãos nos cabelos e Helena engoliu o vinho novamente. - Eu fiquei tão irritado com você, tanto, que não consegui pregar o olho naquela noite, e quando dormi seu rosto vinha nos meus sonhos, ate te encontrar de novo...
- Na festa do Rodrinho onde a gente discutiu de novo? Nossos amigos em comum são os piores possiveis...
- Eu tinha acabado de voltar do Rio de Janeiro, e eles achavam que meu odio por você era tesão reprimido...
- E no final era - Helena sorriu dando de ombros.
- Você tambem... - ele a olhou e então Helena o olhou de volta, ficaram daquela forma por um tempo ate ela suspirar.
- Mas nós brigavamos demais, com o tempo começamos a brigar mais ainda...
- Porque você é muito ciumenta Helena...
- E você é muito dado! Precisa mesmo ser simpatico com todo mundo, dar carona pra todo mundo naquela moto, ajudar todo mundo?
Felipe riu - Isso é ser solidario...
- Não quando ate sua ex você ajudava! Dar carona as 3 horas da manha depois de uma festa Felipe? Me poupe...
- Nós estavamos terminados nessa epoca...
- Não justifica! Nós tambem estavamos terminados quando eu fui pra casa da montanha com meus pais e a familia do Lucas e você apareceu la no outro dia fazendo o escandalo!
- Não foi escandalo, eu só tava... desesperado...
- Desesperado porque? Meus pais amam você! Ate ficaram no seu lado na briga! - Helena se levantou lembrando do acontecimento.
- Mas eu não queria o amor dos seus pais, queria o seu.
- Como se naquela época não tivesse sido!
Felipe levantou os olhos e então deu uma curta risada. A chuva ainda caia forte la fora, e eles estavam longe da cidade. - Quantas vezes nós terminamos Helena?
Ela deu de ombros com um bico nos labios. Umas 15 vezes? Ela não ia dizer em voz alta.
- Nós sempre voltamos... - ela sussurrou.
- Não dessa vez, dessa vez você ia se casar com outra pessoa...
Helena se virou o olhando, adrenalina passando por seu corpo - Para de me olhar assim!
- Assim como? - Felipe perguntou confuso.
- Como seu eu fosse tudo pra você!
Ele suspirou - Mas eu não sei te olhar de outra forma...
Helena deu uma risada ironica - Mas você não veio atras de mim, você me deixou ir embora...
- Helena...
- Eu não quero conversar mais, por favor. - disse passando a mão no nariz.
- Você quer que eu te leve embora?
- Não, ta chovendo muito, eu espero a chuva diminuir...
Felipe assentiu - Ainda tem algumas roupas suas na gaveta, se quiser tomar um banho...
- Ok - ela disse e Yooongi se levantou mostrando onde estavam as roupas. A mais nova foi ate o banheiro familiar,sentindo lagrimas queimarem seus olhos. Ela odiava Felipe. Odiava por estar sentindo aquilo tudo de novo. Odiava por estar naquela cabana ridicula que parecia seu lar.Mas ela se recusou a chorar. Não podia, não por eles, já tinha chorado muito por eles, e não tinha mais uma gota sequer pra derramar por Felipe. Ela se recusava a sofrer de novo pelo mesmo homem que sofreu por 3 anos.Quando saiu do banheiro viu que Felipe tinha arrumado uma cama improvisada no meio dos tapetes e almofadas e ele mesmo ja estava deitado entre elas, então ela entendeu que a cama era sua. - Bom mesmo você deixar a cama pra mim já que você me sequestrou. - disse bufando.
Felipe respirou fundo, não queria brigar, mas o tom de voz de Helena o tirava do sério - Eu não te sequestrei, perguntei se queria ir embora mais de 10 vezes.
- Mis di diz vizis - disse ironizando - ah ta, chovendo, como que eu ia embora seu idiota?
- Meu Deus Helena vai dormir, por favor.
- E se eu não quiser dormir?
Felipe rolou os olhos - Então não dorme, fica ai acordado a noite inteira, eu não ligo.
- Você rolou os olhos pra mim Felipe? - Helena disse mais brava dessa vez. - Você rolou?
- Pelo amor de Deus Helena, vai dormir! - Felipe estava quase cogitando ir dormir na chuva pra se livrar da presença da mais nova.
- Eu vou, mas é porque eu quero, não porque você ta mandando! - disse pisando duro e se jogando na cama, se cobrindo com a coberta.
O quarto e a sala eram separados apenas por uma estante de madeira, então, Felipe podia ver Helena pelas frestas. A luz da lua iluminava o ambiente, e depois de algumas horas sem conseguir pegar no sono ele escutou Helena gemer. A chuva tinha ficado mais forte, relampejava e os trovões estavam cada vez mais altos, e pelo que ele lembrava muito bem, Helena tinha pavor de chuva forte, não admitia, mas Felipe sabia, então a abraçava forte ate que o clima se acalmasse. Helena soltou mais um grunido e Felipe bufou, se levantando da cama improvisada e indo ate a cama no quarto. A mais nova estava com os olhos bem fechados e as mãos agarradas na coberta quando outro trovão ressoou e ela se encolheu inteira. Felipe se aproximou por tras, tinha certeza que Helena ja tinha notado sua presença, mas nao disse nada. E assim como nas outras tantas vezes ele passou a mão pelo seu braço, pra cima e pra baixo tentando o acalmar.
- Me solta Felipe - Helena disse baixinho.
Felipe a ignorou e outro trovão ressoou fazendo Helena se encolher e ir de encontro ao corpo do mais velho por tras. Ele a abraçou, passando as mão por sua cintura e Helena a agarrou. Ele sentia o cheiro do corpo da mais nova com seu sabonete e estava sendo uma tortura.Outro trovão foi ouvido e o relampago iluminou toda a cabana então Helena se virou, passando so braços pelos ombros de Felipe e enfiando o nariz em seu pescoço. Ela achava que a cabana era seu lar mas era mentira, ali, nos braços de Felipe era sua casa, onde ela pertencia.A chuva nem a incomodava mais sabendo que estava com os braços de Felipe a sua volta, sentindo seu cheiro, suas mãos a apertarem. Seu corpo foi relaxando mas seu coração foi apertando, e quando viu, as lagrimas que ela tanto tinha dito que não derramaria mais pelo ex estavam la.
- Calma - Felipe disse baixinho - Ja vai passar...
- Não vai passar - Helena disse fungando - Nunca vai passar...
Felipe suspirou, apertando mais o corpo de Helena ao seu, entendendo o que ela dizia nas entrelinhas. A mais nova o abraçava com braços e pernas, não querendo sair dali nunca mais.
E Felipe começou a desejar que tudo fosse mais simples. Que eles fossem mais tranquilos, mais parecidos um com o outro, que não brigassem tanto, que não se provocassem tanto...
Mas talvez se não fosse assim não seria eles. Se não fosse assim, explosivo e cheio de adrenalina, não se amariam tanto.
Porque Deus sabia o quanto amava Helena. E o quanto não queria deixa-la sair dali nunca mais.