/0/2194/coverbig.jpg?v=33cfdecc5dac83d7375fe83ea00582c8)
3
Capítulo 6 O conto

Capítulo 7 Você não mudou nada

Capítulo 8 Noite fria


/ 1

Oliver observou enquanto Lian tentava chamar um táxi.
Já estava muito tarde e lian parecia estar tendo dificuldade em achar algum disponível.
Oliver tentou negar de início, mas Lian insistiu para deixá-lo em casa.
Não queria dar mais trabalho para ele, sentia que já tinha roubado muito de seu tempo.
Ele parecia muito centrado no seu celular, vez ou outra ele dava um olhar na direção de Oliver para confirmar se o menor estava bem, e sorria. Mas logo voltava a mexer no celular. Oliver também tentava dar o seu melhor sorriso, ainda era muito difícil.
Suas sobrancelhas se encontravam franzidas e os lábios formando um leve bico.
Oliver não pode deixar de achar fofo, então assim era ele irritado?
Seu coração se aqueceu um pouquinho.
- Consegui! - Lian cortou o silêncio dando mini pulinhos.
Ele já estava tentando há um bom tempo, foi bom ver ele todo feliz e animado como uma criancinha.
- Vamos?
- Vamos.
Durante todo o trajeto, Lian segurou firmemente a mão de Oliver, que retribuiu com a mesma intensidade. eles não trocaram muitas palavras. As vezes seus joelhos se esbarrava um no outro, ou o ombro a coxa...
Resumindo, foi um desafio e tanto para Oliver não se grudar em Lian ali mesmo.
Quando o carro parou em frente a sua casa, Lian ainda segurava a sua mão. Ele parecia receoso de que se a soltasse ele não poderia encontrá-la novamente. Imagens de Oliver indo em direção a água ainda insistiam em vir a tona em sua cabeça.
O que teria acontecido se ele não estivesse ali naquele exato momento? Algum outro alguém teria aparecido para o ajudar?
Ele não gostava de pensar sobre isso, o que o confortava era saber que agora ele estava ali ao seu lado, a mão que ele segurava era a sua, Ele estava sendo aquecido por Lian, não congelado pelas águas.
Após um período de tempo Lian finalmente decidiu soltar a sua mão, seu estado agora com certeza não era de felicidade.
- Hum, então eu vou entrar.
Obrigado.
- Não durma tarde - disse.
- Certo.
- Se alimente bem, não fique comendo só besteiras.
- Tabom.
- Saia pra passear pela manhã, não fique só dentro de casa.
- Hum.
- Boa noite, Oliver.
- Boa noite, Lian.
Após o interrogatório, ele desceu do carro e foi em direção a sua casa.
No caminho ele ouviu Lian gritando com ele, se virou assustado.
- Me ligue se precisar de algo!
Oliver assentiu.
Quando o carro já estava dando a volta para a pista, Lian se lembrou de um pequeno detalhe.
Ele não tinha dado o seu número para Oliver.
Como ele poderia ligar?
DROGA!
Sem pensar muito gritou para fora da janela.
- OLIVER!
Esse já se encontrava abrindo sua porta, ao ouvir o outro o chamando se virou e olhou pra Lian que parecia quase saltar para fora da janela.
Ele não queria imaginar a expressão do motorista agora.
Só pode gritar de volta.
- O QUE ACONTECEU?
- SEU NÚMERO!
Oliver não entendia o que estava saindo de sua boca.
- O QUE?!
- VOCÊ NÃO ME PASSOU O SEU NÚMERO!! - Lian disse palavra por palavra.
- MEU O QUE??!
Lian não era do tipo que desistia tão fácil.
- NÚMERO! - Essa saiu do fundo da garganta de Lian, coitado de quem estivesse por perto.
Eles estavam um gritando com o outro sem entender nada.
Algumas pessoas que voltavam de alguma festa ou algo do tipo não puderam deixar de assistir o espetáculo, e algumas até se atrevem a rir.
Era realmente uma cena interessante.
Percebendo que sua tática de gritar com todas as suas forças não estava dando certo, ele começou a gesticular com as mãos.
Oliver olhava de longe sua tentativa falha de se comunicar com as mãos.
Lian era desajeitado, tudo que ele tentava fazer era confuso.
Oliver soltou uma risada.
O que ele estava tentando fazer?
No final, só pode acenar de volta um tchau.
Emburrado, Lian voltou a se sentar no banco como uma pessoa normal.
Como eu pude ser tão idiota? Eu só tinha que ter pego seu número, nem isso eu fui capaz de fazer.
Esse cara também não podia esperar? Saiu que nem um louco.
Pensou olhando feio para o motorista.
O motorista, coitado. Não tinha nada a haver com a suas loucuras.
Se sentido incomodado com o olhar mortal que era direcionado a ele por aquele pequeno ser, disse.
- Você já sabe onde ele mora, garoto. Pode vir aqui depois.
Uma luz se acendeu na cabeça de Lian, claro! Ele poderia vir aqui depois. Como eu não pensei nisso antes? Eu estou ficando mais burro?
Não era difícil imaginar como Lian se sentia mal agora pelo motorista.
Abaixando a cabeça, se desculpou do fundo de seu coração. Seu rosto se encontrava vermelho de vergonha.
- Err... Me desculpa.
O taxista só o lançou um olhar de reprovação.
- E... Obrigado.
(...)
Oliver acordou cedo pela manhã, essa tinha sido uma das melhores noites de sono que tivera desde o ocorrido com sua mãe.
Foi um sono tranquilo, sem pesadelos e preocupações.
Quando acontecia de ter pesadelos ele sempre tinha sua mãe ao seu lado, ela o acariciava e dizia que estava tudo bem, que não era real. Depois que ela se foi suas noites de sono passaram a ser conturbadas, imagens dela morta imersa em uma poça de sangue se repetiam noite após noite.
Ele não teve mais um único momento de paz desde a sua ida.
Ele se lembra exatamente do dia em que voltava de férias com seus antigos amigos, tinha em mãos um pequeno pote de vidro com uma planta dentro. Quando a viu sabia que sua mãe iria amar.
Sua mente cheia de boas lembranças, não via a hora para chegar em casa e contar tudo para ela enquanto era mimado por aquelas doces mãos.
Sua mãe havia ficado sozinha em casa durante um mês, Ela havia insistido que seria bom para Oliver ir viajar, esfriar a cabeça.
Então ele apenas concordou.
Chegando na porta de casa, chamou animado por ela.
- Mãe! Cheguei.
Foi ótimo mãe, o lugar era lindo.
Assim que tivermos tempo eu irei levar a senhora lá.
Sua mãe não respondia.
Estranho, conhecendo ela, na primeira palavra de Oliver ela já teria corrido para o abraçar.
Ela deve estar dormindo, pensou Oliver adentrando a sala.
Assim que ergueu os olhos seu coração parou, o pote de de vidro que se encontrava em suas mãos caiu fazendo um barulho alarmante.
Logo não demorou muito para que seus joelhos encontrassem os cacos de vidro.
Sua mãe, Aquela que sempre cuidou dele, que o amava com todas as suas forças se encontrava morta no chão da sala envolta em uma nuvem vermelha de sangue.
Oliver gritou.
Gritou até ficar sem voz.
Era sua culpa, você causou isso. Você a matou, Oliver.
Sua mente repetia as mesmas palavras sem descanso, se ele não tivesse ido viajar e deixado ela sozinha isso não teria acontecido.
NÃO TERIA.
Oliver a abraçou com tudo o que lhe restava de força, suas roupas ficando vermelhas do sangue daquela única pessoa que ele amava.
- MÃE! ME DESCULPA! MÃE!
Volta... - Dizia entre soluços.
- POR FAVOR...
- NÃO ME DEIXE.
- MÃE!
Já era tarde demais.
Logo, não demorou para que os vizinhos o escutassem gritando loucamente por sua mãe.
Carros de polícia preenchiam a frente de sua casa.
Oliver ainda lá dentro se recusava a soltar o corpo já sem vida de sua mãe.
Dor, era tudo o que sentia.
(...)
Indo em direção a cozinha, comeu uma uma porção de cereal e um pouco de leite.
Ele não tinha nada pra fazer, então resolveu sair pra dar uma caminhada com Lian havia dito.
Fazia um dia quente, o sol brilhava em um lindo tom de dourado.
Enquanto caminhava, ele passava por debaixo de algumas árvores, O sol ultrapassava as folhas em formato de raios e manchavam o rosto ainda um pouco sonolento de Oliver.
Era pouca coisa, mas já o fazia se sentir melhor.
O vento balançava as folhas das árvores fazendo os pontos dourados de luz em seu rosto se movimentarem em uma dança hipnotizante.
A Suécia era linda.
Enquanto caminhava, sua mente viajava para longe e voltava. Mal percebeu quando chegou em uma área verde.
Crianças corriam para todas as direções, alguns casais se encontravam acampando no gramado próximo ao lago, cachorros também podiam ser vistos brincando com seus donos.
Cada pessoa ali vivia a sua vida da melhor forma, por que só a sua tinha que ser tão complicada?
Continuou olhando até que seus olhos caíssem sobre um garoto sentado em um banco mexendo no celular.
A brisa ajudava a dar vida aos cabelos que caiam em ondas sobre a nuca.
Era Lian.
Oliver não sabia se ficava feliz por vê-lo ali, ou triste pelas roupas que se encontrava. Quando saiu de casa, não pensou muito no que estava usando.
Ele se arrependia amargamente agora.
Quer saber? Não me importo.
Se ele quiser, vai gostar de mim assim.
Foi caminhando com passos firmes em direção a Lian. Dados sete passos parou.
Vamos Oliver, continue.
Dessa vez, deu a volta por trás de onde Lian se encontrava. Iria fazer uma surpresa.
O garoto estava com fones de ouvido o que dificultaria um pouco as coisas, não queria tocado.
Ainda não.
Então Pensou e chegou na sua maior ideia.
- Cof Cof...
Nada.
- COF COF...
Ainda sem reação nenhuma.
- Atchim!
Poxa Lian, porque você está dificultando as coisas para mim?
- AAAATCHIM! AAAATCHIM!
AAAATCHIM!!
Essa veio do fundo da garganta de Oliver.
Não é preciso dizer que Lian levantou em um pulo. Parecia tão confuso...
Oliver não pode deixar de sorrir em satisfação por dentro, que ótima reação hehehe.
Quando Lian o viu atrás de si foi outro susto.
- Oliver?
- Ah! Lian? Que coincidência haha.
Foi tudo natural, você viu ele só agora.
- Eh... Você está bem? - Disse colocando a mão em sua própria garganta.
- Ah, não se preocupe.
É apenas poeira.
- Só poeira?
- Só poeira.
Lian já havia entendido tudo, ele não era idiota.
Mas preferiu continuar indo no jogo de Oliver, era fofo.
- O que você está fazendo aqui?
- Só pegando um ar.
- Entendi, não fique andando muito no sol, tudo bem?
- Certo.
- Ah! Quase me esqueço! Ontem, eu não peguei o seu número. Como você poderia me ligar?
Claro! O número!
Então era isso que ele estava gritando noite passada?
- Você pode me passar agora? Eu tentei dizer ontem mas você não me escutou. Eu até fiz um sinal com as mãos de telefone...
Ele parecia um pouco decepcionado.
- Aquilo era pra ser um telefone?
- Ah, bem... Sim? - Disse envergonhado passando a mão pela nuca.
- Haha, ficou muito bom - disse Oliver fazendo um sinal de joinha com a mão. - Você fez muito bem.
- Não sei... Você parece não estar falando a verdade - Disse.
- O que? Claro que eu estou!
Quer dizer, talvez não.
- Não é querendo dizer nada não mas você também estava com o ouvido bem ruim...
Oliver "..."
- Bem, você queria o que? Já estava muito longe - Disse desviando o olhar.
- Não sei, talvez...
Ele não pode terminar sua frase quando uma garota pequena vinda de não sei aonde o deu um tapa em sua nuca parecendo bastante brava.
- Onde você estava?? Te procurei por toda parte! Da próxima vez me avisa antes de sumir!
- Ei! porque você está me batendo?! Ficou doida? - Esbravejou.
- Quem você está chamando de doida?? - A garota gritou.
- VOCÊ!
- SEU....
Sua mão voou mais uma vez antes de acertar o nada, Lian já havia se esquivado a muito tempo para trás de Oliver.
- ME SALVE! ELA É DOIDA. - Disse aos prantos.
- Eu...
Sua cabeça só girava a mesma pergunta.
Lian, quem é essa garota