Capítulo 4 Uma surpresa

IDIOTA.

É assim que eu me sinto nesse exato momento, Lian já tem alguém em sua vida. E o pior de tudo é que eu não posso fazer nada. Eu que criei espectativas e alimentei a idéia de que talvez pudéssemos ter algo algum dia.

Por mais que ele não tenha dito nada, ficou bem claro que a relação entre os dois não era só de simples amizade.

Zoe, esse era o nome da garota que tinha o coração de Lian.

Ela era linda, tinha uma personalidade forte, era engraçada...

Oliver queria poder ser como ela.

Em vez disso, era calado estava sempre de cara fechada e não tinha um pingo sequer de humor.

Porque Lian olharia para ele? Foi apenas um breve momento. Ele não tinha nada de bom para oferecer. Talvez se você estivesse a procura de alguém que conhecesse alguns pontos de droga ou alguns locais escondidos nos subúrbios da cidade onde garotos mais novos que deveriam estar estudando iam para venderem seus corpos em troca de pequenas quantidades de cocaína, você provavelmente teria encontrado a pessoa certa.

Lian tinha a sua vida, e ela com certeza não girava ao redor de Oliver.

Seu coração se apertava a cada pensamento.

Enquanto caminhava, desviou o caminho de casa em direção ao seu fornecedor, Ele sabia exatamente do que precisava. já estava fazendo negócios com ele há algum tempo. Vinha tentando parar com o uso, mas ele ainda era muito fraco. Qualquer sentimento doloroso que o atingisse era o suficiente para fazer com que ele corresse sem pensar em direção ao seu vício.

Todo o seu dia escureceu, se antes ele tinha acordado bem e estava feliz, agora uma nuvem densa de mal estar o cobria.

Droga Lian.

Quando chegou em frente a porta de seu fornecedor, disse para si mesmo que não precisava daquilo, que poderia vencer isso, ele era forte. sua mãe ficaria tão decepcionada, Oliver.

Mas como em quase todas as outras vezes, continuou com a mesma Idéia estúpida. Ele sabia que o quanto isso o prejudicava e mesmo assim não conseguia converter essa situação. Essa era a mente de uma pessoa com vício.

Era um ciclo, se algo de ruim acontecesse ele iria tentar consertar as coisas da maneira mais "fácil", depois ficaria tão dopado e inconsciente que não se lembraria de nada que fizesse na noite anterior, e por fim ao acordar em uma maca no hospital com uma agulha em seu braço o dando soro e o impedindo de entrar em colapso, ele se lembraria de sua querida e amável mãe e choraria.

O sentimento de dor o preencheria novamente, e adivinha? Se doparia novamente torcendo para que não acordasse nunca mais.

Oliver disse sua palavra chave, mas estranhou quando ninguém apareceu.

Não deveria ser assim, o que pode ter acontecido?

Frustado, saiu batendo forte os pés. Sua única fonte de falsa "felicidade" havia deixado o local.

Ótimo, não tem como piorar.

No mesmo instante uma gota caiu na ponta de seu nariz, outra no ombro, mais em suas grandes bochechas.

Esticou sua mão apenas para confiar que havia começado a chover, por mais que estivesse fraca, aumentaria de volume logo.

Frustado consigo mesmo, só queria gritar até não ter mais pulmões, ele não ligava para quem estivesse passando por ali naquele momento.

Oliver, - AAAAH, que droga!

Por que você tinha que fazer isso comigo, hein?! Merda!

E ainda tá chovendo!

- Droga!

- Por que você está gritando?! Ficou doido?

Oliver olhou e viu que era uma senhora que havia se aproximado, ela carregava em mãos um guarda chuva cheio de bolinhas coloridas que mais tarde seria usado para bater em Oliver.

- AI! O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO?!

Pare de me bater.

Aquela senhora era cruel, não se cansava um só segundo de o perseguir com aquele seu instrumento de tortura.

- Eu que me pergunto o porquê de você estar gritando que nem um louco no meio da rua!

Você não tem casa?!

- NÃO! Não tenho...

Você ouviu? Não tenho ninguém me esperando em casa...

Aquela senhora pareceu ter hesitado em acertar Oliver mais uma vez.

Seu tom agora era gentil.

- Meu amor, o que aconteceu? - Disse se aproximando do mais novo.

Oliver apenas dizia atropelando as palavras sem formar uma frase completa.

- Calma meu amor, eu vou cuidar de você.

A esse ponto, a chuva já havia engrossado e os ventos balançavam fortemente as copas das árvores para todas as direções.

Sobre um guarda chuva de bolinhas, se encontrava Oliver envolto firmemente pelo braço daquela senhora que a poucos minutos atrás não teve pena de o acertar friamente nas costas.

Após caminhar por alguns minutos, eles pararam em uma uma pequena lanchonete do outro lado da rua, era um um lugar simples e aconchegante.

Aquela senhora segurava sua mão e fazia leves movimentos carinhosos com seus dedos.

Ele não pode negar que se sentiu aquecido e acolhido por aquele gesto tão meigo.

- O que você estava fazendo lá fora meu bem? - Disse em um tom gentil.

- Eu... Eu...

- Como ele poderia explicar que estava ali atrás de anti depressivos para se dopar até não conseguir se lembrar de mais nada?

- Me perdi. - Disse por fim.

- E por isso ficou gritando? Não viu que estava chovendo? E se você tivesse pego um resfriado?!

- Eu sei, eu sei...

- Então porque continuou lá? - Questionou.

- Aconteceram algumas coisas... Eu não quero falar sobre isso. - Disse com a cabeça baixa.

- Meu amor, não sei o porquê de você estar assim, mas eu espero que fique bem logo.

Se sentindo seguro e confiante com a sua presença, disse.

- A um tempo atrás eu conheci um garoto que me ajudou muito, ele cuidou de mim e pela primeira vez em muito tempo eu pude finalmente ver uma luz no fim do túnel. Mas hoje quando acordei e fui dar uma volta, ele estava com uma garota ao seu lado, eles pareciam felizes juntos. por saber que não posso fazer nada me sinto ainda mais frustado... Eu entendi tudo errado, ele me ajudou como ajudaria qualquer outra pessoa que estivesse na mesma situação. Eu... Eu acho que eu gosto dele. - Digo por fim.

- Ah meu amor... Não fique assim. Você é lindo, com certeza vai encontrar alguém que vai te amar também.

- Minha vida é cheia de problemas, não tenho um só minuto de paz. - Disse cabisbaixo.

- Meu bem, escute o que vou te falar. A vida é formada por problemas, quando se resolve um e só questão de tempo para que outro surja logo em seguida. Alguns são maiores que outros, então você tem que saber resolvê-los com sabedoria. Se você focar demais em problemas pequenos, ou seja fáceis de se resolver, os problemas maiores irão só se acumular com o tempo. Vai chegar uma hora em que você não vai conseguir suportar tudo isso e vai cair.

- Como uma bola de neve?

- Isso, meu amor, como uma bola de neve.

Você tem que focar mais naquilo que te faz bem, coisas pequenas não podem te atrapalhar, porque são insignificantes, entende? Elas não vão te acrescentar em nada.

- Eu acho que entendi...

Parando para pensar nas sabias palavras daquela senhora, ele percebeu que estava fazendo tudo errado.

Estava perdendo tempo demais em coisas que só te faziam mal.

- Você é perfeito, meu bem. Se valorize mais. - Disse ela se levantando.

Oliver seguiu seus movimentos.

- Vá para casa e descanse, não fique pensando demais caso contrário sua cabeça vai explodir. Eu moro próxima aquela confeitaria. Não ouse ficar deprimido em casa, corra para a vovó.

Me promete que vai me procurar caso as coisas fiquem complicadas?

- Eu prometo.

- Ótimo, até mais meu bem.

Se cuide se não eu volto pra te bater mais algumas vezes. - Disse ameaçando levantar o guarda chuva.

Oliver por outro lado só ria.

Se sentia bem melhor, é isso.

Chegando em casa, continuou a pensar nas sabias palavras daquela senhora enquanto tomava um banho. Eu devia me amar mais, o caminho é longo e cheio de dificuldades, mas não vou desistir. Um dia serei capaz de me olhar no espelho e admirar a pessoa ali na minha frente.

Prefiro pensar por enquanto que sou ótimo, Lian não me merece. quer saber? Não tô nem aí para aquela garota, eu não me importo. Que eles sejam muito felizes juntos.

Eu nem gosto dele mesmo, se ele acha que eu vou ficar abatido com essa bobagem ele está muito enganado, eu...

Paro de falar quando escuto uma música familiar ecoando pelas paredes da velha casa.

Corro descontroladamente esbarrando em tudo pela frente,

Não encontro meu celular de jeito nenhum. DROGA! ONDE FOI PARAR?

Então me toco que o deixei na bancada assim que cheguei em casa.

Tento acalmar minha respiração antes de atender, inútil.

- Alô?

- Olá, chegou bem? Desculpa não poder ter te acompanhado até em casa, Zoe não me deixava em paz um só momento.

- Ah, tudo bem.

- Na verdade Não estava nada bem, queria poder ser Zoe nessas horas.

- Você está bem? Parece um pouco ofegante...

- Estou ótimo.

- Digo rapidamente, ele não precisa saber que sai correndo derrubando tudo pela casa só por uma ligação sua.

- Estou vendo.

Espera aí, seu tom foi de ironia? Que maravilha, agora nem mesmo o seu respeito eu tenho mais.

Oliver, "..."

- Hum... Eu estava pensando, acho que nós não estamos aproveitando muito bem as nossas vidas. Só ficamos em casa, saímos para trabalhar ou estudar e voltamos para repetir o mesmo processo no dia seguinte. Hoje a Zoe me chamou para ir em uma boate... Por mais que eu não esteja acostumado com isso acho que pode ser bom.

Eh... Você quer se juntar a nós?

Talvez se fosse apenas nos dois Lian, eu iria sem pensar duas vezes. Mas Porque ela tem que estar entre nós?

- Penso.

- Não sei...

- Vamos... Por favor você vai gostar, eu prometo - Disse Lian.

Oliver fica em silêncio considerando se deve ir ou não.

- Vou considerar seu silêncio como um sim, venho te buscar as 8h.

- Espera! Eu não vou!

Tarde demais, Lian já havia encerrado a ligação.

(...)

As sete e meia já estou pronto sentado no sofá de casa, olho pro lado e desejo que minha mãe estivesse ali. contando como havia sido o seu dia enquanto me fazia carinho.

Como Liam desligou a chamada tão de repente, ele só pode se conter com isso e ir se arrumar. Oliver o conhecia a pouco tempo mas já sabia que ele cumpria com o que dizia, ele com certeza apareceria ali as 8h horas em ponto.

E não foi diferente quando abriu a porta de casa e o viu impecável esperando por ele.

Chegando no local, piscou algumas vezes com a luz que trocava incessantemente de cor.

Essa não era um sensação desconhecida, já havia frequentando muitos lugares desse tipo no passado durante seus dias de solidão.

Lugares assim eram fáceis de se conseguir seus queridos saquinhos de felicidade. Quando viam um garoto tão novo e "inocente" adentrar um lugar tão sujo, era só questão de tempo para logo logo virasse presa fácil de muitos caras que estavam ali.

Ele só precisava procurar a pessoa que teria exatamente o que ele queria, passar a noite com ele e pronto.

Teria droga para mais alguns dias.

Oliver olhou para o garoto ao seu lado, Lian não fazia a menor idéia de como havia sido o seu lindo passado. Como ele reagiria quando soubesse que o pequeno não era nada do que ele imaginava?

Sem suportar mais, Tentou tirar esses pensamentos de sua cabeça.

A noite foi divertida, Zoe havia levado muitos amigos consigo, eles eram engraçados e só falavam besteiras.

Dançaram feito loucos por um bom tempo enquanto enchiam a cara de bebidas.

Zoe era muito animada e simpática, não era preciso muito esforço para que alguém pudesse gostar dela.

Em certo momento da noite Lian sumiu da vista se Oliver, Zoe também.

Sua mente trabalhava a todo vapor criando especulações do que os dois estariam fazendo juntos. Andando pelo local viu a cena que seu cérebro já havia criado a poucos minutos atrás.

Lian e Zoe estavam com o rosto muito próximos um do outro, mais um pouco e seus lábios facilmente se tocariam.

Logo, não notaram Oliver os observando, estavam em um mundo só deles.

Sem ter forças par ver mais, virou as costas e saiu andando com passos largos em direção a saída. Só queria ir pra casa e esquecer tudo o que viu.

Até que sentiu uma mão forte segurando o seu braço.

- Hey, para onde você está indo? Já está com sono? Me deixe te levar de volta pra casa, já está tarde.

Com um movimento brusco Oliver puxou seu braço de volta.

Lian o olhou sem entender nada.

- O que vocês têm? Ela é sua namorada? - Questionou Oliver.

- O Que? - Liam parecia não entender o que o menor estava tentando dizer.

- Não importa, a vida é sua e eu não tenho nada a haver com ela. Eu... que achei que talvez você pudesse gostar de mim, mas você já ama outra pessoa e ela é perfeita, me desculpa por entender errado e...

Agarrando Oliver pelos ombros, Lian selou seus lábios tentando soar o mais gentil possível. O menor se debatia nos braços de Lian tentando sem sucesso se livrar do aperto forte que era posto com tanta convicção em seu pequeno corpo.

Após diversas tentativas, lian finalmente conseguiu invadir a boca de Oliver, suas línguas entrelaçam e se movimentavam em um ritmo perfeito.

Eles se encaixavam perfeitamente como se fossem feitos um para o outro.

Ficaram ali até que seus corpos implorasse por ar e tivessem que quebrar o beijo.

Lian já ofegante disse a centímetros dos lábios de Oliver, - Você fala demais. - Disse Antes de se enterrar novamente em seu pescoço.

            
            

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