Capítulo 5 O Reino de Hassan

As sentenças ditas de forma firme por Hassan era absurdas. Ela realmente sabia o que aconteceria entre eles quando aceitou fazer esta viagem, mas ainda não estava preparada para aceitar ir para cama com Hassan. A mente de Heloísa começou a fervilhar, o Sheik realmente não era fácil de ser manipulado, mas ela tinha plena confiança em sua habilidade, tinha que ter, tendo passado pelo o que passou quando era adolescente, se não fosse tal habilidade ela talvez ja estivesse morta.

Rapidamente Heloísa decidiu que o melhor, naquele momento, era manter a cara de anjo e se livrar de Hassan com o menor contato possível e ainda tirar o gelo dos olhos de Hassan como um bônus.

Os lindos olhos verdes dela ficaram úmidos e com os lábios ainda mais trêmulos ela encarou o Sheik.

- Eu...estou apenas um pouco envergonhada, os meninos estão aqui do lado, não quero que eles pensem coisas sobre mim...Você promete não me tocar? Posso confiar em você que só quer me ver trocar de roupa?

- Não disse que não ia te tocar, apenas que não vou fazer sexo com você agora. Os rapazes foram levados para se distrair na cabine do piloto, não se preocupe com isso.

Hassan se aproximou e a envolveu pela cintura, fixando os olhos azuis nela. A garota parecia realmente envergonhada, os olhos úmidos e a boca trêmula somadas ao rubor na sua face eram bem reais. Ela colocou as pequenas mãos sobre seu peito, e ao mesmo tempo que tentava empurra-lo acariciava seu corpo e nem o tecido de túnica pode impedir o calor de se espalhar pelo seu corpo, deixando seu pau mais duro que já estava, fazendo o homem desejar desistir de esperar para se enfiar em Heloísa. Tudo nela o estava enlouquecendo, os olhos úmidos, a boca cheia rosada e trêmula, o corpo perfeito coberto apenas por uma minúscula calcinha e aquelas mãos no seu peito, faziam ele a querer cada vez com mais urgência. A voz doce e chorosa dela o tirou de seus devaneios.

- Por favor Hassan, tudo está indo muito rápido, eu preciso de um tempo para deixar as coisas acontecerem. Pode me dar esse tempo? Posso confiar em você?

Ele beijou levemente os lábios dela e usando o último resquício de controle que tinha se afastou da garota e se instalou confortavelmente no sofá.

- Ok baby, apenas se dispa e se vista pra mim! Não vou tocar em você, quero apenas apreciar o momento.

Heloísa rapidamente vestiu sua roupa ocidental, que era apenas uma mini saia e um cropped, ajeitou o vestido verde sobre a cama e se voltou, encarando os olhos azuis. Heloísa pensou que pelo menos as farpas geladas já haviam abandonado os olhos do homem. Apesar da postura aparentemente relaxada com que ele estava sentado no sofá ela pode perceber que o braço estendido confortavelmente no encosto terminava em punho cerrado e seu rosto aparente calmo, tinha a linha da mandíbula mais definida do que antes.

Heloísa abaixou o olhar, como se estivesse tendo dificuldades em abrir o zíper lateral da saia. Após alguns segundos ela voltou seu olhar novamente para o encontrar os olhos azuis do Sheik e não havia mais nenhuma sombra de lágrimas naqueles olhos, só se via desejo sexual. Cada movimento e olhar de Heloísa a partir deste momento foi pensado e calculado por ela para enlouquecer o homem, e cada movimento dele de tensão dele foi captado pelo olhar dela. No momento em que ela tirou o cropped e cobriu os seios com mãos, parecia mais que ela estava acariciando o próprio corpo, fazendo com que Hassan quase se levanta-se do sofá e a tomasse nos braços.

Quando o vestido verde finalmente cobriu o corpo de Heloísa, Hassan finalmente soltou a respiração que ele nem percebeu que estava prendendo. O pequeno espetáculo que ele prepara para si próprio na verdade virou uma sessão de tortura. Nunca deveria ter prometido a Heloísa que não a tocaria. A garota o tinha confundido, todos os gestos e olhares dela eram puramente sexuais, mas tudo era revestido de inocência, como se ela não tivesse consciência plena do que estava fazendo com ele. Agora seu pau estava dolorosamente duro sob a túnica e ele sequer podia exigir que Heloísa o ajudasse a se aliviar, pois se ela tocasse nele, naquele momento, ele sabia que iria quebrar sua promessa e tomaria o corpo dela inteiro pra si. A única saída que lhe restava era o chuveiro e um belo banho frio. A voz de Heloísa ecoou no quarto silencioso.

- Estou pronta, vestida adequadamente...eu acho! Posso sair agora?

O vestido longo e solto se encaixou perfeitamente no corpo dela. O tecido fino marcava as curvas do seu corpo a cada movimento e o decote baixo deixava metade dos seios expostos. Heloísa olhava com desconfiança para o vestido, sua roupa anterior era dez vezes menos sensual do que aquele amontoado de tecido leve e bastante transparente. Aquilo era realmente adequado ela se perguntava.

Hassan levantou-se do sofá e se aproximando dela tomou o tecido verde que ela torcia entre dedos, sem saber onde exatamente aquela peça se encaixava no vestido, e cobriu a cabeça e parte do rosto dela, deixando apenas olhos visíveis, encaixando o tecido tão perfeitamente que ela não seria capaz de tira-lo, ainda que quisesse.

- Use-o quando estiver na presença de estranhos. Foi um bom espetáculo Bebê, agora saia...vá se juntar aos seus amigos, antes que eu quebre minha promessa.

Quando Heloísa deixou a suíte, batendo a porta atrás de si, um sorriso sutil de vitória se desenhou nos seus lábios. Ocupando novamente a poltrona próxima a janela, Heloísa reviveu as cenas que se desenrolaram na suíte. Ela poderia se considerar vitoriosa, havia feito Hassan a desejar e se conter. Ela poderia fazer aquilo mais vezes, seria interessante ter um homem tão espetacular quanto Hassan sob seu domínio. Heloísa sentiu vontade de gargalhar. Mesmo que futuramente cumprisse sua promessa de entregar seu corpo a ele, tinha certeza que ainda conseguiria fazer Hassan atender a cada uma de suas vontades, fosse usando o desejo dele por ela, fosse usando qualquer fraqueza que ele tivesse, ela só precisava descobrir quais eram. Era nisso que ela era verdadeiramente boa, em explorar fraquezas. Não era algo do qual ela se orgulhasse, pelo contrário, preferia se manter longe das pessoas, justamente para não usar esse lado sombrio de sua personalidade em ninguém e acabar machucando uma pessoa. Mas Hassan era diferente, ele era frio e se achava intocável. Seria muito bom ver ele caindo do seu pedestal.

Quando Heloísa deixou o quarto, Hassan foi direto para o banheiro e abrindo a torneira de agua fria se colocou sob a ducha forte, deixando o impacto da água gelada extinguir lentamente as labaredas de desejo que queimavam seu corpo. Heloísa era uma mistura encantadora de inocência e sensualidade, pureza e depravação. Cada gesto dela enquanto se despia e se vestia parecia inocente e até mesmo inábil, como se ela não soubesse exatamente o que fazer, mas o olhar dela, a forma que ela passava a língua sobre os lábios e depois o mordia o lábio inferior levemente, a forma como ela tocava o próprio corpo, poderia fazer um defunto ficar excitado e ele definitivamente não era um defunto. Seu único consolo era que muito em breve Heloísa seria dele, assim que chegassem em seu Palácio iria tratar de saciar seus desejos, até lá o melhor a fazer era se manter longe da garota. Tanto desejo insaciado poderia fazer mal para sua saúde até o impossibilitando de ter filhos no futuro. Pelo menos era essa a desculpa mais utilizada pelos homens de linhagem para trair suas esposas. Hassan resolveu permanecer o resto da viagem na suíte, não queria mais olhar para Heloísa sem poder tomá-la nos braços e levá-la para cama.

O sol estava nascendo no horizonte, quando Heloísa abriu os olhos e teve a primeira visão do Reino de Hassan. Não havia prédios altos, nem concreto ou vidro. As construções eram em sua maioria brancas e abobadadas, algumas com pequenas torres que se projetavam contra o céu. O jato sobrevoou uma longa faixa de dunas de areia dourada e ao longe Heloísa podia avistar tendas coloridas. Os raios de sol se refletia nas Torres brancas e também nas areias douradas dando ao lugar um brilho único, e tudo parecia uma pintura, mas provavelmente um pintor não conseguiria criar em tela aquele brilho mágico.

Hassan saiu da suíte e permaneceu na porta observando Heloísa, que naquele momento tentava capturar algumas imagens com o seu aparelho de celular.

A voz do Piloto foi ouvida no interior da aeronave ordenando a tripulação para se preparar para o pouso. Os três rapazes e Heloísa ataram seus cintos de segurança e Hassan se dirigiu a cabine do piloto. Logo depois o avião tocou o solo e em seguida parou. Eles desataram os cintos e começaram a se movimentar para a saída da aeronave. Hassan foi o primeiro descer do jato, do lado de fora Heloísa podia ver um comboio de carros, Hassan entrou em um deles e o comboio maior partiu imediatamente. Heloísa não se conteve e cutucou o braço de Karin.

- Seu irmão é meio estranho não? Convida a gente pra vir aqui, agora nem bom dia deu, saiu e largou a gente para trás. Você sabe falar a língua desse povo? O que nós fazemos agora? Nossa!!! que sem educação! Que horas deve ser agora no Brasil?

- Lógico que ele é estranho para você, ele é um Sheik, você já conheceu um Sheik? Deve ser umas sete horas da manhã, você que me parece estranha totalmente acordada e falante estas horas da manhã.

Mohamed se aproximou dos jovens e Heloísa que estava pronta para responder Karin, deu passo para trás e se calou.

- Alteza, jovens Senhores e Senhorita...Sua Majestade precisou partir primeiro e me incumbiu de levá-los em segurança até o Palácio. Devo avisar aos jovens que qualquer ofensa a um integrante da família real é punido até com pena de morte, dependendo da gravidade da ofensa.

- Karin é um integrante da família real? Perguntou um Youssef de queixo caído.

- Sua Alteza, O Príncipe Karin é um dos membros mais importantes da família Real, é o segundo na linha de sucessão e assim permanecerá até que Sua Majestade, o Sheik tenha filhos.

- Karin, seu idio....

Youssef parou no meio da frase, temendo ofender Karin e aquela muralha totalmente seria chamada Mohamed o levasse do aeroporto direto para prisão.

Com um sorriso enorme, Karin achou a situação bastante hilaria e se aproveitou zombar dos amigos, já que eles não podiam contra atacar.

- Bem, vamos para o Palácio seus trouxas! E não se esqueçam de agora em diante é Príncipe Karin e Alteza!

Os três jovens acenaram afirmativamente com a cabeça várias vezes, eles não tinham medo de Karin, mas Mohamed os olhava atentamente e aquele homem era um tipo bastante esquisito, com cara de quem poderia matar alguém com sua próprias mãos no intervalo de um suspiro. Heloísa só conseguia pensar se Mohamed tinha ouvido ela chamando o Sheik de "esquisito e mal educado" e só estava esperando o momento apropriado para condenar ela a morte.

Seguindo as orientações de Mohamed os quatro jovens embarcaram no veículo e seguiram em direção ao Palácio. Apesar do sono que fazia sua pestanas pesadas, Heloísa permaneceu acordada durante o razoavelmente curto trajeto até o Palácio, tentando absorver cada detalhe do local.

- Esse lugar parece um conto de fadas! Daqui a pouco vou ver o Aladim voando por aqui no seu tapete mágico.

- Olha estas construções!!! São incríveis!

- E aquelas tendas no meio do deserto? São mais incríveis ainda.

Eles seguiram conversando sobre as maravilhas do local até que o veículo parou defronte a um portão gigantesco que em seguida se abriu lentamente. Quando eles olharam pelo vidro dianteiro do veículo e vislumbraram o Palácio ao final de uma grande Alameda cercada por fontes, Heloísa reteve a respiração por alguns minutos. Agora estava realmente no Reino de Hassan e se deu conta de talvez tivesse se metido na pior enrascada da sua vida. O Sheik era definitivamente alguém com quem ela gostaria de brincar, mas estava ficando preocupada se ele era alguém com quem ela poderia brincar. Se uma ofensava bobinha poderia levá-la a morte o que fariam com ela se ela enlouquecesse sua Majestade?

            
            

COPYRIGHT(©) 2022