O CEO Conhece O Amor
img img O CEO Conhece O Amor img Capítulo 4 Continuação 1
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Capítulo 4 Continuação 1

Parte 4

Ele teve vontade de rir do jeito dela. Margô realmente se achava irresistível.

- Não, obrigado – deu um falso sorriso -Preciso mesmo voltar ao hotel e descansar um pouco. Está mais frio do que pela tarde e ainda não tomei meus medicamentos. E estou cansado da diferença de horários. Sabe que eu estava em outro país antes de vir para cá.

Não era de todo mentira, porém não era de todo verdade. Estava mesmo cansado e querendo deitar, mas era só uma horinha de diferença. Isso não o afetava em nada. Só queria descansar os ouvidos da baboseira dela e tomar seus remédios.

- Poxa, que pena - inclinou a cabeça. - Gostaria tanto de continuar nosso papo. você promete que continuamos nossa conversa um outro dia? Pode ser amanhã, o que acha?

- Claro, podemos sim, mas não amanhã - mexeu a cabeça como se concordasse. Só que não.

"Sai logo desse carro, porra, que saco".

Ela ainda tentava mais uma vez o convencer a sair e ficar com ela em casa. Seus pais não estavam e para ela isso é uma vantagem, mas não seria ideal que ficasse com ela sozinho.

Ela demorou a se tocar que ele não iria ficar para lhe fazer companhia. Se esticou e lhe deu um beijo no rosto, mais demorado do que deveria e abriu a porta do carro devagar, esperando que ele mudasse de ideia. O que não aconteceu.

Uma coisa que não estava mais àquela hora da noite, era com humor para flertes infantis como ela queria. Ainda mais depois de passar por um atoleiro que só fez aumentar seu desconforto.

Na verdade, agora estava de péssimo humor depois de descobrir que tratara uma mulher com desconsideração e falta de educação.

Dava graças a Deus por seu hotel ficar próximo dali. Logo estaria em uma banheira cheia de água quentinha para se aliviar.

- Tem certeza de que não quer entrar? - perguntou de novo - Lá dentro é mais quentinho.

- Tenho certeza disso - deu um meio sorriso - Mas eu realmente preciso descansar.

Antes que ela continuasse, ele moveu o carro e ela teve que se afastar. Saiu pensando no motivo de sua dor agora. Seu acidente na Austrália, que o deixou assim.

E desde então ele ficava a maior parte do tempo de mau humor, o que não era bom. Para ninguém.

Foi dirigindo com mais cuidado agora e recordando o dia do acidente. Recordou o momento exato em que o outro carro atingiu o seu com força e o jogou para o lado, deslizando pela ribanceira até parar lá embaixo, perto do rio.

O motorista estava pra lá de bêbado e pelo jeito também estava sob efeito de drogas pesadas. Andava em alta velocidade e costurando a pista, fazendo com que outros carros procurassem se afastar.

Ele não teve tanta sorte. Estava falando ao celular no instante em que o carro surgiu saindo de trás de um ônibus, tentando ultrapassar sem se importar que o local não era permitido e não o viu, a não ser quando foi tarde demais e foi atingido em cheio.

O acidente foi muito grave. Apesar de alguns carros pararem para ajudar, teve que esperar mais de uma hora até o socorro especializado chegar. Quando os bombeiros chegaram ao local, tiveram que cortar a lataria de seu Mercedes preto para retirá-lo de dentro.

Estava muito ferido e tinha perdido sangue.

Seu lado direito foi o que mais sofreu com o impacto. Sua cabeça bateu com força e a perna direita quebrou em três lugares. Seu quadril ficou bem machucado também, o que depois lhe causou uma mancadura. O vidro da janela partiu com o impacto enquanto o carro girava ladeira abaixo, batendo em pedras, partes de árvores e parou bem próximo ao rio que corria mais abaixo.

Foi quase um milagre que ele não tivesse morrido. a sorte maior foi estar usando cinto de segurança ou teria sido jogado para fora do carro.

Ele nem teve tempo de desviar do carro que vinha em cima do seu. Quando percebeu foi tarde demais. Jogou o celular de lado e segurou o volante com as duas mãos, puxando de lado, mas foi atingido e seu carro foi caindo rodopiando.

Os paramédicos o ajudaram muito. Os bombeiros cortaram a parte do carro onde sua perna havia ficado presa para liberar seu corpo e ouviram o grito de dor que ele soltou.

Uma parte da lataria tinha penetrado sua carne e atravessado para o outro lado. Sua cabeça também tinha sido atingida e havia um corte grande que começava na lateral de sua testa e descia até quase seu peito e também pelo ombro, por trás.

Ele nem mesmo soube como isso aconteceu. Enquanto girava sem controle, sua cabeça ficou tonta com as pancadas e sentiu o gosto ruim de sangue quando foi atingido mais forte.

A cicatriz era grande e feia. Uma lembrança daquele dia horrível que mudou sua vida. A partir do momento em que acordou no quarto do hospital depois da primeira cirurgia, sabia que teria que mudar algo em sua vida, talvez até mais do que pensava.

Tinha sido uma viagem de negócios como tantas outras que já tinha feito antes, nada fora do normal. Ele dirigia em direção a uma propriedade que sua empresa havia adquirido quando o acidente ocorreu.

Ele tinha saído de Darwin, uma cidade muito boa para morar para pessoas que curtem tranquilidade. É um local rústico e apesar de ser litorânea, está localizada no outback, uma região desértica do interior australiano.

A natureza do lugar é mais selvagem. Um dos sócios da empresa achou uma boa ideia investir na região e ele estava indo exatamente para conhecer e saber mais do lugar.

Não chegou até a propriedade, não houve tempo. A pancada foi forte demais. Por sorte, apesar da demora em chegar a ajuda, ele foi transportado de helicóptero para um dos melhores hospitais da região, onde ficou internado.

Passou por uma cirurgia logo que deu entrada e ficou no hospital por duas semanas. Depois foi transferido para um hospital em Canberra, onde ficou por mais dois meses.

Achou que por estar em um outro país, os colegas e sócios não tinham ido visitá-lo por isso, mas depois entendeu que não. A verdade cruel é que ninguém e importava de fato com ele.

Recebeu algumas chamadas, cartões e mensagens de melhoras, mas ninguém apareceu. E não tinha parentes.

Odiava hospitais e ficar preso em uma cama por não poder se movimentar era ainda pior. Ficou impaciente e começou a repensar a vida.

Quando voltou para casa recebeu algumas visitas de médicos que cuidavam de seu tratamento após as cirurgias e por conta dos exercícios de fisioterapia que precisava fazer.

Aí sim alguns dos sócios apareceram para ver como estava, mas sempre com algum papel ou pasta na mão para que assinasse algum documento de trabalho.

Não era apenas por ele. Tudo o que ele representava em suas vidas eram números, só isso. No fundo não eram seus amigos, eram interesses, nada mais.

Autora: Ninha Cardoso

            
            

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