Uma Noite Com o Sheik
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Capítulo 3 3

Tahir parecia muito calmo para quem acabara de perder a memória. Annalisa vira o choque em seus olhos, mas ele imediatamente o dissimulara. Ela sentiu compaixão, mas não demonstrou, sabendo por instinto que ele não gostaria. Embora jamais tivesse saído de Qusay, Annalisa já vira muita coisa nos seus 25 anos. Como assistente do pai, presenciara as reações a acidentes e doenças, e vira como a dor e o medo abalam até a vontade mais forte. Apesar do trauma e da dor, que deveria ser insuportável, aquele homem lhe sorria com uma calma indiferença, como se estivessem tomando chá e conversando.

Nenhum homem lhe causara aquela sensação que a queimava por dentro. Há alguns anos, com Toby, o homem com quem pretendia se casar, ela sentira algo semelhante, mas não tão forte nem tão rapidamente. Alguma coisa em Tahir fazia com que ela se sentisse ligada a ele num nível mais profundo que nada tinha a ver com sua beleza e sua aparência sofisticada. Era algo de diferente. Ela se sentia atraída por sua força interior, vislumbrada nos olhos azuis que a fitavam de bom-humor, ignorando o receio de que sua amnésia fosse permanente.

Ele pertence a outro mundo, um mundo do qual você não faz parte. Seria melhor que ela se lembrasse. Annalisa sentiu uma pontada de dor e ficou angustiada. A que mundo ela pertencia? Durante toda a vida ela jamais se encaixara. Nascera em Qusay, mas vivia de maneira diferente das mulheres locais e não correspondia ao papel tradicional que elas desempenhavam. Estava dividida entre dois mundos, e não pertencia a nenhum. Fizera parte da vida do pai, fora sua assistente e confidente, mas ele se fora, deixando-a desolada.

- O que houve? - A voz de Tahir arrancou-a de suas reflexões melancólicas. - Você está bem?

Annalisa sorriu. Deitado no chão, ferido, vagamente consciente, com a memória prejudicada, aquele homem se preocupava com ela? Ela tocou-lhe o braço e sentiu que seus músculos se contraíam, irradiando sua força até ela. Algo aconteceu entre os dois. O sorriso indiferente de Tahir desapareceu e ele pareceu preocupado.

- Não há nada de errado - ela respondeu depressa, afastando a mão que parecia queimar. -A falta de memória é normal. Ela voltará quando chegar a hora. - Ela tentou dar um sorriso confiante. - Você tem dois ferimentos na cabeça. Um já seria suficiente para abalá-lo por alguns dias. - Ela disfarçou o medo de que ele tivesse algo mais grave.

- Você fala como se tivesse algum conhecimento de medicina.

- O meu pai era médico. O único médico da nossa região. Eu o ajudei durante anos. - Ela se virou para esconder o sofrimento que as lembranças lhe traziam. - Eu não sou formada, mas sou capaz de tratar uma distensão e de controlar uma febre.

- Eu desconfio que você fez muito mais que isso por mim, Annalisa. - Ele pronunciou o nome dela de maneira quase íntima. Ela o encarou e percebeu que ele a olhava admirado. - Você salvou minha vida, não foi? - A frase acabou num murmúrio rouco que reverberou na pele de Annalisa. Ela deu de ombros e se sentiu constrangida pelo modo como seu corpo reagia ao olhar daquele estranho. Fizera todo o possível, mas ele ainda corria perigo.

- Com o tempo você ficará bem. - Ela rezou para estar certa. - Tudo que você precisa é de tempo e de repouso. Tente não se preocupar. - Ela se preocuparia pelos dois. Ainda não acreditava que ele estivesse mantendo uma conversa razoável. Desde que entrara em sua vida, ele oscilava entre a consciência e o delírio, deixando-a apavorada e determinada a fazer o que fosse possível. - Quero checar seus reflexos. - Ela ajoelhou na ponta do colchão. - Você consegue mexer os pés? - Ela observou enquanto ele girava os tornozelos e levantava um pé após o outro. Sentiu-se aliviada. - Ótimo. Vou segurar os seus pés. Quando eu mandar, pressione-os contra as minhas mãos. Certo? - Ela apoiou os pés dele sobre os seus joelhos e segurou-os. Ele tinha pés fortes e bem-feitos. Por um momento ela ficou parada, apenas sentindo a sensação de pele contra pele. Jamais pensara em pés como algo sexy...

- Annalisa? - Ele a trouxe de volta à realidade e ela corou.

- Empurre as minhas mãos. - Ela sentiu a pressão, sorriu e olhou para ele. - Isto é ótimo. - Ela o soltou com cuidado e inclinou-se sobre ele. -Agora, pegue minhas mãos - ela disse em tom profissional, o que se tornava difícil quando ele a fitava fixamente com aqueles olhos safira. Annalisa imaginou se ele perceberia sua agitação. Tahir agarrou as mãos que ela lhe estendeu sem hesitar, dizendo a si mesma que o rebuliço em seu peito se devia ao alívio de ver que ele estava bem. - Agora, aperte. - Ela tentou ignorar a sensação de intimidade produzida pelas mãos entrelaçadas e respirou aliviada. Os reflexos estavam normais. Ela procurou se afastar, mas ele não a soltou. Nos olhos dele brilhava algo indefinível e perturbador. Embora fosse ele o ferido, ela se sentiu vulnerável.

- O que você está checando? - ele perguntou em voz firme.

- Estou verificando se as suas reações estão normais. - Ela disfarçou seu receio de que ele tivesse uma hemorragia cerebral. - E estão. Logo você poderá se levantar e se movimentar.

- Ótimo. Estou louco para tomar um banho. Você disse que estamos num oásis?

- Sim, mas...

- Então não há problema quanto à água. - Ele hesitou. - Um dos seus amigos poderia me ajudar a levantar.

- Estou sozinha, e não acho que um banho agora seria recomendável.

Tahir arregalou os olhos.

- Você está sozinha? Você é uma mulher incrível, Annalisa Hansen. - Ele a soltou de repente, e ela quase caiu em cima dele. - Você faz isso sempre? Acampa sozinha no deserto?

- Esta é a primeira vez que estou sozinha. - A voz dela falhou e ela desviou o olhar. Iam fazer seis meses que perdera o pai e a data a deixava abalada, causando uma dor quase insuportável. Tahir mudou de assunto bruscamente.

- Se você soubesse quanta areia eu engoli, não se negaria a me ajudar. - Ele levantou um pouco e se apoiou no cotovelo. Depois, tentou sentar e ficou balançando ao lado dela. Annalisa protestou, mas ele a ignorou e conseguiu se ajoelhar. Afinal, ela desistiu e o ajudou, sabendo que não conseguiria detê-lo. Mais tarde ela recordou o brilho dos olhos dele quando ela se deixara invadir pela tristeza. Teria percebido o seu sofrimento e resolvera distraí-la? A ideia era absurda.

Tahir amaldiçoou a si mesmo por ser um tolo, en quanto sentava dentro do poço e a água lhe refrescava o corpo dolorido. Sabia que se movimentar não seria uma boa ideia, mas recusava-se a ser um inválido. Pena que o seu cérebro não funcionasse. Quanto mais ele tentava se recordar, mais sua cabeça doía, assim como suas costelas. Ele descartou a possibilidade de que o dano fosse permanente: não aceitaria aquela condição. A decisão o deixou ainda mais determinado a recuperar sua forma. Além disso, havia Annalisa, com os olhos castanhos brilhando de aflição ao evitar encará-lo. Ele percebera sua dor e sua fragilidade e sentira uma necessidade irresistível de mitigar seu sofrimento. Isso lhe dera forças para levantar. Idiota! Ele quase desabara, e não fosse ela ajudá-lo, não chegaria até a água. Sentado no poço, com água até a altura do peito, vestindo apenas a sunga, que conservara por respeito a Annalisa, Tahir se perguntou de onde tiraria forças para voltar à tenda, e quanto tempo aguentaria ficar longe da mulher que o observava, sentada ao lado da fonte. A tortura de deixar que ela o despisse fora diferente, e o fizera esquecer momentaneamente a dor. Quando ele a vira ajoelhar-se diante dele, deixando que se apoiasse em seu ombro para livrá-lo das calças, a sensação que sentira nada tinha a ver com um inválido. Depois, ela o ajudara a entrar na água, sem perceber que se molhava, mas ele percebera. Agora, quando fechava os olhos, ele via o sutiã de renda marcado sob o algodão transparente, sustentando seios volumosos. Ele recordou a curva firme de seus quadris, o elástico do biquini sob as calças molhadas e o longo contorno de suas pernas. Tahir sentiu a boca seca. Deveria estar angustiado, tentando se lembrar quem ele era, tentando juntar os fragmentos de memória que flutuavam em sua cabeça. Mas seus pensamentos teimavam em voltar para Annalisa. Quem seria ela? Por que estaria ali? Apesar da água fria, suas entranhas latejavam, enquanto ele a via acariciar o cabrito. Ele seria sempre assim com as mulheres? Excitava-se tão facilmente? Ele recordou que a mulher cheia de joias e seminua do cassino nada lhe despertara, e estremeceu ao pressentir que deveria se preocupar com o modo como reagia a Annalisa Hansen.

Tomar banho no wadi fora um grande erro. Annalisa mordeu o lábio ao ouvi-lo resmungar durante o sono. Nas últimas horas, ele se agitara cada vez mais, e ela abandonara o telescópio e sentara ao lado dele. Tahir se virou, esticou o braço e deixou o peito exposto à brisa da noite. Ela tentou esquecer que ele estava despido sob as cobertas. Mal retornara do banho, ele caíra sobre o catre, livrando-se da sunga molhada sem se importar com sua presença. Annalisa duvidava que ele se lembrasse que ela estava ali, mas, para sua aflição, ela bem que se lembrava. E com detalhes. Ela ficou vermelha ao recordar a curva firme de suas nádegas, os músculos de suas coxas e...

- Pai! - Ele gemeu asperamente, debatendo-se. Annalisa se assustou, pensando no hematoma em sua cabeça.

- Shh. Está tudo bem, Tahir. Você está a salvo. - Fossem quais fossem os pesadelos que seus ferimentos provocavam, eles o assombravam como demônios. Ele parecia desesperado. Annalisa colocou a mão em sua testa. A temperatura estava normal, ainda bem, mas... Ele a agarrou pelo pulso e puxou-a. Ela perdeu o equilíbrio e tentou resistir, mas, quanto mais lutava, mais firme ele a segurava. Tahir franziu a testa, balbuciou alguma coisa, contraiu o rosto e... puxou. Annalisa soltou uma exclamação de surpresa ao cair em cima dele. Ela tentou se soltar sem enfiar os cotovelos em suas costelas, mas ele a envolveu com o outro braço. Estava presa.

- Ele mandou você, não mandou? - ele rosnou baixinho.

- Ninguém me mandou. - Ela tentou se desvencilhar, mas ele a apertou contra o peito e envolveu-a com a pernas. Annalisa sentiu seu calor e ficou paralisada. Quando ela respirava, os corpos dos dois se tocavam em toda a extensão.

- Ele sabia o que estava fazendo, maldito. -A voz dele soava rouca e grave. Annalisa tentou ignorar o fascínio de estar nos braços de Tahir. Mesmo com Toby, ela jamais se sentira tão... íntima. Toby respeitara o fato de que em Qusay a castidade das mulheres não fosse um presente a ser desprezado. Ele prometera esperar, mas o futuro sobre o qual haviam conversado jamais chegara. - Houri... - Tahir balbuciou. Ela sentiu um arrepio e um calor no ventre. - Tentadora... - Ele relaxou o abraço e acariciou-lhe as costas. Foi tão gostoso que ela teve que se reprimir para não arquear o corpo como um gato. Estendida em cima dele, ouvindo-o murmurar em seu ouvido, ela se sentiu derreter. Sentiu um calor estranho, estimulante e perigoso. Tahir a puxou pelos quadris. Ela sentiu o volume de sua ereção contra as coxas e mordeu o lábio. Tahir não sabia o que estava fazendo, mas o volume que ela sentia entre as suas coxas não deixava dúvidas que não faria diferença. Annalisa se apavorou ao perceber que estava extremamente excitada. Quem diria que um corpo masculino poderia ser tão atraente?

- Não devo... - Ele se calou e parou de acariciá-la. Respirou profundamente, colando o peito aos seios de Annalisa. Ela fechou os olhos, decidida a não reagir, mesmo que seus mamilos estivessem intumescidos de prazer. Esperou um pouco e tentou se soltar. Na mesma hora, ele a prendeu num abraço e foi se acalmando.

Annalisa esperou dez minutos e tentou se soltar ou tra vez. Ainda adormecido, Tahir a apertou contra o peito, recusando-se a soltá-la. Ela viu que não tinha escolha a não ser esperar que ele dormisse profundamente, e relaxou sobre o corpo dele. Por enquanto, não iria a lugar algum.

Um raio de luz da aurora acordou Tahir. Ele foi imediatamente despertado pela dor dos músculos maltratados, da carne lacerada e do latejar na cabeça. E pela excitação sexual. Ficou encantado ao perceber o tamanho de sua sorte. Estava deitado de lado, com Annalisa nos braços. Ela apoiava a cabeça sobre o seu braço, encolhida contra o seu peito. Ele inalou o perfume de seus cabelos como se fosse uma promessa dos prazeres que poderiam vir. Ela era quente e curvilínea, magra, mas arredondada nos lugares certos. Tahir mal ousava respirar, mas abriu-lhe a blusa e acariciou-lhe o seio por cima do sutiã. A respiração dele saiu num assobio e ele praguejou silenciosamente. Não estava pronto para acordá-la e deixá-la se afastar. Era óbvio que não fora o sexo que os levara a compartilhar o colchão estreito. Ela estava completamente vestida. Mas roupas forneciam pouca proteção quando se estava no seu estado de excitação e quando as nádegas de Annalisa pressionavam-lhe os quadris como se fosse um convite. Ele tentou controlar seu desejo, a necessidade de apaziguar o apetite que o consumia, a vontade de rasgar as calças de algodão e de mergulhar dentro do corpo macio daquela mulher. Trincou os dentes e suspirou. Disse a si mesmo que deveria se afastar, que não tinha o direito de abraçá-la daquele jeito, mas... desejava-a intensamente. Ele tentou combater seus instintos, mas não conseguiu resistir e acariciou-lhe o mamilo. Seria o tipo de homem que se aproveitava de uma mulher adormecida? Uma mulher que fora bondosa e que não lhe acenara sequer com um sinal de interesse sexual? A respiração de Tahir se tornou ofegante. Ele nem sabia se era casado ou comprometido com uma mulher que estaria longe, preocupada. A ideia foi como um balde de gelo. Tahir se afastou imediatamente, com cuidado. Cada movimento que fazia era um tormento.

O sol estava alto quando Annalisa acordou. Ela se lembrou de Tahir abraçá-la com uma força que desafiava as suas condições. Recordou-se de haver resolvido esperar que o pesadelo passasse para tentar fugir. Relembrou a forma inconfundível e incomum como o seu corpo reagira ao abraço de Tahir. Ela corou ao lembrar seu prazer quando percebera que ele estava excitado. Annalisa ajeitou a blusa que provavelmente se abrira durante a noite. Depois, tentou controlar o pânico por ele não estar ao seu lado. Claro, era um bom sinal ele ter tido forças para levantar sem ajuda. Mas ela se apressou. Apesar da sua força e de sua de terminação, ele ainda não estava curado.

Assim que ela chegou à porta da tenda, viu-o sentado ao pé de uma palmeira. Ele não estava nu como quando a puxara sobre ele. Vestia as calças que ela lavara, mas, mesmo assim, Annalisa sentiu o calor subir pelo corpo e ficou envergonhada por ele ser seu paciente. E confusa. Em 25 anos, jamais sentira algo semelhante por um homem. Com o peito descoberto, descalço, ele parecia selvagem, primitivo, apesar da calça elegante e cara, que indicava que ele pertencia a uma classe superior à sua. Ele parecia à vontade, como um pirata descansando, mas os ferimentos no peito e na testa comprometiam essa imagem. Ela o observou se inclinar para o lado e sentiu uma sensação estranha no ventre, como se estivesse com fome.

- Aqui. - Ele não a vira chegar. Falava com o cabritinho que se esticava para alcançar um arbusto. Tahir puxou um galho para que o animal pudesse comer. Outro homem de Qusay não se daria o trabalho, a não ser que se tratasse de um cavalo de raça. Embora fosse extremamente viril, ele possuía um lado sensível. Seria sua imaginação ou no dia anterior ele inventara o pretexto do banho ao ver que ela se emocionara ao pensar em seu pai? Parecia-lhe ridículo, mas...

- Ah, a Bela Adormecida acordou. - Os olhos dele brilharam. Quando ele sorriu, formou um vinco perto da boca, e ela ficou fascinada.

- Espero que você não tenha precisado de mim mais cedo - ela murmurou. - Não sei por que perdi a hora.

- Não sabe? - O sorriso dele se alargou. Annalisa sentiu o coração vacilar e os joelhos ficarem bambos, e se agarrou ao poste da tenda. O que acontecia com ela? Sempre fora sensata, responsável, segura. Mesmo quando estava para se casar, jamais se deixara levar pela simples presença de um homem.- Pelo que me recordo, você se esfalfou cuidando de mim. - Annalisa fez um esforço e abandonou a segurança da tenda, sabendo que o único perigo estava na reação do seu corpo aos penetrantes olhos azuis. -A propósito, eu guardei seu telescópio.

- Obrigada - ela murmurou, checando a velha caixa do telescópio.

- Parecia estar tudo certo quando eu o desmontei.

- Você entende de telescópios? Tahir deu de ombros.

- Quem sabe? - Ele pareceu amargurado, e seu olhar ficou distante.

- Sinto muito. - Ela percebeu que fora insensível. - Estou certa de que logo você irá se lembrar.

- Tem razão. - Ele sorriu, mas seu rosto estava sério. - Sente aqui comigo. - Annalisa sentou ao lado dele. - Eu me lembro de algumas coisas. Mais do que lembrava antes.

- É mesmo? Isso é ótimo. Do que você se recorda? - Se ele reparou no tom exagerado de entusiasmo, não comentou. Ela passara dias imaginando quem seria ele e como chegara até ali. Para ele, não saber deveria ser muito pior.

- Apenas de imagens confusas. Uma festa. Um bando de pessoas sem rosto. Lugares que não consigo identificar. - Ele hesitou. - Uma tempestade de areia forte o suficiente para bloquear a claridade.

- Foi na véspera da minha chegada aqui - ela esclareceu.

- Eu me lembro da vastidão do deserto. - Ele olhou para ela. - O que me levou a imaginar como sairemos daqui e, enquanto isso, se você trouxe comida suficiente para sustentar nós dois.

- Há bastante comida. -Ao contrário do que costumava fazer, ela trouxera comida para dois. - Quanto ao transporte, o oásis está na rota de uma caravana de camelos.

- Uma caravana irá passar por aqui?

- Não agora. Dentro de alguns dias. - Ela rezara para que eles passassem mais cedo e levassem Tahir para um hospital. Agora, seu desespero estava misturado a outras emoções.

- Dentro de alguns dias? - ele repetiu. - Talvez demore? - A voz dele estava rouca e ele a olhou com tanta intensidade que Annalisa perdeu o fôlego. - Você e eu, sozinhos no deserto...

Ela fitou os olhos inescrutáveis, sentiu um vazio no estômago e tentou combater emoções que não compreendia. A intimidade da noite anterior mudara tudo. Pela primeira vez a solidão forçada dos dois lhe parecia... perigosa.

            
            

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