Eu só queria te chamar de meu
img img Eu só queria te chamar de meu img Capítulo 3 O salvador
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Capítulo 6 Um convite indesejado img
Capítulo 7 Consciência pesada img
Capítulo 8 O dia tão esperado img
Capítulo 9 Depois de um dia perfeito img
Capítulo 10 Beijo, música e cheiro de mar img
Capítulo 11 Surpresa e coração partido img
Capítulo 12 Desmoronando img
Capítulo 13 Um romance de dar náuseas img
Capítulo 14 Agora somos três img
Capítulo 15 Segredos img
Capítulo 16 Feliz aniversário, Izzie img
Capítulo 17 A verdade img
Capítulo 18 Apenas duas outra vez img
Capítulo 19 Reencontro img
Capítulo 20 Um baile clichê img
Capítulo 21 Não foi real img
Capítulo 22 Finalmente aconteceu img
Capítulo 23 O beijo certo img
Capítulo 24 Epílogo - Izzie img
Capítulo 25 Ela só queria me chamar de seu – Matteo img
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Capítulo 3 O salvador

Girei meu canudo pelo milkshake de morango lentamente, espalhando o conteúdo pelas laterais do copo meticulosamente.

- Você não pode ficar desse jeito. – Larissa me repreendeu.

- Irmãzinha. – repeti pela milésima vez desde a noite anterior. Claro que eu já suspeitava, mas ouvir era mil vezes pior. – Não acredito. – gemi, largando o canudo para esconder o rosto com as mãos.

- Não é tão ruim assim. – ela tentou me animar – Ele se importa com você. Ficou super preocupado que algo pudesse ter acontecido ontem. Eu mesma o encontrei e vi o desespero.

Baixei as mãos para lançar um olhar irritado.

- Ele não beijaria uma irmã.

Larissa encolheu os ombros, sem argumentar. Eu poderia continuar reclamando infinitamente, achar inúmeros problemas com a frase de Matteo, mas um garoto parou ao nosso lado na mesa.

- Oi. – ele olhou diretamente na minha direção com certa intensidade.

Olhei para Larissa, sem compreender.

- Eu só queria saber se você está bem. – ele prosseguiu, sério.

- Eu? – apontei para mim - Eu mesma?

- Sim. – ele franziu a testa, confuso.

- Nós nos conhecemos?

O rosto não era nada familiar. Os olhos eram escuros e tinham olheiras suaves, e os cabelos estavam um pouco crescidos, sem corte. Estava vestido de forma simples, com roupas básicas e levemente amassadas. Parecia um pouco desleixado, do tipo que não se importa muito com a própria aparência. Não era um garoto em quem eu fosse reparar, disso eu tinha certeza.

- Isabela, eu te ajudei ontem na festa. – ele esclareceu, um pouco perplexo por eu não recordar.

- Ah! Foi você? – exclamei, ficando em pé – Muito obrigada por aquilo. Foi horrível, realmente desesperador e angustiante. Eu estava tão nervosa, nem olhei para você. – fiz uma pausa – Espera aí. Como você sabe o meu nome?

Larissa olhou para ele com curiosidade também.

- Eu... – o garoto encolheu os ombros, sem jeito – Sempre morei perto de vocês, eu vi você a vida toda.

Aquilo era muito estranho. Eu nunca tinha visto ele em lugar nenhum.

- Qual seu nome? – felizmente Larissa era a mais educada de nós duas.

- Vitor. – ele olhou para ela.

- Eu sou a Larissa. – ela apontou para uma cadeira – Por que não se senta com a gente?

Enquanto Vitor se acomodava, voltei a me sentar. Não queria que Larissa tivesse convidado, agora eu não poderia continuar falando sobre o fiasco com Matteo e como eu poderia consertar a forma como ele me via, mas eu era educada o suficiente para não expulsar o coitado.

- Então, Vitor... – minha amiga puxou assunto quando percebeu que eu ficaria calada – Você também estuda com a gente? Ou é em outra escola?

- Ah, claro. Eu estudo sim. – aquilo pareceu ser o suficiente para disparar o garoto em um monólogo – Conheço Iago também, cheguei a jogar bola com ele no recreio da escola uma vez. Só que eu sou péssimo, então entendo que ele não tenha me chamado outra vez nem mesmo por piedade. Mas foi bem legal ele ter me dado uma chance, de qualquer modo. Não é todo mundo que faz isso.

Não pude conter um sorrisinho. Aquilo era a cara do meu irmão, acolher os necessitados, mas deixar para lá quando não tinha o retorno esperado. Iago era tão previsível...

- E quem não conhece o Matteo, não é? – Vitor prosseguiu, sorrindo gentilmente – Todo mundo quer ser amigo dele, ou par romântico. – riu, balançando a cabeça de um lado para o outro como se achasse isso um exagero.

Tentei manter minha expressão neutra. Eu não era mais uma, eu era a pessoa certa.

- Acho que a escola não vai ser a mesma sem os dois lá no ano que vem. – finalmente ele se calou. Os olhos foram para mim instantaneamente.

O silêncio reinou por um instante, quebrado apenas pelos sons da sorveteria ao nosso redor. Ainda era cedo e o movimento era bem baixo, algumas famílias buscando uma sobremesa para o almoço apenas.

- Bom... – eu me levantei – Acho melhor nós irmos. Temos que almoçar e tal.

- Ah, é. – Larissa pareceu entender que eu não estava muito disposta a jogar conversa fora com um estranho – Nós temos que ir mesmo.

- Tudo bem. – Vitor pareceu desapontado por um instante, mas sorriu outra vez – Foi um prazer falar com vocês duas.

- Igualmente. – escutei Larissa dizer, mas eu já estava me afastando.

Quando ela me alcançou eu nem me lembrava mais do garoto que tinha me salvado na noite anterior. Tinha coisas muito mais importantes para pensar.

- Tem que ter um jeito, Lari. – foi a primeira coisa que falei – Ele tem que me ver como uma mulher. Nós não temos os mesmos genes, pelo amor de Deus!

- De novo isso. – Larissa gemeu dramaticamente.

- Do que mais eu poderia falar? – parei na calçada para poder encará-la.

- Você reparou naquele garoto? – ela apontou na direção da sorveteria.

- O que tem? – cruzei os braços na frente do peito sem vontade nenhuma daquela conversa. Quem se importava com aquele garoto?

- O que tem? – ela repetiu, incrédula – Izzie, ele... Nossa, ele... – gaguejou.

Tentei ficar séria, mas não consegui.

- Estou falando sério! – Larissa ficou indignada – O Vitor tem alguma coisa com você.

Aí mesmo que soltei uma gargalhada.

- Alguma coisa? – falei com sarcasmo – Ele me pareceu alguém sem amigos. Muito carente, um pouco solitário... Obviamente ele não tem uma "coisa". - fiz aspas no ar com os dedos.

A expressão de Larissa se tornou séria, de um jeito que ela só fazia quando realmente acreditava em alguma coisa. Geralmente eu ficava sem graça nessas ocasiões, e não foi diferente.

- Eu não quis... – tentei me explicar – Olha, ele parece um garoto bacana.

- Bacana? – ela ficou incrédula outra vez.

- Ah, Lari. – recomecei a andar – Eu tenho coisas melhores para me preocupar.

            
            

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