Capítulo 3 Dois

- Não importa, eu a vendi e agora você vai pro seu quarto arruma sua mala que ele ira te leva pro diabo que te carregue porque eu não me importo pra onde ele irá te leva garota e espero que seja um lugar horrível e bem nojento de se estar.

Não pode ser verdade o que estou ouvindo, isso não pode ser verdade... Ela não faria isso comigo, ela não pode ser tão cruel a esse ponto. Eu sou a única filha do cara que ela dizia ser o amor da vida dela, ela não poderia ser capaz de fazer isso.

- Diz que, por favor, que isso tudo não passa de uma brincadeira. - peço com lágrimas nos olhos.

- E por qual razão eu brincaria com você? Olhe para você! - me olha de cima a baixo, o desprezo é notório em seus olhos verdes. -É uma inútil, fica apenas naquele quarto me deixando com toda a merda na mão.

- EU SOU A FILHA DO HOMEM QUE VOCÊ DIZIA AMAR! - grito na esperança de colocar juízo na cabeça dela.

- E POR SUA CAUSA O HOMEM QUE EU AMAVA NÃO ME DEU UM FILHO!

O que? É por isso que ela me odeia tanta? Só porque meu pai não quis ter outros filhos além de mim?

- POR SUA CAUSA EU TIVE QUE ME CONTENTAR COM POUCO! NÃO PUDE REALIZAR MEU SONHO DE SER MÃE, VOCÊ APENAS ATRAPALHA A MINHA VIDA! POR SUA CAUSA E POR AQUELA MORTA ELE SEMPRE SE RECUSOU A CONSTRUIR UMA FAMÍLIA COMIGO!

Grita e eu fico sem palavras, nunca pensei que fosse por isso. Ciumes, ciumes de uma mulher que nem está mais aqui. Minha mãe morreu quando eu tinha seis anos de idade, foi nessa época que comecei a me afastar dos amigos na escola. Eu não sentia vontade de fazer mais nada, perdi a conta de quantas terapias meu pai pagou para que eu voltasse a seguir em frente na vida. A única coisa que me fez seguir, foi quando em prantos ele me disso: "- Nesse mundo eu só tenho você, minha pequena, por favor, não me abandone", ouvir aquelas palavras e o seu choro compulsivo me quebrou em mil pedacinhos.

- Eu não tenho culpa de nada, eu não...

- Se você não existisse, o meu filho existiria. - me olha com nojo.

- Não foi eu quem escolheu nascer... Por favor, não faz isso comigo... Eu.. eu...

- CALA A PORRA DA BOCA GAROTA! - me empurra eu caio sentada no sofá. - Eu não aguento mais nem ouvir o som da sua voz, te aturei por longos cinco anos, eu não aguento mais nem respirar o mesmo ar que você.

- Pensa melhor... Não faz isso, você não cruel a esse ponto...

- Eu cruel?

- Por favor, não faz isso comigo. - sinto minha garganta ardendo.

- Eu quero que você tenha um fim trágico, que sofra. Essa é a minha vingança.

- Eu não te fiz nada...

- Você roubou todo o amor que deveria ser do meu filho, que por sua existência nunca nasceu e nunca irá nascer. Você é o demônio que atormenta a minha vida, era você quem deveria ter morrido acidente!

- Eu vou embora dessa casa, vivo com meus tios, sai de vez da sua vida, mas por favor, por favor Simara, não me venda para esse velho, por favor, por tudo o que é mais sagrado, pelo amor que você sente por meu...- me ajoelho no chão implorando.

- Por que não fez isso enquanto ele ainda estava vivo? Em? - me corta.

- Porque ele é o meu pai! A pessoa que eu mais amo nesse mundo, nunca iria me afastar dele!

- Pois, agora eu quero que você se foda, vá busca sua mala e saia dessa casa antes que eu mesma te jogue para fora - nego com a cabeça e seu rosto vai ficando cada vez mais vermelho - não me faça repetir uma terceira vez, sabe o quanto odeio isso.

- Não quero que leve nada além da roupa do corpo - o velho entra na conversa, mas eu não dou atenção.

- Pensa melhor no que está fazendo, por favor... Eu não sou um objeto... Não faz isso comigo.

- Saia da minha casa.

- Essa casa também é minha! Você não é casada com meu pai, não tem direito sobre ela! - me levanto, a raiva me consumindo.

- Oh, jura? Eu posso provar que vivi em união estável por mais de dois anos com seu pai, querida, e isso me dá o total direito de viver para sempre nessa casa, o que faz dela, minha!

- Eu não me importo que fique com a casa, só não deixa esse velho me levar...

- Aleky, querido, se você não a tirar daqui, não garanto que terá sua mercadoria totalmente perfeita.

- Aranhe minha mercadoria, e você sairá com um buraco no meio da testa - ela engole seco e ele se vira pra mim - Tudo o que você irá precisar já está a sua espera, e quando chegarmos esse vestido será queimado.

Não consigo dizer mais nada, o único caquinho que eu tinha em meu coração acabou de se espatifar, não consigo mais segurar as lágrimas que descem queimando por minhas bochechas, um caroço se forma em minha garganta, me fazendo ter dificuldade de respirar. Sinto meus dedos tremendo, o mundo inteiro desabou sobre mim mais uma vez.

- Não, não, não por favor... Não... Eu não quero ir com você... - as lágrimas caem e não consigo mais controlar os soluços altos que escapolem por minha boca.

Como isso pôde ter acontecido? Nunca na minha vida, em todos esses dezessete anos, eu nunca imaginei viver uma situação dessa. Ser vendida como um objeto, um animal.

- Você não pode me compra... Eu sou um ser humano... Não podem fazer isso comigo, não existe dinheiro que possa me comprar... Por favor, parem com isso...

Eles não dizem nada, apenas me dirigem olhares de impaciência. Meus joelhos fraquejarem, estou tão abismada que nem sinto a dor da queda deles sobre o piso do chão. A dor que está em meu coração, nesse momento, parece que mais nada existe. Minha mãe não está mais comigo, e agora o meu pai também não. Nenhum dos meus parentes vieram me procurar para saber como eu estava e tenho certeza que eles também pensam que eu sou a culpada pelo falecimento dele.

Estou completamente sozinha. Nunca imaginei que ela me odiaria tanto ao ponto de me vender.

Mãos ásperas apertam meu braço e me suspendem do chão bruscamente, e sem nenhuma delicadeza o velho Aleky apertando me arrasta em direção a porta, me esperneio e grito mas nada adianta, ele não me solta e aperta ainda mais o aperto em meu braço. Antes de sairmos pela porta ele olha para a mulher que me vendeu e diz:

- Foi um ótimo reencontro, Simara, mas espero nunca mais te ver. Foi um imenso prazer fazer negócios uma ultima vez com você - fala se curvando, como se fosse um cavalheiro. Nojento!

- Magina, o prazer foi todo meu, senhor querido Aleky - fala com sua melosidade nojenta.

Ele enfim me arrasta para fora da casa, onde meu pai vivei seus últimos anos. Um carro preto, não conheço marcas de carros, está com a porta aberta em frente a casa, homens de terno preto estão segurando as portas, o velho nojento me joga dentro do carro e se acomoda do meu lado. Sinto minha espinha gelar.

- O-o que você vai fazer comigo? - só agora pensei no medo.

- Coisas horríveis menina, irei queimá-la, torturá-la, e depois mandarei vinte homens estuprá-la - fala serio me olhando nos olhos.

As lágrimas voltam a cair como cascata. Meu Deus, por favor não deixa isso acontecer comigo.

- Estou brincando criança, em breve você irá saber, agora não é o momento certo.

- Q-quem é você?

Não obtenho resposta, sinto uma dor latente em minha nuca e minha visão vai ficando embasada, sinto meu corpo sendo puxado pela gravidade. Apago.

Não sei quanto tempo se passou, apenas sinto tapas sendo deixados em minha face. Eles doem, devagar abro meus olhos e finalmente paro de ser estapeada.

- Finalmente acordou, bela adormecida. Bora chegamos.

            
            

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