- Clara, estamos em 2016. Em que ano você parou?
O elevador se abriu e entraram mais pessoas, o que fez com que ficássemos em silêncio. Ele sacou seu telefone e digitou algo muito rápido, em seguida recebi uma mensagem no WhatsApp.
- Vamos pro quarto. Qual o problema de transar?
O elevador chegou no estacionamento e eu saí de lá apressada.
- Clara, me espera!
- Já disse que não!
Gabriel me alcançou e pegou meu braço.
- Por que está correndo?
- Eu não quero transar.
- E eu não vou te obrigar! Mas quero entender o por que.
Se ele insistisse mais um pouquinho eu iria entregar os pontos. Mas e se ele me largasse depois? Ali no Rio isso era comum. Mas e na minha cidade? Fora que seria um escândalo para as nossas famílias, e minha reputação estaria acabada.
- Fale comigo apenas pelo WhatsApp. Semana que vem estarei embarcando para a Flórida, vou ver minha irmã.
- Não, não vai. Temos uma sessão de fotos marcada para semana que vem e a Revista Famous quer uma entrevista comigo. Tenho que apresentar minha noiva para a sociedade carioca.
- Como assim entrevista? Sessão de fotos? Ninguém me avisou nada!
- Eu estou avisando agora. Além disso, qual o casal feliz e apaixonado que a noiva viaja para o exterior dias depois de anunciarem o casamento?
Bufei, mas tive que concordar.
POV Gabriel
Clara foi se embora pelo estacionamento. Meu pau doeu e eu fiquei louco de ódio por ela ter escapado de mim. Voltei ao elevador com uma cara emburrada e apertei o botão do meu andar, e só quando saí e fui em direção ao quarto consegui lembrar que havia mandado fazer a maldita decoração romântica.
Os funcionários foram primorosos: a cama estava com um lençol branco de seda e com pétalas de rosas. A banheira já cheia, e ao lado dela um balde com gelo e champanhe. Champanhe francesa, a melhor de nossa adega conforme eu havia pedido.
Aquele quarto cheirava a romantismo, e só piorava o meu mau humor. Eu juro, se a Clara não for virgem eu vou arrombar a buceta e o cu daquela vagabunda e peço o divórcio no dia seguinte!
Peguei o celular no bolso e olhei a foto na tela: eu em Nova York, junto com Patrícia, meu grande amor. Meu coração doeu e eu quis chorar, pois tinha deixado minha princesa lá para me casar. Meu pai não a aceitou, pois não a conhecia e alegou que Paty podia querer nosso dinheiro apenas. Agora estou aqui, preso nesse contrato maldito, com uma garota que adora fazer cu doce.
Clara me disse para ver tudo o que queria e enviar para ela por WhatsApp, para colocarmos no nosso contrato "secreto". Mas ela que me aguardasse, pois tão logo papai se instalasse lá naquele fim de roça eu pediria o divórcio. E ainda iria falar para nossas famílias sobre nosso segredinho.
Telefonei para uma cafetina que eu conhecia há muito tempo e pedi três acompanhantes de luxo. Pedi que viessem rápido e que se preparassem para uma noite inteira de sexo, pois eu estava tinindo pra foder.
Liguei na recepção e pedi preservativos, já avisando que as putas iam subir. Sabe como é, temos que avisar quando vamos receber visitas nos quartos, para evitar problemas.
Meia noite e meia às três chegaram: Uma loira, uma morena e uma ruiva.
- Tirem as roupas. As três nuas. - Ordenei. - Você, vem aqui. - Falei para a morena.
Ela veio e me chupou gostoso, mas eu não estava conseguindo relaxar. A loira e a ruiva estavam se chupando, mas aquilo em vez de me aliviar só me irritou.
- Chega! Vamo todo mundo pra banheira!
A morena ficou sem entender, pois simplesmente tirei o pau da boca dela.
Entramos na banheira e mandei a ruivinha estourar a champanhe. Só então me dei conta de que tinham apenas duas taças.
- Liga pra recepção e manda trazer duas taças pra cá. Veste alguma coisa, não vai atender pelada. Te contratei pra ficar nua pra mim, não pros empregados.
As três estranharam minha grosseria, e eu mesmo não estava me aguentando. Não é do meu feitio tratar nenhuma mulher mal, nem mesmo GP. Está certo que será apenas uma noite, mas eu gosto de tratá-las muito bem, e dependendo do meu humor ainda dou presentes. Saí da banheira e fui sentar na cama.
- Gato, cê tá bem? Quer um boquete, alguma coisinha diferente? - Questionou a loira, que havia ficado na banheira com a morena.
A ruivinha estava ainda parada perto da porta, com cara de quem não entendia nada. Que merda!
Deitei na cama e bufei. Contei até cinco, expulsando Clara dos meus pensamentos, e em seguida levantei.
- Põe o roupão. O funcionário deve estar chegando com as taças.
A ruiva acatou, e eu voltei pra banheira com as outras duas.
Acordei de manhã vomitando. As três me ajudaram a ir pro banheiro, e vomitei tanto que chegaram a me escapar lágrimas dos olhos.
Eu consegui me recompor e paguei as três por transferência bancária. Foram embora e eu fiquei sentado na cama, só de calça e de meias.
Bebemos muito champanhe. Transei como um louco, como uma garoto que vai pela primeira vez no puteiro. O quarto virou uma bagunça completa, e eu uma bagunça maior ainda.
As onze da manhã minha mãe ligou.
- Bom dia meu filho. E então? A farra foi boa?
- Farra?
- Está hospedado no nosso hotel, leva três prostitutas, gasta 8 mil reais no cartão do seu pai, e tudo isso horas depois de ser clicado jantando com a sua noiva!
Eu gelei. Dona Heloísa era ainda mais temível do que o senhor Teodoro. Papai zelava por nosso patrimônio, e mamãe pela nossa imagem. Nem preciso dizer que Miguel jamais receberia uma ligação daquele tipo, pois ele é insuportavelmente certinho Já eu...
Mamãe gritou, piorando ainda mais minha enxaqueca. Provavelmente alguém do hotel me delatou, ou o gasto incomum apitou no telefone deles.
Ela e meu pai conheciam Clara e sua família de longa data. E havia uma grande expectativa para que eu levasse minha noiva até lá, já que no dia em que assumimos o compromisso ela estava na Espanha tratando de negócios.
Dormi mais um pouco, e depois das três da tarde liguei para Clara. Pelo tom de voz dela imaginei que não sabia que estávamos nas colunas sociais. Pedi que ela se arrumasse e me encontrasse no lobby do hotel em que eu estava, pois iria levá-la para conhecer minha mãe, agora como sua sogra. Ficou combinado que de noite eu alteraria meu status de relacionamento nas redes sociais e a marcaria, e a entrevista para a revista, já assumindo oficialmente nosso compromisso foi adiantada para dali três dias.
Nosso casamento seria em Maio, já que era mês das noivas.