Quase morri do coração com a proposta da tia Helô, ou melhor, da minha sogra.
Morar na mansão? Não, eu gosto de andar de camiseta e calcinha pela casa, e nem sonhando que vou conseguir andar sempre bela e bem vestida como ela anda.
- Não minha sogra, eu prefiro ficar no hotel. Até por que vai pegar mal se eu for vista aqui antes de estar casada.
- Ah meu amor você tem razão. Infelizmente nossa sociedade ainda é muito preconceituosa, e realmente não aceitariam você morando aqui antes. Mas tudo bem, isso mostra que você é atenta e está um passo à frente. Isso é muito bom para quem vai ser responsável por eventos tão luxuosos.
Me livrei de conviver com o tarado do Gabriel, e ainda ganhei os parabéns da minha sogra.
Nosso noivado seria no dia 12 de Março, e logo após gravarmos a entrevista - que já estava me dando nojo - eu já começaria a enviar os convites da festa de noivado a quem interessava.
Já faziam dois anos que havia um burburinho entre nossas famílias sobre nos casar, então agora todos tinham pressa. Março noivado, Maio casamento. Isso queria dizer que eu e Gabriel tínhamos que andar rápido com o nosso contrato.
*
Chegou o dia da famigerada entrevista, e lá estava eu chegando cedo ao hotel para me arrumar. Gabriel estava falando muito pouco comigo, e não tínhamos nos visto mais depois do dia em que fui na mansão dos meus sogros. De certo eu ter me negado a transar com ele o atingiu em cheio.
Só que se o Gabriel pensa que eu vou dar pra ele e correr o risco dele me largar, ele está muito enganado.
Ouvi ele falando que estava muito feliz por me conhecer. Eu estava atrás da porta aguardando ser chamada, e só ficava notando o quanto meu noivo conseguia fingir bem. O que tinha de lindo tinha de mentiroso.
- Mas então vamos conhecer a dona do seu coração! - Disse a repórter. - Chama ela pra nós Gabriel?
- Chamo sim. Entra meu amor!
Gabriel me chamou, e se eu não soubesse que tínhamos um contrato até poderia me enganar.
Entrei bastante nervosa, dei a volta no enorme sofá e me sentei, não sem antes dar um leve aceno para a entrevistadora.
- E então, como é o nome da moça que roubou o coração de Gabriel Lafayette?
- Clara. Meu nome é Clara da Costa.
- E você é de onde?
Gabriel pôs a mão em volta de mim, e em resposta eu peguei a mão dele. Casal perfeito aos olhos de qualquer um.
- Eu sou de Ji-Paraná, Rondônia.
- Olha, do outro lado do país! E o que você faz da vida?
- Sou estudante de Direito.
- Hmmm, temos uma futura advogada na família. E vocês pretendem se casar ou vão apenas morar juntos?
Nessa hora Gabriel soltou a minha mão e levantou, me deixando ali para responder sozinha. Virei um pouco pra trás e vi ele abrir uma porta de um armário, mas em seguida voltei minha atenção para a pergunta.
- Claro que iremos casar. Até Junho deste ano pretendemos selar nossa união. Apesar de sermos jovens, a gente acredita que um casamento deve ser celebrado perante Deus e perante os homens.
- Isso é tão lindo Clara! E pensando bem eu vi aqui que não perguntei sua idade. Quantos anos você tem?
- Faço 21 anos em Junho.
- Nossa, você é realmente jovem. E o que te faz acreditar que assumir um lar tão jovem dará certo? Também querendo ou não vocês são herdeiros de um império.
Eu ia responder quando a câmera e as atenções se voltaram para Gabriel. Ele tinha uma caixinha de veludo em mãos e abriu, revelando um lindo colar de ouro branco no qual estava escrito meu nome de uma maneira super discreta. Eu não pude evitar abrir a boca, pois fiquei chocada com tamanha perfeição.
Imaginei que seria ouro amarelo e com aqueles nomes grandes, aquela coisa brega, mas Gabriel me surpreendeu.
- Clara da Costa, você aceita se casar comigo?
Tudo emudeceu à minha volta. Achei que o pedido seria feito na festa de noivado, mas agora? Ali?
- Claro. Claro que eu aceito meu amor!
- Que lindo! Eles estão realmente apaixonados! - Comentou a repórter também emocionada.
Levantei trêmula, e Gabriel me virou de costas para poder colocar o colar em mim.
Será que ele havia se apaixonado por mim de verdade? Mas como em tão pouco tempo?
*
POV Gabriel
Não sou bobo nem nada. Já que mamãe e papai querem um "casamento forte e duradouro" é isso que eu vou fazer parecer. E como precisamos ser convincentes, telefonei para o pai dela e perguntei sobre seus gostos. Os fazendeiros tem a fama de serem bregas e excêntricos, achando que rico deve aparecer, mas minha família preza pela elegância. Fiquei surpreso ao ouvir que Clara era mais discreta e não gostava de chamar muito a atenção, então optei pelo ouro branco.
Meus pais estavam certos ao escolher Clara pra mim, pois ela casa em tudo com o estilo de meus familiares. Mas meu coração não bate por ela, e isso às vezes dói.
Antes de nos casarmos eu vou ir à Nova York e conversar com Patrícia. Preciso ter certeza de que ela vai me esperar, pois não vou continuar com essa farsa a vida toda.
Clara baixou totalmente a guarda com a surpresa que fiz, e até a conclusão da entrevista eu vi que ela ficou meio que no ar.
A equipe agradeceu e foi embora, e Clara foi acompanhá-los até a saída do hotel. Eu tomei o cuidado de deixar a bolsa dela em meu quarto, para que ela fosse obrigada a subir lá novamente.
Assim que fiquei sozinho no cômodo observei que o celular dela havia ficado lá também, e não resisti a tentar ver um pouco mais da privacidade de minha futura esposa.
Clara realmente era uma moça do interior e ingênua, pois o aparelho sequer era bloqueado por padrão, bastando apenas deslizar o dedo pela tela e usar.
No Google haviam pesquisas sobre virgindade, e no começo eu até ri. Mas logo abaixo haviam pesquisas do tipo:"Tem como o homem notar que não sou virgem?" E eu me enfureci. Aquela vagabunda pensava que iria me enganar? Bem que eu duvidei daquele discursinho besta! Ah, mas ela ia me pagar!
Quando ela voltou ao quarto eu estava fulo da vida.
- Eles já foram. Até que a gente convence muito bem né?
- O que é isso aqui? - Perguntei mostrando o celular.
- O que?
- Eu é que pergunto o que. Me responde!
Clara se aproximou e viu na tela a pesquisa. Ela ficou apavorada e sentiu suas pernas amolecerem.
- Eu, ah, é que...
- É que nada! Bem que eu achei estranho. Pra que mentir sobre isso? A gente tá em 2016, não 1916 pra eu me importar com isso!
- Não é isso, me deixa explicar!
- Explicar o que? Tira a roupa!
- O que? Eu não vou tirar nada!
Desliguei o telefone dela e o larguei na mesinha de vidro sentindo muito ódio. Fui até a porta e a tranquei, e Clara estava assustada.
- Me deixa explicar!
Fui até ela e a prensei contra a parede, beijando-a à força. Clara começou a chorar, e eu senti pois as lágrimas caíam sobre minhas bochechas.
- Anda, deita na cama!
- Por favor, não!
- Vamo! - Ao perceber que falei alto demais eu me aproximei dela e abaixei o tom de voz. - Tira essa roupa agora, que eu não vou ficar comendo prostituta por que a minha querida noivinha fica se fazendo de boa moça.
Ao ouvir que eu estava saindo com prostitutas Clara se assustou ainda mais.
- Tira a roupa.
Chorando e tremendo muito ela levantou o vestido, quase como se tivesse esquecido como fazer aquilo. Ficou de calcinha e sutiã, e senti que aquilo ia render. Ela era linda e gostosa, e estava de conjuntinho lilás.
- Tira o sutiã e a calcinha. Rápido. E para de choro, por que pelo visto o que vai acontecer não é nenhuma novidade pra você!
Ela tirou a calcinha, mas o sutiã parecia querer não sair. Impaciente eu fui até ela e a virei de maneira brusca, tirando eu mesmo a peça. Em seguida a empurrei para a cama e a mandei se virar. Clara me olhava desesperada, e logo coloquei dois dedos dentro dela.
- "Ain, isso só pode depois que casar! Sou virgem!"
- Me escuta. Ai!
Clara gritou, e eu senti uma barreira impedindo meus dedos de prosseguirem, além do que ela era muito apertada para alguém que tivesse uma vida sexual ativa.
- O que é isso?
Clara caiu no choro e tapou o rosto com as mãos, enquanto eu fiquei sem entender nada. Se ela era virgem por que aquela pesquisa no telefone?
- Eu transei uma vez, mas o hímem não rompeu. - Explicou depois de alguns instantes. - Foi horrível e eu me senti usada, por isso nunca mais quis fazer!
Porra! Que merda! Eu já tinha ouvido falar nisto, que o hímem pode não romper da primeira vista.
- Vai em frente. Me estupra! Quer ver sangue no colchão e só continuar!
O que foi que eu fiz?