Capítulo 2 COMO TUDO COMEÇOU

Qual seria o pior dia do mundo de uma garota de 20 anos? É esse questionamento que me faço sentada na escada, pensando no quão difícil é segurar toda essa barra sozinha. Ainda me lembro de quando era apenas uma garota de 8 anos e vi a minha mãe sendo morta por um monstro, esse dia ficou marcado na minha memória como um dos piores dias da minha vida. Eu lembro da maneira como ela usou o seu corpo, se colocando na minha frente como um escudo para me proteger dos tiros...

Quando o meu pai me disse que a minha mãe tinha virado uma estrelinha no céu, eu disse para ele que estava sentindo uma dor, ele me perguntou onde estava doendo e apontei para o meio do meu peito, mostrando que o meu coração estava dolorido. Ao fazer esse gesto, vi uma lágrima rolar pela sua face, naquela época eu era uma criança, mas sabia muito bem decifrar alguns sentimentos, e ali percebi que o meu pai também sentia a mesma dor. Então ele me perguntou o quanto estava doendo, e mesmo tendo só 8 anos de idade, eu o disse que não conseguia medir, pois a dor era muito mais forte e insuportável do que qualquer número que eu pudesse imaginar. E com medo de sentir aquela dor novamente, orei tanto para Deus, pedindo, implorando para nunca mais passar por isso na minha vida e cá estou eu sofrendo a dor da perda mais uma vez. Sim, hoje é mais um dia daqueles em que sinto o meu coração sendo esmagado com tamanha força, o dia em que o meu querido e bondoso pai perdeu a sua vida, e agora posso dizer literalmente que sou órfã de pai e mãe.

Olhando para o céu, tento me conectar com Deus e perguntar o que será de mim neste mundo sem ninguém da minha família por perto. Será que a minha madrasta que nunca gostou de mim está disposta a me ajudar? Ela sempre fingiu ser uma boa mãe para mim quando o meu pai estava por perto, porém quando ele dava as costas, ela me humilhava e todas as vezes dizia que meu fim estava próximo. E o pior é que ela era casada com meu pai e como viúva dele, a mesma é a herdeira principal dos bens.

O que mais me chamou atenção na minha madrasta foi a frieza com que agiu no enterro do meu pai. Parecia que não se importava com a morte dele, o pior é saber que ele enfartou na frente dela e ela não se abalou com isso. Eu estava tão distraída relembrando todos os recentes acontecimentos, que nem consegui perceber os passos da minha madrasta.

*** Oh menina... O que você faz sentada nessa escada ainda?

Helena: Estou pensando na vida, Júlia.

Julia: Não há tempo para pensar na vida, seu querido pai morreu e eu não vou ficar com você, não sou obrigada a te sustentar.

Helena: Tudo bem, Júlia. Não se preocupe, eu não serei um peso na sua vida, vou procurar um emprego e quando conseguir prometo sair daqui.

Julia: HAHAHA _ Ela dar uma risada irônica e eu fico sem entender_ Eu tenho planos para você, bonequinha. Deixa eu te contar um segredinho, a verdade é que o seu pai morreu porque descobriu a minha verdadeira face. Ele descobriu que me envolvo com drogas e tráfico. E como agora ele morreu e não preciso mostrar que me importo com você, tenho uma ideia do que fazer com você. Bem, não que precise saber, mas estou devendo muito dinheiro ao dono do morro do Alemão e advinha só quem vai ser a minha moeda de trocar?_ Ai meu Deus, no que essa louca está pensando _ Se você pensou em ti, acertou queridinha! Vou matar dois coelho com um tiro só. Me livro do Terror e de você ao mesmo tempo.

Helena: Você esta louca?_ Sinto uma lágrima molhar o meu rosto _Você não pode fazer isso comigo, não pode me obrigar. Eu sou maior de idade e não sou um objeto para ser vendido.

Julia: Eu posso te obrigar sim, sabe o porquê? Você não quer que nada aconteça com sua priminha quer? _ Ela pegou um celular e mostrou uma imagem que mostrava o apartamento da Letícia na Rússia, eu fiquei em choque e só conseguia chorar_ Eu acho bom você colaborar pelo bem da Letícia. Marcos e Júnior, por favor leve a senhora Helena para o quarto e tranque a porta.

Eles me levam e me empurram para dentro do quarto, diante de tudo que está acontecendo, eu não consigo dizer uma palavra, apenas me jogo no chão e choro a noite toda, pedindo a Deus que me guarde e cuide da minha vida, do meu futuro e não deixe que nenhum mal me aconteça. Eu confio em Deus e sei que ele vai me ajudar. No fim chorei tanto que acabei pegando no sono ali mesmo no chão.