Capítulo 2 Problemas geram possibilidades

"Por que ele não sai da minha cabeça?"

No dia seguinte, Eve chegou à escola toda enraivecida com o Mark. Suas amigas percebem logo de cara e Maryse pergunta:

- O que aconteceu para você estar tão irritada?

- O que aconteceu? Simples. Ontem fui ser boa para o Mark, dando uma ajuda em uma briga que se meteu e ele simplesmente me deu as costas sem ao menos agradecer pela ajuda. Mesmo ele tendo dado uma ajudinha para mim, saiu sem me dar respostas. Ai! Como queria matar aquele garoto. Sem contar o mico que ele me fez pagar ontem na sala de aula.

- Calma, amiga. Ele pode ter feito tudo isso, mas parece uma boa pessoa. Talvez ele seja tímido, por isso não respondeu ou te agradeceu. - disse Maryse com a mão no ombro da amiga, como um gesto de consolo.

- Tímido?! Não acredito depois do que ocorreu na sala.

- Aquilo foi uma exceção. Talvez tenha se sentido intimidado.

- Não sei. Mesmo assim não diminui a minha raiva. Ainda quero matá-lo.

- Ele é muito bonito. Seria um desperdício matá-lo com tamanha beleza, mas ele não devia ter feito isso com você. - disse Valentina. Eve dá uma risadinha.

- Só você mesmo para me fazer rir nas minhas condições. Você só pensa na beleza mesmo.

- Ué, o que posso fazer? A beleza externa é o que nos faz ver a beleza interna.

- Nem é não. O Andrew não é muito bonito, mas é gente boa.

- Você acabou de dizer que ele não é muito bonito, mas não falou que ele era feio.

- Ai, Vale, para. Vamos pra aula. - disse descontraída, deixando um pouco de lado a raiva que sentia.

As duas primeiras aulas não foram nada interessantes. Na verdade, havia sido um tédio. No intervalo, elas não o viram, mas na última aula, Eve encontrou o olhar do Mark mais uma vez, ficando perdida, mas dessa vez essa sensação foi um pouco mais calma do que as últimas vezes. Conseguiu ignorá-lo e sentou-se do outro lado da sala. Ele acompanhou os passos dela com o olhar e um sorriso, até a carteira que ela se encontrava. Ela levou a mão ao coração e ele desviou o olhar na mesma hora.

A aula terminou sem discussão e, na saída, Eve esbarrou no Mark, mas continuou andando. Assim que se encontrou com suas amigas, um sentimento de pânico e conflito interior correu pelo seu corpo, mas, parecia que esse sentimento vinha de fora. Era como um intruso que queria entrar em seu coração. Para não demonstrar o que estava acontecendo, Eve não mudou nada em sua expressão.

- Já sei o que vamos fazer. Vamos ao parque de diversão. Assim a Eve pode se distrair, espantando os problemas e preocupações. O que acham? - perguntou Valentina gostando do que acabou de dizer.

- Por mim, tudo bem. - respondeu a Maryse de imediato.

- Vou pegar dinheiro com os meus pais e ver se não tem problemas. Encontro com vocês perto da roda gigante. Se tiver alguma alteração, ligo. - disse Eve, dando às costas para as amigas, gostando da ideia.

Chegou em casa. Sua mãe se encontrava com uma cara de preocupação. Eve se aproxima e pergunta:

- Mãe? Tudo bem?

- Ah? Sim. Quer alguma coisa? - disse com um sorriso amoroso no rosto, mas sofrido.

- Sim. Será que você poderia me dar um dinheirinho para ir ao parque de diversão com as minhas amigas?

- Você não tem?

- Gastei tudo na última vez que fui ao shopping com elas, em compras.

- Não. Eu não posso te dar dinheiro. Por que não guardou um pouco para outra compra em vez de gastar tudo? Já estamos com pouco dinheiro e seu pai está dando duro no trabalho. Estou procurando um emprego para ajudá-lo com as despesas de casa. Por que não vai arrumar um trabalho também?

- Então, estamos sem dinheiro? - disse indignada. Sentiu-se como um imã que só atraía problemas.

- Sim.

- E você quer que eu trabalhe? - ela começou a entrar em pânico, pois nunca trabalhara na vida.

- Ajudaria. Também ajudaria se procurasse economizar.

- Economizar? Trabalhar? Só nos seus sonhos. - E subiu para o seu quarto. Tentou chorar, mas as lágrimas não saíam. Apesar de Eve ser uma menina meiga e carinhosa, era meio riquinha e não sabia se virar. Eve ligou para as suas amigas, falando que não iria, porque os pais sairiam e ela teria que cuidar da irmã. Não conseguiu contar por telefone o que realmente aconteceu e suas amigas acabaram indo ao parque sem a Eve. Esta decidiu ir à praça tomar um ar.

- Onde está indo? - perguntou a mãe de Eve, que estava preparando o almoço.

- A nenhum lugar que gaste dinheiro. - disse ela saindo.

Na praça, Eve se sentou em um banco e ficou olhando em volta. Havia crianças brincando no parquinho com seus pais ou amigos. Casais, jovens, adultos e idosos se exercitando. Donos jogando disco para seus animais, ou simplesmente demonstrando amor. Eve se sentiu um patinho feio entre os cisnes, pois todos estavam felizes, e ela triste, reclamando da sua vida injusta. Mas pensou que tudo passaria, quando viu Andrew vindo em sua direção.

- Oi! Eve? Como vai? Quanto tempo que não nos vemos.

- Bem, obrigada. Realmente, não nos vimos há bastante tempo. E você? – disse Eve abrindo um sorriso, como se nada tivesse acontecido. E por um momento pensou assim.

- Estou bem.

- O que conta?

- Estou namorando.

- Parabéns. Isso é muito bom. - disse Eve disfarçando um sorriso de alegria, pois, na realidade, ela estava mais triste do que antes. Agora, ela se sentia no fundo do poço. - Como isto aconteceu? - aparentou como se nada tivesse mudado dentro de si.

- Ela faz faculdade na mesma universidade que eu. Nós cruzamos um dia desses e começamos a nos falar. Percebemos que tinha um sentimento além da amizade, e acabamos namorando.

- Nossa! Que lindo isso! - ela achou lindo mesmo, mas não gostou, pois queria ter a sorte da menina que Andrew disse.

- Obrigado e você?

- Na mesma.

- Amor, por onde andou? Não tínhamos combinado de nos encontrar na sorveteria? - disse uma menina ruiva, de cabelos enrolados e olhos claros. Era muito bonita. Não tinha como Eve competir com ela.

- Ah! Desculpe, Ster. Eu estava indo, mas acabei encontrando com uma velha amiga. Ster, essa é Eve. Eve, essa é Stefany, minha namorada.

- Oi. - disse Stefany, cumprimentando a Eve com um aperto de mão.

- Oi. - disse Eve, retribuindo o cumprimento.

- Vamos então, amor? - disse, beijando o Andrew. Eve desejou pular em cima da menina e mandá-la para longe, podendo ficar com o Andrew, mas espantou esse desejo para ser amigável com a Stefany.

- Vamos. Então, tchau Eve, e até algum dia. - disse Andrew, dando as costas para Eve que ainda conseguia ouvir um pouco da conversa.

- Tchau. - disse Eve, se despedindo, mais para si do que para ele, pois ele nem a ouviu, por estar falando com a Stefany.

- É essa a menina que gostava de você no ano passado?

- Sim. Por que a pergunta? Está com ciúmes?

- Não. Você gostava dela só como amiga. Não tenho motivos para sentir ciúmes. - E olha para Eve com um olhar gelado, o que fez Eve se sentir presa no poço, por alguém ter tampado a saída.

- Você sabe que eu te amo mais do que minha própria vida. - e abraçou a Stefany. Eve queria chorar e ver se assim ele voltaria para ela, mas não adiantou nada, pois as lágrimas não caíam.

Voltou para casa já ao anoitecer. Seus pais estavam discutindo. Eve olhou para eles e subiu sem dizer nada. Trancou-se no quarto e ficou vendo o que o dinheiro pode causar. A família de Eve sempre viveu em plena harmonia, mas com a falta de dinheiro, estava afetando a todos. Atingiu até a Kelly, que não havia falado com Eve, em nenhum momento, mesmo estando no quarto dela, mexendo no computador.

- Você pode sair, Kelly? Quero ficar sozinha. - Kelly saiu sem dizer nada.

Eve tomou um banho, colocou seu pijama mais quente e foi se deitar para ver se dormir a ajudaria a esquecer dos problemas da sua vida. Mas não adiantou, pois ela não pregou os olhos à noite toda. O seu cérebro não parava de trabalhar, de exibir pensamentos. Para deixar a situação pior, conflitos que não eram dela, os quais ela não tinha a mínima ideia de quem eram, estavam também aparecendo de relance. Rapidamente, ela via o Mark discutindo com os dois meninos do shopping, mas só os via e não ouvia.

Mark se encontrava também em conflito interno, pois não sabia se falava com Eve, ou não. Se manteria a distância ou não. Ele não sabia o que era o certo. Foi tentar falar com o irmão Matt, mas ele não ajudou muito. Falou o que Mark achou que falaria, mas seus sentimentos mostravam outro rumo.

- Mark, não gaste suas forças por ela. Ela nem merece esse sofrimento todo. Mike não está de acordo e eu não posso ir contra ele.

- Vocês dois são iguais. Pensam a mesma coisa. Nem sei por que te contei isso.

- Olha o que está falando. Posso até concordar com o Mike, mas não penso como ele.

- Você só pensa em nada. É "Maria vai com as outras".

- Hum?

- Segue quem é mais forte. É isso que significa "Maria vai com as outras".

- Posso ser até isso que você falou, mas minha cabeça não é vazia. Só acho que não é certo ir contra o que nossos pais querem. Você devia fazer o mesmo. Começando por manter distância dessa menina.

- Ah! Me deixa, Matt. - disse, se jogando na cama.

- Pense no que falei. - e fechou a porta.

Eve foi para a escola com olheiras e com os olhos quase fechando. Uma cara de sono que dava pena. Suas amigas perceberam logo.

- Não dormiu a noite, por que Eve Mendes? - perguntou Maryse, séria, mas também preocupada com a amiga.

- Porque meus pais saíram e eu tive que cuidar da minha irmã, que estava sem sono. Ficou me atazanando a noite toda. Acabou que não consegui dormir.

- Só isso? - quis saber Valentina, com a mão na cintura, olhando nos olhos de Eve.

- Não, exatamente. - disse Eve, ficando com medo do olhar da amiga. - Como não fui com vocês no parque, acabei indo para a praça. Lá encontrei com o Andrew. Ele me apareceu com uma namorada, que, decididamente, eu não posso competir.

- Sinto muito Eve, mas bem que tentamos te avisar. - disse Maryse, com tristeza, mas com um pingo de felicidade, pois assim a amiga seguiria em frente.

Eve não teve coragem de contar para as amigas o verdadeiro motivo por não ter ido. Para as amigas, ela era uma riquinha, que tinha tudo nas mãos. Isso não a deixava chata, mas ter dinheiro significava ter respeito na escola e Eve temia perdê-lo, com relação às amigas. Achava que, se contasse o verdadeiro fato, as amigas iriam tirá-la do grupo. As três eram as mais ricas da escola. Deixou para lá e foi para aula.

A aula seria muito boa nesse dia, mas Eve não conseguiu manter os olhos abertos. Não chegou a dormir, mas ficava piscando toda hora. Mark também não estava muito atento na aula. Ainda estava confuso se deveria ou não falar com a Eve, mas conseguiu dormir o suficiente para não aparecer com os olhos inchados e com cara de sono.

No intervalo, Eve se sentou no banco com as amigas, que conversavam empolgadas sobre o parque de diversão em que tinham ido. Ela havia meio que acordado, pois ficou olhando em volta, até que encontrou o que estava procurando, interiormente talvez.

Mark se encontrava perto de uma árvore, que parecia estar estudando-a. Ele estava de costas, olhando para o alto e fazendo anotações. Algo dentro de Eve a fez se levantar, mas olhando fixamente para ele. Ele soltou uma mão do bloquinho, que estava fazendo suas anotações, e levou uma das mãos ao pescoço. Eve sentiu uma fisgada de dor no braço, o que a fez se sentar novamente.

- Onde você ia? - perguntou Valentina, olhando desconfiada para a amiga.

- Beber água, mas desisti. - inventou Eve uma desculpa, olhando para as amigas e abriu um sorriso forçado para ajudar a deixar a mentira mais verdadeira.

- Por que não nos avisou como sempre fez? - perguntou Maryse que também estava com um olhar desconfiado.

- Não queria atrapalhar.

- Tudo bem. Vamos comprar nossos lanches.

Eve foi junto com as amigas comprar os lanches. Voltou a olhar o lugar de antes, mas o Mark não estava mais ali. Começou a procurar por ele, mas não o encontrou. Então, começou a prestar atenção na conversa das amigas. Várias coisas haviam acontecido com elas. Falaram que ganharam muitos prêmios dos jogos, vários garotos tentaram ficar com elas, mas elas só queriam se divertir com os brinquedos. Foram em vários e chegaram às suas casas exaustas, por terem se divertindo tanto. Eve sentiu uma pontinha de inveja, mas não ligou. Ela tinha mais coisas para se preocupar do que isso.

As três acabaram indo para a casa da Maryse no final da aula para poderem estudar e fazer seus deveres. Assim que terminaram, Eve não quis ir embora logo, então ficou com as meninas para assistir um filme. Comédia romântica e depois aventura.

Eve acabou chegando em casa com todos já dormindo. Desde que os problemas financeiros começaram, desandou a vida de todos. Os pais estavam mais preocupados com o dinheiro do que com os filhos. Eve estava detestando isso e adorando ao mesmo tempo, pois a proteção máxima da mãe estava diminuindo, dando mais liberdade para a Eve.

Subiu para o quarto e foi dormir, mas um barulho de pedrinha batendo na janela a acordou. Ela foi ver. Era o Mark que perguntou:

- Você quer falar comigo?

- Como?

- Ué! Como você não parou de me olhar no intervalo de hoje, achei que queria falar comigo. Essa foi à única explicação que achei.

- Para eu não parar de olhar para você? Mas como sabe se você estava de costas?

- Sim, para a primeira pergunta e não sei para a segunda.

- Grande explicação você me deu agora! Respondeu todas as minhas perguntas. – disse Eve sarcasticamente - E você ainda está me devendo um agradecimento.

- Obrigado, mas pelo quê?

- Por ter te ajudado na briga.

- Você ajudou porque quis, pois eu estava vencendo o cara.

- Tudo bem, então.

- Eu respondi suas perguntas, mas você ainda não respondeu a minha.

- Eu... – e o despertador tocou. Eve sentou com tudo na cama, com o coração acelerado. – Foi só um sonho. Que beleza! Mas, será que é por isso que procuro tanto ele? Não. Por que eu me desabafaria com ele e não com minhas amigas? Não faz sentindo. Deixa eu me arrumar para ir para a minha escola querida. – disse ela sarcasticamente – Pelo menos é sexta.

Na escola foi a mesma coisa. Ela e Mark mal se olharam, mas não teve discussão. No intervalo, Eve não o viu, porém resolveu andar por outros lugares da escola e o achou no gramado da escola, onde os estudantes jogavam futebol. Ele estava olhando para o céu e, novamente, com o bloquinho de anotação nas mãos. Mas, dessa vez, ele a olhou na mesma hora que ela.

Eve se viu na Amazônia, admirando uma belíssima cachoeira. Mark aparece no seu lado e disse:

- Oi. Como está?

- Nada bem. Estou com vários problemas.

- Quer me contar? Talvez eu possa te ajudar.

- Eve, vamos para a aula? - disse Maryse, puxando a de leve pela camisa, depois que a acharam.

- Oi? Ah? A aula. Vamos.

- Por que você não parava de olhar o Mark? - quis saber Valentina.

- Não sei, mas acho que aqueles olhos me prendem. Literalmente.

- Tá com a cabeça no lugar, amiga? Como um olhar pode te prender desse jeito?

- Não sei. Deixa isso para lá e vamos para a aula. - Eve ficou confusa. Será que tantos problemas estavam deixando à maluca?

No sábado, Mark estava preocupado. Ainda se encontrava em crise sobre o que ia fazer, mas também estava preocupado com outra coisa.

- Matt. Você pode ler a mente da Eve?

- Por quê?

- Ela está me deixando louco. Todo dia na escola ela não para de me olhar. Além de eu sentir que tem algo de errado com ela, mas não sei o quê. Queria saber o que é para ajudar, se puder.

- Você não pode ajudá-la. Está fora do nosso alcance. - disse Matt sério para o irmão.

- O que faço então? - disse Mark, andando de um lado para o outro.

- Nada. Só faz o que foi encarregado de fazer.

- Mas...

- Mas nada, Mark. Se o Mike descobrir que você está inquieto por causa dessa humana, ela não vai ter um final muito feliz. Ele próprio já disse isso.

- Tudo bem. Não vou fazer nada. - disse para o irmão e não para si.

- Assim que se fala. Mas, qual é o problema dela não parar de te olhar?

- Parece que ela me olha o tempo todo, porque quer algo. Talvez falar algo. Ando tendo sonhos em que eu pergunto se ela quer me falar algo, mas ela nunca conta, apesar de desejar. Ela não sabe que talvez queira se desabafar comigo. Por algum motivo.

- Ah! Para de viajar Mark. Isso não pode ser. Como você vai ter sonhos assim?

- Não sei, mas, tem alguma coisa nessa história. Aprendi que tudo tem um sentido, só precisamos descobrir a partir das oportunidades.

- O sol queimou sua cabeça. Vai se distrair.

- Não conta para o Mike o que eu te contei.

- Pode deixar. Esse assunto vai comigo para a fogueira.

- Obrigado.

No domingo, depois que a Maryse foi embora, Eve resolve ligar para o Mark, mas como se não tinha o telefone dele? Podia não ter o telefone, mas tinha redes sociais. Então, ela subiu para seu quarto e começou a procurá-lo. Como se ele estivesse pensando o mesmo que ela, um convite de amizade já tinha chego para Eve. Ela aceita e começam a conversar.

...Então você quer me contar algo e me explicar por que não para de me olhar na escola?....

...Quero sim, mas não por mensagem. Podemos marcar algum lugar fora de escolha para eu te contar, Mark? Esse sentimento tá me enlouquecendo. E você ainda tá me devendo um obrigada.

...Obrigado pelo o que?...

...Por te tirando daquela briga...

...Ainda tá com isso na cabeça. Você ajudou por que quis...

...Aff. Não sei mesmo por que quero falar com você. Vou dormir...

...Espera. Pode me contar sim, mas não vou conseguir ir para a escola amanhã. Eu...

Eve acorda no susto e respirando rápido.

- De novo? Preferia continuar sonho com o hospital, mas eu sei o que preciso fazer. - mesmo ela sabendo o que teria que fazer um outro sentimento a invadiu; o que o Mark quis dizer com "...não vou conseguir ir na escola amanhã..."?

Valentina e Maryse não foram na segunda-feira, porque não quiseram. Eve aproveitou e juntou coragem para falar com o Mark. No intervalo, ela o encontrou quase dormindo no sol gostoso que estava fazendo. Ela respira fundo e segue até dele, falando:

- Oi. Posso falar com você? - disse timidamente, mas com um tremor passando por suas espinhas. Ela estava falando exatamente as mesmas palavras que vinha sonhando.

- Oi. Pode. - disse o Mark se endireitando no banco e abrindo os olhos.

- Primeiro, deixa eu me apresenta direito. Sou Eve Mendes.

- Mark Danner.

- Não sei por que, mas algo dentro de mim me diz que tenho que conversar com você. Além de você não me conhecer direito, talvez não ligue para o que vou dizer.

- Só por isso? - disse em um tom de sarcasmo.

- Não. Também tem mais uma coisa. Você não me agradeceu depois de eu ter te ajudado na briga e não pediu desculpas por me fazer pagar um mico na sala há algumas semanas.

- Você ajudou porque...

- Eu quis e você estava vencendo a briga.

- Isso. Mas como sabia que eu ia dizer isso?

- Pode parecer estranho, mas eu tive um sonho assim. Com você dizendo essas palavras.

- Nossa! Estou surpreso, mas obrigado, acho.

- Por nada.

Até ela começar a dizer tudo o que estava sentindo e passando, não tinham se olhado nos olhos. Ficavam olhando para as mãos. Com o decorrer da história, lágrimas dos olhos de Eve foram saindo, até que ela não resistiu e o abraçou, chorando em seu ombro.

            
            

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