Capítulo 3 Um passo para melhora

"Até que não é tão ruim como pensava"

Ele foi consolando-a, fazendo-a se sentir melhor. Quando terminou, disse ainda entre os soluços:

- Como você conseguiu fazer isso? Até eu falar com você não tinha derramado uma única lágrima, por nada que aconteceu comigo. Quando olhei para você depois da briga, a dor em meu coração sumiu como um passe de mágica. Não entendo.

- Eu também não, mas, mesmo que eu entendesse, acho que não poderia contar para você ainda.

- Mas, que é estranho para mim, é. Não foi difícil como pensei que seria. Você é um ótimo ouvinte.

- É estranho, mas estou feliz te ouvir. - também ele queria dizer a quanto tempo queria falar com ela, e como foi um alívio ela ter dado o primeiro passo, mas achou melhor não completar a sua frase.

- Obrigada.

- Por nada. - e ela o abraçou de novo.

- Pelo que você falou, sua vida não está nada fácil.

- Sim.

- Quantos anos você tem?

- 17 e você?

- 19.

- Como você está no 3ª ano do ensino médio ainda?

- Na minha antiga escola, só podia fazer o primeiro ano depois que completasse oito anos.

- Nossa! E quem são aqueles amigos que estavam com você no shopping?

- Meus irmãos. O ruivo é o mais velho, Mike, 25 anos. O loiro é do meio, Matt, 22 anos e eu.

- Mike, Matt e Mark. Não sei como não confundem os nomes de vocês. E você é o mais novo. Que feliz! Eu sou a do meio. Tenho um irmão mais velho e uma mais nova.

- Coitada de você.

- Por quê?

- Porque falam que toda a culpa é jogada no filho do meio.

- Até que a culpa não é jogada toda para cima de mim não.

- Que bom! O que pretende para o futuro?

- Fazer faculdade de medicina. Já faço um curso de primeiros socorros, onde aprendo o básico. É muito útil. Até que para um pequeno curso, ensinam muita coisa.

- Que legal! E, você confia muito em suas amigas?

- Pensei que sim, mas, até o presente momento, pensava que podia confiar tudo a elas, mas acho que não. - ficaram um minuto em silêncio - Por que você fica sempre sozinho na escola? Não tem amigos?

- Meus irmãos são meus amigos. Acho que basta, por enquanto.

- E eu? Como fico?

- Você é minha amiga.

- Ah, tá! Mas, é só isso. Amigos.

- Já basta para mim.

E os dois sobem as escadas ainda conversando até chegar à porta da sala, mas antes de entrarem, o Mark disse:

- Pode contar comigo para o que precisar. Se quiser, amanhã podemos arrumar um jeito de você ganhar um dinheirinho para ajudar a sua família.

- Você parece ser um grande amigo.

- Que bom que acha isso.

- Não entendo por que te odiava tanto.

- Você ainda não me conhecia direito e deixou se levar pelas aparências.

- É verdade. Agora vamos entrar, antes que a professora chegue. - entraram e se sentaram em seus respectivos lugares.

Depois da conversa que os dois tiveram, Mark conseguiu convencê-la de que as amigas dela não ligariam para as suas condições financeiras, se fossem amigas de verdade. Eve acreditava que sim e conseguiu falar para as suas amigas, no dia seguinte, o real fato de não ter ido ao parque. Aproveitou e falou sobre a conversa que teve com o Mark, no dia anterior. Elas ficaram tristes pela amiga e falaram que a ajudariam no que precisar. Eve ficou realmente surpresa pela atitude das meninas, de compartilharem de sua tristeza e, ainda, de oferecerem ajuda. Agora, mais do que nunca, Eve descobriu que tinha amigas de verdade.

A aula começou. Foi um tédio como sempre, mas, pelo menos, era química, uma das matérias que Eve mais gostava. Eve e Mark, de vez em quando, trocavam olhares e abriam um sorriso. Passaram-se as duas aulas e as meninas saíram para o intervalo. Mark se encontrava no pé da escada, pois descera antes.

- Oi, Mark.

- Oi, Eve. Como vai? - perguntou Mark, o que espantou a Eve, pois o menino havia mudado seu jeito de ser. Para quem não falava com ninguém, estava mais amigo dela.

- Bem. E você?

- Bem. Acho que tive uma ideia para te ajudar. Ah! Suas amigas já sabem?

- Não sei de onde tirei a coragem, mas contei para elas. Essas são Valentina e Maryse.

- Oi. Sou o Mark. - disse timidamente.

- Oi. - disse as duas, com um sorriso faceiro em suas faces, pois Mark era lindo e estava falando com elas.

- Pode me chamar de Vale. Quando vamos ver seus irmãos novamente?

- Você contou toda conversa para elas? – disse o Mark para a Eve quase sussurrando.

- Sim. – disse Eve meio envergonhada.

- Não sei. Algum dia vocês os verão.

- Então, espero que esse dia chegue logo, pois estou louca para beijar aquele ruivo. Ops! Quero dizer, falar, conversar. - disse Valentina, ficando vermelha de vergonha. Todos riram.

- Qual a sua ideia? – perguntou Eve voltando ao assunto inicial.

- Faça alguma coisa e venda na praça. Eu te ajudo a vender. Ou arrume um emprego.

- Mas, tem um problema. Não gosto de trabalhar.

- O que gosta de fazer?

- Fazer compras, assistir filmes, passear e sair com os amigos.

- Amiga. Acho que você não pode trabalhar exatamente com isso. - disse Maryse.

- Por que não trabalha em um cinema meio período ou no parque de diversão? - sugeriu Mark.

- É. Podemos ir juntos. Todos. Assim, vai estar com os amigos. - disse Valentina até que gostando da ideia também.

- No parque, o salário é muito pouco. - disse Mark, se arrependendo depois de ter sugerido esse local.

- Como sabe? - quis saber Eve, achando suspeito esse comentário.

- Filmes. - escapou da boca do Mark, duvidando que elas acreditassem.

- Faz sentido, mas acho que seria mais legal no cinema. Quem sabe poderemos assistir filmes de graça? - disse Maryse sonhadora.

- Vocês terão uma boa chance. Já têm idade para esse trabalho. Também posso ajudar. - se ofereceu Mark.

- Mas, vamos conseguir meio período? - duvidou Eve por não saber como funcionava esse tipo de trabalho.

- Vamos. - encorajou Mark que completou - Depois da aula, podemos ver se conseguimos os empregos.

- Legal! Obrigada, Mark. - disse Eve, o abraçando por impulso, mas logo soltou, ficando vermelha. Fazer isso na frente das amigas não era muito agradável.

Ficaram conversando até o final do intervalo e, na saída, eles combinaram de se encontrar no shopping às 13h30. Todos levariam um currículo e deveriam estar bem vestidos.

Passaram bom tempo do dia em entrevistas e testes. Não tiveram os resultados de imediato. O chefe deles dissera que tinham outros interessados no emprego e teria que entrevistar todos. Dentro de uma semana, daria o resultado. Os quatro agradeceram e foram embora. No caminho, Eve disse:

- Nunca achei que fazer testes para emprego poderia ser tão divertido. É uma pena que só teremos os resultados depois de uma semana.

- Mas, até lá, o que você tem que fazer? - perguntou Maryse séria para a amiga.

- Procurar economizar, só gastar com o que for preciso e cortar alguns luxos. - disse ela um pouco triste por ter que fazer isso.

- Muito bem. Sei que não será muito fácil no inicio, mas vamos te ajudar da melhor maneira que pudermos. – disse Maryse dando um abraço na Eve depois.

- Não se preocupe. Tudo vai dar certo. Aqui eu não tenho uma mansão e muito dinheiro. Meu luxo está lá na Itália. Meus pais me mandaram para cá de propósito. Não queriam que eu me tornasse uma riquinha mimada e metida. Queria que eu fosse como os outros. Normal. Vivendo em classe média.

- Você não nos contou isso. – reparou Eve desfazendo o abraço da amiga.

- Porque eu tinha o mesmo medo que você teve. Você nunca viu como minha casa é simples?

- Não muito.

- Viu, isso prova que você está triste por nada. Você nunca morou em uma mansão, só não está acostumada a lutar pelas coisas que deseja e ama, mas logo vai achar isso tudo muito normal. - disse Mark, consolando-a mais uma vez.

- Acho que nenhuma de nós está acostumada com isso. Lutar pelo que ama. Sempre tivemos tudo em mãos. - completou Maryse, meio que confessando que também não é uma menina de mansões.

- Não é a toa que dizem que, quando se está com os amigos, tudo é divertido. - disse Eve, ficando mais feliz.

- Isso mesmo. Agora vamos para minha casa para começarmos a estudar para as provas. - disse Valentina, não gostando muito do que falou, mas não deixava de ser verdade.

- Vamos conseguir associar estudo com trabalho? Se conseguirmos o emprego, lógico?

- Daremos um jeito. Enquanto não temos o emprego, vamos estudar e fazer os deveres. – encorajou a Valentina.

- Isso mesmo. Quer ir com a gente, Mark? - perguntou Maryse, meio envergonhada.

- Não vejo problema nenhum. Vamos.

A essa altura da conversa, eles já estavam na saída do shopping. Pegaram a estrada e foram para a casa da Valentina. De lá, Eve ligaria para a mãe para avisar.

Eles estudaram Português e Mark estava sido um ótimo professor, quando respondia as dúvidas das meninas. Ele era muito inteligente. Assim que terminaram, resolveram brincar de "verdade ou desafio".

- Que brincadeira é essa? - perguntou Mark, confuso com o espanto que aparentava as meninas.

- Você nunca brincou disso?

- Não.

- Verdade ou desafio é uma brincadeira, onde giram um objeto com duas pontas diferentes. Uma ponta é pergunta, e outra, resposta. Quando o objeto é girado, uma ponta está para alguém, que pergunta "verdade ou desafio?"; e a outra pessoa, do outro lado, escolhe uma das opções. Quem ofereceu as opções, bola o desafio ou a pergunta. Entendeu?

- Acho que sim. Vamos jogar para ver na prática. – disse o Mark até que empolgado.

- Mas, se pedir a verdade, tem que dizer a verdade, caso contrário, terá consequências. O mesmo vale para o desafio.

- Certo. Vamos começar.

Maryse pegou uma caneta, que estava na mesa em que estudaram, e colocou no centro da roda. Gira a caneta, onde as extremidades apontam para a Valentina, que faz a pergunta, e para Eve, que deverá responder:

- Verdade ou desafio?

- Verdade.

- É verdade que você acha o Mark lindo? - Eve ficou vermelha e Mark surpreso.

- Pode fazer perguntas relacionadas com quem está brincando?

- Pode. É a maior diversão da brincadeira. – disse Valentina rindo um pouco depois.

- É verdade. – respondeu Eve, meio envergonhada, a pergunta do jogo que a Valentina fez.

- Concordo e ninguém aqui pode negar. – disse Valentina empolgada e já preparando outra roda.

- Nossa! Obrigado. Acho. – respondeu o Mark desconcertado.

- Mas, é verdade.

- Vamos continuar. - e Valentina gira novamente a caneta. Agora é a vez da Maryse perguntar para o Mark.

- Verdade ou desafio?

- Verdade.

- É verdade que você e seus irmãos são irmãos mesmo?

- Por que a pergunta?

- Porque não são muito parecidos.

- Somos sim, e ainda, de sangue. - e disse em voz baixa - Somos mais parecidos do que os humanos.

- O que disse?

- Nada. Vamos continuar?

- Claro. - Eve gira a caneta. Agora, Valentina fazia a pergunta para Eve novamente.

- Verdade ou desafio?

- Desafio.

- Tem certeza?

- Tenho.

- Então, eu desafio você a beijar o Mark.

- O quê? - disse Eve surpresa. Mark ficou assustado. Não entendia como uma brincadeira poderia ter essas coisas.

- Ainda dá tempo para você trocar.

- Qual seria a pergunta se eu trocasse?

- Se você gosta do Mark.

- Vale. Acho que foi a pior hora de fazer isso. - disse Maryse meio censurando a amiga. E também não estava gostando tanto de expor o Mark e a Eve desse jeito, pois só agora estavam conversando.

- E ai, Eve? O que vai ser? - disse Valentina não dando muita atenção ao comentário da Maryse. Eve não sabia o que dizer. Mark estava começando a ficar preocupado, mas ele e Eve foram salvos, quando a tia da Valentina gritou para eles:

- O jantar está servido. Venham logo.

- Espera um pouco, tia.

- Nada disso. Ou vem agora ou dorme sem jantar. - Valentina não resistiu a essa ameaça. Estava morrendo de fome.

- Foi salva pelo gongo. Vamos comer.

Eve e Mark sentiram um extremo alívio. Todos se levantaram e foram para a mesa comer. A refeição estava uma delícia. Terminaram e ajudaram a Valentina a arrumar a cozinha e cada um foi para a sua casa.

O sol estava escondido pela nuvem, deixando o tempo um pouco frio, no dia seguinte. Eve acordou e colocou o agasalho. Despediu-se de sua mãe e foi para a escola. Nem se atreveu a pedir uma carona para a mãe, que andava muito irritada. Já reclamou de ter que levar a Kelly todo dia de carro, e assim, gastar gasolina. Sua mãe estava perdendo a cabeça com a falta de dinheiro. Parecia uma criancinha que adorava gastar. Estava reagindo pior que Eve. Sua mãe não encontrava emprego e, pelo menos ela, ainda esperava uma resposta paciente.

Suas amigas a esperavam na entrada. Eve não vira ainda o Mark, mas, esperava vê-lo na sala de aula.

- Minha amiga, sei que não estamos mais brincando de verdade ou desafio, mas queria saber qual seria sua escolha. - disse Valentina curiosa, enquanto caminhavam para a sala de aula.

- Agora que o Mark não está com a gente, posso dizer. Mesmo assim, é desconfortável.

- Fala logo, amiga. Estamos curiosas. – se animou a Maryse.

- Olha, eu não sinto muito mais que amizade por ele. Talvez eu o beijasse, mas não sei se ele concordaria. A Mary tinha razão, foi rápido da sua parte, Vale. O garoto agora que está se enturmando mais. Como ele nunca teve amigos, não sei se ele teria a coragem para um beijo. Talvez até saiba o que seja, mas, não parece ter experiência. Seria desconfortável para ele um beijo, assim, do nada.

- Você tem razão. Desculpa! Mas, foi bom assim. Agora eu sei que devo ser mais cautelosa.

- Obrigada por entender, amiga. - e dá um abraço na Valentina.

- Mas, seria um sonho beijar ele! - continuou Valentina.

- É, seria, porém não podemos pensar só em nós. Também temos que pensar no outro.

- Olha, acho que essa crise financeira mexeu com você para melhor.

- Pode ser. Agora que não estou mais cega pelo dinheiro, posso ver as coisas com mais clareza.

- É, mas o seu Romeu a espera na entrada da sala. - disse Valentina quando se aproximaram da sala de aula. Eve torceu para que ele não tivesse ouvido esse comentário da amiga. Respirou fundo e seguiu firme até a sala.

- Oi, Mark. O que faz aqui na entrada da sala?

- Queria te pedir uma coisa.

- O quê? - disse Eve, ficando sem graça.

- Poderia me passar o seu Facebook e seu número de telefone? - Eve sentiu um alívio, pois pensava que ele queria uma resposta para a pergunta da Valentina, referente ao ocorrido no dia anterior. Mark pensou nisso de início, mas desistiu quando a viu. Eve parou por um instante. Eles não tinham conversado pelo Facebook naquele domingo?

- Eve? - disse o Mark trazendo ela de volta a realidade e a lembrando que aquilo foi um sonho, muito estranho, mas foi um sonho.

- Claro! Tem um papel e uma caneta?

- Aqui. - disse ele, tirando o bloquinho, que sempre fazia anotações. O bloquinho estava fechado e Eve começou a procurar uma folha limpa. De relance, via pequenas anotações como "o ar é muito úmido e pode trazer problemas. O solo é forte, mas pode ter erosões, prejudicando o ambiente". E muitas outras anotações.

- O que essas frases significam, Mark? - Mark pega o bloquinho com tudo e muda as páginas rapidamente. Devolve para Eve, aberto em uma folha em branco.

- Aqui. Pode anotar aqui. - Eve percebeu que Mark não falaria mais sobre o assunto. Não insistiu e anotou logo o que ele pediu.

- Aqui. Mais alguma coisa?

- Só isso está ótimo. Obrigado. Vamos entrar?

- Lógico! - e Eve entrou. Valentina e Maryse foram atrás, descontentes pelo fato de Mark não pegar o Facebook delas, mas aceitaram, pois Mark conheceu primeiro a Eve. Para ele, elas ainda eram novidade, assim como ele era uma nova aventura para elas. Eve se sentou e logo contou para suas amigas o que leu.

- Talvez ele esteja fazendo anotações para algum trabalho ou experimento extras.

- Pode ser. - e a aula começara. Era aula de Biologia e a professora pediu um trabalho em grupo, até quatro pessoas. Eve logo se juntou com Valentina, Maryse e Mark. Teriam que fazer uma pesquisa com algum tema do livro de Biologia e fazer uma apresentação. Deixou o resto da aula para escolherem os temas e montar a apresentação. Mark deu muitas ideias para a apresentação e as meninas escolheram o tema. Fizeram as anotações.

As aulas do dia terminaram e cada um foi para a sua casa almoçar, para mais tarde, irem para a casa da Maryse estudar para a prova de Matemática, do dia seguinte. Eve chegou à sua casa e sua mãe não estava novamente. Fez o almoço para ela e sua irmã. Sentaram-se à mesa e começaram a comer.

- Eve, quando vamos voltar a ser a família que sempre fomos? - Eve ficou surpresa. Kelly não falava com ela a um bom tempo. Nem imaginava que Kelly sentia falta da família reunida.

- Não sei, Kel. - disse Eve olhando carinhosamente para a irmã e abre um sorriso - Mas, estou arrumando um emprego e pretendo ajudar com as despesas de casa. Assim, o nosso problema pode resolver um pouco pelo menos e voltaremos a ser como antes.

Kelly abriu também um sorriso. Eve se levantou e foi abraçar a irmã.

- Mesmo sem nossos pais, vamos permanecer unidas. Para mostrar que falo sério, depois que terminarmos de comer, você vai comigo para a casa da Mary. O que acha?

- E o que eu vou fazer lá?

- Pode brincar com a irmã dela. Depois que terminamos de estudar, vamos para o parquinho, onde os brinquedos são de graça. O que acha?

- Assim fica mais legal.

As duas chegam à casa da Maryse. Kelly é apresentada para Melissa, a irmã mais nova da amiga. Valentina e Mark já estavam lá.

Eles estudam e, assim que terminam, vão todos para o parque.

Acabam todos voltando a ser crianças, e brincam juntos, com as duas irmãs. Eve adorou essa distração. Nunca se divertiu tanto como aquele dia, mas, nem tudo estava a mil maravilhas.

Quando Kelly e Eve chegam em casa, seus pais estavam discutindo, só que dessa vez dava para elas escutarem. Elas permaneceram escondidas, ouvindo a discussão.

- Agora você vai ficar até de madrugada na empresa, para não perder o seu emprego, deixando sua família? - disse a mãe de Eve.

- Não tenho outra escolha, se eu quiser ficar empregado. Tenho que trazer alimento para essa casa, enquanto você só tem que cuidar de tudo.

- Já não fico em casa há um bom tempo. - Eve não aguentou mais aquela discussão, e saiu batendo a porta. Seus pais ouviram e foram ver quem fizera aquilo.

- Kelly? Cadê a sua irmã?

- Saiu, pois não aguentava mais vocês dois discutindo. Devia fazer o mesmo, mas sou muito jovem para ficar andando por aí à noite. Vou para o meu quarto ouvir música, no último volume, para não ouvir mais os berros de vocês. - e subiu, batendo o pé na escada.

Bate a porta com toda força e liga o som. Seus pais ficaram por um minuto em silêncio, refletindo, mas, não durou muito e já estavam discutindo novamente.

Mas, mal sabiam eles, que a luz do fim do túnel estava surgindo.

            
            

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