Passado Obscuro
img img Passado Obscuro img Capítulo 5 Habeas Corpus
5
Capítulo 6 Passado img
Capítulo 7 Lembranças img
Capítulo 8 Desconfiança img
Capítulo 9 Novo Vizinho img
Capítulo 10 Segredos img
Capítulo 11 Decepção img
Capítulo 12 Perseguição img
Capítulo 13 Acordo img
Capítulo 14 Evidências img
Capítulo 15 Descobertas img
Capítulo 16 Desejo img
Capítulo 17 Dúvidas img
Capítulo 18 Novas Provas img
Capítulo 19 Acompanhada img
Capítulo 20 Psicóloga img
Capítulo 21 Verdades Escondidas img
Capítulo 22 Alucinações img
Capítulo 23 Invasão img
Capítulo 24 Sequestro img
Capítulo 25 Confrontando img
Capítulo 26 Novas Descobertas img
Capítulo 27 Passado img
Capítulo 28 O Inesperado img
Capítulo 29 Evidências img
Capítulo 30 Destino img
Capítulo 31 Epílogo img
img
  /  1
img

Capítulo 5 Habeas Corpus

Jack Narrando

Após a ligação com meu advogado, fiquei um tempo tentando pensar em alguma solução, qualquer coisa que pudesse me livrar disso, porém, não encontrei nada. Eles têm provas suficientes para me incriminar, encontraram meu DNA na roupa que ela estava usando no dia de sua morte, só me pergunto como isso é possível... Tudo que sei, é que se eu tiver a oportunidade de sair desse mausoléu, farei o possível para descobrir se tem alguém tentando contra mim.

E se tiver, essa pessoa irá pagar caro.

Nesse ritmo, acabo pegando no sono.

Acordo com um barulho de batidas na grade da cela. Abro os olhos, ainda desnorteado, me situando da minha condição. Só então lembro que estou há dias vivendo um pesadelo. Desde a morte de Lisa, tem sido somente ladeira abaixo.

- Olá, Jack. - reconheço a voz do meu advogado, que me chama pelo primeiro nome, porque já trabalhamos juntos há alguns anos, o que faz com que tenhamos um certo grau de intimidade.

- Patrick? - passo a mão no rosto e levanto, andando a passos rápidos, indo até à grade de ferro que nos separa.

- Nem vou perguntar como está, porque posso ver pelo seu olhar que não está nada bem. - suspiro pesadamente e comprimo os lábios.

- Nunca pensei que passaria por algo assim - entorto os lábios, tristonho - Mas, e aí... Conseguiu alguma coisa que possa me ajudar? - tenho expectativa no olhar.

- Quase. Tudo que posso dizer, é que houve mais um assassinato essa noite e como você estava detido, seria impossível ser o autor do crime.

- Isso é sério? É... Quer dizer, não estou feliz pela vítima, é claro, foi uma fatalidade, porém, não posso esconder minha alegria em saber dessa possibilidade. - dou um sorriso contido.

- Sim, porém, ainda não posso lhe garantir nada. Tentarei um habeas corpus para sua soltura.

- Isso é maravilhoso, Patrick! - rio, colocando as mãos na cabeça, estou em êxtase - Espero muito que esse louco que está solto por aí, seja pego o mais rápido possível, e farei o que estiver ao meu alcance para que isso aconteça. - mantenho firmeza na voz.

- Mas não se empolgue muito ainda, porque tenho que conversar com seu chefe e a detetive que está a frente do caso. - meu sorriso morre na hora.

Murcho os ombros.

- Sendo assim, perdi as esperanças, essa mulher está fazendo tudo que pode para me manter aqui, acreditando que eu seja o culpado, não só da morte de Lisa, como dos outros assassinatos.

- Deixa comigo, saberei ser persuasivo. - dessa vez ele sorri e seu olhar transmite convicção.

- Obrigado.

- Volto assim que tiver notícias. - informa e sai.

Não posso negar que o Patrick é um excelente advogado e jamais o vi perder uma causa, contudo, essa nova detetive não é brincadeira. Sou detetive também, sei como devemos agir, independente da situação, ainda que seja familiar, fomos treinados para isso, não vacilar, sermos firmes. No entanto, agora é o meu que está na reta.

Isso faz com que tudo em que acredito como policial, não valha de nada.

**

Algumas horas passaram e finalmente Patrick retorna. Como eu estava ansioso por uma resposta, fiquei todo esse tempo bastante inquieto e atento a cada passo que ouvia, certificando-me de quando e se ele voltaria.

- Pegue suas coisas, Carter. Se é que trouxe algo... Você está liberado. - meus olhos vão em direção a grade, onde estão um dos meus colegas de trabalho abrindo a cela e Patrick logo ao lado, segurando sua maleta.

Levanto, indo até eles.

- Isso é sério? - arqueio as sobrancelhas.

Patrick dá uma risada nasal.

- A não ser que já esteja acostumado com o lugar e queira ficar. - dou um soco de leve no ombro dele, sorrindo.

- Vamos logo, não aguento ficar mais nem um minuto nesse lugar. - passo pelo policial e seguimos.

Antes de nos direcionarmos a saída, ouço uma reportagem na tevê e vejo minha foto na tela, todos olham para mim.

- Vamos, Jack. - dá uma cutucada em meu braço, tentando me fazer voltar a andar.

- Não, espera.

Presto atenção em tudo que é dito e ninguém no lugar diz nada, mas pelos olhares percebo uma dúvida em todos eles.

- O detetive Jack Carter, do departamento policial de Illinois, foi preso e está sendo acusado de matar a esposa. - a repórter fala, segurando o microfone.

Engulo em seco, não acreditando que o caso já chegou aos jornais.

- Fiquem atentos. Breve traremos mais informações.

Não é possível que isso esteja acontecendo. Meu mundo parece ter virado do avesso e não sei como me encontrar no meio dessa confusão.

- Vem, Jack. - meu advogado me cutuca outra vez.

Caminhamos até a saída e entramos no carro.

- Sinto muito por isso, eu já sabia que aconteceria, mas pensei que levaria mais tempo. - me informa, dando partida no carro.

- É a mídia, Patrick. Eles falam aquilo que der audiência, e nesse caso, eu sou o alvo. - abaixo a cabeça, desanimado, após colocar o cinto de segurança.

- Sinto muito não poder fazer mais por você. - comprime os lábios.

- Tudo bem, não é culpa sua.

- Conseguiu alguma pista sobre o caso da Lisa? - pergunta sem tirar os olhos da estrada.

- Ainda não, isso está me dando uma dor de cabeça daquelas. - massageio as têmporas.

- Fica tranquilo, sei que você vai conseguir. Além disso, conta comigo para o que precisar. - ele toca em meu ombro, em sinal de empatia e só aí percebo que já chegamos em minha casa.

Retiro o cinto e saio do carro.

- Até mais, Patrick! - despeço-me dele segurando a porta, antes de fechar.

Ele meneia a cabeça e volta a estrada.

Nunca pensei que me sentiria tão vazio, tão quebrado como tenho me sentido ultimamente. Cada vez que dou um passo a frente, parece que dou mais dois para trás. Sinto-me perdido, sem esperança, e o pior de tudo é que não sei se isso pode piorar.

**

Emma Narrando

Após um dia extremamente cansativo, finalmente chego em casa, deixo meu carro na garagem e adentro meu maravilhoso lar, o único lugar onde me sinto bem e em paz.

Como estou a frente do caso do serial killer aqui em Illinois, precisei alugar um apartamento na cidade, para não ter que me deslocar de uma cidade a outra, todo dia.

Assim que entro, dou de cara com a enfermeira que cuida do meu pai, levo ela comigo também para onde for.

- Boa noite, senhorita Baker. - me cumprimenta.

- Já disse que não precisa ser tão formal comigo, Ana. - sorrio sem mostrar os dentes.

- Desculpa, é força do hábito. - responde tímida.

- Tudo bem. Como ele está? - balanço a chave do carro, na mão.

Quando estou com a mente cheia, tenho mania de inquietação.

- Teimoso como sempre, não vê a hora de sair daquele quarto de vez. - ela diz em tom de brincadeira, porque realmente ele a faz rir muito.

Mas a verdade é que diante das circunstâncias, não consigo achar graça nisso, isso sempre me traz lembranças dolorosas do meu passado. Lembranças essas que guardo a sete chaves.

- Sei bem como o senhor Jeffrey poder ser teimoso, é um mal dos Baker - dou uma risada nasal, a levando a rir também - Obrigada, Ana. Irei vê-lo. - informo-lhe e ela meneia a cabeça em concordância.

O lugar não é muito grande, então não demoro a chegar no quarto dele.

- Oi, filha. Como está? - meu pai diz, quando me vê.

- Estou exausta, papai. - me aproximo da cama onde ele está deitado e sento na cadeira ao lado.

Meu pai é um homem acamado, que não pode ficar sozinho, pois, tem algumas necessidades especiais, por isso para onde eu vá, levo ele comigo. Só temos um ao outro.

- Sua cara não parece nada boa. - faz um certo esforço para sentar.

- Não precisa, papai... - tento fazê-lo parar.

- Precisa sim, eu quero te ver - me olha com ternura - Como anda a investigação?

Apesar de ouvir perfeitamente suas palavras, sei que ele não quer saber sobre isso.

- Papai, por favor...

- Filha, me escuta - pega em minha mão e me faz encará-lo - Pelo seu próprio bem, precisa esquecer o que aconteceu. - sinto o peito doer e as lágrimas querendo me fazer ceder a dor.

- Eu... - não consigo prosseguir.

- Não precisa dizer, eu sei exatamente o que sente, mas você nunca se permitiu sentir. Às vezes a dor só vai embora quando cedemos a ela. - uma lágrima solitária e rebelde escorre por minha bochecha.

Trato de limpá-la.

- Prometi que iria vingá-la, não só a ela, mas ao senhor também. E irei! Nem que seja a última coisa que eu faça. - falo com a voz alterada.

É notório o ódio em minhas palavras.

- Isso vai acabar te matando, filha. Pensa bem no que está fazendo...

- Por favor, papai... Não me peça isso. - engasgo pela voz embargada.

- Tudo bem. - sei que não se deu por vencido.

- Não se preocupa comigo, estou bem - levanto da cadeira - Vou tomar banho e descansar. Qualquer coisa, me chama. - lhe dou um beijo na cabeça e me direciono a saída.

Vou até meu quarto, deixo minhas armas sobre a cama e tiro a roupa que estou usando, indo direto para o banheiro. Necessito relaxar e um banho morno é uma ótima pedida nesses momentos.

Debaixo da água que cai do chuveiro, sinto toda tensão sendo levada embora, permito também que as lembranças do meu passado venham a tona e por mais que eu tente, é impossível não ceder.

Começo a chorar copiosamente, de costas para a parede. E nesse mesmo ritmo, vou deslizando até o chão. Assim permaneço por um tempo, deixando as lágrimas levarem consigo toda minha dor.

Passados alguns minutos, estando mais calma, termino meu banho, enrolo-me numa toalha e retorno ao quarto, vestindo-me.

Caminho até a cozinha, pegando uma xícara com café e volto, pretendo mexer em meu notebook.

Sento na mesa de estudos ao lado da cama, depositando a xícara e entro em alguns sites de buscas para tentar descobrir alguma pista sobre o caso que estou investigando.

Até ver um site de procurados, no qual uma foto me chama a atenção. Amplio a imagem e fico abismada com o que vejo, espero muito estar enganada sobre isso, porém, tenho quase certeza de que não estou vendo coisa. Clico na foto, baixando-a no computador e enviando para meu celular.

Acredito que estou mais perto de desvendar esse enigma do que pensei.

                         

COPYRIGHT(©) 2022