chegando cada vez mais perto de uma casa revestida de vidro. Fico ainda
mais admirada com o ambiente ao ver uma piscina, uma área de churrasco e
de descanso, com espreguiçadeiras. Gael percebe minha felicidade ao ver a
beleza de cada detalhe e me guia para dentro da casa, me deixando ainda
mais surpresa ao ver o piso de mármore, paredes claras e uma sala bem
decorada.
- Vem, vou te mostrar a casa - diz me guiando pela mão.
Concordo e ele me puxa, passando pela sala e seguindo para a
cozinha, que fica ao lado. Assim como a sala, ela também é bem decorada,
com móveis e eletrodomésticos modernos. Depois de ver cada detalhe,
seguimos por um corredor, que nos leva para um pequeno banheiro, que não
deixa de ser incrível, apesar da simplicidade e para outras duas portas, que
ao abrir, revelam quartos idênticos, lado a lado.
- Vou ficar em um e você no outro, até você se sentir confortável
para podermos dormir juntos.
- Isso não te incomoda? Digo no sentido de não dormimos na
mesma cama.
- Nem um pouco, até porque sou um homem da noite, é difícil para
mim dormir cedo e gosto de beber meu uísque e fumar um charuto enquanto
ando de um lado para o outro.
- Terapia?
- Pode-se dizer que sim - responde piscando.
Voltamos lado a lado para a sala e vejo os homens descarregarem o
barco, encherem os armários e geladeira de comida e colocarem nossas
coisas nos quartos. Preston ordena tudo com maestria e assim que termina,
encara o patrão e faz uma reverência.
- Infelizmente não há sinal de operadora ou wi-fi aqui, então
voltaremos no tempo determinado pelo senhor para buscá-los.
- Obrigado, Preston, mais uma vez você foi magnífico - responde
Gael, apertando sua mão.
O homem sorri, feliz, e se vira para mim, curvando seu corpo de
maneira cordial e logo saindo com os outros o acompanhando.
Vejo Gael se despedir do comandante e corro para o lado de fora,
vendo-os irem embora com o barco rapidamente.
- Quanto tempo ficaremos aqui sozinhos? Temos tudo que
precisamos?
- Ficaremos bem - diz sem responder minha primeira pergunta. -
Temos comida, água potável, produtos de higiene, roupas e remédios, caso
aconteça alguma coisa. Não tem com que se preocupar.
- Você já veio para cá antes? - questiono curiosa.
- Apenas uma vez, por quê?
- Você acha aqui seguro com estas paredes de vidro?
- É sim, temos travas de seguranças e os vidros são reforçados.
Estamos em uma ilha, o que poderia nos atacar aqui, um chipanzé?
- Têm chipanzés aqui? - pergunto inocentemente.
Gael ri e nega com a cabeça.
- Não tem com que se preocupar, Laureen, estamos seguros aqui e
sozinhos, sem ninguém para nos preocupar.
- Bem, se você está me dizendo, fico mais tranquila, apenas me
incomoda o fato de não termos internet e nem sinal de telefone. Gostaria
muito de falar com minha mãe é avisar que chegamos bem.
- Encarreguei Preston de cuidar disso, dando notícias aos seus pais.
No momento, o melhor é ficarmos longe de pessoas, afinal, com certeza os
jornais estão falando somente sobre o nosso casamento.
Assinto e volto para dentro da casa, com ele me seguindo.
Me jogo no sofá e Gael vai até a cozinha, pegando um suco para mim
e uísque para ele. Aceito o copo quando ele volta para sala, bebo um pouco
do líquido, o encarando sentado de pernas cruzadas, enquanto ele bebe o
uísque em silêncio e me observa atentamente.
- Está gostoso? - pergunta apontando para o copo.
- Está sim, obrigada. - Forço um sorriso.
Ele retribui, levando o copo até os lábios e bebendo mais do líquido
âmbar.
Ficamos em silêncio por um bom tempo e peço licença, me
levantando e indo para o quarto, decidida a tomar um banho e relaxar um
pouco o corpo e a mente.
Encosto a porta do quarto, me dispo, ficando apenas de lingerie, me
enrolo no roupão e saio do local, seguindo para o banheiro do corredor.
Entro, fecho a porta, fico nua, abro a ducha e deixo a água molhar meu
corpo. A água quente me causa deliciosas sensações que eu nem sabia que
poderia sentir, me dando paz. Lavo meu cabelo com o xampu que tem no
banheiro e assim que finalizo, ensaboo meu corpo, passando sabonete
líquido nas minhas partes íntimas. Assim que termino, fecho o registro e me
seco, voltando a me enrolar no roupão e abrindo a porta.
Esbarro no corpo de Gael ao sair e ele me segura com firmeza para
que eu não escorregue, me ajudando a ficar em pé.
- Está tudo bem? Você se machucou? - pergunta estreitando as
sobrancelhas.
- Estou bem, sou um desastre de pessoa - digo rindo.
Um sorriso se forma em seu rosto e assente coçando a cabeça.
- Eu também sou.
Ficamos em silêncio e o encaro.
Gael me olha atentamente, então me recordo que estou apenas de
roupão e me afasto dele, seguindo para a porta do quarto.
- Se não se importa, eu vou me trocar - digo apontando para o
quarto.
- Claro, enquanto isso vou tomar um banho e depois irei preparar
alguma coisa para o nosso jantar.
- Tudo bem. - Dou um sorriso, ele retribui e fico observando suas
pequenas presas.
- Então até logo - digo entrando no quarto.
Fecho a porta e encosto meu corpo nela, sentindo o nervosismo tomar
conta de mim.
"Droga, por pouco Gael não me pega nua!"
Seco meu corpo rapidamente, notando que somente na sala há
paredes de vidro e me visto rapidamente, colocando uma lingerie clara e um
vestido simples, já que a noite está agradável. Arrumo meu cabelo, secando
na toalha o máximo que consigo e passo apenas um brilho labial, aplicando
um pouco de perfume sobre a pele.
Fico dentro do quarto, com medo de sair e acabar esbarrando em
Gael de novo. Ouço a porta ao lado se abrir e com isso, sei que ele está indo
para o quarto.
Aliviada, saio do meu quarto e passo diante do seu, vendo que a
porta está aberta e não há sinal de ninguém lá dentro.
- Gael? - chamo sem ouvir uma resposta.
A curiosidade se aguça, dou um passo em direção ao local, entro e o
vejo de costas, completamente nu. Coloco a mão sobre a boca ao ver suas
costas largas e sua bunda grande, me deixando surpresa com isso. Fico
parada, vendo Gael secar seu corpo e então ele se vira, me olhando.
- LAUREEN! - grita se assustando com minha presença.
- Desculpe! - murmuro, fechando os olhos, enquanto sinto meu
rosto queimar de vergonha por ser pega no flagra e me viro de costas.
- Pode descobrir os olhos, estou enrolado na toalha - murmura
com um tom de deboche na voz.
Faço o que ele diz e vejo que realmente Gael está vestido, apenas
com seu peitoral malhado de fora. Vejo seus gominhos e sinto água na boca
ao ver como são definidos, descendo meu olhar até um suposto volume que
marca a toalha.
- Me desculpe por isso, não foi minha intenção...
- Me ver pelado? - questiona debochado. - Tudo bem, fique
tranquila, mas me diga, aconteceu alguma coisa?
- Apenas vi a porta aberta, o chamei e não tive resposta - digo
dando de ombros.
- E aí você decidiu entrar e ver se não fui atacado por um chipanzé?
- pergunta rindo.
- É sério, mesmo você dizendo que aqui é seguro, estas paredes de
vidro me deixam incomodada.
- Tudo bem... Fique tranquila, estou bem e nada me atacou - diz
erguendo os braços e dando uma volta. - Viu? Tudo intacto, mas a parte de
trás você mesma já verificou, não é?
- Mais uma vez me desculpe.
- Tudo bem, quer se certificar que a parte da frente também está ok?
Reviro os olhos e ele ri, se divertindo com a situação.
- Por enquanto não, obrigada.
- Por enquanto? Então isso significa que em breve você vai querer
ver - pontua se divertindo ainda mais.
- Vou deixá-lo se trocar, o encontro na cozinha - digo mudando de
assunto e saio do quarto antes que ele diga mais alguma coisa.
Porém, fico pensando sobre o que eu havia dito...
Por enquanto?
Não posso negar que a curiosidade de o ver completamente nu me
domina, mas não irei dar o gostinho de Gael saber disso.
Sigo em direção a cozinha, lembrando o quanto a bunda de Gael
Brown é bonita.
***
Espero Gael sentada na cozinha e assim que ele aparece usando uma
sunga boxer e peitoral desnudo, sinto meu rosto ruborizar por conta da cena.
Ele me encara e percebo um olhar divertido, como se quisesse rir da
situação, então desvio meu olhar do seu e o vejo ir até o fogão.
- O que você gosta de comer? - questiona com os braços
cruzados.
- Acho que de tudo, não tenho problemas com alimentação. Faça o
que quiser comer.
- Você comeria o que eu quero comer? - pergunta malicioso.
Engulo em seco, pensativa diante de sua pergunta com segundas
intenções.
Ele estaria mesmo falando de querer me comer ou estou enganada?
- Depende do que seja. - Decido entrar no seu joguinho e ele ri,
balançando a cabeça em concordância.
- Acredito que se eu disser, você primeiramente vai se negar e com
certeza não irá comer.
- Se você está certo disso, então acho melhor pensarmos em outra
coisa para o cardápio.
- Mas e se eu disser que quero isso agora, neste momento? -
pergunta malicioso.
- Eu terei que negar - digo com a voz firme. - Por favor, não
estou preparada para isso.
Ele me observa de soslaio, vai até a geladeira, abre e retira algumas
batatas.
- Por que você me negaria comer batatas? - questiona rindo. -
Pensou que eu estivesse falando de outra coisa?
- E não estava?
- Eu não sei. - Balança os ombros, colocando os legumes a minha
frente. - Descasque-as para mim, por favor, irei fazer purê acompanhado de
bife, você gosta?
O olho por um instante, pensando se ele está falando sério ou apenas
brincando com a minha cara.
- Gosto sim - respondo de maneira mecânica. - Mas devo
confessar que fiquei curiosa em saber o que é que você quer comer e eu iria
negar.
- Não se faça de boba, porque sabemos que você não é - comenta.
- Me diz, quero ouvir da sua boca.
Gael me encara e ergue a sobrancelha, pensativo.
Ele sabe que eu sei do que estamos falando, mas quero ouvi-lo dizer,
apenas para implicar com ele.
Mas qual o motivo dessa implicância?
Realmente seria só isso mesmo?
- Sua boceta, Laureen, é isso que eu quero comer - responde
devasso. - Adoraria comer sua boceta aqui, neste balcão, e fodê-la de uma
maneira que ninguém jamais fez.
Ouço isso e sinto meu rosto arder de vergonha.
Gael não sabe que sou virgem.
- Vou descascar as batatas - respondo desviando meu olhar,
tentando disfarçar a voz falha.
- Certo.
Gael me encara com um sorriso cínico, que me deixa ainda mais
envergonhada.
Como seria transar, afinal de contas?
Lucy sempre me dizia que a sensação é única, principalmente quando
você faz com a pessoa que realmente gosta.
Será que um dia terei a oportunidade disso acontecer?
Pensando a respeito do que Gael falou, pego uma faca e começo a
descascar os legumes, ansiando pelo momento de podermos ficar mais
próximos.
Preparamos o jantar com uma música clássica que Gael coloca para
tocar no aparelho de som, como não temos acesso à internet, nossos recursos
neste sentido são limitados, nos permitindo ouvir apenas os discos e CDs
que têm na casa.
Assim que finalizo de cortar as batatas, as coloco para cozinhar e
vejo Gael preparar os bifes, temperando-os e grelhando. O purê é preparado
rapidamente e enquanto mexo a panela, Gael arruma a pequena mesa que
temos na cozinha. Coloca sobre ela os pratos, talheres, taças, e escolhe um
vinho suave para tomarmos. Após finalizar, levo o purê até a mesa e nos
sirvo, enchendo os dois pratos que estão com os bifes grelhados.
Gael puxa a cadeira para que eu possa me sentar e assim que me
ajeito, ele se senta à minha frente, enche nossas taças e ergue a sua.
- Vamos brindar ao nosso primeiro jantar juntos, afinal não
colocamos fogo na cozinha.
Rio concordando, ergo minha taça e bato na sua. Assim que elas se
encostam, volto a minha na direção do meu rosto e bebo um pouco do
líquido, saboreando.
- É delicioso - digo colocando a taça de lado e indo para a
comida.
Levo um pouco do purê até a boca e sinto o delicioso gosto, depois
corto um pedaço farto do bife e como.
Gael come em silêncio, apenas me observando, enquanto beberica da
sua taça. Me sinto sem graça por vê-lo com seu olhar fixo em mim e continuo
comendo, me dando por satisfeita logo em seguida.
- Não vai comer mais? - pergunta apontando para meu prato
vazio.
- Estou satisfeita.
Ele concorda e assim que termina, se levanta, retira a louça da mesa
e deposita na pia.
Me levanto para lavar a louça rapidamente, enquanto Gael limpa a
mesa e o fogão, assim que terminamos tudo, seguimos para a sala, com
nossas taças, bebendo mais vinho.
- Estou curioso para conhecê-la mais um pouco - diz se sentando
de frente para mim, enquanto a música clássica continua tocando.
- Quer saber sobre o quê?
- Sobre tudo... Me conte, como foi sua infância, seus estudos. Não
me poupe detalhes.
O encaro e penso a respeito da minha infância.
- Minha infância foi tranquila - começo a contar, relembrando dos
momentos que vivi. - Me lembro que meu pai trabalhava bastante e sempre
estava ocupado. Quase não o via, a não ser quando ia ao seu escritório.
"Mamãe sempre foi a mais presente, ela me levava na escola e fazia
questão de me buscar, mas é claro que nem sempre foi esse mar de rosas.
Fora isso, mamãe me forçava a ir em chás de mulheres da sociedade para
que eu pudesse me habituar aos costumes delas."
- Chá de mulheres? Pensei que faziam isso no século VXIII - diz
Gael rindo.
- Eu também, mas mamãe dava seu jeito de conseguir alguns desses
chás, inclusive, se bobear, ela encontra algum por aí para me enfiar e dizer
que sou casada com um homem importante.
Vejo Gael sorrir e concordar, enchendo nossas taças.
- Interessante... Então minha esposa além de educada, gentil e
bonita, é uma mulher que gosta de chá com as amigas.
- Detesto - digo revirando os olhos.
Caímos na gargalhada e ele assente.
- Você disse que seu pai sempre foi bastante ocupado...
- Sim, como disse, para vê-lo, eu tinha que ir até seu escritório, é
estranho ver que um homem que trabalhou a vida inteira, tenha que fazer sua
filha se casar para salvar os negócios.
- Infelizmente nem todos têm o dom para os negócios. Felizmente
meu pai é generoso e o ajudou, apesar da dívida que ele tem.
Concordo, pensando mais uma vez sobre o motivo deste casamento,
tem que ter algo por trás, eu sinto isso.
- Lembro uma vez que fui ao escritório do meu pai e mexi nas
coisas dele, acabei derrubando o uísque em alguns documentos importantes e
depois disso fiquei de castigo e não pude mais ir ao seu escritório, pelo
menos não até crescer e deixar de ser tão desastrada.
- Então seu lado desastrada é desde pequena. - Gael provoca.
- Sim, a questão é que depois disso, quase não o via mais, por
trabalhar tanto.
Gael me encara e concorda pensativo.
- E sua mãe, ela trabalhava com seu pai?
- Poucas vezes, para falar a verdade, quando ela ia para o
escritório de papai, eu ficava com umas das empregadas, então não sei
direito - respondo curiosa em saber o motivo de suas perguntas. - Mas e
você, como foi sua infância?
- A minha foi tranquila, pelo menos até certo ponto - responde
desviando seu olhar do meu. - Meu pai exigia que eu tivesse aulas de luta,
ele dizia que isso me traria resistência na vida adulta. Ganhei um cargo na
sua empresa com quinze anos, alguns anos depois da morte de mamãe, algo
que me abala até hoje.
- Sinto muito que a tenha perdido.
- Eu também sinto, mas sinto ainda mais pelo culpado estar livre -
responde me encarando com o maxilar travado.
- Não podemos perder a esperança de que um dia a pessoa que fez
isso, irá pagar.
Ele concorda com um movimento de cabeça e fixa seus olhos nos
meus.
- Sim, tenho convicção de que isso irá acontecer - responde se
levantando. - Sinto muito em encerrar a noite, mas irei para o meu quarto,
sinta-se à vontade.
Me levanto e deposito a taça na pia, vendo-o fazer o mesmo, então
seguimos juntos pelo corredor, cada um parando diante da sua porta.
- Te vejo amanhã, marido - digo brincando.
- Até amanhã, esposa, boa noite.
- Boa noite - falo piscando.
Ele faz o mesmo e entra para seu quarto, então sigo para o meu e
fecho a porta. Me deito na cama pensando na noite que havia tido com Gael,
então adormeço.
Confusa
Dormindo, tenho meus sonhos invadidos por coisas estranhas,
que me causam medo e aflição.
"Me vejo em um corredor sombrio, com apenas uma porta.
Devagar, ando em sua direção e assim que chego próxima a ela, coloco
minha mão na maçaneta e a viro, entrando em um quarto simples, com
apenas uma cama. Olho em volta e vejo um homem parado de costas, que
estão desnudas. Me aproximo e deposito minha mão na sua pele, sentindo
a quentura. O homem vira e vejo que é Gael, porém, seu rosto está
machucado, com o lábio inferior cortado e o olho inchado.
- O quê... - Minhas palavras ecoam pelo cômodo e Gael tapa os
ouvidos, como se minha voz o machucasse.
O vejo proferir algo, porém, não ouço som algum, como se ele
tentasse gritar algo para mim.
Analiso seus lábios, tentando compreender, mas sem sucesso.
Com medo, me afasto de Gael e ele se vira abruptamente para mim,
então o vejo com os olhos ferozes e caio para trás, vendo o ambiente
mudar.
Agora estou indo para o altar me casar. Diferente da maneira que
foi, não fico surpresa ao ver Gael, o que me incomoda de fato é que ele
não parece nada com o homem que me casei.
Suas feições estão diferentes; sombrias, seus olhos são apenas dois
globos escuros, o sorriso é sádico e diante da sua mão há uma faca.
Mais uma vez, o vejo mexer os lábios, como se estivesse falando
algo, mas não compreendo. Tento ler seus lábios, confusa com o que está
acontecendo e antes que consiga, ele levanta a mão com a faca na minha
direção, como se fosse me machucar."
Acordo assustada e me vejo no quarto da casa na ilha, esfrego meus
olhos e vejo a luz do sol atravessar as cortinas, me causando desconforto.
Me sento e penso a respeito dos pesadelos que eu havia tido, não
posso chamar isso de sonho.
Penso no primeiro, onde vi Gael em um quarto, de costas. Parecia
que minha voz o machucava, mas não consigo entender o motivo. Então me
vejo pensando no segundo, onde Gael mostrava ser diferente do que conheci.
Fico assustada ao pensar nisso e suspiro temerosa.
O que esses pesadelos significam?
***
Gael Brown
Me vejo completamente frustrado ao pensar em como meu plano já
começou dando errado. Para falar a verdade, a ideia de trazer Laureen para
uma ilha, longe de qualquer tipo de comunicação, foi do meu pai, alegando
que isso faria com que os pais da minha esposa temessem o que poderia
acontecer.
O plano inicial era trazê-la para cá, e deixá-la presa, servida de pão
seco e água apenas, mas simplesmente não consigo pensar em fazer uma
coisa dessas.
O desejo de vingança ainda é muito grande em mim, quero que Jorge
Vargas pague por tudo de ruim que havia feito a minha família, sabendo que
a melhor maneira de me vingar seria quebrando pedaço por pedaço de
Laureen, mas algo me impede. O seu jeito delicado, sincero e até um pouco
divertido, não permitem que eu a machuque.
Penso a respeito do nosso jantar na noite anterior; havia sido algo
legal de se fazer, e pude ver que aos poucos conseguirei conquistar sua
confiança. Apenas preciso me controlar um pouco mais em alguns aspectos,
como por exemplo o meu lado rude que as vezes aflora sem que eu perceba.
Não me senti rejeitado pelo beijo interrompido, para falar a verdade,
beijar esta mulher não significa nada para mim, apenas sei que me
aproximarei dela, farei com que comece a gostar de mim e então estarei
pronto para dar continuidade ao meu plano maligno.
O que seria pior do que despertar o amor em alguém e não o
corresponder?
Rio sozinho, pensando que será a coisa mais fácil tê-la para mim.
Não vejo a hora dela se entregar e acabar vendo que foi usada.
Como seu pai se sentiria ao saber que sua joia rara fora usada em um
esquema de vingança?
Será que em momento algum ele pensou a respeito disso?
Esqueço isso por um tempo, sigo até o banheiro que há no corredor e
percebo que o silêncio impregna no quarto ao lado.
Entro no local e faço minhas necessidades, olhando meu reflexo no
espelho.
- Seja firme, Gael Brown, seu pai não iria gostar de saber que você
já está mudando o plano - murmuro para mim mesmo.
Suspiro, dando um soco na parede e sinto a dor se alastrar pela
minha mão.
- PORRA! - grito e vejo a porta do quarto de Laureen sendo aberta,
com ela saindo vestida com um roupão e o cabelo preso.
- Você está bem? - pergunta se aproximando.
- Só machuquei a mão - digo segurando meu punho, a dor é latente
e solto um gemido baixo. - Que merda!
- Como você fez isso? - questiona segurando minha mão
machucada, seu toque é como fagulhas pela minha pele, o que me deixa
atordoado.
- Eu dei um soco na parede - respondo sincero.
- Quanta imprudência, venha, vamos ver isso. Onde temos uma
caixa de primeiros socorros?
- Na cozinha, dentro do armário - respondo sentindo dor.
Ela assente e me puxa delicadamente pelo corredor. Enquanto
aguardo na sala, ela vai até a cozinha, pega a caixa, abre e verifica o que
temos.
- Não temos muita coisa, mas dá para improvisar.
Até isso meu pai havia pensado cuidadosamente, pois remédios não
eram opções nesta viagem, o objetivo era sentir dor.
"E agora quem está sentindo dor é você, seu babaca!"
- Aqui, achei um analgésico que vai ajudá-lo na dor e temos
ataduras.
Ataduras...
Outra parte do plano do meu pai.
Ele acha que é bom para fazer o quê?
Enforcar?
Fazê-la digerir?
Amordaçá-la?
- Obrigado - digo ao pegar o copo com água, que Laureen trouxe
previamente, seguido do remédio.
Tomo e Laureen se aproxima, enrolando a atadura na minha mão.
Solto um gemido baixo de dor, pensando o quanto sou idiota. Assim que
termina, Laureen guarda as coisas e senta ao meu lado.
- Está tudo bem? - pergunta estreitando as sobrancelhas.
- Por que não estaria?
- Por que você socaria a parede sem motivos? Normalmente
fazemos essas coisas quando estamos nervosos com algo, mesmo sendo
imprudente você se machucar para descontar a raiva, é mais normal do que
imaginamos.
Ela fica em silêncio e suspiro.
- Não é nada de mais, apenas tive um pesadelo. - Minto dando de
ombros.
- Ah, eu também tive, e nem por isso sai socando a parede -
responde me fazendo rir.
Até que ela é boa nisso.
- Que tipo de pesadelo? - pergunto me ajeitando no sofá.
Ela se ajeita no sofá, agora de frente para mim e dá de ombros.
- Sonhei que eu te via em um quarto, parecia um pouco vulnerável e
minha voz o incomodava - comenta desviando o olhar do meu. - Você
dizia algumas coisas que eu não conseguia ouvir, era como uma televisão no
mudo.
Laureen fica quieta e engulo em seco.
Que pesadelo mais estranho seria esse?
Seria um sinal das minhas verdadeiras intenções?
- E depois disso, o que aconteceu?
- Bem, logo em seguida eu me via no altar, pronta para me casar
com você.
- Então isso sim foi um sonho, porque é impossível não querer se
casar comigo - digo em tom de brincadeira.
Ela ri e balança a cabeça.
- O pior foi que você estava diferente... Com um ar de uma pessoa
sádica, doentia e determinada a tudo para me machucar. Como no primeiro
pesadelo, você dizia coisas inaudíveis e acordei quando estava pronto para
me atacar.
Fico em silêncio, confuso com seus pesadelos, como se ela soubesse
de fato o que está prestes a acontecer e seu subconsciente estivesse
alertando-a em relação as minhas intenções.
- Neste caso, é um alívio você ter acordado - digo dando de
ombros.
Ela concorda e estreita os olhos na minha direção.
- Mas e você, qual pesadelo teve a ponto de sair socando a parede?
Dou um sorriso de lado e balanço os ombros.
- Não sou como você que se abre tão espontaneamente para as
pessoas - digo querendo mudar de assunto. - Prefiro não falar sobre isso.
Laureen me encara e assente ao levantar.
- Você está no seu direito, vou ao banheiro e depois irei preparar
um café para a gente, o que acha?
A encaro e concordo, achando gentil de sua parte.
- Claro, ajudo no que conseguir - digo estendendo a mão
enfaixada.
Ela ri, concordando, enquanto se afasta sumindo do meu campo de
visão.
***
Laureen Vargas Brown
Depois de ajudar Gael com sua mão machucada, vou até o banheiro e
me arrumo. Penteio meu cabelo e faço uma maquiagem leve apenas para
passar o dia.
Sigo em direção ao meu quarto e tiro o roupão, substituindo-o por um
vestidinho florido acima dos joelhos. Coloco uma sapatilha, deixo meu
cabelo preso e saio do local seguindo para a cozinha.
Gael está sentado na banqueta que temos para dividir um ambiente do
outro. Vejo que ele olha para o nada, com os olhos vidrados e fico me
questionando o que de fato havia acontecido.
Será que realmente ele machucou a mão por conta de um pesadelo
que preferiu não me contar?
- O que quer para o café?
- Não sei, o que você fizer está ótimo - diz seriamente.
- Certo, farei ovos mexidos e torradas, gosta?
Ele assente e então começo a preparar nosso café.
Mesmo a minha vida inteira sendo servida por pessoas, não deixei de
aprender o básico. Mamãe fez questão que eu aprendesse para que eu
pudesse justamente cozinhar um dia para o meu marido. Ela dizia quando eu
era mais nova que a maneira mais sincera de declarar um amor, é cozinhar
para a pessoa.
Pena que neste quesito ela estava errada...
Não cozinharia para Gael por amor, mas sim por falta de escolha.
Esqueço isso começando a preparar os ovos, derreto a manteiga na
panela e os quebro dentro dela, enquanto fritam passo manteiga nas fatias do
pão e os esquento em uma frigideira, deixando-os bem douradinhos. Assim
que finalizo, volto minha atenção para os ovos e enquanto terminam, coloco
a água para ferver e passo o café, sentindo o delicioso aroma invadir o
ambiente.
Quando tudo está pronto, coloco sobre a mesa, Gael se aproxima
sentando-se de frente para mim e o ajudo a se servir.
- Você é rápida nessas coisas - diz apontando para o café.
- Minha mãe me ensinou a fazer um pouco de tudo, até mesmo a
costurar - digo enchendo duas xícaras com o líquido escuro.
- Ela ensinou direitinho - diz com os olhos brilhando.
Fico sem graça e começamos a comer em silêncio, até noto Gael se
lambuzar com os ovos.
Assim que ele finaliza, termino de comer e pego a louça suja,
colocando-a diante da pia. Gael me encara e levanta, indo até ela e lavando
com dificuldade.
- Deixa que eu faça isso - digo indo para o seu lado.
Ele dá um passo para trás e se encaixa nas minhas costas, causando
uma onda de arrepios pela minha espinha.
Sinto sua respiração atrás da minha orelha e fico imóvel, sentindo
sua pélvis encostar na minha bunda e logo em seguida se afastar.
- Me desculpe - sussurra na minha orelha. - Não foi minha
intenção... - Suas palavras se perdem no ar e pigarreio, sentindo meu rosto
arder.
Claro que Gael Brown tem segundas intenções comigo, é natural,
afinal de contas, sexo sem sentimentos envolvidos é muito mais fácil para um
homem do que para a mulher.
Um homem nunca vai se sentir usado após o sexo, como uma mulher
pode se sentir.
Gael se afasta ainda mais e nervosa, me viro para ele, que está com
um sorriso sedutor em seus lábios rosados. De repente, uma vontade insana
de beijá-lo surge diante de mim e coloco as mãos na beirada da pia, como se
isso pudesse me ajudar a ficar imóvel.
- Tudo bem - respondo com a voz embargada. - Acontece.
Ele ri e percebo que não foi sem querer sua atitude, mas sim para me
provocar.
- Se você não se importa, vou me deitar um pouco - diz dando as
costas e seguindo pelo corredor.
O contemplo andando devagar e sinto a necessidade de segui-lo,
então vou atrás dele e seguro sua mão boa.
- Espere - sussurro com ele voltando a me olhar.
Nossos olhares se fixam e é palpável a chama que nos envolve, o que
me deixa confusa com tudo que está acontecendo.
Há quantos dias estamos casados?
Dois?
Três?
Não mais que isso... E já estou me sentindo desse jeito.
"Acalme-se, você só está confusa, é normal, mas você não sente
nada por este homem, assim como ele também não."
- Precisa de alguma coisa?
A voz de Gael me traz de volta para a realidade.
- N-não, me desculpe - digo o soltando.
Ele encara minha mão repousar ao lado do meu corpo e assente.
- Ok. - É a única coisa que diz, voltando a andar.
Fico parada e o vejo desaparecer da minha visão, percebendo o
quanto sou idiota.
O que estou pensando?
Tarde tórrida
Passo o resto da manhã trancada no meu quarto, pensando
sobre o que havia acontecido comigo. Gael em momento algum mostrou de
fato estar interessado em mim, a não ser as brincadeiras, o que me deixa com
a pulga atrás da orelha.
Será que realmente eram brincadeiras ou verdades?
Esqueço isso e saio do quarto quando já passa da hora do almoço,
percebo que a porta do quarto ao lado está fechada, então sigo até a cozinha
em silêncio e resolvo preparar um risoto como refeição. Enquanto preparo a
comida, coloco música clássica para tocar, dançando sozinha e cantando
cada parte da letra. Me divirto com isso, feliz por este momento simples,
então termino o almoço e saltitante, arrumo a mesa, me assustando ao ver
Gael parado no batente do corredor, me olhando com um sorrisinho de lado.
- Você me assustou - digo abaixando a música.
- Não foi minha intenção, estava no quarto e ouvi a música, então
resolvi vir até aqui para ver o que estava acontecendo.
- Foi aí que me viu dançar de maneira ridícula, acredito que deve
ter achado engraçado - digo rindo um tanto envergonhada.
- Não foi nada ridículo, você estava linda, queria que pudesse se
ver neste momento.
- Por quê?
- Para ver o quanto está bonita - diz se aproximando de mim. -
Seu sorriso se mostra verdadeiro, dá para perceber que pela primeira vez,
desde que a conheci, realmente está feliz.
Fico sem graça e balanço os ombros.
- Música sempre me acalmou, deve ser por isso.
Ele assente e passa a língua no lábio de maneira sensual.
Seguro minha respiração enquanto meu marido se aproxima ainda
mais.
- É bom ver que está alegre, mas é triste saber que não sou eu o
causador da sua felicidade.
Fico em silêncio e ele traz a ponta dos seus dedos até meu rosto,
acariciando suavemente.
- Gael, eu...
- O quê?
- Nada, é só que a comida está pronta e pensei que seria bom você
se alimentar - digo mudando de assunto.
Ele concorda sem questionar e senta.
- O cheiro está gostoso, o que temos para comer?
- Fiz um risoto de peixe, especialidade de mamãe, espero que você
goste - digo o servindo.
Gael agradece e começa a comer.
Faço o mesmo, sentindo o gosto invadir minha boca e me delicio,
pensando o quanto ficou parecido com o de mamãe.
Não demora e após finalizarmos o almoço, arrumo a cozinha, me
lembrando de mais cedo, já Gael se joga no sofá e deita.
- Me faça companhia - pede apontando para o outro sofá.
Concordo e me sento, observando-o me encarar atentamente.
- Me diga mais sobre você, quero saber tudo.
Penso a respeito da curiosidade de Gael em me conhecer, até mesmo
parece que somos íntimos, o que com certeza não é verdade.
- Me diga o que deseja saber, que eu conto.
- Sobre os seus antigos namorados, seu primeiro beijo, a sua
primeira vez, como foi para você?
Sinto meu rosto arder ao ouvi-lo.
Sério que Gael quer saber isso?
Ainda que sejamos casados, não temos esta liberdade um com o
outro.
Por que ele quer saber sobre a minha suposta primeira vez?
E o que eu devo dizer, que sou virgem?
- E-eu...
- Não precisa sentir vergonha, somos casados, sabe que uma hora
ou outra teremos que ter esta conversa.
Fico cabisbaixa e assinto, torcendo minhas mãos.
- Nunca fui de namorar muito, então eu... eu... - sinto minha voz
falhar e Gael estreita as sobrancelhas.
- Você...?
- Eu sou virgem - digo envergonhada.
Encaro meu marido e vejo o olhar de surpresa dele, como se isso
fosse a coisa mais difícil de encontrar no mundo.
- Você é muito brincalhona, mas não precisa mentir para mim a
respeito disso, é normal hoje em dia nos casarmos com mulheres que não são
mais virgens. Apesar de contrato de casamento ser algo do passado, isso não
é problema para mim. Assim como eu tive meus momentos antes de saber
que iria me casar, você deve ter tido os seus...
- Não tive... Sempre fui uma garota dedicada aos estudos, sem
sequer faltar ou me atrasar. Namorar nunca esteve nos meus planos, apesar
de que sempre achei a ideia reconfortante. No entanto, os anos foram
passando e aqui estou eu, casada com um homem desconhecido, em uma ilha
no meio do nada e ainda por cima virgem.
Gael fica em silêncio, surpreso com o que acaba de ouvir.
- Isso é sério mesmo?
- Sim - afirmo ainda envergonhada.
Ele levanta e se aproxima, sentando ao meu lado.
- Então eu sinto muito por saber que você não teve a chance de
provar um pouco do que o mundo tem a oferecer antes de casar. Agora você
está presa a mim e possa ser que nunca faça amor com alguém que goste.
- Dada as circunstâncias, não me importo com isso, me diga, você
já fez amor com alguém que amava?
- Nunca amei, Laureen, isso não é algo que priorizo na minha vida.
Fico quieta, mesmo não concordando com ele, não o julgo, afinal,
nem todos nasceram para o amor.
Será que Gael e eu nascemos para isso?
- Agora que você sabe que sou virgem, o que pensa disso?
- Penso que, como disse antes, você não aproveitou nada de
delicioso que o mundo pode oferecer, realmente sinto muito que tenha sido
forçada a casar com um homem que não tem sentimento algum.
- Posso dizer que tenho empatia - digo rindo.
Gael ri e se aproxima ainda mais, colando sua perna na minha.
- E beijo, ao menos isso você deu, não é?
- Algumas vezes... Foi em um garoto da época da escola.
- E o meu beijo, como foi para você?
Desvio meu olhar do seu ao ouvir sua pergunta.
Como dizer a ele que havia gostado?
Não posso negar isso, realmente os nossos beijos haviam sido muito
bons.
- Você só morde bastante - brinco apontando para o meu lábio
ainda machucado.
Ele revira os olhos e sorri.
- Se quiser, posso mostrar que não mordo - diz convicto de suas
palavras.
Meu rosto arde e meu corpo todo entra em combustão, é tudo muito
estranho e novo para mim neste momento.
- Pelo menos, não se pedir.
Continuo quieta e vejo Gael trazer sua mão até meu rosto, me
acariciando com o polegar.
- Me diga, você iria para a cama comigo? - pergunta sem pudor
algum.
Penso a respeito, me imaginando na cama com Gael e o que poderia
acontecer entre nós dois.
- Iria, mas não forçada, deixaria as coisas acontecerem aos poucos.
Ele continua acariciando meu rosto e assente.
- Posso te beijar?
Suas palavras ecoam na minha mente e minha única reação é balançar
a cabeça em concordância, sentindo o calor aumentar cada vez mais a nossa
volta. Gael se aproxima devagar e encosta seus lábios nos meus, causando
um arrepio na minha espinha. Devagar, ele traz sua língua até a minha e me
vejo enroscada ao meu marido, sentindo o delicioso gosto do seu beijo
molhado. O sabor é diferente das outras vezes que senti, é algo mais denso,
delicioso e tórrido. Sinto uma sensação encobrir a boca do meu estômago e
solto um gemido sem querer, com Gael nos separando e me encarando por
completa.
- Gael, e-eu...
- Não se preocupe, vamos apenas aproveitar o momento - diz
acariciando meu rosto.
Me ajeitando no sofá, ele coloca seu joelho entre as minhas pernas e
acaricia meu rosto com a mão boa.
- Permita que eu mostre um pouco o que o mundo tinha a te oferecer
e você não pôde ter.
- O quê? - questiono receosa.
O suor pinica minha pele e a minha respiração fica entrecortada.
- Vai ver... - É a única coisa que diz.
Sua mão desliza pelo meu pescoço, para na minha clavícula e quando
vejo, a ponta dos seus dedos acariciam meus seios por cima do vestido, o
que me faz ficar em alerta, sentindo algo que nunca senti na vida.
Como descrever isso?
É como se meu corpo estivesse em chamas, se misturando ao choque
que os dedos de Gael me causam. A sensação é gostosa e completamente
nova para mim, quando vejo, ele vai deslizando sua mão pela minha barriga
e para bem na minha perna desnuda. Seus olhos se encontram com os meus e
me penetram de uma maneira que nunca fizeram antes. É como se meu
marido olhasse cada detalhe meu, sem perder nada.
- Está preparada? - pergunta e assinto, sabendo que sim, mesmo
não fazendo ideia do que ele pretende fazer.
Gael sorri e puxa meu vestido para cima, revelando minhas coxas e
logo em seguida, minha calcinha.
Meu rosto queima de vergonha, sabendo que isso é inédito para mim
enquanto noto que meu marido encara o tecido fixamente. Vejo sua língua
umedecer seus lábios e sua mão seguir em direção ao meu sexo coberto.
Fico sem reação e Gael puxa a calcinha devagar, deslizando pela
minha perna. Não faço ou digo nada, apenas contemplando a cena. Meu
íntimo reprime e ele sorri ainda mais, enquanto me sinto envergonhada,
afinal é a primeira vez que um homem vê meu sexo.
- Sua boceta é linda - murmura lambendo os beiços. - Vai
permitir que eu faça o que eu quero?
- Sim - respondo hipnotizada.
Gael concorda e leva o indicador até minha carne, acariciando meu
clitóris. Fico sem reação, sentindo o quanto a sensação de alguém me tocar é
gostosa.
Como pude ficar sem isso por tanto tempo?
Seu dedo passeia pelo interior das minhas coxas, o vejo acariciar
com o polegar e o dedo do meio, fazendo movimentos leves de vaivém.
Seguro no sofá, mordendo a boca para não gemer e Gael continua, como uma
espécie de tortura.
Como um simples toque pode ser tão gostoso?
- Você já se tocou antes, Laureen? - pergunta sem parar os
movimentos. Seu olhar se conecta com o meu e nego com a cabeça. - Quero
que me diga, você já se tocou antes?
- Não. - A palavra sai misturada com um gemido.
- O que está sentindo?
Seus dedos continuam me acariciando e suspiro de prazer.
Isso é prazer?
É isso que outras mulheres sentem ao serem tocadas?
- É gostoso - respondo grunhindo. - Gael...
- O que foi, esposa? - questiona ainda movimentando seus dedos.
Fecho os olhos, me contorcendo de prazer e soltando um gemido alto
por conta do toque tão delicioso.
- Quer mais? Me diga, você vai deixar eu fazer tudo que quero?
Assinto, concordando.
É claro que irei permitir, se tudo que ele pretende for tão gostoso
quanto isso, estou feita.
- Sim, faça - peço me sentindo vulgar.
Seria considerada vulgar por estar gostando de ser tocada pela
primeira vez?
- Hoje vou mostrar um pouco do que você pode ter comigo.
Fico quieta e abro os olhos novamente, vendo Gael parar de me tocar
e se ajoelhar na minha frente, me encarando enquanto espero ansiosa pelo
que vai vir pela frente. Ele passa a língua nos seus lábios, como uma tortura.
Seguro a respiração, esperando, então meu marido se aproxima e coloca seu
rosto em frente ao meu sexo.
Solto um grito misturado com um gemido ao sentir sua língua na
minha intimidade.
Que delícia!
Ele faz movimentos circulares na minha boceta e quando vejo,
mordisca meu clitóris, causando uma onda de arrepios por todo meu corpo.
Fico sem reação, sentindo minha respiração ainda mais acelerada enquanto
Gael continua com a boca na minha boceta.
- Está gostando? - pergunta e assinto gemendo. - Isso é apenas
uma das coisas que alguém pode te oferecer.
- Continue, por favor.
- Vamos fazer diferente... Enquanto chupo sua boceta, quero que
você friccione continuamente seu clitóris, pode ser?
- Sim.
Ele volta a chupar minha boceta, então levo meus dedos até minha
área de prazer e o acaricio devagar.
É estranho eu finalmente me tocar, nunca havia feito isso na vida e
saber que estou fazendo pela primeira vez, enquanto um homem chupa minha
boceta, me deixa espantada. Meu corpo se arrepia ainda mais com meu toque
cada vez mais rápido. Um súbito arrepio toma conta do meu corpo e continuo
esfregando, enquanto Gael continua me chupando, quando de repente solto
um gemido alto.
Paro de me tocar e ele se afasta limpando a boca. O vejo levantar e
noto o enorme volume no meio de suas pernas com uma mancha em sua
calça.
- Por hoje é só - diz me observando.
Continuo parada e seminua enquanto Gael dá as costas, seguindo
pelo corredor e entrando em seu quarto. Confesso que me sinto estranha, me
ajeito levantando e sentindo minhas pernas bambas. De repente, sinto um
líquido escorrer entre elas e levo minha mão automaticamente até meu sexo,
sentindo algo viscoso. O analiso e sinto o cheiro estranho, como se fosse
uma mistura de algo com urina. Passo a mão na minha roupa e corro
rapidamente para o meu quarto, limpo minhas pernas e me deito na cama
pensando a respeito sobre o que isso possa ser e ao ver que não tenho
respostas, viro meu corpo de lado e suspiro, recordando o que acabara de
acontecer entre Gael e eu. Porém, de tudo que fizemos, o que realmente me
incomoda é o fato dele ter ido para o quarto de maneira abrupta.
O que havia acontecido?
Suspiro e sinto uma lágrima escorrer pelos meus olhos, sentindo um
vazio e a sensação de que fui usada pelo meu marido.
Estranho
Gael Brown
"A mente é a maior inimiga do homem..."
Falhei, fui um completo idiota ao me dar o luxo de provocar Laureen
e no fim acabei provando do meu próprio veneno. Não esqueço o que ela
havia feito por mim; cuidou da minha mão que machuquei por imprudência e
de preparar nossas refeições.
Como não pude imaginar que ela é virgem?
Isso torna tudo ainda mais interessante, e claro, doentio.
Não sei se conseguirei machucá-la a este ponto.
"O coração de uma mulher é um oceano de desejos escondidos."
E se por acaso, ao transar com Laureen, as coisas fugissem ainda
mais do combinado?
Com certeza meu pai não ficará nenhum pouco satisfeito ao descobrir
que não fiz o que combinamos.
Como permitir que coisas ruins acontecessem com esta mulher que
pouco me conhece e me trata tão bem?
Covarde!
É isso que eu sou, um homem sem escrúpulos e completamente
covarde.
Será que entrar neste joguinho de vingança do meu pai havia sido um
erro?
Eu deveria realmente me vingar de Laureen, sendo que ela não tem
nada a ver com a história?
- Ela sequer tinha nascido quando mamãe morreu - digo andando
de um lado para o outro.
Acendo um charuto e trago, soltando a fumaça devagar. Encho um
copo com uísque e bebo em um único gole, notando que se eu continuar me
envolvendo com esta mulher, irei me desestabilizar por completo.
- E olha que vocês não têm nem uma semana de casados - digo
vendo o quanto isso é ridículo. - Você precisa se afastar desta mulher e
focar, Gael Brown, ou vai acabar esquecendo o real objetivo deste
casamento.
Termino de beber e continuo fumando, analisando tudo que está
acontecendo. Está na hora de ao menos ser um pouco duro com Laureen, ou
esta mulher vai me destruir.
E se for para alguém sair destruído, que seja o pai dela.
***
Laureen Vargas Brown
Acabei caindo no sono e quando percebo já está cedo e o sol reflete
na janela. Ouço ao longe o som do mar e sorrio, saindo do quarto e indo
direto para o banheiro. Após fazer minhas necessidades, sigo para o meu
quarto e visto um biquíni vermelho, cobrindo meu corpo com um roupão de
seda. Prendo meu cabelo, passo um brilho labial e saio do quarto seguindo
em direção a cozinha.
Vejo Gael sentado na sala lendo um livro e me assusto, mas logo um
sorriso de lado se forma.
- Bom dia - digo alegre.
- Dia - responde de maneira fria.
Fico surpresa com o mau humor logo cedo e não dou bola, volto
minha atenção para a cozinha e preparo o nosso café.
Coloco sobre a mesa algumas frutas frescas que temos, leite, frios e
por último o bule com o líquido escuro. Vejo meu marido levantar ainda com
a mão enfaixada e se aproximar da mesa. Ele senta, diferente do dia anterior
que puxou a cadeira para mim, e se serve, ainda olhando para o livro, que
vejo ser de Shakespeare.
- Gosto muito deste livro - digo me servindo de café. - Você vai
gostar.
- Iria gostar mais se ficasse quieta e eu pudesse me concentrar na
leitura - responde me causando um desconforto.
Meu rosto queima de vergonha e concordo com um movimento de
cabeça, perdendo o apetite.
O que eu havia feito de errado para Gael amanhecer tão nervoso?
- Desculpe, eu...
- Tudo bem, só tome seu café e fique quieta.
O encaro e seus olhos se encontram com os meus. Vejo uma
profundidade de medos e angústias, e me levanto decidida a ir para o meu
quarto.
- Perdi a fome, se me der licença...
Passo ao seu lado, pronta para seguir para o corredor e sua mão
fecha em volta do meu pulso, causando um arrepio em mim.
- Onde é que você vai?
- Estava pensando em ir para o meu quarto, mas com seu humor
ácido, prevejo que vou para outro lugar - digo me soltando dele e seguindo
em direção à saída da casa.
Gael levanta e deixa o livro de lado, vindo em minha direção.
- Não lembro de ter permitido que você saia.
- E eu tão pouco de ter pedido sua permissão - digo abrindo a
porta.
Ele corre e para bem na minha frente, encostando seu corpo no meu.
- Sou seu marido, você tem que me comunicar o que pretende fazer
ou não.
- Somos casados apenas por conveniência, não pense que só porque
carrego seu sobrenome, se tornou meu dono - digo dando a volta no seu
corpo e seguindo em frente, passando pelo jardim simples enquanto Gael me
segue.
- Por acaso a donzela acordou azeda hoje? - pergunta me
provocando.
- Se a donzela for você, sim, acordou azeda demais! - respondo
enfurecida.
Continuo andando e logo me vejo à beira da praia, sentindo a areia
nos meus pés que nem havia percebido estarem descalços.
- Você poderia ser menos engraçadinha, não acha?
Sinto um puxão no meu braço e viro meu corpo, encarando meu
marido.
- E você menos insuportável - cuspo as palavras.
Ele leva as mãos até a cabeça, bagunçando o cabelo.
Vejo seu peitoral subir e descer por debaixo da camiseta regata e ele
estreita as sobrancelhas.
- Você se julga muito esperta, mas nem sabe o que está acontecendo
aqui.
- E por acaso você sabe?
Gael fica em silêncio e balança os ombros.
- Faça o que achar prudente. - Dá as costas e o vejo seguir para a
casa.
- Covarde! - murmuro nervosa com tudo que aconteceu.
Decido seguir andando pela praia e me sento na areia, próxima da
água que molha a ponta dos meus pés. Fico um bom tempo olhando o mar,
pensando que ele nos separa da cidade grande, que é apenas um borrão ao
olhar de longe, e reflito a respeito do mau humor de Gael.
Será que tem a ver com alguma coisa que fizemos ontem?
Até então, ser chupada daquela maneira por ele, me deixou
completamente relaxada. Mas ao ver a maneira que foi para o quarto, sem ao
menos me olhar direito, mostra que fui usada e sua atitude de hoje deixa isso
claro.
Penso o quanto sou idiota por permitir que isso aconteça, se não
tivesse caído na lábia de Gael, nada disso teria acontecido.
- Pelo menos ele chupa bem, não que eu tenha recebido um oral de
outra pessoa para me certificar - digo em voz baixa e rio achando isso
ridículo.
Suspiro tristonha, curiosa em saber o motivo de Gael mudar tão de
repente.
- Deve estar arrependido de ter se casado comigo e estar preso
aqui, nesta ilha, sem poder transar com alguma mulher.
Continuo sentada, pensando na loucura que minha vida se tornou nos
últimos dias e penso em Lucy, sabendo que ela com certeza me ajudaria
nisso. Seco uma lágrima que escorre e solto um grunhido, chorando
copiosamente e desejando que isso não passe de um infeliz pesadelo.
***
Fico durante horas na beira da praia e quando o sol está quase se
pondo, me levanto, sentindo a fraqueza devido a desidratação por não ter
comido nada e nem ter bebido água.
Ando vagarosamente até a casa e entro em silêncio, observando tudo
quieto.
Sigo até a cozinha e abro a torneira, bebendo água direto dela.
Procuro algo para comer e me sirvo de uma fruta, andando em direção ao
meu quarto em silêncio e entrando sem ao menos olhar para os lados.
- Você demorou demais, pensei que iria morar na praia - diz Gael
deitado sobre a minha cama.
Me assusto com sua presença e finalizo a fruta, ainda em silêncio.
- Me desculpe, fui duro com você mais cedo.
Cruzo os braços e continuo encarando Gael, que se aproxima de mim
ao levantar da cama.
- Vai ficar em silêncio?
- Minha voz não estava te incomodando mais cedo?
Ele revira os olhos e suspira, colocando as mãos na cintura.
- Fui idiota, ok? Estou pedindo desculpas, realmente fui estúpido,
mas estou me redimindo.
- Você se redimir não significa que eu sou obrigada a desculpá-lo
- afirmo ainda com os braços cruzados.
- Mulher difícil - fala coçando a cabeça.
- Como se você fosse a pessoa mais fácil de lidar.
- Aí que está, Laureen, eu realmente não sou uma pessoa fácil de
lidar - diz com a voz melancólica. - Por favor, me perdoe por mais cedo,
fui um completo idiota.
Apenas o encaro, pensando o quanto o humor deste homem muda
rapidamente. No dia anterior estávamos aos beijos e ele me chupando, mais
cedo estava me tratando mal e agora me pedindo desculpas?
- É assustador como seu humor muda de maneira abrupta - digo
receosa. - Não sei o que está acontecendo com você, mas te desculpo,
desde que comece a ser mais maleável quando estiver de mau humor.
O vejo assentir e suspiro mais aliviada.
- Vou preparar o jantar para você, enquanto toma banho para tirar a
areia do corpo - diz apontando para mim.
- Me permita fazer uma pergunta.
- Claro.
- Quando é que vamos embora? Aqui não tem muito o que fazer.
Gael me encara e balança os ombros.
- Em breve, não se preocupe.
Concordo sem dizer mais nada e sigo direto para o banheiro,
trancando a porta e me preparando para o banho.
Pelo jeito, a noite vai ser longa...
***
Gael Brown
Como uma pessoa pode ser tão confusa e idiota ao mesmo tempo?
Simplesmente não consigo cumprir minha promessa de quebrar
pedaço por pedaço de Laureen Vargas e me vejo cada vez mais perdido em
relação a isso. Pensar que seria fácil destruir tanto ela quanto seu pai, foi
algo idiota de se pensar.
Com certeza vai ser mais difícil do que imagino...
Ainda mais que eu não consigo maltratar esta mulher.
Esqueço isso e após Laureen ir para o banho, sigo para a cozinha e
começo a preparar o nosso jantar, como ainda está um pouco cedo e minha
mão não dói tanto quanto no dia anterior, resolvo preparar uma massa.
Enquanto vou preparando, coloco uma música para tocar e balanço
meu corpo no ritmo, me sentindo um pouco mais leve após me desculpar com
Laureen. Claro que não sinto exatamente nada por ela a não ser tesão e
pensar na sua boceta deliciosa, me causa uma ereção imediata, ainda mais
em saber que ela é virgem.
Eu daria tudo para fodê-la sem pudor algum...
Mesmo não sentindo nada por ela, não significa que não me sinto
mais tranquilo em ter me desculpado. Fui rude e um completa idiota, com
certeza meu pai iria odiar saber que fiz as pazes com ela.
Esqueço isso e depois que a massa está pronta, a coloco para
cozinhar enquanto preparo o molho.
Laureen surge no batente da porta com uma blusinha branca e shorts
curto, revelando suas pernas torneadas.
- O cheiro está bom - murmura receosa.
Concordo com um movimento de cabeça e encho duas taças de vinho,
entregando uma a ela.
- Vamos beber um pouco para esfriarmos a cabeça.
- Eu preferiria um champanhe para isso, vinho esquenta -
responde maliciosa.
Safada!
Mesmo sendo uma mulher inexperiente, até que ela é bem safadinha.
- Champanhe - repito com os pensamentos maliciosos. - Se
fôssemos beber champanhe, faria de você a minha taça.
Laureen me encara sem entender.
- Como assim?
Dou risada e balanço a cabeça.
- Deixe isso para lá, é melhor beber o vinho mesmo.
- Agora fiquei curiosa - diz bebericando a bebida.
- Tenho certeza de que se você souber do que estou falando, vai
querer desistir de beber champanhe.
Minha esposa fica em silêncio e concorda.
- Do jeito que você disse, parece algo para lá de estranho.
- Para alguns realmente é, mas é muito prazeroso, isso eu garanto.
- Então estamos falando de prazer?
- Mais do que você imagina - respondo piscando.
Seu lábio fica entreaberto e ela continua bebendo.
- Sendo assim, acho que seria mais prudente você voltar para as
panelas, afinal, o que teremos para o jantar? Estou faminta.
Percebo que Laureen está mudando de assunto e decido jogar o seu
jogo.
- Estou fazendo macarrão, porém, com massa caseira - digo
sorrindo.
- Parece delicioso - responde organizando a mesa.
Volto minha atenção para as panelas e não demora tudo já está
pronto, finalizando o preparo ao ralar o queijo parmesão.
Laureen fica deslumbrada quando coloco o prato à sua frente com a
massa e cubro com o molho, jogando manjericão e queijo por cima.
Me sento de frente para ela e encho mais as nossas taças, começando
a comer e me deliciando com a comida.
Desde novo sempre fui apaixonado pela gastronomia e me aventurei
pela culinária. Por conta do meu pai, não cheguei a fazer o curso, já que ele
sempre me viu como o herdeiro que iria cuidar dos negócios. Quando assumi
o cargo de CEO da empresa, deixei de ajudar nos jantares e com as viagens
longas e cansativas para ajudá-lo nos intermináveis contratos, não cozinhei
mais.
É a primeira vez em muito tempo que cozinho para alguém, e mesmo
sabendo que meu pai não iria gostar nem um pouco desta história, fico feliz
em saber que é para Laureen que eu havia cozinhado.
Volta
Os dias passam rapidamente e quando vejo faz uma semana que
Gael e eu estamos na ilha sem fazer nada. Após discutirmos e ele se
desculpar, tudo se tornou mais leve. Infelizmente, não voltamos a nos beijar
e tão pouco fazer algo a mais, o que de certa forma me deixa um pouco
chateada e ele estressado. Pelo menos, acho que é por isso.
Fico curiosa em relação a tal taça que ele havia dito e o questiono
sobre isso, mas Gael não dá o braço a torcer e acaba não me contando.
Aproveitamos o momento de paz e fomos a praia alguns dias,
nadamos e exploramos a ilha em volta da casa, e para o meu desgosto, não
tem nada de interessante.
Sinto falta de Lucy e dos meus pais, mesmo sabendo que quando
formos embora, não os verei com frequência. É estranho estarmos em uma
ilha só nós dois, mas não posso negar que é interessante.
O tempo vem esfriando e o mar ficando agitado, com isso, Gael, por
meio de um rádio antigo que eu nem fazia ideia que funcionaria, decide
encerrar a viagem pela ilha.
- Podemos ir para outro lugar, ao invés de voltarmos para a casa -
diz enquanto arrumamos as coisas.
- Pensei que você não gostasse tanto de viajar - digo torcendo o
nariz.
- Viajar a trabalho não é divertido, agora para descansar é outra
coisa - responde revirando os olhos.
- Queria ao menos ver minha família, ver Lucy...
- Pode fazer isso, mas por vídeo chamada, prometo levá-la para um
lugar que tenha sinal.
Penso sobre isso e nego.
- Acho melhor só voltarmos para a casa mesmo.
Gael me observa e assente, se dando por vencido.
- Se é o que você quer...
Não digo nada, sabendo exatamente que não é isso que eu quero.
Nos últimos dias, tenho pensado muito em como seria ir para a cama
com meu marido, principalmente depois dele ter feito o que fez comigo...
Porém, sei que estando em casa, será muito mais difícil disso
acontecer, afinal, não iremos nos ver tanto, não é mesmo?
Viajar sozinha novamente com Gael, seria a porta para acontecer o
inevitável e isso seria um problema.
"Problema em sentir prazer?"
Suspiro.
- As coisas já estão prontas - diz me tirando dos meus
pensamentos. - O barco está chegando.
Concordo, vendo-o se afastar e suspiro aliviada por saber que não
ficarei mais sozinha com este homem.
- O que você está pensando, Laureen? Pouco tempo atrás você
sequer queria se casar e agora está pensando no seu marido de outra
maneira, como se pudesse cogitar a ideia de gostar dele - digo para mim
mesma. - Droga, como sou burra!
***
Sinto um alívio percorrer cada milímetro do meu corpo ao ver que
finalmente estamos em solo firme depois de horas dentro do barco.
O trajeto inteiro Gael ficou com o comandante e eu dentro do
pequeno quarto, pensando na viagem que havíamos tido. Apesar de não ter
acontecido muita coisa, havia sido algo realmente bom para mim, mesmo que
em alguns momentos meu marido tenha agido como um completo idiota.
Não posso negar o quanto foi delicioso meu primeiro contato sexual
com ele, o que me deixa a cada segundo com o sangue fervendo. É como se
meus pensamentos estivessem voltados somente para isso, desejando tê-lo
por completo, mesmo sabendo que não passaria de sexo e nada mais. Gael,
em uma de nossas conversas, havia deixado claro que nunca amou e não
havia nascido para isso.
Mesmo sabendo que não o amo, por que este fato me incomoda tanto?
***
- Está preparada para a viagem de avião? - pergunta quando
estamos no hangar.
Vejo nossas malas serem postas no avião e nego.
- A última vez não foi muito convidativa.
- Pense, teremos champanhe - diz piscando.
Fico em silêncio e logo estamos dentro do local, sentados em nossos
devidos lugares. Vejo que é outra aeromoça e ela se aproxima com uma
garrafa de champanhe e duas taças.
- Aceita champanhe? - pergunta abrindo a garrafa.
Olho para Gael e vejo seu sorriso egocêntrico estampado em seus
lábios.
Que merda!
Estou mais do que curiosa para saber a respeito da tal "taça".
- Pode deixar a garrafa - murmuro olhando para o meu marido.
Ele ergue a sobrancelha surpreso e a mulher assente se afastando de
nós logo em seguida.
- Estou curiosa com o que vem a seguir.
Gael levanta e serve as duas taças, me entregando uma.
- Infelizmente desta vez não vem nada, sei que está curiosa com o
que disse dias atrás, mas não dá...
Suas palavras se perdem no ar e fico sem entender.
- Por que não dá?
- Laureen, você é virgem - diz com a testa franzida. - O que
quero fazer com você, não é tão simples quanto imagina, sua mente é tão
inocente assim?
- Você está dizendo que para fazer o que me disse, eu preciso
perder a virgindade?
- Você conhece seu corpo? - rebate. - Sabe que tem um hímen no
seu sexo que é rompido durante o primeiro ato sexual, não sabe? Algumas
mulheres o rompem de outras formas, mas o mais comum, é durante o sexo.
Fico envergonhada ao ouvir o que ele diz, é claro que conheço meu
corpo, apenas não o explorei como pensei que podia ser explorado. Gael
não sabe, mas nos últimos dias, venho me tocando da mesma maneira que ele
fez eu me tocar na sua frente.
- Entendo... - É a única coisa que consigo dizer. - Bem, se não
podemos fazer o que me disse...
- Não, agora não - responde me cortando. - Espere, você está
tão curiosa assim?
- Sim, estou, por quê?
- Até parece que você confia em mim - diz divertido.
- É necessário confiança para isso? - pergunto inocentemente.
- Você deixaria qualquer pessoa enfiar uma garrafa de champanhe
na sua boceta?
Meu rosto arde de vergonha e fico surpresa.
É isso que ele quer fazer comigo?!
- Então é isso - digo surpresa. - Parece nojento.
Gael ri e nega com a cabeça.
- Quando se sente prazer, nada é nojento.
***
Acordo ao sentir o avião pousar e encaro Gael ao meu lado sentado,
mexendo no celular.
- Chegamos.
Me ajeito na poltrona, percebo que não temos mais o champanhe e
tento me lembrar do momento em que dormi. Depois da conversa que tive
com meu marido, não me lembro de muita coisa.
- Graças a Deus - digo soltando o cinto.
Ele me ajuda e logo descemos.
Sinto o vento bater no meu rosto e sorrio ao saber que estou cada vez
mais perto de casa. Meu marido se afasta atendendo o celular que toca,
enquanto ele fala no seu, procuro o meu e ligo para Lucy que atende de
imediato.
- Eu estava quase pegando minhas economias e mandando um
helicóptero te procurar - diz aflita.
- Que saudade estava sentindo de você, amiga - respondo rindo.
- Não tem necessidade, agora estou de volta.
- E como você está? Estou morta de saudade!
- Acho que bem - digo suspirando. - Já está na minha casa nova?
- Como combinamos - diz com alegria na voz. - Está tudo
pronto para a sua chegada e do senhor Brown.
- Em breve estaremos aí, acabamos de pousar. Como mamãe e
papai estão?
- Não tenho os visto muito, mas acredito que estejam aflitos assim
como eu, tivemos poucas notícias sobre seu paradeiro.
- Acredito que Gael apenas desejava um pouco de privacidade,
com certeza os paparazzis cairiam em cima se alguma informação vazasse.
- Deve ser isso - responde displicente.
Concordo e sorrio.
- Não vejo a hora de nos encontrarmos, temos muitos o que
conversar.
- Quero saber de tudo!
Concordo encerrando a ligação e avisto Gael se aproximar com um
sorriso estampado no rosto.
- Nosso carro chegou, está pronta para ir embora?
Assinto sorrindo e pensando no quanto preciso conversar com Lucy.
Não vejo a hora dela saber de tudo que aconteceu nessa viagem
detalhadamente.