a cozinha poderia estar. "Timur?" Ela chamou com uma voz suave. "Kristof? Tem alguém aí?"
"Você precisa de ajuda?"
Alina gritou quando Danik surgiu de um dos ambientes. Colocando uma mão sobre seu
coração acelerado, ela franziu a testa para ele. "Você está tentando me causar um ataque
cardíaco? De onde você surgiu?"
"Da sala de estar", ele disse enquanto gesticulava para a porta aberta atrás dele. Ele não
disse mais nada, e ela suspirou.
"Eu não tinha certeza de onde encontraria a sala de jantar", ela murmurou, levando uma
mecha de cabelo atrás da orelha.
"Por aqui, senhorita".
Senhorita. Ela pediu que ele não a chamasse de Senhorita Petrov, mas claramente ele
também não iria chamá-la de Alina. "Senhorita" era a forma que ele tinha de realizar a tarefa
mais profissionalmente?
O hall de entrada levava diretamente para uma área de estar. Ele se ramificava em várias
áreas diferentes.
"À esquerda, você encontrará a biblioteca. Há uma série de livros e filmes lá se você deseja
entretenimento. À direita está a sala de entretenimento privada do Sr. Sokolov. Quando ele tem
convidados, você faria bem ao ficar longe de lá. Do outro lado está o seu escritório pessoal. A
porta estará sempre trancada quando o Sr. Sokolov não estiver usando." Danik disse em uma voz
monótona enquanto a conduzia. O salão seguinte se ramificava em duas áreas separadas. À
direita, surgiu uma grande área de jantar formal, e à esquerda estava a cozinha. Danik lhe deu
um breve sorriso antes de a cumprimentar com a cabeça e abandoná-la.
"Estranho", ela murmurou enquanto espiava cada ambiente. A sala de jantar estava vazia,
não havia lugar arrumado, nada na enorme mesa. A cozinha, entretanto, continha um espaço de
jantar mais íntimo. Uma pequena mesa ficava ao centro, já com um único lugar arrumado, com um
cloche sobre o prato, presumivelmente mantendo o jantar quente.
E não havia uma alma por perto além dela.
"Olá?" Ela chamou novamente. Danik não apareceu, e nem outra pessoa. Sobre a mesa
estava uma taça de vinho tinto, que ela pegou e imediatamente bebeu. Ao lado do prato havia
outra carta com o seu nome.
Peço desculpas por não poder me juntar a você. Eu já tinha um compromisso para o jantar esta
noite. Por favor, aproveite. Sinta-se à vontade para se retirar cedo. Tenho certeza de que você está
cansada. -N.
"Sinta-se à vontade para se retirar? Por que isso soa mais como um comando do que como
um convite?", ela resmungou enquanto se sentava. Descobrindo o prato, ela encontrou uma deliciosa
refeição de frango, batatas e legumes apetitosos. Havia ainda um recipiente com molho ao lado do
prato.
O cheiro era delicioso, e ela deveria ter ficado com água na boca, mas ela foi
repentinamente atingida por uma onda de tristeza.
Sozinha.
Ela tinha apenas dois anos quando sua mãe morreu, mas cresceu rodeada de pessoas. Seu
pai se assegurou de que ela nunca ficasse sozinha. Se ele não se juntava a ela para suas
refeições, Kristof, Timur ou um dos outros criados fazia isso. Sempre havia alguém com quem
conversar, mesmo que ela passasse a maior parte do tempo reclamando.
Olhando ao redor do ambiente vazio, ela percebeu que não tinha dado valor a isso.
Segurando as lágrimas, ela alcançou a mesa e olhou para o parto. Ela não sabia por que
não se permitia chorar. Não era como se houvesse alguém por perto para testemunhar aquilo.
Depois de algumas mordidas, ela percebeu que o frango não era tão bom como parecia.
Felizmente, ela não estava com tanta fome. Engolindo-o com vinho, ela deu mais algumas garfadas
até ficar satisfeita.
Ela mal tinha comido um quarto da comida que estava disposta diante dela.
Com um suspiro, ela terminou a taça e levou a louça até a pia. A porcelana fez barulho
contra o aço inox.
"Você precisa de algo?"
"Droga, Danik!", ela gritou furiosamente enquanto virava o corpo. "Essa já é a segunda vez.
Se você fizer isso de novo, eu vou amarrar um sino em seu pescoço!"
Ela poderia jurar que viu um sinal de sorriso, mas que logo desapareceu, e ele curvou a
cabeça. "Como posso ajudá-la, senhorita?"
"Alina", ela disse lentamente. "Por favor, me chame de Alina. Eu estava indo pegar alguns
recipientes de plástico para guardar as minhas sobras e limpar tudo."
"Não há necessidade de você limpar após comer. Há funcionários para isso".
Suspirando, seus ombros caíram. "Certo. Então OK. Você pode agradecer quem cozinhou?
Estava ótimo." Na verdade, estava um pouco seco, mas ela não queria ser rude em sua primeira
noite.
"Sim, senhorita."
Desistindo do homem completamente, ela virou as costas e começou a sair.
"Alina", ele chamou de repente.
Ela se animou com o som de seu nome e virou a cabeça. "Sim?"
"Você vai precisar de um lanche para a noite?"
A ideia de comer sozinha novamente naquela noite embrulhou seu estômago, e ela balançou
a cabeça. Um pensamento surgiu em sua mente, e ela sorriu maliciosamente. "Danik?"
"Sim, Alina?"
"Você vai me ajudar com qualquer coisa que eu possa precisar, correto?"
"Qualquer coisa que o Sr. Sokolov permitir", ele confirmou com a cabeça.
"E se não for permitido, estaria naquela carta, certo?"
"Sim senhorita. Alina." Ele se contraiu, e ela quase riu.
"Amanhã de manhã, você acha que poderia se juntar a mim para o café da manhã?"
Por um momento, ele apenas olhou para ela. "Não tenho certeza se o Sr. Sokolov gostaria
disso", disse finalmente.
Você acha que o Sr. Sokolov se juntará a mim para o café da manhã?", perguntou ela com
os olhos estreitos. Ela já sabia a resposta, mas ele balançou a cabeça, hesitante. "Então ele não
saberá. Você tem permissão para comer, certo? E eu não levo uma eternidade para comer. Apenas
vinte minutos. Por favor. Eu não estou acostumada a ..." Ela respirou fundo e fechou os olhos. "Não
estou acostumada a ficar sozinha".
O rosto do velho homem se suavizou, e ele acenou com a cabeça ligeiramente. "Eu adoraria
me juntar a você para o café da manhã. Basta chamar por mim quando estiver pronta".
Uma onda de alívio tomou conta dela, e ela sorriu. "Obrigada, Danik. Fico grata por isso."
"Você é muito bem-vinda. Alina".
Quando ela começou a voltar para seu quarto, a exaustão tomou conta dela, mas ela ainda
arrastava seus pés. Não era como se aquela noite fosse diferente de qualquer outra noite. Ela
ainda não conseguia dormir sem ver o corpo do pai flutuando na piscina. Naquela noite
provavelmente seria ainda pior, já que ela estava em um lugar estranho.
Fechando a porta de seu quarto, ela a trancou e tirou a roupa, ficando apenas de regada.
Ela sempre dormia nua-até agora. Se ela não estivesse tão ciente do homem maravilhoso que
estaria dormindo a apenas dez passos de distância, ela teria feito isso ali também.
Olhando para a cama, ela percebeu que ela teria que tirar todos os travesseiros e puxar a
colcha para baixo. Mordendo o lábio inferior, ela deu um passo adiante antes de parar.
Ela não conseguia fazer aquilo. Por alguma razão, ela não queria dormir naquela cama. Isso
faria dela uma pessoa diferente, lhe daria um status diferente naquela casa. Isso a fez se sentir
mais sozinha do que nunca. Em vez disso, ela descansou a cabeça no braço do sofá e lançou as
pernas sob ele. Não era muito confortável, mas seria melhor do que aquela cama enorme.
Foi quando ela ouviu os passos vindo pelo corredor e o chuveiro ligando que ela percebeu
que Nikolai estava em casa. Finalmente, ela fechou os olhos e adormeceu.
E foi recebida nos horríveis braços de pesadelos.
* * *
Nikolai acordou depois de três horas de sono. Depois de tomar banho na noite passada, ele
não conseguia tirar sua mente da mulher que dormia do outro lado da porta. Incapaz de relaxar,
ele desceu para a academia e socou um saco de pancadas por uma hora. Quando seu corpo
estava à beira do cansaço, ele tomou outro banho e finalmente se arrastou para a cama.
Seu dia começava quando o sol surgia, e ele calmamente foi até o banheiro para fazer a
barba e escovar os dentes. Depois de cuidadosamente deixar tudo limpo após se arrumar, ele
parou para ouvir se Alina ainda estava acordada.
Seu quarto estava em silêncio.
Terminando de se vestir, ele saiu do quarto e olhou para o corredor para ver se a porta
estava aberta. Curioso, ele olhou para dentro.
Alina não estava lá. Na verdade, parecia que ela não tinha dormido lá. A cama estava
perfeitamente arrumada, e as suas malas estavam em algum lugar fora da vista.
Satisfeito por ser uma pessoa organizada, ele seguiu para encontrá-la. Quando ele entrou
na cozinha, ele ficou paralisado.
Alina estava tomando café da manhã com Danik e Iyanna, sua empregada. Toda a conversa
cessou quando ele limpou a garganta. Danik e Iyanna rapidamente saíram de suas cadeiras, mas
não disseram nada.
"Bom dia", disse Alina com naturalidade. "Você vai comer alguma coisa, ou só vai olhar para
nós?"
"Danik. Iyanna", disse Nikolai com a voz grave. "Vocês podem explicar o que está
acontecendo aqui?"
"Nós estávamos acompanhando a Alina... a senhorita Petrov no café da manhã", disse Iyanna
em voz baixa. Ela era uma garota, tinha acabado de sair do ensino médio, filha de uma de suas
cozinheiras. Ela seguia suas regras à risca e nunca fez nada assim. Ele só conseguia olhá-la com
curiosidade.
"Pelo amor de Deus, eu pedi que eles se juntassem a mim para o café da manhã", Alina
finalmente murmurou. "Eles pularam seu próprio café da manhã para comer comigo, então não é
como se eu estivesse tirando eles do trabalho."
"Por que você não me pediu para acompanhá-la?"
"Eu não o vi", ela comentou.
Aquilo parecia justo. "Quando eu como aqui, eu faço minhas refeições no escritório", ele
disse finalmente, se distanciando ainda mais da posição de companhia para o jantar. "Danik,
Iyanna, vocês podem continuar acompanhando a senhorita Petrov no café da manhã, desde que
isso não tire vocês do trabalho."
Eles assentiram e agradeceram. Alina se recostou na cadeira e cruzou os braços. "Eles
podem se juntar a mim também para o almoço e jantar?"
O que havia de errado com ela? Ela preferia a companhia de seus criados do que a dele?
Fechando a cara, ele pensou em lhe dizer não apenas começar uma briga. Em vez disso, ele
respirou fundo. "O almoço está permitido, mas você vai me acompanhar no jantar hoje à noite."
"Eu devo comer no escritório?" Ela perguntou secamente.
"Não seja ridícula", ele disparou.
"Eu não vi Timur ou Kristof desde que cheguei aqui. Onde eles estão?"
A irritação tomou conta dele. "Já lhe disse. Eles trabalham para mim. Eles fazem o que eu
peço. Quando eles tiverem um momento livre, eles podem ficar à vontade para dar um oi para
você."
Um pensamento lhe ocorreu, e o deixou paralisado. Timur e Kristof eram apenas alguns anos
mais velhos do que ele. Seria possível que ela estivesse tendo um relacionamento com um deles? Ou
com ambos?
Engolindo o ciúme e a raiva, ele virou bruscamente e saiu da cozinha. Alina era uma mulher
adulta, e podia namorar com quem quisesse.
Ela simplesmente não iria fazer isso enquanto estivesse morando sob seu teto.
Entrando em seu escritório, ele esperou impacientemente por Iyanna, que traria seu café da
manhã. Suas bochechas estavam ruborizadas quando ela entrou. Parecia que ela queria dizer
algo para ele, mas ele tinha ordenado a sua equipe para não falar com ele, a menos que ele
falasse primeiro. É claro que Danik podia falar mais livremente.
Ordem e disciplina. Era assim que sua casa funcionava.
A maldita adolescente parecia que ia explodir. "O que você está pensando, Iyanna?" Ele
perguntou finalmente.
As palavras escaparam de sua boca. "Sr. Sokolov, eu só queria me desculpar. Espero não ter
feito nada para lhe ofender. Danik explicou para Alina... senhorita Petrov que ela não pode nos
pedir nada que vá contra os seus desejos, mas você nunca disse que nós não poderíamos comer
com ela. Se isso lhe incomodar, vamos parar imediatamente.
"Não é necessário", ele suspirou. Estreitando os olhos, ele estudou a menina. Ela parecia feliz
com sua resposta. "Iyanna, ela disse por que queria que você comesse com ela?"
"Danik explicou que não está acostumada a ficar sozinha, senhor. Ela pediu a companhia
dele, mas ele pensou que já que eu sou mais próxima dela pela idade, ela poderia comer comigo
também. Eu realmente gosto de ter ela por perto. Ela é meio estranha, e ela está tão triste, mas ..."
a voz dela subiu de repente, e seus olhos se arregalaram em pânico.
"Mas o quê?" Nikolai perguntou pacientemente.
"Não é nada, senhor", disse ela rapidamente.
Nossa, a garota estava com medo dele? E ele mal tinha falado com ela. "Está tudo bem,
Iyanna. Apenas me diga".
Ela apertou as mãos. "Sim, senhor. Não é que eu não seja grata pelo trabalho, porque eu
sou. Mas você contrata principalmente homens, então é bom ter outra mulher por aqui."
"Sua mãe trabalha aqui", ele ressaltou.
Ela imediatamente revirou os olhos, e ele teve que se segurar para não rir. Típica
adolescente. "Eu entendo o que você quer dizer", disse ele finalmente. "Eu ficaria feliz se você
pudesse entreter Alina, desde que você termine o seu trabalho até o final do dia."
Seus olhos se iluminaram de alegria. "Obrigado, senhor! "
"Iyanna", ele gritou quando ela começou a sair. "Por que você acha que Alina é peculiar?"
"Ela não dormiu na cama, senhor".
"O quê? Onde diabos ela dormiu?" Nossa, será que a mulher tinha ao menos ficado em seu
quarto? Ele disse que ela poderia ir onde quisesse pela casa, mas não deveria vagar por toda a
noite. O toque de recolher deveria mantê-la em seu quarto.
"Não sei, senhor. Eu só sei que depois que ela veio para o café da manhã, eu fui até lá
para arrumar tudo, e a cama não tinha sido usada."
Nikolai relaxou. "Ah. Talvez ela tenha feito isso sozinha".
Iyanna sacudiu a cabeça. "Não, senhor. Eu sou bem específica na forma de arrumar os
lençóis. Minha mãe gritava comigo se eu não fizesse isso da maneira correta. Acredite em mim, ela
não arrumou a cama sozinha. Ela não tocou nela. Como eu disse, um pouco estranho.
Nikolai a dispensou e olhou sombriamente para o café da manhã. Então Alina não a tinha
dormido na cama ontem à noite.
Onde ela estaria passando as noites?
Capítulo Cinco
Nikolai tinha acabado de terminar o café da manhã quando veio a ligação. O advogado
de Yuri, Orlov, estava pronto para finalizar os papéis para o testamento de Yuri. As autoridades
inicialmente queriam interromper o processo até que a investigação fosse concluída, mas Nikolai
não tinha tempo para isso. Ele precisava de acesso ao restante dos ativos de Yuri agora. As
autoridades recusaram até que Nikolai lhes recordasse da violência que ocorreria se ele não
tomasse o controle o mais rápido possível. Embora ele não pudesse admitir tudo, os investigadores
não eram estúpidos. Se eles quisessem enfrentar a máfia, aquele não era o momento de fazer isso.
Yuri sempre manteve um relacionamento decente com a polícia, e Nikolai tinha prometido
fazer o mesmo. Ainda assim, ele se sentiu desconfortável quando descobriu que o caso ia ser
atribuído a alguém novo. Eles não estavam apenas tentando fechar um caso. Eles queriam
descobrir a verdade. Isso era uma notícia boa e outra má. Eles poderiam encontrar o assassino,
mas isso significava que eles iriam dar uma boa investigada nele.
Suas ações agora eram lógicas. Melhor trabalhar com o diabo que eles conheciam do que o
diabo que não conheciam. Então eles finalmente permitiram que o testamento fosse liberado. Orlov
pediu que Alina e Nikolai se juntassem a ele em seu escritório logo depois do meio-dia, mas Nikolai
rejeitou essa ideia.
"Alina ainda não está saindo de casa", disse ele gravemente. "Preciso que você venha aqui".
O advogado ficou em silêncio por um minuto, mas Nikolai não se deixou enganar. O homem
havia trabalhado para Yuri o suficiente para saber o perigo que os cercava. "Eu não quero
colocar Alina em perigo, mas eu também não quero me colocar em perigo. Nikolai, depois disso, eu
vou parar. Você tem seus próprios advogados. Estou fora."
Ah, então era isso. O velho queria se aposentar sem derramamento de sangue. "Eu não dou
a mínima para o que você fizer depois de hoje", ele disse suavemente. "Nós nos encontraremos
aqui. Eu ficarei feliz em enviar uma escolta se você estiver preocupado."
"Não, isso não será necessário", Orlov disse apressadamente.
Nicolai segurou um suspiro. "Orlov, eu não vou enviar uma escolta para te trazer até aqui à
força. Vou enviar para te proteger."
"Oh." Ele limpou a garganta. "Muito bem. Te vejo logo depois do meio-dia".
Balançando a cabeça, Nikolai desligou o telefone. Confiança não era uma coisa fácil de
conseguir em sua área de trabalho.
O velho homem apareceu imediatamente. Ele trabalhava para Nikolai há cinco anos, e
Nikolai ainda não tinha ideia sobre os antecedentes do homem. Ele se movia rápida e
silenciosamente e conseguia estar em todos os lugares. Ele tinha referências excelentes de até 20
anos atrás, mas antes disso, o homem era um mistério. Nikolai não o teria contratado se Yuri não o
tivesse empurrado para ele. O homem tinha cerca de 60 anos, mas se movia como alguém 20 anos
mais novo.
Aquilo era inquietante.
Ainda assim, ele era irritantemente educado, extremamente obediente e Nikolai nunca
precisou repreendê-lo por nada. Ele nunca vacilou em seu serviço.
Com a exceção de acompanhar Alina na mesa do café da manhã naquele mesmo dia.
"Sim, Sr. Sokolov?" Danik disse com um pequeno aceno de cabeça.
"Orlov, o advogado de Yuri estará aqui logo depois do meio-dia. Eu preciso de Alina
presente na hora de assinar a papelada para que ela possa receber sua parte da herança. Você
poderia avisá-la por favor?"
"Sim, Sr. Sokolov".
"Danik." Nikolai quase se conteve, mas ele estava cheio de perguntas. "Primeiro, eu queria
agradecer por fazer companhia para a Alina esta manhã. Você é sempre intuitivo sobre o que as
outras pessoas precisam."
"Sim, Sr. Sokolov".
"Como ela parecia ontem à noite? "
"Parecia?"
Estreitando os olhos, Nikolai se inclinou para a frente em sua cadeira. Danik nunca era
obtuso sobre nada. Havia uma razão para ele não ter respondido à pergunta. "Sim. Parecia. Ela
estava com raiva quando eu saí, e ela estava dormindo quando eu voltei. Gostaria de um relatório
sobre o que aconteceu".
"Alina desceu para jantar na hora certa. Eu a acompanhei em um breve passeio pela casa e
lhe mostrei a cozinha. Ela comeu algumas garfadas de seu jantar, bebeu a metade de uma garrafa
de vinho, e tentou limpar tudo depois. Então, ela me convidou para comer com ela quando possível,
e então ela se recolheu, senhor.
"Essas foram suas ações, Danik. Quero saber como ela parecia. Emocionalmente". O pedido
parecia estranho vindo dele, mas de qualquer maneira ele precisava saber.
Danik franziu os lábios e inclinou a cabeça. "Eu diria que triste, solitária e frustrada, senhor".
O coração de Nikolai se apertou, e ele atacou com raiva. "Eu a recebo em minha casa e dou
a ela tudo o que ela poderia precisar e ela está triste, solitária e frustrada?" Ele disparou.
"Sr. Sokolov, Alina passou por uma provação", disse Danik em voz neutra. "Eu acredito que
ela e seu pai eram muito próximos, e eu sei que sua morte a assombra. Ela teme por sua vida, ela
está terrivelmente triste e ela se mudou de um lugar onde ela estava constantemente rodeada de
gente para uma casa onde se pediu que os funcionários a deixassem sozinha. Se eu posso ser
ousado dessa forma, Sr. Sokolov, sugiro que você permita que a mulher interaja com as pessoas da
casa. Embora tenha crescido rica e com criados, ela tem um jeito independente, e eu sei que ela
prefere desfrutar da companhia da equipe do que ficar isolada".
O homem mais velho parecia disposto a dizer algo mais, mas ele rapidamente fechou a
boca. Não importava. Nikolai sabia como a fase acabaria. Como você. Apertando os punhos
debaixo da escrivaninha, Nikolai fez o possível para manter a calma.
"Tenho regras nesta casa por uma razão", ele assinalou.
"Compreendo completamente, Sr. Sokolov".
"Ela e eu não somos iguais".
"Penso da mesma forma."
Nikolai relaxou. "Você está certo. Alina é uma convidada, e devemos fazê-la se sentir
confortável. Muito bem. Você pode permitir que os empregados interajam com Alina, mas as regras
ainda permanecem as mesmas. Eu não vou distrair o funcionamento desta casa porque uma mulher
linda dorme aqui agora."
"Claro, Sr. Sokolov".
Nikolai não gostou do sorriso que se formou no rosto do homem. "Uma última coisa, Danik.
Sabia que Alina saiu de seu quarto ontem à noite?"
Danik franziu a testa. "Não, senhor, mas me retirei não muito depois dela".
Então o homem não estava realmente em toda parte ao mesmo tempo. Acenando com a
cabeça, Nikolai dispensou o criado e bateu os dedos distraidamente sobre a mesa.
Incapaz de se conter, ele deixou seus pensamentos seguirem até Yuri. O homem era tão
cheio de vida. Na maioria das vezes, ele era enérgico e divertido. Essas dificilmente eram as
qualidades de um líder da máfia, mas não havia dúvida do tipo de controle que o homem tinha
sobre sua gente. Ele era inteligente quando se tratava de negócios e implacável quando se tratava
de proteção. Aqueles que o respeitavam não tinham nada a temer, e aqueles que não o faziam
tinham tudo a temer.
Nikolai tinha 28 anos quando Yuri o procurou para assumir o posto.
Eles estavam na frente da casa em que ele morava agora, e Yuri lhe entregou as chaves.
"Agora é sua. Tudo está em seu nome, e o presente é sem pedir nada em troca", Yuri disse com
um sorriso.
Nikolai apenas olhou para ele. "Você está me dando uma mansão? Estou perfeitamente bem
com meu apartamento".
"Tenho certeza que você está, mas estou prestes a colocar um fardo pesado sobre seus ombros,
e um homem com o seu futuro não deveria estar morando em um apartamento."
"Que tipo de fardo?"
"Eu tenho observado você, Nikolai. Não há nenhum homem mais adequado para este trabalho.
Eu não tenho filhos, e minha filha tem sonhos que não têm nada a ver comigo ou com minha
organização. Não vou prendê-la a isso. Quando eu for embora, tudo o que é meu será seu. Não
tenho dúvidas de que estará em boas mãos".
Assim, durante cinco anos, Nikolai treinou e aprendeu. Ele havia passado a vida inteira sem
um pai, e Yuri era o mais próximo que alguém já tinha chegado de um. Eles mantiveram um
relacionamento silencioso, e por um tempo Nikolai se perguntava se era porque Yuri também
estava treinando outra pessoa.
"Quando você disse que tudo o que você tinha seria meu, eu não percebi que sua filha faria
parte do pacote", Nikolai murmurou sombriamente.
Aquilo não era inteiramente verdade. Quando ela saiu para ir para a faculdade, ela tinha
sido responsabilidade de Nikolai. Ele a observara com sigilo e uma sensação esmagadora de
proteção. Ele tinha visto a menina de passagem na casa de Yuri, mas nada o havia preparado
para a mulher em que ela havia se tornado. Após encerrar o ano, ele respeitosamente pediu para
ser transferido de função. Yuri não fez nenhuma pergunta, e aquela foi a última vez que ele teve
que se preocupar com a adorável Alina Petrov.
Só que agora a mulher estava em sua casa. Agora que ele havia sentido as curvas de corpo
contra o dele, ele não conseguia tirá-la da cabeça. Ele queria saber o que ela fazia, o que ela
vestia, o que ela tocava quando a porta estava fechada entre eles.
Ela se tocava e pensava nele?
Droga. Ele precisava transar. Isso ajudaria a aliviar seu desconforto. Outra mulher para
distraí-lo.
Infelizmente, isso teria que esperar. Ele tinha assuntos de negócios para resolver. Alguns
homens de Yuri estavam conspirando contra ele. Eles não perceberam que Nikolai sabia, e ele tinha
a oportunidade de lidar com isso antes que isso se tornasse um problema maior.
Levantando-se da escrivaninha, ele olhou para o relógio. Ele poderia cuidar da situação
agora e estar de volta a tempo para a reunião com o advogado. Isso o ajudaria a queimar uma
parte de sua energia e se afastar de suas frustrações.
Ele provavelmente até teria tempo de se trocar, caso ele ficasse com muito sangue em suas
roupas.
* * *
Alina alisou uma mão sobre a saia e tentou não sorrir enquanto olhava para si mesma no
espelho. A saia preta ia até o meio de sua cocha. Não era muito curta, mas mostrava muita pele, e
abraçava as curvas de seus quadris. Ela a havia combinado com uma blusa preta e justa com a
gola larga. Sem decote, mas mostrava bastante os ombros. Juntando seu cabelo loiro para o lado,
ela o amarrou frouxamente para que ficasse apoiado sobre seu ombro esquerdo. Talvez tenha
sido indelicado tentar parecer sexy quando ela ia assinar sua herança, mas era a única vez que
ela soube que veria Nikolai. E ela realmente queria a sua atenção. Ela queria saber o que
aconteceria se ele a olhasse além de apenas uma missão.
Talvez ela estivesse brincando com fogo.
Assim que ela calçou seus sapatos, seu telefone tocou. Esperando que fossem as autoridades
com notícias sobre a investigação, ela correu para ele. Não era a polícia, mas ela estava feliz de
ver o identificador de chamadas de qualquer maneira.
"Kat!" Ela cumprimentou calorosamente. Katalina era sua melhor amiga. Elas haviam sido
inseparáveis desde que eram crianças, e somente quando uma oferta de emprego levou Kat a
outra cidade, elas nunca tinham ficado separadas por mais de algumas semanas de uma vez.
"Alina! É tão bom ouvir sua voz. Eu estive em Praga, e eu acabei de receber suas
mensagens. Você está bem? Claro que você não está bem. Por que estou perguntando isso?"
"Kat", Alina interrompeu. Sua melhor amiga era corretora de imóveis de uma grande
empresa. Seu trabalho a levava ao mundo todo, às vezes por semanas seguidas, e o telefone
celular e as redes sem fio nem sempre cooperavam. "Estou bem. Bem, não estou bem, mas vou ficar
bem. Para dizer a verdade, eu realmente não quero falar sobre isso. Entretanto, quero ouvir sobre
suas aventuras em Praga".
Seus olhos se desviaram para o relógio e ela franziu a testa. "Infelizmente, eu não posso
falar agora. Eu preciso me encontrar com o advogado do meu pai. Posso te ligar mais tarde?"
"Eu posso fazer melhor do que isso. O aniversário dos meus pais é no sábado, e eu vou
encontrá-los para o jantar. Encontre-me para beber algo depois. Que tal às 10 da noite no
Emerald Lounge?"
Isso era após o seu toque de recolher, mas ela não diria isso para Kat. Certamente Nikolai
daria permissão para que ela fosse ver sua melhor amiga. Prometendo encontrá-la, Alina desligou
o telefone e saiu pela porta.
Ela tinha acabado de chegar ao escritório de Nikolai quando a porta se abriu. Ele fez uma
careta para ela da porta. "Aí está você. Você deveria estar aqui há cinco minutos. Que diabos
você está vestindo?"
"Uma saia", disparou ela. Por que ele estava tão bravo? Ela tentou passar por ele, mas ele
agarrou seu braço. "Pensei que estivéssemos atrasados".
Suas palavras foram calmas, e ela viu a raiva em seu rosto, mas ele a soltou e deu um passo
para trás. Orlov estava constrangido e em pé no escritório, e Alina lhe deu um abraço. "Lamento
não ter falado com você no funeral", sussurrou ela. "Havia muita coisa acontecendo."
Orlov retribuiu o abraço. Ela conhecia o homem desde que era criança, e ele sempre foi
amigável com ela. "Você não precisa se desculpar."
Nikolai limpou a garganta. "Eu não tenho muito tempo", ele murmurou. "Vamos começar."
Alina olhou para ele, mas quando seus olhos o varreram, ela congelou. Seu corpo inteiro
estava tenso, e seus olhos estavam tempestuosos e sombrios. Ela reconheceu o olhar. O pai, por
vezes, usava a mesma expressão, e ela aprendeu muito cedo a evitá-lo quando ele parecia tão
zangado.
Quase sempre tinha algo a ver com violência.
"O testamento de Yuri é bastante direto. Alina, a propriedade privada aqui na cidade e a
casa de campo pertencem a você junto com seus fundos pessoais. Nikolai, todas as suas
propriedades de negócios e fundos de negócios vão para você. O pagamento de seu seguro de
vida vai para Alina, e há um crédito criado para todos os filhos que Alina pode vir a ter. Nikolai,
há algumas estipulações com os acordos de negócios, mas eu vou falar sobre isso em particular.
Alina, você tem alguma pergunta?"
Ouviu Orlov falar, mas tinha ficado fria. Seu pai criou um fundo de investimento para seus
futuros filhos?
"Quando?" Ela perguntou calmamente. "Quando ele criou esse fundo?"
Franzindo a testa, Orlov folheou as páginas. "Parece que ele a montou no seu décimo sexto
aniversário".
Dezesseis. Jesus. Ela agarrou o braço da cadeira e tentou evitar vomitar. Ela sabia que os
negócios de seu pai eram perigosos, mas ela sempre foi tão bem protegida. Seu pai sabia que ele
poderia morrer e queria ter certeza de que Alina teria um futuro seguro. Com sua filha de apenas
dezesseis anos, já estava pensando em sua futura família.
"Alina?" Orlov perguntou com uma voz preocupada.
Seu corpo inteiro inundou de calor, e seus dedos começaram a coçar. Antes que ela pudesse
reagir, sentiu seu estômago torcer em um nó, e ela não conseguia fazer entrar ar suficiente em seus
pulmões.
"Com licença. Eu não consigo respirar", ela murmurou, com a voz falhando. De pé sobre as
pernas instáveis, ela deixou o escritório rapidamente antes de irromper em lágrimas. Ela mal tinha
chegado a três passos no corredor quando sentiu um braço em volta da cintura.
Nikolai a puxou contra seu corpo. Um braço ancorou sua cintura e seu outro braço cruzou
seu peito. Seu abraço foi apertado, quase doloroso, mas ela começou a se sentir um pouco melhor.
"Calma", ele murmurou em seu ouvido. "Você está tendo um ataque de pânico, mas vai
passar. Concentre-se em minha voz. Vou contar até quatro. Inale nas contagens um e dois. Expire
nas contagens três e quatro. Você entendeu?"
Acenando com a cabeça, ela sentiu os lábios dele contra a sua orelha. "Um. Dois. Três.
Quatro. Um. Dois. Três. Quatro." Ele continuou segurando-a e contando até que ela finalmente caiu
contra ele. A horrível sensação passou.
"Muito bem", ele sussurrou. "Você está se sentindo melhor?"
Engoliu seco, ela assentiu. "Obrigada." Sua voz era rígida, e suas bochechas estavam
coradas de vergonha. E ela se rebelando contra ele. A única coisa que ela provou foi que nem
conseguia lidar com a leitura de um testamento".
Ele não a soltou imediatamente, e o corpo dela se aqueceu novamente, mas dessa vez, não
tinha nada a ver com ansiedade. Ela estava ciente de seus dedos roçando seu braço e sua
respiração quente contra sua orelha. Ela sentiu cada centímetro de seu corpo que pressionava
contra ela, e ela tinha um desejo insano para se virar e beijá-lo.
Deus, o que diabos havia de errado com ela?
Os dedos dele se moveram de repente, riscando a cintura de sua saia, e ela imediatamente
moveu seu quadril contra ele. Inclinando a cabeça para trás, ela sentiu sua respiração se mover da
sua orelha para a curva de seu pescoço. Quando seus lábios finalmente deslizaram sobre sua pele
sensível, ela não conseguiu deixar de gemer.
Ele a soltou e deu um passo para trás tão rápido que ela caiu contra a parede. Ele limpou a
garganta. "Se você está se sentindo melhor, devemos assinar a papelada", disse ele. "Tenho coisas
que preciso fazer esta tarde."
Suas palavras frias a gelaram, e ela nem se incomodou em se virar antes que ele tivesse
saído. Com os dedos trêmulos, ela tocou o lugar que ele a tinha beijado.
Nunca em sua vida tinha ela tinha desejado um homem quando Nikolai Sokolov.
Ela não sabia o que era mais perigoso. Ficar ali para sua proteção e arriscar outro momento
como aquele, ou sair dali e arriscar sua vida.
Eu amava muito sua mãe, Princesa, mas também aprendi uma dura lição. Amor é fraqueza. Todo
mundo vai te dizer isso. Você vai aprender que seu corpo é uma arma e que seu coração deve ser
protegido, mas você deve se lembrar que o amor também é força. Confie em seu coração, minha
querida.
Ela não sabia o que era mais perigoso. Ficar ali para sua proteção e arriscar outro momento
como aquele, ou sair dali e arriscar sua vida
"Não, papai," ela sussurrou. "Isso não tem a ver com o coração. Isso é apenas desejo, pura e
simplesmente. E contra o desejo eu posso lutar".
Capítulo Seis
O beijo foi um erro. Desde o momento em que ele provou sua pele, ele sabia que estava em
perigo de ficar viciado. Macia como seda e doce como mel, seu corpo era uma armadilha, e ele
estava caindo nela.
Por essa razão, ele a evitou nos próximos dias. Ele saiu de casa antes que ela acordasse, e
não voltou até depois de ela estar provavelmente dormindo. Mas quando ele estava no chuveiro e
tentava desesperadamente não pensar sobre como ter seu corpo nu apertado contra o dele, ele
podia ouvi-la no outro quarto.
Ela não parecia dormir muito. Na verdade, de acordo com os empregados, ela não dormia
nada. Danik admitiu que ela às vezes vagava pela casa à noite, e ela nunca cochilava durante o
dia. Nikolai sabia que ele deveria ficar mais em casa para ficar de olho nela, mas também estava
aprendendo rapidamente o quão fraco ele era.
Ele estava desesperado por mais, e ele sabia que ele nunca pararia aí. Ele queria provar o
interior de sua boca atrevida e circular sua língua em torno de seus mamilos rosados. Eles se
endureceriam em sua boca ou ela já estaria pronta para ele? E não, ele não iria parar por aí
também. Ele queria espalhar beijos por seu abdome até chegar em sua parte mais tentadora, e
deslizar a língua dentro dela até que ela lhe desse tudo.
O desejo era tão forte que ele até mesmo teve que parar de praticar exercício em um
desses dias para tomar um banho frio. Ele estava preso, mas ao invés de estar em uma cela, ele
estava preso em sua própria necessidade desesperada por Alina Petrov.
Se seu pai ainda estivesse vivo, mataria Nikolai, e nem mesmo esse pensamento amenizava
sua luxúria.
"Normalmente você espera pelo menos passar o café da manhã antes de começar a beber",
Danik disse suavemente por trás dele.
Nikolai se afastou da janela e levou o copo até sua boca. "O que te faz pensar que esse
não é o meu café da manhã?"
"Eu não consigo decidir se o aumento do consumo de bebida é porque você sente falta de
seu mentor ou porque sua bela filha está vivendo ao seu lado."
"Não seja ridículo", retrucou Nikolai. "Yuri era como um pai para mim."
Danik bufou. "Isso não faz de Alina sua irmã. Eu sou da opinião de que você deve
permanecer distante dela, mas eu acho que nunca o vi assim tão miserável."
"Droga, Danik! Pare com isso. Eu não estou miserável por causa da Alina, e se eu sou, é
porque ela é um aborrecimento na minha casa e eu não tenho nem tempo para resolver isso." Sua
voz era dura como aço, mas Danik não hesitou. O homem nunca recuava de nada.
Ele abriu a boca para responder, mas o som do chuveiro acima dele chamou sua atenção.
Nikolai sentiu seu corpo inteiro congelar enquanto pensava na mulher entrando nua no chuveiro.
"Eu deveria ter feito ela dormir no porão", ele murmurou enquanto colocava o copo vazio no
parapeito da janela. "Volto mais tarde esta noite".
"Nikolai", advertiu Danik com a voz grave. "Se você continuar assim, você vai se matar. E
então como você vai proteger a filha de Yuri?"
"Eu não estou bêbado. Eu apenas tomei uma dose para aliviar as coisas. Tenho um dia
atarefado pela frente, Danik. Fique de olho nela. Avise-me se acontecer alguma coisa que eu deva
saber.
"Eu não estou falando sobre o álcool, Nikolai. Estou falando sobre essa obsessão com Alina.
Eu vejo o jeito que você olha para ela. "
"Quando me tornei Nikolai em vez de Sr. Sokolov?", perguntou ele friamente.
"As coisas estão mudando, Nikolai. Quer o meu conselho? Vá encontrar uma mulher. Esfrie a
cabeça, e depois decida o que fazer em seguida."
Nikolai fez uma pausa na porta. Ele tinha a sensação de que Danik recebia ordens de outra
pessoa, mas ele nunca poderia provar isso. Mas aquilo fazia sentido, já que agora que Yuri estava
morto, o papel de Danik tinha mudado. A curiosidade o implorava que ele mantivesse Danik por
perto para ver o que aconteceria a seguir, mas anos de desconfiança o incitaram a não confiar
mais nele. Até onde ele podia perceber, Danik era o homem que assassinou Yuri.
Algo duvidoso, mas possível.
Uma mulher era uma boa ideia. Ele conhecia várias que adorariam aquecer sua cama, mas
cada vez que ele pensava em levar outra mulher para a cama, seus pensamentos sempre se
voltavam para ela.
E aquilo lhe parecia uma traição.
Sem dizer mais uma palavra para Danik, ele saiu da casa e notou a pequena caixa na
varanda. Franzindo a testa, ele se inclinou para olhar para ele. Era para Alina, da joalheria
Joalheria Gil.
Quem diabos estava mandando joias?
Parte dele queria rasgar a caixa e conferi-la, mas ele podia imaginar como ela gritaria se
ele invadisse sua privacidade. Em vez disso, ele mentalmente reorganizou seu plano. A Joalheria
Gil fazia parte de seu território. Ele precisava falar com Gil, mas ele tinha planejado fazer isso no
final do mês. Gil era amigo de Yuri, e Nikolai esperava lhe dar mais tempo para declarar sua
lealdade.
Entrando no carro, ele estava em pior estado de ânimo do que quando tinha discutido com
Danik. Ele não mentiu para o homem. Ele tinha um longo dia pela frente. Havia alguns comerciantes
no território que estavam resistindo a ele. Ele passaria as próximas duas semanas deixando claro o
que significaria se não o seguissem.
Nikolai não hesitava em derramar sangue, mas não amava fazer isso.
Depois de um passeio de carro de vinte minutos, ele se inclinou contra a pintura azul
descascando de uma joalheria e esperou. Levou apenas alguns minutos para o dono da loja
aparecer, e quando ele percebeu que era Nikolai, ele congelou.
"Não precisa correr, Gil", disse Nikolai. "Isso não será nada bom para você".
"Sr. Sokolov", disse o homem com um aceno de cabeça. "Estive esperando por você".
Nikolai sorriu, mas não se moveu. "Eu percebi que já é tempo de eu ter um interesse pessoal
nas lojas desta rua. Na semana passada, visitei o restaurante e a videolocadora. Eu ainda não
estou realmente certo da posição desse lugar nos negócios."
"Algumas pessoas não gostam de mudança."
"Se você não se dobrar, Gil, você quebra." Nikolai observou enquanto o homem bravamente
abria a porta e o chamava para entrar. Um covarde teria ficado na calçada onde Nikolai poderia
ter hesitado em lhe fazer mal.
"Sei o que você está pensando", murmurou Gil. "Mas todos nesta rua sabem quem você é, e
ninguém ousaria chamar as autoridades. Eu tenho uma loja para cuidar, e eu não sou mais seguro
lá fora do que eu estou aqui. E eu espero que você seja mais prefira ter essa conversa de forma
reservada."
Nikolai caminhou em frente às vitrines e olhou para dentro da joalheria. Ao contrário da
maioria das lojas na rua, Gil vendia bons produtos. Até onde ele sabia, nenhuma das joias era
roubada, mas o proprietário era um homem esperto. Sempre havia a possibilidade de que os
contatos de Gil fossem muito bons no que faziam. Quando seu olhar pousou em um par de brincos
de diamante, ele não podia deixar de pensar em como eles ficariam em Alina. Exibiriam muito bem
seu belo e longo pescoço.
Aquele que ele havia pressionado contra os próprios lábios alguns dias atrás. O beijo que a
fez gemer tão suavemente. Deus, ele ansiava em ouvir esse som novamente.
"Não há necessidade de temer por sua segurança", disse Nikolai enquanto ele trazia sua
atenção de volta para Gil. "Estou aqui para lhe dar proteção".
"E se eu não pagar, você vai me mostrar exatamente contra o que eu preciso de proteção?"
Gil perguntou ironicamente. Ele riu e balançou a cabeça. "Eu era leal a Yuri, e eu respeito sua
decisão de passar seu título para você. Se ele confia em você, então eu também confio".
Isso o surpreendeu. Ele bateu com o dedo sobre o balcão de vidro e só parou quando Gil
franziu a testa e se aproximou dele com uma toalha.
"Sem impressões digitais", ele rosnou enquanto limpava as marcas de Nikolai.
"Gil, se você confia em mim, então por que você não está pagando suas dívidas?"
O dono da loja se recostou e estudou Nikolai. "Eu liguei para você duas semanas atrás, e na
noite o meu telefonema, minha loja foi vandalizada. As janelas estavam quebradas, mas nada foi
levado".
Nikolai ficou frio. "Nunca recebi um telefonema seu, Gil".
"Eu liguei para você depois de deixar o funeral de Yuri-eu não falo de negócios nessas
situações. Um de seus homens atendeu, e eu deixei um recado".
Nikolai não respondeu. Por respeito a Yuri, ele não recebeu nenhum telefonema durante o
funeral, e ele passou seu telefone para um de seus guardas até depois do enterro. Ninguém
mencionou que ele tinha perdido uma chamada importante. "O que você queria me dizer?"
"Fui abordado naquela manhã por um homem que disse que representava o novo chefe. Ele
me disse para esperar um novo cronograma de pagamento em breve. Eu já sabia que Yuri tinha
planejado para você assumir, mas quando eu mencionei seu nome, o cara ficou muito nervoso e foi
embora. Ele não estava representando você. Eu estava com medo do que aconteceria se eu ligasse
de novo, então eu atrasei meu pagamento para fazer você vir aqui pessoalmente."
"Inteligente", murmurou Nikolai. "Suponho que você não reconheceu o homem que se
aproximou de você. Você o viu no funeral?"
Gil sacudiu a cabeça. "Eu o procurei, mas não o vi".
"Droga. Ninguém mais me disse nada sobre isso. Você foi o único de quem ele se
aproximou?"
"Eu não sei. Eu não espalhei a informação, e ninguém me disse nada sobre isso. Depois do
vandalismo, eu fiquei preocupado em falar sobre isso."
"Compreensível." Nikolai pensou sobre as implicações. Poucas pessoas sabiam que Yuri o
havia escolhido, então, ou alguém pensava que seria o próximo da fila, ou estavam planejando um
golpe. Seja qual for o caso, eles estavam confiantes o suficiente para começar a exigir dinheiro.
Gil foi até a caixa registradora e tirou um envelope branco. "O pagamento deste mês",
disse ele enquanto o bateu contra o peito de Nikolai.
"Como você pagou pelos reparos?" Nikolai perguntou suavemente. "Seguro?"
Com um encolher de ombros, Gil lhe deu um sorriso apagado. "Eu tenho seguro para os meus
produtos, mas já que pago aluguel, o proprietário deve cobrir os gastos. Ele prometeu resolver isso
nos próximos dois meses, mas eu não podia esperar tanto tempo. Eu paguei com minhas economias,
e ele deve me pagar de volta."
Nikolai sentiu sua expressão se fechar. Ele colocou o envelope no balcão e balançou a
cabeça. "Fique com o seu dinheiro essa semana. Vou me certificar de que teremos um homem
estacionado na rua todas as noites para vigiar as coisas, e eu lidarei com o proprietário para
você. Você terá seu dinheiro antes do fim do mês."
"Obrigado, Nikolai", Gil disse suavemente. "Você deixaria Yuri orgulhoso."
Ele não disse nada, mas o pensamento o fez sorrir.
"Quem comprou a pulseira para a filha de Yuri?" Nikolai perguntou casualmente. Tentando
afastar o ciúme de sua voz.
"Hã? Pulseira?"
"Talvez não tenha sido uma pulseira. Nikolai olhou ao redor e evitou o contato visual de Gil.
"Você sabe como são as mulheres. Eu realmente não me lembro do que ela disse."
Deus o ajudasse, se fosse um anel, ele perderia a cabeça.
"Estamos falando de Alina? Eu não tive nenhum pedido direto para Alina, mas eu vendi um
uma linda pulseira com pingentes na semana passada. Pensei que fosse para uma garota jovem".
Nikolai o olhou severamente. "Você não enviou nada diretamente para Alina? A caixa tinha
a sua etiqueta." Seus pensamentos voltaram para o vandalismo, e seu coração apertou. "Eles
roubaram suas etiquetas."
"É uma coisa estranha de se roubar", disse Gil lentamente. "Mas eu acho que é possível. Eu
guardo vários rolos de etiquetas na parte de trás, e eu realmente não presto atenção até eu
perceber que estão faltando."
Nikolai mal o ouviu. Ele já estava tirando o telefone. "Danik", ele disse rapidamente. "Há uma
caixa na varanda da frente com o nome de Alina. Não deixe ninguém tocá-la. Você me entendeu?
Ninguém toca nela. Tire a Alina da casa. Vou chamar a polícia".
"Você está chamando a polícia?" Danik disse com uma voz confusa. "Por quê?"
"Porque se for uma bomba, vamos precisar deles".
Nikolai rezou para estar reagindo de forma exagerada, mas correu para o carro. Se fosse
uma bomba...
* * *
Alina envolveu seus braços ao redor de seu corpo para afastar o frio da manhã. Danik nem
sequer lhe deu uma chance de agarrar seu manto quando ele a conduziu para fora. Ela estava de
regata e calcinha e fez o que conseguiu para se cobrir. Felizmente, o olhar de ninguém se demorou
muito nela. Ela tinha a sensação de que o medo que eles sentiam de Nikolai era mais forte do que
seu desejo de vislumbrar seu corpo.
"Danik", ela sussurrou. Ela não sabia por que sussurrava, pois não era segredo, mas tinha
medo de falar alto demais e interromper a atividade na frente deles. "Se é uma bomba, eu acho
que não estamos longe o suficiente."
O homem virou a cabeça e lhe deu um sorriso tenso. "Não é uma bomba, querida."
"Ah." Isso era bom, certo? "Então por que ainda estamos tão distantes?"
"Nós só precisamos dar à polícia algum espaço para trabalhar."
Sua voz era obscura, e Alina lhe lançou um olhar inquisitivo. "Então, o que está na caixa?
Alguém realmente me enviou joias? Eu não tenho um namorado ou um admirador. Na verdade, não
me lembro da última vez que alguém me olhou com desejo.
Danik levantou uma sobrancelha, e ela corou. Era óbvio que ele sabia como Nikolai olhava
para ela. Ou pelo menos como ela olhava para ele. "Eu não sei o que há na caixa."
"Então como você sabe que não é uma bomba?"
"Pela linguagem corporal de Nikolai. Ele relaxou quando eles a abriram, mas agora ele está
tenso novamente. O que quer que esteja na caixa, não é bom, mas não é imediatamente perigoso."
Alina assentiu e esperou, mas o homem já havia voltado sua atenção para a polícia. Ela
estremeceu e limpou sua garganta. Quando ele não lhe deu atenção, ela apertou os dentes e
bateu no ombro dele. "Danik. Eu não sou como as outras pessoas aqui. Não tenho nada para me
proteger".
"Eu sei, querida", disse ele distraidamente. "É por isso que eles estão protegendo você."
"Isso não foi o que eu quis dizer. Estou com frio! Se isso não é uma bomba, então eu
realmente gostaria de entrar e vestir algo!"
"Oh!" Seu olhar assustado voou para sua regata, e ele balançou a cabeça. "Sinto muito,
minha querida. Sim. Vamos vesti-la".
Danik colocou seu braço ao redor dela e a conduziu através do gramado. Assim que ela se
aproximou, Nikolai se virou e olhou para ela. Ele deu uma rápida olhada e marchou em direção a
ela com fogo nos olhos. "Que diabos você está vestindo?", ele chiou.
"Então você não a deixou pegar um casaco ou um roupão? Nossa, é nisso que você dorme?"
"Se você tem medo de alguém entrar no quarto e se distrair com o que estou usando, suas
prioridades estão distorcidas."
"Vista-se", ele rosnou e olhou em volta.
"O que havia na caixa?" Ela perguntou de repente. O olhar em seu rosto, a mistura de raiva
e piedade, a aterrorizou. "Nikolai. O que havia na caixa?"
"Vá se vestir, Alina".
"Não até você me dizer o que havia na caixa!"
"Uma bomba, Alina. Era uma bomba".
Estreitando os olhos, ela olhou para ele. "Você está mentindo. Danik disse que não era uma
bomba".
"Estou aqui para protegê-la, Alina. Não me pergunte". Ele se virou e a deixou se sentindo
muito mais gelada do que estava há um minuto atrás.
Capítulo Sete
Alina não conseguia dormir. Embora a casa estivesse cercada por guardas, ela se sentia
completamente sozinha. Entre a morte de seu pai e o susto da bomba, parecia que cada vez que
algo mais acontecia, ela se sentia cada vez mais isolada. Mexendo os dedos dos pés, ela saiu do
sofá e se arrastou silenciosamente pelo tapete. Colocando a orelha na porta, ela esperou para ter
certeza de que não havia ninguém lá fora. Quando não havia nada além de silêncio, ela abriu a
porta e saiu.
Não havia nenhuma razão para ela precisar vagar em torno da casa bem depois da meia-
noite, mas ela precisava de algo para fazer. Mantendo os braços envoltos em torno de si, ela
caminhou na ponta dos pés calmamente pelas escadas. Quando ninguém veio até ela e exigiu que
ela voltasse para a cama, ela relaxou e se dirigiu para a cozinha. Focada na imagem de uma
caneca fumegante de chá quente misturado com um pouco de uísque, ela se moveu através da sala
de estar e nem mesmo o viu.
"Alina."
Sua voz a acariciava com dedos invisíveis, e um delicioso tremor percorreu sua espinha. Alina
congelou e lentamente virou a cabeça. Acendendo a luminária ao lado dele, Nikolai reclinou na
cadeira e girou o copo em sua mão. Qualquer que fosse a desculpa para estar vagando sua casa
no meio da noite, acabou morrendo em sua garganta quando ela olhou bem para ele.
Jesus. Ele parecia pecadoramente delicioso. Ele descansava na cadeira de couro com as
pernas abertas e relaxadas. Os primeiros botões de sua camisa estavam abertos e ele tinha um
sorriso malicioso no rosto. A luz brilhou em seus olhos verdes, e a respiração dela ficou presa na
garganta.
"Com sede?" Ele perguntou suavemente.
Ela certamente não se importaria de bebê-lo. Ele ergueu as sobrancelhas, e ela percebeu
que ela não tinha respondido a sua pergunta.
"Eu não conseguia dormir", ela disse finalmente. "Eu pensei que um pouco de chá quente com
uísque poderia ajudar."
"Você está com medo?"
Não querendo lhe dizer a verdade, ela imediatamente desviou o olhar. Seu pai sempre a
provocava dizendo que ele sabia tudo o que ela estava pensando e sentindo quando ela olhava
em seus olhos. "Eu só tenho muita coisa na cabeça", ela murmurou. "O que você está fazendo
acordado tão tarde?"
"Eu acabei de entrar. Noites como esta geralmente exigem uma bebida ou duas antes que eu
possa relaxar. Você é bem-vinda para pular o chá quente e ir direto para o uísque." Ele levantou
seu copo apontando para o bar ao lado dele. Como se estivesse hipnotizada por sua voz, ela se
arrastou até o bar e pegou a garrafa. "Há gelo na cozinha, se você precisar".
"Não. Puro está ótimo", ela sussurrou. "O que aconteceu hoje à noite?"
Ela não olhou para ele, mas quando ele não respondeu imediatamente, ela virou a cabeça e
olhou para ele. Havia um olhar estranho em seu rosto.
"Nikolai? ", perguntou ela. "Você disse noites como esta. O que aconteceu esta noite que o
levou a beber?"
"Ter uma bela mulher em minha casa que eu não devo tocar me leva a beber", disse ele
sarcasticamente, enquanto levava o copo até os lábios.
Seu corpo inteiro corou. Ela imediatamente pensou nele a tocando, acariciando, beijando, o
que provavelmente era o que ele pretendia que ela pensasse. "Você está apenas tentando mudar
de assunto", ela retrucou. "Se você não quiser me dizer, apenas diga isso."
"Eu não quero te dizer."
Apertando os dentes, ela derramou o líquido no copo e o engoliu. "Boa noite", ela murmurou
tensamente quando virou de costas para ele. Ela preferia sofrer em seu quarto sozinha do que
estar perto dele se era assim que ele ia agir.
"Pare", ordenou ele.
Embora ela não tivesse que seguir seu comando, ela não conseguiu deixar de parar.
Segurando a respiração, esperou para ver o que ele diria a seguir. Ela não esperava um pedido
de desculpas, mas teria preferido qualquer coisa do que o flerte cruel.
"Volte."
Ainda havia um tom diferente em sua voz, mas ela se virou e lentamente caminhou até ele.
"O quê?" Ela disparou, levando o quadril para um lado. O uísque não teve tempo de
confundir sua cabeça, mas aqueceu sua barriga e lhe deu uma falsa confiança.
Nikolai ergueu a cabeça e olhou para ela. Quando seus olhos a analisaram, ela estremeceu.
Apesar de estar coberta, sentia que, em sua mente, estava nua e exposta. "Por que você acha que
não podemos nos dar bem? Só estou tentando te ajudar, mas há sempre veneno pingando de seus
lábios quando você fala comigo."
"Não é que eu não aprecie sua ajuda, mas você é controlador e arrogante. Eu não me dou
bem com essas qualidades", disse ela, revirando os olhos. "Mas você já sabia disso. Não é como se
fosse um segredo".
Ele riu com humor. "Isso é verdade. Você não disfarça nada, e qualquer coisa que surge em
sua mente sai de sua boca."
Não tudo. Se ele tivesse alguma ideia de que ela estava se imaginando em seu colo e com
os dedos em seus cabelos escuros, sua conversa seria muito diferente. A imagem só a fez querer
virar e fugir. Alina não tinha pensamentos eróticos. Certamente não pensamentos sobre um homem
que ela não suportava.
"Mais alguma coisa?", ela perguntou rigidamente.
"Sente-se, Alina. Tome outra dose. Você provavelmente é mais agradável assim".
"Se você achar minha companhia tão desagradável, ficarei mais do que feliz em voltar para
o meu quarto", ela rosnou.
"Calma, gatinha", ele disse calmamente. "Eu não sou tão cruel de te mandar de volta para o
seu quarto quando você ainda está com medo. Então vamos conversar até você estar pronta para
dormir."
Aquilo era estranhamente doce vindo dele. Ela suspeitava que tinha mais a ver com ele não
querer ir para a cama, mas se serviu de outra dose e se sentou no sofá de frente para ele. "Eu
não estou assustada. Eu te disse. Tenho muita coisa na cabeça".
"Como o quê?"
Respirando fundo, ela tomou um gole do uísque e fechou os olhos. "Não estarei aqui para
sempre, Nikolai. Eu sei que tenho muito dinheiro e que estou com a vida feita, mas eu não consigo
apenas me sentar e não fazer nada. Estar presa nesta casa sozinha está me deixando louca. Eu
tenho um diploma. Quero fazer algo da minha vida. Eu quero conseguir um emprego ou um
trabalho voluntário em algum lugar. Eu quero construir algo. Sempre foi meu sonho fazer isso, mas
quando saí da faculdade, acabei me tornando a garotinha do papai novamente, e eu me senti
como se fosse ficar presa a isso para sempre."
"Bem, as circunstâncias não são ideais, mas você tem a liberdade de fazer o que quiser. Uma
vez que você sair da minha proteção, claro."
"Eu sei." Ela girou o como com os dedos e olhou fixamente para o líquido âmbar conforme
ele suavemente se batia contra o vidro. "Eu tenho ideias. Eu só preciso descobrir como botá-las em
prática."
Nikolai se moveu, e o olhar dela imediatamente o acompanhou. Antes de dizer o que ela
realmente queria, ela se entregou a outro gole de seu uísque e limpou a garganta. Os olhos dele
ainda estavam voltados para ela.
"Então, quais são suas ideias?"
Ela quase não queria dizer a ele. Sem dúvida ele iria ridicularizá-la ou encontrar problemas
em seus planos. Ainda assim, não parecia que ele iria abandonar o assunto. "Quero abrir uma
loja", disse ela vagamente.
Erguendo as sobrancelhas, ele esperou. Quando ela não disse mais nada, um pequeno
sorriso surgiu em seus lábios. "Vendendo o quê, exatamente?"
"Ah, isso e aquilo. Livros e presentes. Coisas que as pessoas doam. A parte importante são os
funcionários. Eu tenho muito dinheiro, então não preciso lucrar, mas há muita gente que precisa de
dinheiro. Um trabalho decente para os necessitados pode fazer uma enorme diferença na vida de
alguém."
Nikolai riu e Alina imediatamente se levantou. "Lamento que meu sonho seja tão engraçado
para você."
"Desculpe, Alina. Eu não estou rindo do seu sonho. Estou apenas tentando descobrir se você
realmente tem a ver com o seu pai." Ele balançou a cabeça e gesticulou para ela se sentar, mas
ela permaneceu em pé.
"Os negócios do meu pai talvez não tenham sido caridosos, mas ele não era um homem mau,
e não gosto que você o trate assim." Sua voz ficou feroz ao defendê-lo.
"Calma", ele disse friamente. "Você conhecia o homem como seu pai, mas o resto de nós o
conhecia como um chefe da máfia."
Ela esperou que ele continuasse, mas ele simplesmente tomou sua bebida e olhou para ela.
Ele a estava testando, tentando-a, esperando para ver o que ela faria em seguida. A isca pendia
na frente dela, e ela não podia evitar tentar pegá-la. Afundando lentamente no sofá, ela engoliu
seco. Parte dela sabia que era uma má ideia perguntar. "Que tipo de chefe da máfia era meu
pai?"
"Ah, Alina. Não acho que você queira seguir por esse caminho".
"Você começou a conversa. Você pode muito bem terminá-la." Desafiando-o, ela apertou a
mandíbula e continuou olhando para ele.
Nikolai sorriu e se levantou. No início, ela pensou que ele iria sair, mas ele atravessou o a
sala e se sentou ao lado dela. Sua coxa pressionou contra a dela, e não havia nenhuma maneira
que ela pudesse se afastar sem que fosse óbvio. "Que diabos você está fazendo?"
"Mudando de lugar".
Suprimindo o desejo de revirar os olhos, ela franziu a testa. "Por quê?"
"Porque eu quero ficar perto de você. O que você quer, Alina?"
"Eu quero que você pare de tentar me distrair e responda à minha pergunta. Que tipo de
homem era meu pai?"
A mão dele desceu até a própria coxa, e estava a poucos centímetros da dela. Um simples
puxão de seu roupão revelaria sua pele nua. Ela ardia para sentir o seu toque, mas aquele era um
desejo perigoso.
"Yuri era um bom homem, Alina. Isso é o que você deve se lembrar. Mas se você me
pressionar, eu poderia lhe contar sobre todos os homens que ele matou ou que ele ordenou que
matassem. Eu poderia falar sobre o sangue que ele derramou ou as putas que ele fodeu."
"Pare", ela exigiu. Levantando-se rapidamente, ela se afastou dele. Lágrimas brotaram em
seus olhos, mas ela virou a cabeça para que ele não pudesse ver. Sem dizer uma palavra, ela saiu
correndo do lugar.
Nikolai era um desgraçado, e apesar das medidas que ele estava tomando para protegê-
la, ela precisava se lembrar disso.
* * *
Observando-a sair correndo da sala, ele sentiu a culpa se instalar dentro de si. "Bem feito,
Nikolai", ele murmurou enquanto sorvia o resto da bebida. Ele tinha sido frio para ela desde que
ele havia encontrado o presente para ela. Mentir era fácil para ele, mas parecia errado mentir
para ela. Ela estava com medo porque achava que era uma bomba, mas se realmente soubesse o
que havia na caixa, ela teria corrido muito mais longe do que apenas para o seu quarto. E então
como ele a protegeria?
No fundo, ele sabia que era uma boa ideia afastá-la. Seu desejo por ela era difícil de
ignorar, e ele viu que era recíproco no olhar dela. Se ele não tomasse cuidado, logo estaria entre
suas pernas e levando ambos para o paraíso.
Ou para o inferno.
Ainda assim, usar seu pai para afastá-la já era demais, e nada menos que um pedido de
desculpas poderia corrigir isso. Com um suspiro, ele largou o copo vazio e ficou de pé. O que ele
realmente queria era outra dose antes de seguir Alina, mas ele sabia que mais uma bebida
poderia fazer com que ele fizesse mais do que apenas pedir desculpas a ela.
Arrastando os pés, ele subiu as escadas. Um homem mais inteligente teria batido em sua
porta que levava ao corredor, mas foi pelo banheiro. Ele podia sentir a tensão do outro lado.
"Alina," ele disse suavemente enquanto pressionava sua testa contra a madeira. "Abra a
porta. Quero falar com você."
"Vou para a cama, Nikolai. Vá embora."
"Eu tenho uma chave. Se você não abrir a porta, eu vou buscá-la".
Houve silêncio antes que ele ouvisse a fechadura da porta se virar. Ela ainda não abriu a
porta, então ele virou a maçaneta e entrou lentamente. Enquanto seu olhar se fixou nela, ele inalou
bruscamente.
Nossa, ela estava incrível. Debaixo do roupão, ela estava escondendo um short rosa que
envolvia seu bumbum arredondado e uma regata que mostrava mais do que alguns centímetros da
pele de seu abdome e tinha um decote enorme. Seu corpo imediatamente se enrijeceu em resposta,
e ele precisou de todo o seu controle para não circular sua pequena cintura com as mãos e puxá-
la até que ela ficasse pressionada contra seu corpo e esfregando sua buceta contra sua ereção.
Ela notou a resposta, e a raiva em seus olhos se misturaram com pura luxúria. Nikolai
manteve o aperto firme na maçaneta da porta como uma maneira de aterrá-lo. "Eu queria me
desculpar", ele disse enquanto limpava a garganta. "Seu pai apareceu quando eu não tinha uma
figura paterna, e sim, eu conhecia um homem diferente do que você. Mas ele era justo. Mais do
que qualquer outro homem que eu conheço.
A dor em seu rosto era evidente, e ela deu um passo em direção a ele. Com medo de que
ela quisesse um abraço, ele apressadamente deu um passo para trás. "Vá para a cama, Alina", ele
disse grosseiramente. "Antes que eu faça algo que ambos lamentaremos."
Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, ele fechou a porta e esperou. Seu coração
saltou em seu peito, mas só quando ele ouviu o som da fechadura na porta que ele foi capaz de
relaxar.
Ele tinha cometido muitos erros ao longo dos anos. Yuri o safou de anos de prisão e morte
mais vezes do que ele gostaria de admitir, mas sabia que todas essas infrações não eram nada em
comparação com as consequências de levar Alina Petrov para a cama.
Ele também sabia que uma noite dentro dela parecia perigosamente valer a pena.