Capítulo 1
Chelsea Coxx
A cordo com o barulho infernal do despertador, não sei porque ainda
insisto com esse barulho irritante.
Me levanto e vou direto para meu banheiro, tomei um banho relaxante e
faço toda minha higiene matinal.
Ao sair, entro em meu closet, sem saber o que usar, já que hoje o dia será
longo na delegacia, e temos um rastro para seguir, contra uma quadrilha que
está me dando a maior dor de cabeça nos últimos dias.
Então opto por algo prático hoje, e não será uma saia e meu lindo salto
alto de louboutin.
Pego uma lingerie confortável, calça jeans skinny escura, uma blusinha
branca e por cima uma camisa de seda
bordô, calço minhas botas amigas de todas as horas, faço uma maquiagem
simples e um batom vermelho, porque eu sou extremamente apaixonada em
todos os tipos de tons de batons vermelhos.
Pronta para mais um dia de trabalho puxado, me direciono ao lugar que
a razão da minha vida dorme, em um sono tão gostosinho que dá até dó de
acordá-lo.
- Filho, acorda pequeno vai se atrasar para o colégio, chamo pela
primeira vez e nada, nem sinal.
E então me deixo levar no tempo, quando descobri que teria um bebê,
foi um choque tão grande eu não estava pronta, não psicologicamente, estava
começando na minha carreira de delegada eu e aquele ordinário do Charles
estávamos brigando muito, porque ele não estava aceitando muito bem, ter
uma namorada delegada e ainda por cima que tomaria as decisões na
delegacia que trabalhávamos juntos, eu só podia estar louca mesmo quando
me envolvi com aquele estrupício.
Estrupício mas gostoso, porque certas coisas na vida, precisam ser tão
difíceis de resistir.
Solto uma risada e quando baixo os olhos me deparo com um par de olhos
azuis, que eu também amo e que são idênticos aos da minha mãe, mas que
também são iguais ao do safado do pai dele.
Olho novamente e ele está me avaliando, assim como meu pai fazia
sempre que eu ou as minhas irmãs aprontávamos algo, ele sempre descobria
assim, nos olhando.
- Hora de levantar mocinho!
- Daqui a pouco sua tia Celine está aí pra vocês irem pra escola.
- Mamãe, porque não posso ficar em casa hoje?
- Porque pra você ser um detetive assim como seu avô você precisa
estudar e ser muito inteligente pra resolver todos os casos, lembra?
- É claro, vou ser o melhor detetive de Seattle não é mamãe?
- Sim meu pequeno, você será o melhor!
- Mas se quiser podemos jantar com a vovó e o vovô à noite, o que acha?
- Eu acho magnífica essa ideia, perfeita mamãe.
- Agora vá levante-se, se não nós dois iremos nos atrasar, e não
queremos isso certo mocinho?
Ben balança a cabeça concordando e corre para seu banheiro. Há cinco
anos que Deus tinha me dado a maior benção da minha vida, nunca pensei
que ser mãe e ainda mais sozinha e com uma carreira no início, iria ser tão
difícil de conciliar tudo, mas no fim deu tudo certo.
Arrumei sua cama, e vi que Ben não havia colocado seu aparelho
auditivo, então provavelmente se eu falasse ele não iria escutar muito bem, já
que do ouvido do lado direito ele escutava apenas 15% sem o aparelho, Ben
já nasceu com a audição pequena, descobrimos logo que nasceu.
Mas meu garotinho é tão guerreiro que nunca deixou se abater por não
poder escutar cem por cento dos dois ouvidos, leva uma vida normal e com
saúde e isso é o mais importante.
No ano passado no seu primeiro ano na escola, um certo dia Ben
chegou em casa um pouco triste, e logo achei estranho pois meu filho é
sempre alegre.
Então quando perguntei o que havia acontecido, ele me disse que alguns
garotos pediram para ver seu aparelho e ele na inocência tirou e entregou para
que eles pudesse ver, mas depois eles começaram a rir e zombar do meu
menino, ao ouvir e ver a carinha dele naquele momento, meu coração ficou
em pedaços, então expliquei pra ele, que ele nunca deveria tirar o aparelho
fora de casa, e que aquelas crianças não sabiam o que faziam já que o
aparelho auditivo dava a ele um super poder.
Abro um sorriso ao lembrar da carinha que ele fez, quando me ouviu
falar que ele tinha um super poder, e logo disse:
- Mamãe qual o meu super poder?
- Seu super poder é o da audição, você pode escutar a quilômetros de
distância igual ao Superman.
E então aqueles olhinhos que estavam tão tristonhos, deu lugar a um
lindo sorriso, Ben assim como eu era apaixonado no mundo Marvel e da DC,
meu companheiro de filmes e séries, quem me via em campo fria e durona, já
mais imaginaria como eu amava estar em casa com meu filho ouvindo suas
aventuras com suas tias ou seus avós e até mesmo na escola.
Depois do episódio do aparelho fui a escola e conversei com a
diretora que iria conversar com os pais das crianças já que eram da mesma
idade de Ben, na mesma semana minha irmã mais nova Celine passou a dar
aulas na mesma escola e logo tratei de mudar Ben para a sala dela, pois assim
ele teria mais segurança em falar com um adulto já que sempre foi
apaixonado nas tias e avós.
Ben volta trocando sua roupa e me tirando de meus devaneios.
- Vem aqui mocinho, deixa eu te colocar o aparelho! - Coloco o
aparelho em seu ouvido e continuo dizendo:
- Vem vou te ajudar com as roupas.
- Não precisa mamãe, eu já sou grande e sei me trocar sozinho.
- E quando foi que você cresceu que eu nem vi?
Dei uma mordida de leve em sua bochecha, e fazendo cosquinhas em sua
barriga, ele soltou uma risada tão gostosa, o soltei e fiquei olhando meu mini
homenzinho se trocando.
- Acabe logo, vou preparar nosso café e espero você lá embaixo! -
Tá bom mãe eu já estou indo!
Morávamos em um apartamento de dois andares, três quartos na
parte de cima, dois sendo suítes, no outro eu o fazia de escritório, já que
muita das vezes eu acabava trazendo serviço pra casa.
Uma sala espaçosa na parte de baixo, uma biblioteca e uma cozinha
planejada, a sala era espaçosa com uma lareira de frente para o sofá grande e
espaçoso, da sacada que havia na sala tinha uma vista do Myrtle Edwards
Park, amava nossa casa, minha família não era rica, mas tínhamos condições
de nos mantermos confortáveis, eu tinha um bom salário, minha mãe é
Advogada tem seu escritório, no centro de Seattle, onde atende seus clientes,
meu pai policial aposentado, mas que atua como detetive particular e não me
gabando mas um dos melhores na cidade.
E finalmente chegamos às minhas irmãs, temos poucos anos de
diferença uma das outras, então somos bem unidas e fisicamente totalmente
diferentes.
Eu com meus 36 anos com meu cabelo médio com ondas e na cor
castanho, puxando para meu pai quando mais novo, tenho os olhos grandes e
expressivos em um tom amendoado nunca sei se estão castanhos claros ou
um tom meio esverdeado, costumo falar que foi uma mistura dos olhos de
minha mãe, com os olhos de meu pai e deu na cor dos meus, minha boca
volumosa onde amo passar meus milhares de batons em tons de vermelho.
Já minha irmã do meio Clara com seus 30 anos, puxou minha mãe,
branca dos cabelos pretos e olhos azuis da cor do céu, seu jeito brincalhão e
despojado às vezes a colocava em cada enrascada.
Sorrio ao lembrar de algumas vezes que tive que tirá-la do sufoco, amo
aquela maluca.
E por fim, mas não menos importante Celine, minha caçulinha com
seus apenas 23 anos, loira de olhos azuis como de minha mãe e alta, nossa
princesinha, meiga e tímida e professora de Ben.
Que por falar naquele menino cadê ele.
- Beníciooo, grito da ponta da escada. - Desce logo ou vai se atrasar. -
Então ele aparece no topo e diz:
- Já estou indo mamãe, Tia Celine já chegou? E com isso a campainha
toca.
- Sim acabou de chegar.
Recebo minha irmã que entra e vai logo pegar uma xícara de café e
paparicar seu sobrinho sapeca.
- O que houve, não tomou café em casa não? Sorrindo ela me olha e
olha novamente pra Benício que está entretido com seu cereal, e fala:
- Dormi na casa do Augusto ontem, mas antes que você fale alguma
coisa, não fizemos nada, mas acho que ele não vai mais aguentar por muito
tempo, ele tem estado nervoso ultimamente e sempre estressado, além de
ultimamente estar sempre falando em casar, mas não sei se é isso que eu
quero pelo menos não agora, mas também não estou pronta pra dar esse
passo.
- Como assim estressado e nervoso?
- Ele te fez algo ou te machucou?
Ela abaixa a cabeça e olha para Ben, logo se virando para mim
novamente.
- Não Chelsea, ele não me bateu.
- Acho que é estresse do trabalho sei lá.
Fico desconfiada pois ela nunca fala tanto sobre Augusto. E sempre
que nos vemos ele é sempre tão formal com todos da família, sem contar que
desde o primeiro dia que o vi, não fui com a cara dele.
Resolvo deixar isso pra lá, pelo menos por agora, pois às vezes pode ser só
cuidado excessivo com minha caçula.
Então focando novamente nela digo:
- Irmã, se você não está pronta e nem quer se casar agora, não se
pressione tanto, tudo ao seu tempo e se o Augusto te ama de verdade ele irá
saber esperar o seu tempo.
- Esperar o tempo pra que mamãe? - Benício pergunta curioso.
- Tempo de vocês irem pra escola, e eu para a delegacia!
Respondo mudando de assunto, minha irmã me olha, me dando um
sorriso em agradecimento e saímos cada um para seu destino .